Quantcast
Channel: CAVALEIROS DO NORTE / BCAV. 8423!
Viewing all 4181 articles
Browse latest View live

3 044 - Rotação dos Cavaleiros e alferes Meneses Alves

$
0
0
Aldeia Viçosa, em Dezembro de 20123 (fotos de Carlos Ferreira). Parte do 
que resta do antigo quartel da 2ª. CCAV. 8423. Em baixo, o alferes Meneses Alves




A 27 de Fevereiro de 1975, sabia-se que os Cavaleiros do Norte da CCS iriam para Carmona, assim como um grupo de combate da 2ª. CCAV. 8423, a de Aldeia Viçosa, comandada pelo capitão miliciano José Manuel Cruz. Só a 11, iria o resto da companhia.
A 3ª. CCAV., a de Santa Isabel (do capitão José Paulo Fernandes), continuaria no Quitexe e, por Vista Alegre e Ponte do Dange, aquartelada continuaria a 3ª. CCAV. a de Zalala (do capitão Davide Castro Dias) - a aguardar rotação para o Songo.
A Aldeia Viçosa, vindo de Cabinda, chegou neste mês de Fevereito de há 40 anos o alferes miliciano Manuel Meneses Alves - que, já em Carmona, se viria a notabilizar por corajosa intervenção em incidentes que opuseram homens armados da FNLA e do MPLA, no decorrer de uma manifestação não autorizada, a 13 de Abril de 1975. Foi louvado, porque«actuou de forma rápida, decidida e enérgica, não deixando dúvida quanto à deterrminação do pequeno núcleo de tropas que comandava». Deteve dois dos elementos em confronto e, como se lê no louvor publicado na ordem de serviço nº. 90, «de imediato ter feito abortar a referida manifestação».
Faleceu a 15 de Maio de 2013, no Hospital de Leiria, vítima de doença. Tempos antes, e sabendo do mal de que sofria, organizou um jantar de despedida dos amigos. O que repetiu tempos depois, quando as condições de saúde se complicaram. RIP!!!


3 045 - Anos do Neto e «mimos» do MPLA e UNITA

$
0
0

Vista aérea do Quitexe, via Google Earth. As setas a vermelho indicam a Estrada do Café, de Luanda a Carmona (neste  sentido). A igreja e missão estão sublinhadas a vermelho, do lado direito. O quartel do BCAV. 8423 era na área destacada a azul. Os edifícios dentro do rectângulo branco eram a secretaria da CCS, a Casa dos Furriéis e Messe de Oficiais (cobertura branca). A amarelo, a messe de sargentos e padaria. A verde, a enfermaria. Em baixo, Viegas e Neto no jardim do Quitexe, em 1974




A 28 de Fevereiro de 1975, uma sexta-feira, o (furriel miliciano) Neto fez 23 anos e o dia foi assinalado, ao final da tarde, com camarão e umas boas cervejolas, bife com batatas e fritas e ovo a cavalo - especialidade de Maria Lázara, a cozinheira do bar e restaurante Pacheco - por isso mesmo, uma cabo-verdiana popularmente conhecida por Maria do Pacheco!
O Pacheco ficava mesmo em frente à casa dos furriéis e secretaria da CCS, era só atravessar a avenida (ou Rua de Baixo) e já lá estávamos. Terá começado o comensal com uma bazucas a regar os camarões e fomos por aí adiante, a aconchegar os estômagos e as almas. Umas cucas, ou umas ekas, umas nocais, ou mesmo umas n´golas - as boas cervejas angolanas!!!... - não devem ter faltado ma mesa.
Maria Lázara era mulher de fartas carnes e mãos de ouro para uns cozinhados de luxo, bem condimentados, a matar-nos fomes e prazeres de boca. Fazia vida marital com Pacheco, mas o que nos importava, dela, eram os fabulosos pitéus com que nos regalavam as mesas do bar-restaurante. Assim se festejaram, os 23 anos do Francisco Neto - que, precisamente um ano depois, levou ao altar da capela do Beco (na Macinhata de Águeda) a sua namorada Ni, sua companheira de sempre.

Ao tempo, o Brasil, na véspera, estabelecera relações diplomáticas com o Governo de Transição e, em Luanda, o MPLA acusava a UNITA de manobras de fomento da greve dos trabalhadores de Porto do Lobito. O movimento de Agostinho Neto chegou a colocar tropas na área envolvente do porto, procurando convencer os trabalhadores - bailundos, na sua maioria, e sobre os quais tinha pouca influência), mas a UNITA, a pedido deles, fez deslocar um seu contingente militar para o cais. O MPLA, por isso, fez retirar os seus homens.
Jorge Valentim, chefe da delegação da UNITA no Lobito, desmentiu o MPLA, negando «estar a sabotar o Governo de Transição». Queixou.se que o MPLA «está a atacar, violenta e injustamente» o seu «movimento. Foi isto há precisamente 40 anos!!!

3 046 - A véspera da saída da CCS da vila-mártir do Quitexe

$
0
0
Almeida, o primeiro, à esquerda, de pé. O 1º. cabo atirador do PELREC faleceu há 6 anos, 
vítima de doença. Há 40 anos, fazíamos véspera do adeus ao Quitexe, ao outro dia dos 23 anos 
do Neto - em baixo, à esquerda, com o Viegas, com a aldeia do Canzenza ao fundo

O dia 1 de Março de 1975 foi sábado e véspera da saído do Quitexe, dos Cavaleiros do Norte da CCS - comandada pelo capitão António Martins Oliveira. Por lá ficou a 3ª. CCAV. 8423, a de Santa Isabel.
Os «ccs´s» tinha chegado 9 meses antes, à vila-mártir de 1961 - a 6 de Junho de 1974, depois de uns dias de «folga» na capital Luanda, instalados no Campo Militar do Grafanil. Foi já em Luanda que «o BCAV. teve conhecimento do szeu local de destino, o Quitexe», que o Livro da Unidade cita como «terra promissora de Angola, capital do café». 
Os Cavaleiros do Norte substituíram o BCAÇ. 4211, mas apenas a 14 de Junho assumiram «a responsabilidade da ZA», data em que, na verdade, «começou a sua verdadeira vida operacional na RMA». O sábado de há 40 anos foi tempo de um «procissão» pelas capelas gastronómicas da vila - eu e o Neto (foto) e outros companheiros da jornada quitexana, a despedirem-se do Pacheco, do Topete, do Rocha, que tinham sido nossos «santuários» de bons comes e melhores bebes. Por mim, ainda passei, já noite adentro, pela Igreja da Senhora Mãe de Deus - que ficava mesmo ao lado da zona militar aquartelada e da missão sacerdotada pelo padre Albino Capela.
Não sabíamos, ao tempo, mas um dos nossos companheiros do PELREC viria a falecer a 28 de Fevereiro de 2009, 29 anos depois, vítima de doença cancerosa, na sua terra de Penamacor - o 1º. cabo Almeida!
 

3 047 - O dia do adeus ao Quitexe, para o BC12

$
0
0
Cavaleiros do Norte da CCS em Penafiel, em 1997. O comandante Almeida e 
Brito no mesmo dia 27 de Setembro de 1997, com os furriéis Viegas (à esquerda, de perfil) 
e Monteiro (à direita). Atrás, entre Viegas e Almeida e Brito, o capitão médico Manuel Leal



Aos dois dias de Março de 1975, a CCS dos Cavaleiros do Norte deixou o Quitexe e partiu para Carmona, para o BC12, «Conforme fôra previsto, face à retracção do dispositivo militar da RMA, rodou o BCAV. para a cidade de Carmona, situação esta que caracterizou a sua vida no corrente mês», historia o Livro da Unidade.
O dia era dos 23 anos do Florêncio, soldado atirador do PELREC - que, por essa razão, passaram despercebidos e, só dias depois, numa luarenta noite de serviço no BC12, foram recordados e regados a vinho tinto (uma raridade, por aquelas bandas...), com pão quente da padaria (onde bem espadeirou o 1º. cabo Almeida) e manteiga a derreter-se. Um luxo!!!
O comandante Almeida e Brito (que vemos numa imagem de 1997, em Penafiel) alertou-nos para a delicadeza da nossa nova vida, agora aquartelados numa cidade. A situação, de resto, levou a que fossem promulgadas novas NEP´s e a um serviço de PM - que alguns amargos de boca nos traria, devido, e cito o Livro da Unidade, à «animosidade que a população civil tem às NT».
Havia, leio no LU, «muitas quezílias» entre as duas comunidades. Pessoalmente, ainda hoje, 40 anos depois, não entendo semelhante animosidade. 
O BC12 tinha condições de alojamento excelentes, nada comparáveis às do Quitexe (para bem melhor). As classes de oficiais e de sargentos foram instaladas em messes próprias, na cidade. A de sargentos numa antiga messe de oficiais, no bairro Montanha Pinto.

3 048 - Os dias 3 de Março de 1974 e de 1975 na vida do BCAV. 8423

$
0
0
Furriéis José Monteiro e Domingos Peixoto na messe de sargentos de 
Carmona, no Bairro Montanha Pinto. Em baixo, o bar da mesma messe


A 3 de Março de 1975, os Cavaleiros do Norte da CCS já tinham uma noite dormida em Carmona e davam-se por muito satisfeitos com a qualidade das instalações. O ambiente urbano era novo para a  maioria de nós, mas nada que nos atrapalhasse ou constrangisse. Rapidamente nos adaptámos.
A generalidade dos homens da guarnição era originário da província e, ao tempo, por muito que isso hoje isso espante, ver um prédio de três ou quatro andares era... invulgar. Carmona  tinha isso e muito mais. Por exemplo, vida nocturna!!! Poucos Cavaleiros do Norte não se lembrarão do Diamante Negro, dos bons restaurantes e bares e dos cinemas da capital do Uíge. E de um célebre espaço de «mudanças de óleo», numa rua com nome (se bem me lembro) de oficial do exército!
Lá nos adaptámos, há 40 anos!
Um ano antes, um domingo (3 de Março de 1974), era dia de fim de pequenas férias dos militares do BCAV. 8423 que tinham feito a Escola de Recrutas no Destacamento do RC4, no Campo Militar de Santa Margarida.  Os futuros atiradores de cavalaria.
A instrução final, recordemos, tinha decorrido na Mata do Soares, entre os dias 18 e 22 de Fevereiro. E começara a recruta a 8 de Janeiro, depois das formais apresentações da véspera.
Mobilizados para Angola, era expectável da nossa curiosidade o que por lá se passava. O Diário de Lisboa desse dia 3 de Março de 1974 dava conta que o ano (de 1974) era «o pior do século para a actividade agrária do planalto central», na região de Nova Lisboa.
As colheitas eram dadas como«praticamente perdidas, gerando perspectivas de fome». O problema , de resto, segundo o jornal "A Província de Angola», assumia«aspectos mais delicados, pois o planalto central é o principal centro de dispersão de águas de Angola». E os rios, cito, «iam com num caudal mínimo e as nascentes desaparecem».
Novidade, das boas: a Junta Autónoma de Estradas de Angola (JAEA) ia investir 740 000 contos em obras da rede estradal. O orçamento, refere o Diário de Lisboa desse dia 3 de Março de 1974,«é o maior de sempre». 
Era para essa Angola que nos preparávamos em Santa Margarida!

3 049 - Os Cavaleiros especialistas e o Vieira Sacristão

$
0
0
Porta d´armas do Regimento de Cavalaria 4, em Santa Margarida. A entrada 
do Campo Militar, com o carro de combate do RC4 (em baixo). O Vieira (sacristão)




Aos 4 dias do mês de Março de 1974, há precisamente 41 anos, «começaram a efectuar a sua apresentação os especialistas que haviam de completar os efectivos do Batalhão». O Batalhão de Cavalaria 8423, bem entendido. As apresentações «continuaram a processar-se nos dias seguintes, ao mesmo tempo que se efectuou a mudança para o novo aquartelamento» - o Destacamento do RC4 - que ficava por trás do cinema e este frente ao RC4.
Por especialistas, entendam-se enfermeiros, mecânicos (incluindo os de armas), bate-chapas, administrativos e escriturários, condutores, sapadores, vagomestres, padeiros e cozinheiros, carpinteiros e quarteleiros, pessoal das transmissões, operadores cripto e clarins, estofadores e pintores (de automóveis e de construção civil), até um sacristão. Tudo o que não fossem... atiradores - de cavalaria, no caso. E estes, valha a verdade, reforçados com apontadores de morteiros e especialidades afins.  
O sacristão era alentejano da Vidigueira, o Victor Manuel da Cunha Vieira (foto ao lado), militarmente denominado como Auxiliar de Serviços Religiosos - mas, naturalmente baptizado de Sacristão - e assim popularizado. É vidigueirense e lá geriu um bar, estando agora reformado. 
O capitão Oliveira, em louvor publicado na Ordem de Serviço nº. 168, assegura que desempenhou a função de quarteleiro com «a maior boa vontade, dedicação e honestidade». Chama-lhe «voluntarioso» e dele escreveu que «soube simultâneamente ser um bom camarada, apresentando ao seu comandante de Companhia tudo o que lhe pareceu merecer correcção (...) destacando-se o auxílio prestado ao comando que serviu na sua comissão militar».


3 050 - Os Cavaleiros do Norte e o Miranda vencedor da Volta

$
0
0
O PELREC, alguns dos garbosos Cavaleiros do Norte atiradores de Cavalaria, com 
especialistas. De pé, 1º. cabo Almeida, Messejana, Neves, 1º. cabo Soares, Florêncio, 1º. cabo 
Ezequiel (?), Marcos, Dionísio, Caixarias e Florindo (enfermeiro). Em baixo, 
1º. cabo Vicente, furriel miliciano Viegas, Francisco, Leal, 1º. cabo Oliveira (transmissões), 
1º. cabo Hipólito, Aurélio (barbeiro), Madaleno e furriel miliciano Neto (foto 
em Angola, em 1974). Em baixo, Francisco Miranda


A chegada, a Santa Margarida, dos vários especialistas do Batalhão de Cavalaria 8423, nos primeiros dias de Março de 1974, foi enriquecendo e enobrecendo a família dos futuros Cavaleiros do Norte - que se sabia ir ter baptismo angolano e profissão de fé patriótica.
A esta altura, e de minha parte (e dos futuros furriéis milicianos Neto e do Monteiro e do futuro alferes Garcia), já sabíamos quem eram os companheiros do futuro PELREC, a quem, nas redondezas do Destacamento do RC4, era dada instrução puxada, à Lamego, à Ranger´s!!! E gostavam, estes nossos companheiros e amigos da jornada uíjana de Angola e de África!
Alguns deles logo sobressaíram, por razões de irreverência: o Soares (futuro 1º. cabo), o Aurélio (que viria a ser barbeiro), o Hipólito (um ruivo transmontano, de sardas, há muitos anos emigrado em França), talvez outros! Outro que se viria a notabilizar, mas por razões desportivas, foi Francisco Miranda, que já não seguiu connosco para Angola e viria a ser o vencedor da Volta da Portugal em Bicicleta de 1989 - depois de, no ao anterior, ter ganhou o Grande Prémio Jornal de Notícias, entre outras vitórias. Por exemplo, ganhou três etapas de Voltas a Portugal.
Mobilizados para Angola, de Angola nos interessava saber notícias. Pois bem, a 5 de Março de 1974, há 41 anos, sabia-se que o Estado Português tinha atribuído novas concessões de petróleo, com direito a ficar com metade da exploração. Uma destas, era na área de Santo António do Zaire - em águas profundas e em cerca de 20 000 km2. (a atribuir à ESSO). Outra, em terra e águas a menos de 600 metros, entre Benguela e Novo Redondo (ao Grupo Sun Oil/Amerada Hess/Cities Hess International).
Um ds clausulados era interessante: em caso de guerra ou de emergência grave, toda a produção ficaria à disposição do Governo, para tal se dispensando quaisquer formalidades. Outros tempos!!!

3 051 - Adaptação a Carmona e desaparecimento de jornalista

$
0
0
 O BC12 fica(va) na saída de Carmona para o Songo. Em baixo, uma capa da revista «Notícia»




Os Cavaleiros do Norte lá se foram adaptando à realidade urbana que era a cidade de Carmona, aonde a CCS e um pelotão da 2ª. CCAV. 8423 chegaram a 2 de Março de 1975 - aquartelando-se no BC12 (foto), que ficava na saída para o Songo.
Os tempos eram calmos, apesar da visível animosidade de boa parte da comunidade civil europeia (os brancos), e os militares, aos poucos, iam conhecendo alguns locais de culto da cidade: os Cinemas Moreno e do Recreativo do Uíge, restaurantes e bares (o Escape, o Gomes, o Eugénio, o Chave de Ouro, o Xenú, o Pinguim e outros...) e clubes nocturnos (o Doiamante Nergro...), por onde foram vadiando as noites de lar e de cio que por lá se viviam.
O director do semanário «Notícia», que se publicava em Luanda, desapareceu a 6 de Março de 1975 e o Sindicato dos Jornalistas admitia que «tenha sido raptado ou preso em segredo». Falamos de João Fernandes.
O jornalista tinha sido visto pela última vez, na manhã da véspera. Dois homens tinham ido buscá-lo a casa, num carro. O mesmo informador do DL admitia que «tenha sido levado para Lisboa, por ordem das autoridades portuguesas, devido à publicação de editoriais contra o MFA» e também de«uma carta aberta do jornalista brasileiro Carlos Lacerda, dirigida ao presidente Costa Gomes, em que se critica a actual situação política portuguesa».
Ao mesmo tempo, em Lisboa, o Governo aprovou um decreto lei que dava competência ao Governo de Transição para, e cito,«ordenar a mobilização militar de quaiquer instituições, serviços e empresas de natureza pública ou privada, por períodos prorrogáveis de três meses» e subordinadas ao comando da Comissão Nacional de Defesa, por intermédo do Estado Maior do Comando Unificado.

3 052 - Visitas protocolares dos Cavaleiros e 12 jornalistas detidos

$
0
0
Almeida e Brito, o segundo, da esquerda, ladeado pelo furriel Reino e, à
 direita, por Armando Mendes (3ª. CCAV.) e capitão José Paulo Falcão, na noite de 
consoada de 1974. Em baixo, uma capa da revista «Notícia», suspensa há 40 
anos, pela Comissão Nacional de Descolonização, com a detenção de 12 jornalistas



O comandante Almeida e Brito, com alguns oficiais do BCAV. 8423, fez visitas protocolares ao Governador do Distrito, ao Bispo da Diocese e ao Juízes do Tribunal do Uíge. Foi a 5 de Março de 1975 e o objectivo, muito natural, era criar empatias com as forças vivas da cidade capital do distrito.
As novas NEP´s foram promulgadas, face à já aqui citada «necessidade de execução de um serviço de PM nas ruas da cidade». Sobretudo, como também já aqui foi lembrado, para «prever a resolução das muitas quezílias existentes, entre a população civil e as NT, devido à animosidade que aquela tem a estas». mas também, sublinhe-se, para «garantir a melhor apresentação do pessoal militar».
A detenção de João Fernandes (aqui ontem falada), foi confirmada a 7 de Março de 1975 e o jornalista foi enviado para Lisboa, por ordem da Comissão Nacional de Descolonização. A revista «Notícia», que dirigia, foi suspensa por tempo indeterminada e com ele, para a Europa, veio também Sousa Oliveira, autor de vários artigos«contrários ao espírito do Acordo da Penina», o do Alvor, e «tendentes a provocar a discórdia no seio das Forças Armadas Portuguesas e entre estas e os movimentos de libertação e o povo angolano».
A mesma data foi a do conhecimento da detenção de mais 10 jornalistas. todos da revista «Vida Portuguesa», que se publicava na África do Sul e Rodésia, mas«impressa em Angola», e, por outro lado, «sustentada pro firmas portuguesas naqueles dois países»
A CND considerou-os «indesejáveis em Angola, devido à sua «responsabilidade e cooperação na  voz dos portugueses» naqueles dois países. Foram eles Carlos Moutinho (o director), Carlos Bártolo, Bela Jardim, Penteado dos Reis, Domingos de Azevedo, Hamilton Moreira, Reinaldo Silva, Júlio Martins, Jiil Young e Júlio Marques.
Iam assim, os dias da descolonização de Angola, com os Cavaleiros do Norte na capital do Uíge.

3 053 - Cavaleiros de Zalala à espera da rotação para o Songo

$
0
0

 Aquartelamento de Vista Alegre. O que dele resta(va) em Dezembro de 2012 (foto 
de Carlos Ferreira). Em baixo, o (furriel miliciano) Américo Rodrigues com elementos da 
FNLA, naquela localidade uíjana, há 40 anos. Mais abaixo, 
o capitão Davide Castro Dias, comandante da 1ª. CCAV. 8423, a de Zalala




Os Cavaleiros do Norte da 1ª. CCAV. 8423, a de Zalala, por estes dias de Março de há 40 anos (1975), continuavam em Vista Alegre (e Ponte do Dange), aguardando ordens para a rotação para o Songo.
Os comandados do capitão miliciano Davide Castro Dias ali tinham chegado em Novembro de 1974, completando a rotação de Zalala no dia 25, «data em que assumiu a responsabilidade da sua nova ZA», assim, sublinha o Livro da Unidade, «ficando deste modo abandonada» a mítica fazenda - «a mais dura ecola de guerra», como era identificada. Aonde tonham chegado a 7 de Junho do mesmo ano de 1974 -  «de acordo com  a ordem de movimento do Quartel General do Comando Chefe das Forças Armadas de Angola».
A 8 de Março de 1975, dois dos 12 jornalistas detidos pela Comissão Nacional de Descolonização, em Luanda, chegaram a Lisboa. Um, de certeza, era João Fernandes, o director da revista «Notícia». Outro, seria Sousa Oliveira, redactor da mesma publicação; ou Penteado dos Reis.
O COPCON não deu informações sobre tal, nem sequer sobre qual seria o seu futuro; ou de quando, a Lisboa, chegariam os restantes detidos. Em Luanda, entretanto, a Associação de Jornalistas de Angola (o sindicato da classe) manifestou-se contra as detenções - assim como da suspensão da revista «Notícia». 
Os jornais Comércio e A Província de Angola, em notas editoriais, discordaram das detenções, mas, a favor, manifestaram-se 47 trabalhadores da área da informação, reunidos na capital Luanda. Assim como jornalistas e colaboradores do jornal ABC e da Emissora Oficial de Angola. E 83 profissionais da Neográfica - a proprietária da revista.
Eram notícias que, ao tempo, demoravam a chegar a Carmona, ao Quitexe e a Vista Alegre (e Ponte do Dange), onde se aquartelavam os Cavaleiros do Norte.

3 054 - O moral das tropas e 27 militares portugueses mortos

$
0
0
Rua Agostinho Neto (em cima), antiga rua capitão Pereira
(em baixo), na cidade de Carmona. O general Luz Cunha



Aos dias nove de Março de 1974, no Destacamento do RC4, em Santa Margarida, faziam os Cavaleiros do Norte a sua preparação para a missão que (n)os levaria a Angola. Eram vésperas da chamada Licença de Normas - os dez dias de férias que habitualmente antecediam a partida para a guerra colonial.
O mesmo dia, em Luanda, foi tempo para o Comandante Chefe, o general Luz Cunha, fazer um balanço da actividade operacional da província e, nesse âmbito, dar conta do aparecimento de um novo movimento: a Frente de Libertação do Enclave de Cabinda - a FLEC. 
«Mais um movimento anti-português», disse o general, também dando conta, sobre os homens de Agostinho Neto, que «o MPLA tem vindo a executar, por vezes com certa intensidade, nas faixas fronteiriças com a Zâmbia e em Cabinda, no norte da província, acções esporádicas, caracterizadas quase exclusivamente pela implantação de engenhos explosivos». Enquanto isso, a UNITA (de Jonas Savimbi) «apenas se revelou em acções violentas de pequeno significado»
Não disse o mesmo da FNLA de Holden Roberto, de que fala como UPA, citando-a como, «o grupo terrorista que mais se tem revelado nos últimos meses». A ponto de, e cito o Diário de Lisboa,«com a designação de Governo Revolucionário de Angola no Exílio (GRAE), ter sede própria em Kinshasa, mas «cujas guerrilhas, contudo, se têm limitado a reagir às Forças Armadas Portuguesas».
As baixas sofridas pelos movimentos independentistas, no então último meio ano, chegava às 322. Militares portugueses, morreram 27, no mesmo período. 
«O moral das tropas portuguesas em Angola é perfeitamente satisfatório», disse o general Cruz Cunha, há precisamente 41 anos.

3 055 - Manifestação em Luanda e Cavaleiros em Carrmona

$
0
0
A parada do BC 12, vista da varanda do edifício do Comando. Vê-se o icónico depósito 
de água e, ao fundo, a cozinha e o refeitório (à esquerda) e as oficinas-auto (à direita). 
Furriéis Pires de Bragança Neto na rampa de saída da messe de sargentos 
do Bairro Montanha Pinto (em baixo)




O Alto Comissário Silva Cardoso assistiu, a 10 de Março de 1975, à manifestação que, em Luanda, se realizou frente ao Palácio do Governo, de«apoio à reabertura do programa radiofónico «Kudibanguela», suspenso pela direcção da Emissora Oficial de Angola, por ter feito a transcrição de parte do livro de Marcelo Caetano, em que o antigo chefe fascista alude à UNITA e ao dr, Jonas Malheiro Savimbi» - como acabo de ler no Diário de Lisboa desse dia.
O general Silva Cardoso estava acompanhado dos ministro Lopo do Nascimento (MPLA) e Rui Monteiro (da Informação) e os manifestantes, pela voz de Manuel Bento, aproveitaram para «exprimir em  nome do povo, a sua discordância com algumas medidas tomadas ultimamente pelo Governo de Transição», nomeadamente «a mobilização do pessoal dos portos de Luanda e Lobito» e, entre outras coisas, a nova lei de regulamentação das greves.
O Ministério da Informação, sobre isto, emitiu um comunicado, dando conta que «serão tomados em conta os pedidos dos manifestantes». 
O presidente Agostinho Neto (MPLA), no mesmo dia, em extensa entrevista, afirmava que Daniel Chipenda, agora na FNLA, «traiu o nosso movimento e traiu o nosso povo e é considerado um agente do imperialismo que se encontra em Kinshasa, é um elemento que tentou destruir o nosso movimento, com a ajuda de alguns países vizinhos». 
Os Cavaleiros do Norte, por esse tempo, continuava a adaptação à vida urbana da cidade de Carmona (a actual Uíge) - onde os três movimentos (MPLA, FNLA e UNITA) tinham delegações. Os serviços de escala preenchiam as nossas ocupações diárias, no quartel do extinto BC12 - que era agora a nossa casa operacional. Oficiais e sargentos tinham as respectivas messes, na cidade.
* PS: A entrevista com Agostinho 
Neto poder lida AQUI

3 056 - Cavaleiros de Aldeia Viçosa apresentados em Carmona

$
0
0

Militares de Aldeia Viçosa, reconhecendo-se o furriel Matos - o primeiro da esquerda, de 
pé. Em baixo, o capitão José Manuel Cruz, comandante da 2ª. CCAV. 8423, aquartelada nesta 
localidade uíjana, de onde saiu há precisamente 40 anos. Com o capitão José Paulo 
Fernandes (3ª. CCAV.) e alferes João Machado (em baixo) 


A 11 de Março de 1975, há 40 anos, a 2ª. CAV. 8423 concluiu a sua rotação para Carmona, onde, passou a integrar a força militar do BC12. No dia 2, já tinha rodado um seu grupo de combate, com a CCS, a do Quitexe.
Os Cavaleiros do Norte de Aldeia Viçosa eram comandados pelo capitão miliciano José Manuel Cruz, de Esmoriz (Ovar), e que, se me lembro bem, era atleta internacional de voleibol.  É, nos dias de hoje, professor de educação física aposentado, para além ex-empresário comercial.  Ali tinham chegado a 10 de Junho de 1974, directamente do Campo Militar do Grafanil - onde tinham aquartelado a 4 do mesmo mês, idos do Regimento de Cavalaria 4 (RC4), no Campo Militar de Santa Margarida, no Portugal Europeu. A subunidade do BCAV. 8423, esta de Aldeia Viçosa, teve associado o Grupo Especial 222 (GE´s). 
A colocação em Aldeia Viçosa fôra decidida a 27 de Maio de 1974, aquando da deslocação do comandante Almeida e Brito, do capitão José Paulo Falcão (oficial adjunto) e do alferes José Leonel Hermida (oficial de operações), para, segundo o Livro da Unidade, «os primeiros contactos, os quais foram muito superficiais» e depois de reuniões de trabalho em Carmona, na Zona Militar Norte (ZMN) e no Comando do Sector do Uíge (CSU).
Os três oficiais tinham viajado de Luanda, via Negage, em meios da Força Aérea Portuguesa. Já no Quitexe, foram recebidos, nesse 27 de Maio de 1974, pelo comandante do BCAÇ. 4211, «batalhão que iria ser substituído na ZA pela nossa unidade», como relata o Livro da Unidade.

3 057 - Os Cavaleiros souberam do 11 de Março de 1975

$
0
0

O Cine Moreno, em Carmona, ficava numa praça em frente ao Rádio Clube do Uíge (em 
cima). O pavilhão desportivo e o cinema do Clube Recreativo do Uíge (CRU)




A 12 de Março de 1975, chegaranm tarde a Carmona os ecos da contra-revolução em Lisboa - na véspera. A Emissora Oficial de Angola, no noticiário das 20 horas, deu «ampla reportagem do acontecimento» e, imediatamemnte antes, o Alto Comssário Silva Cardoso«fez um pequeno relato dos acontcimentos» - precisando que «a situação estava perfeitamente controlada pelas Forças Armadas».
Só ao outro dia, ou talvez depois, chegou ao Quitexe o «Diário da Luanda» - jornal da tarde luandina, dando conta da «intentona reccionária que eclodiu em Lisboa». O general António de Spínola estava em fuga, assim como outros cabecilhas - provavelmente para Espanha. As fronteiras foram encerradas e alguns oficiais revoltosos foram presos no Quartel do Carmo. O 1º. Ministro Vasco Gonçalves advertia que«minoria de criminosos lançou militares contra o MFA».
Isto incomodou, ou de algum modo preocupou, os Cavaleiros do Norte?
Nada, do que me lembro. A adaptação à cidade continuava tranquila, sem dificuldades - apesar da animosidade da maioria da comunidade civil branca. Dela estavamos avisados. Para a não reagir a bocas, a insultos ou a cuspidelas para o chão quando passávamos nas ruas, frequentávamos cafés, bares e restaurantes, ou cinemas - o Moreno, o do Clube Reacreativo do Uíge -, ou casas nocturnas e de prazeres abertos ao apetite dos jovens Cavaleiros do Norte. 
Uma coisa era certa e segura, entre a guarnição: disciplina total, sentido e prática de dever e de honra, aprumo e atavio, dedicação e interesse. Virtudes que, um ano antes, nos ensinaram em Santa Margarida, no período de preparação para a jornada africana de Angola.

3 058 - Presos do 11 de Março e a descolonização de Angola

$
0
0
Carmona, a Rua do Comércio e o popular sinaleiro, 
no cruzamento que 
dava para a praça dos edifícios públicos. Em baixo, notícia do Diário de
Lisboa sobre o 11 de Março de 1975




O dia 13 de Março de 1975 foi tempo, no tempo dos Cavaleiros do Norte do Uíge angolano, para o MPLA dar conta do seu «apoio solidário ao MFA» e, em Lisboa, era noticiada a prisão de «reaccionários civis, por suspeita de estarem envolvidos no golpe de 11 de Março». Entre eles, 5 elementos da família Espírito Santo, do actual BES: José Manuel Espírito Santo Silva, Carlos António Espírito Santos Silva Melo, Manuel Ricardo Pinheiro Espírito Santo Silva, Jorge Manuel Pinheiro Espírito Santos Silva e Maria Borges Coutinho Espírito Santo Silva.
Todos eles foram para o reduto norte da Cadeia de Caxias e, com eles, também José de Jesus Madeira, Quirino Madeira (redactor da Constituição de 10933), Domingos Samarino Pina, Tomás de Aquino Rodrigues Ciríaco, Manuel Gomes do Couto, António Luís  Ricciardi, José Luís Parreira Halireau Roquete e Manuel Sarrinha Marrecos Duarte. Também a de  José Carlos Champalimaud e José de Mello (do Grupo CUF).
A lista é bem mais longa, incluindo, segundo o Diário de Lisboa de há precisamente 40 anos, «dezenas de reaccionários presos pelo COPCON». Lista que pode ser vista AQUI
O apoio do MPLA ao MFA tinha a ver com os acontecimentos de 11 de Março e Paulo Jorge, da Comissão para os Assuntos Exteriores do MPLA, falando em Argel, afirmava a sua «inquietação pela tentativa de golpe de Estado das direitas, em Portugal». «Felizmente - sublinhou o dirigente do MPLA - que o Movimento das Forças Armadas pôde derrotar esta tentativa e salvar, assim, as conquistas da revolução do 25 de Abril e assegurar o processo de descolonização em curso».

3 058 - Véspera do primeiro patrulhamento misto em Carmona

$
0
0
Comando da Zona Militar Norte (ZMN), em Carmona, vendo-se a bandeira portuguesa 
o sentinela. Em baixo, a Câmara Municipal, na mesma praça da cidade uíjana




Angola estava no futuro próximo dos futuros Cavaleiros do Norte e, a 14 de Março de 1974 - há precisamente 41 anos!!!... -, em Santa Margarida e no Destacamento do RC4, prosseguia a sua preparação operacional, já com os especialistas que, a partir do dia 4 do mesmo mês, «completaram os efectivos do batalhão».
Íamos para Angola e era de Angola que queríamos saber notícias, pelo que não era de estranhar que as procurássemos na imprensa da época. O «Diário de Lisboa» de há 41 anos, por exemplo, dava conta de que «a cidade de S. Salvador foi fustigada por um tornado que causou prejuízos diversos, nomeadamente no bairro Joaquim Oliveira, onde perto de 20 habitações ficaram parcialmente danificadas».
S. Salvador era capital da província do Zaire, no norte de Angola, e era para o norte que iríamos - só não sabíamos para onde. Seria para o Uíge, província vizinha  - ambas no norte angolano, metralhado pela guerra, desde os dramáticos momentos de 1961.
Outra notícia, vinha de Luanda, onde, no porto, um cargueiro brasileiro (o «Orange») colidiu com o português «Congo», no momento em que atracava. E, de seguida, abalroou o sueco «San Blas». As consequência foram várias, com largos prejuízos em cada um deles, nas sem danos humanos.
Lá por Carmona, antecipávamos o primeiro patrulhamento misto, que seria no dia seguinte - por ocasião do aniversário da FNLA. O patrulhamento envolveria (envolveu) forças portuguesas e dos três movimentos: o ELNA (exército da FNLA), as FAPLA (do MPLA) e a FALA (da UNITA).

3 059 - Inspecção de Instrução Operacional do BCAV. 8423

$
0
0
Santa Margarida, com o RC4 em primeiro plano, de vista aérea, à direita. 
Em baixo, a porta d´armas do quartel, em foto de Agosto de 2010


O coronel tirocinado Lobato Faria fez, a  15 de Março de 1974, a primeira inspecção de Instrução  Operacional ao Batalhão de Cavalaria 8423 que, a esse tempo, jornadeava por Santa Margarida. Era Inspector de Região Militar de Tomar.
O dia era o dos 13 anos do levantamento armado do povo angolano do norte de Angola, particularmente no Quitexe - que iria ser o nosso poiso, do início da nossa missão. »mal imaginávamos...
O general Joaquim da Luz Cunha foi nomeado Chefe do Estado Maior General das Forças Armadas - substituindo Costa Gomes (Chefe), exonerado pelo Governo de Marcelo Caetano, assim como António de Spínola (vice-chefe). Tinha sido comandante da Região Militar de Angola, em 1972.
O Clube de Teatro de Angola anunciou nesse dia que iria realizar espectáculos de rua, na marginal de Luanda - para comemorar o Dia Mundial do Teatro. A notícia era do jornal A Província de Angola, que também adiantava a deslocação do encenador Norberto Barroca, para «apoiar o trabalho que o Clube se propõe fazer».
A Comissão de Descolonização da ONU, nesse mesmo dia 15 de Março de 1974, aprovou ia moção«exigindo o termo da luta mantida pro Portugal contra os chamados movimentos de libertação». A moção foi apresentada pela Etiópia e subscrita por Tanzânia, Congo Costa do Marfim, Mali, Síria e Tunísia. 
Foi isto há 41 anos, quando os Cavaleiros do Norte se preparavam para a jornada angola do Uíge!

3 060 - Cavaleiros nas Normas e Revolta das Caldas

$
0
0
A coluna da Revolta das Caldas, a caminho de Lisboa. 
Em baixo, notícia do Diário de Notícias de 17 de Março de 1974



O dia 16 de Março de 1974 foi um sábado e o dia seguinte do fecho da nossa instrução operacional, em Santa Margarida. A 18, segunda-feira seguinte, iniciaríamos (e iniciámos) a chamada Licença de Normas - os 10 dias de férias para quem estava mobilizado para um dos teatros de guerra.
Mal sabíamos, mas foi o dia da Revolta das Caldas, também referida como Intentona das Caldas, ou Golpe das Caldas. Foi uma tentativa de golpe de Estado frustrada, ocorrida em 16 de Março de 1974. 
O golpe foi descrito como "uma tentativa de avançar com o golpe que não foi devidamente preparada" , tendo sido precursor da Revolução dos Cravos que, a 25 de Abril seguinte, derrubou o regime ditatorial do Estado Novo Português. É referido, por vários autores, como o catalisador que aglutinou o oficialato em torno do Movimento das Forças Armadas (MFA).
Ao tempo, o velocidade de comunicação não era a de hoje e as restrições informativas também tinham o seu peso. Só à noite, em notícia de telejornal, de tal se soube - com as limitações de pormenor que se podem imaginar. A imprensa escrita só no dia seguinte se referiu ao assunto. Já era domingo.
Ver AQUI

3 061 - Caçadores a depender dos Cavaleiros do Norte

$
0
0

Furriel Peixoto, Cavaleiro do Norte na parada do BC12, em Carmona, há 40 anos. Reconhecem-se os clarins Irineu (?) e Caetano, o furriel Cruz (os três primeiros, da esquerda e por esta ordem), o 1º. sargento Luzia (atrás), todos em continência ao alferes miliciano Cruz, de oficial de dia. Em baixo, mapa do norte de Angola, com localidades citadas no texto




A 17 de Março de 1975, hoje se fazem 40 anos, a CCAÇ. 4741/74 e a 1ª. CCAÇ. do BCAÇ. 4911 passaram a «depender operacionalmente do BCAV. 8423»
A CCAÇ. 4741/74 estava estacionada no Negage, chegara a Angola em Agosto de 1974 e regressou em Setembro de 1975. Aquartelou em Santa Cruz de Macocola - agora Milunga -, a nordeste de Carmona (Uíge). 
O furriel miliciano Domingos Peixoto - que durante meses foi Cavaleiro do Norte, no Quitexe e em Carmona - era desta Companhia de Caçadores, que tinha sido formada no Batalhão Independente de Infantaria (BII) de Angra do Heroísmo, nos Açores. 
A 1ª. do BCAÇ. 4911 estava aquartelada em Sanza Pombo.
O dia 17 de Março de há 40 anos foi tempo para Paulo Jorge, das Relações Exteriores do MPLA, acusar «elementos da Forças Armadas de violarem o Acordo do Alvor». O dirigente «mpla» em Argel falava em Lisboa, a caminho de Havana, e acusava esses elementos de «sistematicamente tomarem atitudes discriminatórias  em relação ao MPLA», o que, sublinhou, «a continuar, poderá comprometer a cooperação que nós desejamos manter com as forças progressistas portuguesas».

3 062 - Cavaleiros do Norte em licença e racismo em África

$
0
0

Carmona, a entrada na cidade, do lado do Quitexe (foto 
da net, recente). Marcelo Caetano (em baixo)





Aos 18 dias do mês de Março de 1974, há 41 anos, os então futuros Cavaleiros do Norte entraram na chamada  Licença de Normas, os 10 dias que os militares mobilizados gozavam antes da partida para o ultramar. Se bem que, ao tempo, sabendo que iríamos para Angola, não conhecíamos a data!
A licença seria de 18 a 28 de Março mas a verdade é que «acabou por ser aumentada, de tal modo que só em 22 de Abril. de voltou a reencontrar todo o pessoal do Batalhão». E, como recordo do Livro da Unidade, para «dar efectivação à Instrução Operacional» - o famoso IAO.
Os quadros do BCAV. 8423 (oficiais e sargentos milicianos) foram algumas vezes chamados a fazer serviços, mas logo regresssavam a casa e foi num dessas vezes que, estado eu, o Monteiro e o Neto por lá, se apresentaram os dois homens das transmissões, o Pires (de Bragança) e o Rocha - ao tempo, 1ºs. cabos milicianos, como nós.  
O 16 de Março tnha sido dois dias entes e Marcelo Caetano, o presidnete do Cosnelho, em declarações ao jornal francês «Le Point», afirmava «jamais concordar com o abandono das províncas ultramarinas». «Portugal - disse - está a lutar em África em defesa de uma sociedade multirracial e contra movimentos racistas que pretendem expulsar os brancos de África».
«Estamos a lutar pelo direito que têm todos os homens de viverem juntos na África e, acima de tudo, em defesa da sociedade multirracial que lá formámos.  Pelo contrário, os chamados movimentos de libertação são racistas. O seu objectivo é a expulsão dos brancos. Primeiro dos postos de comando, depois da África», disse Marcelo Caetano.
Angola era tema, nesse dia, nos jornais portugueses: uma operação de coração aberto, realizada num hospital de Nova Lisboa, coroada de êxito e realizada por uma equipa chefiada pelo médio Ivo Botelho. Os Bispos diocesanos anunciaram, para 30 de Junho, uma cerimónia colectiva e comemorativa do Ano Santo, com uma peregrinação a Massangano, a mais antiga paróquia do interior de Angola.
Assim ia o «nosso» mundo pré-angolano!
- IAO. Instrução de Aperfeiçoamento Operacional. Ou
Instrução de Adaptação Operacional. Ou ainda
Instrução Altamente Operacional.   
Viewing all 4181 articles
Browse latest View live