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Channel: CAVALEIROS DO NORTE / BCAV. 8423!
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2 984 - Um furriel em Vista Alegre e uma cimeira dos movimentos

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Vista Alegre, no Uíge angolano, ponto de aquartelamento da 1ª. CCAV. 8423. Em baixo, 
título de notícia de há 40 anos, no Diário de Lisboa. com declarações de Jonas Savimbi 


O mês de Dezembro de 1974, há 40 anos, foi tempo de chegada, à 1ª. CCAV. 8423, do furriel miliciano João Rito, de quem, apesar das diligências efectuadas, não apanhei rasto. Não me lembro eu, nem nenhum dos Cavaleiros do Norte de Zalala, ao tempo já aquartelados em Vista Alegre. Apenas posso lembrar que era atirador e tinha o número mecanográfico 07261773, certamente deslocado em Vista Alegre por ser «alvo» de algum castigo disciplinar, como acontecia vulgarmente por essa altura.  
O mesmo dia de hoje, de há 40 anos, foi tempo de Jonas Savimbi, presidente da UNITA, anunciar em Lusaka que a cimeira entre os três movimentos estava marcada para 10 de Janeiro de 1975, «algures em Portugal».
«O nosso objectivo - disse Jonas Savimbi - é ter em Angola um Governo de Transição antes do fim de Janeiro e a independência dentro de nove a doze meses».
Observadores em Lusaka, citados pelo Diário de Lisboa, sublinhavam que «essa cimeira se apresenta como uma gigantesca evolução, a caminho do entendimento entre os três movimentos, para de encontrar a adequada solução angolana de independência».
Assim não viria a ser!.


2 985 - Quitexe e Angola, 30 de Dezembro de 1974!

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Avenida do Quitexe, À esquerda, o edifício que foi a secretaria da CCS. Em baixo, Viegas e 
Miguel, furriel paraquedista de Setúbal, nos últimos dias de 1974. Há precisamente 40 anos! 


Quitexe, 30 de Dezembro de 1974!!!
Estávamos nós a antecipar a passagem do ano, tão longe dos chãos das nossas terras e do calor e afectos das nossas famílias e amigos. Minha mãe, que dentro de semanas faz 94 anos, já viúva ao tempo, mandou-me um aerograma, que agora releio e me emociona:«O Natal passou-se normalmente. A tua irmã passou por aqui com a menina e disse-me que tinha recebido correio teu e que estavas bem, mas tu dizes sempre que estás bem que até parece que nem estás na guerra. Espero que venhas rápido, já sabes de alguma coisa? Por cá, toda a gente diz que a tropa vem embora, mas nunca mais te vejo a entrar pela porta dentro».
Veria: às primeiras horas de 9 de Setembro de 1975. Depois do embarque da véspera, em Luanda, pela 10 horas da manhã.
E que aconteceu nesse dia 30 de Dezembro de 1974, que tivesse a ver connosco? O  general Silva Cardoso “esteve mais de duas horas reunido com Mobutu”, que era presidente do Zaire e cunhado de Holden Roberto, o presidente da FNLA. Analisaram“o processo de descolonização de Angola e outro territórios  portugueses”.
O mesmo dia foi tempo, segundo o Diário de Lisboa, de o Governo Provisório de Angola“refutar energicamente as acusação feitas em Kinshasa»,  pela AZAP, sobre «o caso dos 3000 refugiados catangueses que desde 1963 se encontravam em Angola e se recusavam regressar ao Zaire, apesar da amnistia decretada pelo presidente Mobutu”.
Oa refugiados, livremente, queriam ficar em Angola e, na sua maioria, estavam instalados na Lunda, com as famílias e “trabalhando ordeiramente”.
A AZAP era a agência de notícias do Zaire de Mobutu.
O mesmo comunicado, sobre outro assunto, dizia “não ter qualquer fundamento a afirmação da Agência AZAP, de que o Alto-Comissário Rosa Coutinho tinha tido encontros secretos, com o presidente do MPLA, Agostinho Neto, no campo de catangueses do leste de Angola”.
“Repudiando energicamente a linguagem usada”, pela AZAP, reporta o DL, citando o Governo Provisório,  que “não correspondia à cortesia e boa vontade com que as autoridades zairenses tem sido tratadas em Luanda”. Por isso, e no âmbito do “necessário esclarecimento”, uma delegação portuguesa iria viajar para Kinshasa, para se“dialogar com o presidente Mobutu”.
Era formada por Jorge Campinos, Secretário de Estado dos Negócios Estrangeiros, pelo comodoro Leonel Cardoso e pelo general Silva Cardoso - que, curiosamente (ou não) viriam a ser Altos Comissários.

Foi isto há precisamente 40 anos!

2 986 - S. Silvestre do Quitexe e pré-cimeira dos movimentos

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A pré-cimeira angolana do Quénia. Notícia do Diário de Lisboa de 31 de Dezembro 
de 1974. O Spínola, vencedor da S. Silvestre do Quitexe, a de faz hoje 40 anos!


A noite e passagem de ano de 1974 para 1975, lá pelas bandas do Quitexe uíjano, teve muita chuva e corrida de S. Silvestre que, com alguma (in)habilidade, o Buraquinho quis ganhar. Partiu, de lá perto do quartel da OPVDCA, na saída da vila para Carmona, meteu-se dentro de uma ambulância e despejou-se na entrada da vila, correndo para a meta. Mas nem assim ganhou!|
É que o inimitável Buraquinho devia ter corrido pela estrada do café fora, até à última transversal para a avenida e, então aí, descer e correr para a meta. Como foi sôfrego em excesso, cortou antes e perdeu os louros da vitória. Ele próprio conta e reconta a história, que tem a sua graça!
O vencedor, a correr os metros reais da corrida e sem batotas, foi o Spínola, Cavaleiro do Norte de Santa Isabel - companhia que já jornadeava no Quitexe desde o dia 10 de Dezembro.
Spínola era alcunha de Jorge Custódio Grácio, soldado atirador da 3ª. CCAV. 8423, tragicamente falecido na sequência de um acidente de viação, na estrada entre Quitexe e Carmona, a 2 de Julho de 1975. Na curva a seguir à fazenda Pumbaloge, a 4L onde seguia bateu de frente com um Land Rover, que lhe apareceu contra a mão. Ver AQUI. Era natural de Vale de Raposas, em Vieira de Leiria.
A 31 de Dezembro de 1974, em Luanda, um porta-voz do MPLA anunciou para 3 de Janeiro a realização, no Quénia, de uma pré-cimeira, de preparação para a do dia 10, em Portugal, e que seria em Mombaça, ou Nairobi - a capital. Reuniria Agostinho Neto (MPLA), Holden Roberto (FNLA) e Jonas Savimbi (UNITA), «destinando-se essewncialmente a um concerto de opiniões, entre os três presidentes».
Era tempos de festas (de passagem do ano) e de esperanças (no entendimento dos três movimentos)!

2 987 - Ano novo e anos do Letras, do Reino e do Madaleno

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O dia de Ano Novo de 1975 foi festejado pelos Cavaleiros do Norte e teve os 23ºs. aniversários do Madaleno, do Letras e do Reino. O Madaleno aparece no destaque da foto de cima, com alguns "pelrecs": Viegas (furriel miliciano), Marcos, Dionísio. Caixarias e Garcia (alferes miliciano) e, em baixo, Oliveira (transmissões), Hipólito (1º. cabo), Aurélio (Barbeiro), Madaleno e Neto (furriel miliciano). Os furriéis milicianos Letras (o primeiro) e Reino estão abaixo



O primeiro dia de 1975 foi de "cura" de alguns excessos e de festa continuada, pelos anos de alguns Cavaleiros do Norte: os furriéis Letras e Reino e o soldado Madaleno.
Era este um garboso atirador da cavalaria do PELREC e com ele (e outros companheiros) galgámos muitos quilómetros dos trilhos e picadas uíjanas, em patrulhas e operações que nos couberam «à ordem».  Era dos que não virava a cara à luta e está aposentado, na sua Covilhã natal.
O aniversário dele tem uma curiosidade: nasceu a 1 de Janeiro, mas só foi registado a 3 de Fevereiro de 1952.
O Letras, da 2ª. CCAV. 8423, foi meu companheiro da especialização, em Lamego, nas Operações Especiais (os Rangers, yááááá...). Jornadeou por Aldeia Viçosa e. pela vida fora, ficaram afectos e cumplicidades que ainda hoje se multiplicaram e partilharam em largo contacto telefónico. Aposentou-se e vive os prazeres da vida pela sua Palmela.
O Reino, o da foto aqui ao lado (precisamente de há 40 anos, tirada na messe de sargentos do Quitexe), é o mais velhinho de todos. Faz anos a 1 de Janeiro, dia de 1952, o do registo, mas foi solto para a vida a 28 de Dezembro de... 1951! É um veterano! Fez carreira na GNR e, já aposentado, vive no seu Sabugal. 
O dia 1 de Janeiro assinala o falecimento de dois Cavaleiros do Norte, ambos da 3ª. CCAV. 8423, a de Santa Isabel:
- José Carlos Gonçalves Catarino, 1º. cabo atirador de cavalaria, de Paivas (Seixal). Faleceu em 1983, aos 32 anos.
- António Francisco Tomás. que vivia na Maceira, em Torres Vedras. Também faleceu em 1983, aos 32 anos.
RIP! RIP! 

2 988 - Ano novo de 1975 e conferência queniana de Mombaça

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Passagem de ano de 1974 para 1975, no Quitexe: furriéis milicianos Fernandes (de 
mão dada ao Ribeiro), Viegas, Belo (de óculos), Grenha Lopes (tapado), Bento, Costa e 
Flora (linha de trás), Ribeiro (de mão dada ao Fernandes), Rabiço, Graciano e 
Abrantes (de cachimbo). Em baixo, notícia do Diário de Lisboa de há 40 anos!





Os exageros gastroalcoólicos da passagem de 1974 para 1975 passaram e a expectativa dos Cavaleiros do Norte medrou, quanto ao regresso a casa. Mal sabíamos, ou sequer imaginávamos, quanto tempo nos esperava pela frente. Viria a a ser apenas a 8 de Setembro e dias seguintes, companhia a companhia.
As notícias de 2 de Janeiro desse ano, há precisamente 40 anos, todavia, até eram optimistas. Em Nairobi, no Quénia, eram esperados os presidentes do MPLA, da FNLA e da UNITA, para a conferência do dia seguinte, em Mombaça, e expectavam-se grandes decisões, no sentido da independência de Angola.
«Os dirigentes nacionalistas angolanos são esperados aqui (a Nairobi), hoje, para uma cimeira preparatória, durante a qual esperam chegar a acordo entre si, com vista à próxima abertura de negociações com o Governo Português», divulgava um despacho da ANI (e da Reuters), publicado no Diário de Lisboa (como se vê na imagem).
A conferência com Portugal estava marcada, recordemos, para 10 de Janeiro, uma semana depois, e viria a realizar-se no algarvio Alvor, no Hotel Penina. O objectivo era«a formação de um governo de transição, que encaminhará Angola, para a independência».
Havia, pois, para os Cavaleiros do Norte, boas razões para acreditarem num próximo regresso a Portugal. Bem enganados estávamos, porém!!!

2 989 - Reunião no Comando de Sector e encontro de Mombaça

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Quitexe, a Rua de Coma (Estrada do Café), a 21 de Julho de 21 de Julho de 2010 (Foto By Bembe). 
Em baixo, Holden Roberto (FNLA), Agostinho Neto (MPLA) e Jonas Savimbi (UNITA)




A 3 de Janeiro de 1975, reuniam-se em Mombaça, no Quénia, os presidentes dos movimentos de libertação e, do Quitexe, saía o comandante Almeida e Brito para Carmona, aonde se impunha «a necessidade de estabelecimento de contactos operacionais, no Comando de Sector do Uíge».
Ao tempo, vale a pena recordar, preparava-se e continuava-se a retracção das forças militares portuguesas, preparando a saída do Uíge e, para mais tarde, a de Angola e o regresso a casa. Os Cavaleiros do Norte da 1ª. CCAV. 8423 já tinham saído da Zalala  (e ido para Vista Alegre e Ponte do Dange, operação que se tinha completado a 25 de Novembro ) e os de Santa Isabel (a 3ª. CCAV.) saído de Santa Isabel, a 10 de Dezembro, instalando-se no Quitexe - onde estava a CCS e o comando do Batalhão.
E lá por Mombaça?
Agostinho Neto, Holden Roberto já lá estavam na manhã deste 3 de Janeiro de há 40 anos e Jonas Savimbi iria chegar (em viagem de Lusaka). Teriam o dia (e todo o fim de semana) para acertarem agulhas para a cimeira com o Governo de Portugal, que neste dia se soube que seria no Algarve. 
O enviado especial do Diário de Luanda dava conta que «de acordo com círculos fidedignos, os portugueses propuseram aos movimentos de libertação que o Governo Transitório seja formado pro 12 ministros, três deles portugueses e mais três de cada movimento».
«Os três movimentos - acrescentava o Diário de Luanda - deverão considerar ainda as respectivas posições perante a proposta portuguesa, de que deverão dissolver as suas Forças Armadas e formar um força unificada, de defesa integrada, junto das tropas portuguesas».
«A aceitação dessa proposta implicaria que cada um dos grupos entregasse o controlo militar das  áreas onde tem operado e que tomaram durante a longa e cruenta guerra de guerrilhas com os portugueses», dizia o enviado especial do Diário de Luanda.
Não faltavam planos e intenções! E boas!!!

2 990 - O último dia do Pelotão de Morteiros no Quitexe

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O alferes João Leite (à direita) era o comandante do Pelotão de Morteiros 
4281. Em baixo, um grupo de «morteiros» a confraternizar no Quitexe


A 4 de Janeiro de 1974, o Pelotão de Morteiros 4281, comandado pelo alferes miliciano João Leite, disse adeus definitivo ao Quitexe, aquartelando em Carmona  - para onde começara a rodar em 20 de Dezembro de 1974.
Os «morteiros», como por lá lhes chamávamos, foram nossos companheiros desde a nossa chegada ao Quitexe, a 6 de Junmho de 1974, quiando lá aquarelámos (a CCS e o comando do Batalhão de Cavalaria 8423), substituindo o Batalhão de Caçadores 4211.
O comando era do alferes João Leite, açoreano, que agora é empresário do sector da informática e comunicações, no Estados Unidos. Tinha dois furriéis milicianos: o Pires e o Costa.
Luís Filipe dos Santos Costa vive no Estoril e é aposentado do Grupo Sonae, somando o prazer das delícias do pós-vida laboral com as da administração de condomínios em Tavira. Tem dois filhs, um deles a doutorar-se nos Estados Unidos. Fernando Freitas Romão Pires é aposnetado da GNR, como sargento mor e vive em S. Domingos de Rana, arredores de Cascais.

2 991 - Contactos operacionais e o Encontro de Mombaça

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Monteiro, o Gasolinas, o primeiro do lado esquerdo. Ao centro, de bigode, está o 
José Coelho, sapador (falecido a 13 de Maio de 2007). E os outros, quem são? 
Em baixo, notícia do DL de 4 de Janeiro de 1975


A 4 de Janeiro de 1975, era dia de anos do Gasolinas - fazia 23!... -, e a imprensa de Lisboa dava conta do Acordo de Mombaça, entre MPLA, FNLA e UNITA, «ideologicamente muito separados, mas «existindo poucas dúvidas de que chegarão a um acordo mínimo sobre as questões básicas». 
Questão sensível era a da atribuição das pastas ministeriais e era certo, a fazer fé na notícia desse dia, do DL, que«as negociações decorre(ia)m dentro de um, clima de cordialidade», segundo declarava Jonas Savimbi, de resto «bastante optimista».
A Emissora Oficial de Angola, citando um porta-voz da UNITA, dava como seguro que «os três presidentes teriam acordado em que cada movimento ficaria com três pastas (ministeriais) no Governo de Transição, cabendo três ou quatro ao Governo Português».
A 5 de Janeiro de 1975, o comandante Almeida e Brito deslocou-se a Vista Alegre, onde estava aquartelada a 1ª. CCAV. 8423 (a do capitão Castro Fernandes, originalmente de Zalala), por «necessidade de  estabelecimento de contactos operacionais» e acompanhado do «oficial adjunto do BCAB. 8423», o capitão José Paulo Falcão.
- GASOLINAS. João Fernando Carvalho Dias 
Monteiro, 1º. cabo de combustíveis e lubrificantes.
 Reside em Vila Nova de Gaia.

2 992 - O Encontro de Mombaça e os dias do Uíge

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 Jardim público do Quitexe, em foto recente. Muito igual ao nosso tempo, até as casas 
da Estrada do Café. O obelisco já não tem o símbolo do BCAV. 1917. Em baixo, notícia 
do Diário de Lisboa sobre a pré-cimeira de Mombaça

 

Os dias do Quitexe, de Aldeia Viçosa e Vista Alegre - a ZA dos Cavalerios do Norte -  iam passando, no alvor de 1975, com as convencionais escoltas, a segurança na estrada do café e os serviços de ordem. A actividade operacional tinha cessado e expectava-se sobre as negociações entre o três partidos, no Quénia.
Quem dera que corressem bem!!!, expectavam os Cavaleiros do Norte

"O Governo Português congratula-se com os resultados positivos obtidos nas conversações havidas em Mombaça, entre as delegações dos três movimenos emancipalistas de Angola», referia um comunicado da Presidência da República e da Comissão Nacional de Descolonização, a 6 de Janeiro de 1975 e a propósito da conversações de três dias, entre o MPLA, a UNITA e a FNLA, no Quénia - de que temos falado nos últimos dias deste blogue.
As conversações, relata a imprensa da época (que respigamos do Diário de Lisboa), resultaram num «acordo que representa um passo decisivo para o processo de descolonização de Angola». 
A declaração conjunta considerava o Enclave de Cabinda como«parte inalienável do território» e também«a disposição para travarem as necessárias conversações com Portugual, aceitando a data e o local propostos por Lisboa».
Os presidentes Agostinho Neto (MPLA), Holden Roberto (FNLA) e Jonas Savimbi (UNITA), com Jomo Kenniatta (presidente do Quénia), para assinalarem a data, «plantaram uma árvore mugumo - espécie sob a qual os africanos rezam tradicionalmente pela sorte - no jardim da State House, onde decorreram as conversações».
O dia 6 de Janeiro de 1975, Dia de Reis, era uma segunda-feira e a cimeira com Portugal estava marcada para o dia 10 seguinte, sexta-feira, no Alvor. A imprensa do dia ainda não adiantava o local, falava em «algures, no Algarve», e anunciava a chegada a Lisboa, vindos de Londres, de Lúcio Lara e Lopo do Nascimento (MPLA). Nos dias seguintes, chegaram Agostinho Neto e Paulo Jorge. Dos outros movimentos, não se adiantavam pormenores.

2 993 - Comandante em Carmona e Cimeira falada para Ofir

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Comando a Zona Militar Norte (ZMN) e Comando de Sector do Uíge (CSU) em Carmona (1974/75) . 
Em baixo, o comandante Carlos Almeida e Brito e o capitão José Paulo Falcão (1994) 





A 7 de Janeiro de 1975, o comandante Almeida e Brito voltou a Carmona, para reunião no Comando de Sector, na ZMN, para «estabelecimento de contactos operacionais». Já lá estivera no dia 3 e lá voltaria a 28 do mesmo mês - assim como ao BC12, o nosso futuro quartel, mas no dia 18 -, normalmente fazendo-se acompanhar do oficial adjunto do BCAV. 8423, o capitão José Paulo Falcão.
Passavam-se os dias para a Cimeira do Alvor - marcada para o dia 10 -, mas, a 7 de Janeiro, ainda se admitia que poderia ser em Ofir, perto de Viana do Castelo. E a esta cidade foi o coronel Eurico Corvacho, para reunir com o Governador Civil e o comandante do BC9, que ali estava aquartelado.  Corvalho era o Chefe de Estado Maior da Região Militar do Norte.
Agostinho Neto, presidente do MPLA, que tinha chegada a Lisboa prevista para este dia, afinal não chegou. Jonas Savimbi, presidente da UNITA, avistou-se com Leopold Senghor, presidente do Senegal, em Dakar. Em Serpa Pinto, capital da província de Cuando Cubango, no sul de Anogla, foi anunciada a saída de 60 elementos da chamada Revolta do Leste - a Façção Chipenda -, que terão aderido ao MPLA,«após negociações com o delegado local do movimento de Agostinho Neto».
Assim iam os nossos dias de Angola, há precisamente 40 anos!

2 994 - Cavaleiros expectantes e Cimeira no Alvor algarvio

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Quitexe, placa de entrada da vila uíjana dos Cavaleiros do Norte,  em 2012. 
Em baixo, título do Diário de Lisboa de há 40 anos, sobre a Cimeira da Penina



Aos oito dias de Janeiro de 1975, com os Reis passados e os dias a correr pelo Quitexe, por Aldeia Viçosa e Vista Alegre, os Cavaleiros do Norte continuavam expectantes. 
Para Carmona, já tinha partido o Pelotão de Morteiros 4281, nosso companheiro da jornada quitexana, e a realização da cimeira dos três movimentos com o Governo Português mais esperanças nos semeava na alma. Esperanças de rapidamente voar,mos para Portugal e as nossas casas.
Soube-se, neste dia, que não seria em Ofir, mas no Alvor, Algarve, no Hotel Penina. «Em avião especial, partirão hoje de Luanda para Faro, onde deverão chegar amanhã, às 9,30 horas, membros das delegações do MPLA e da UNITA», relatava o Diário de Lisboa de 8 de Janeiro de 1975 - que citamos. 
O avião faria (fez) escala em Lusaka, «afim de embarcarem outros dirigentes destes dois movimentos».
Wilson Santos, Jorge Valentim Vakulukuta (da UNITA), Albertino Almeida, Maria  do Carmo Medina e Diógenes Boavida (MPLA) eram alguns dos que viajam para Portugal nessa aeronave, também com «equipas de juristas». O Secretário de Estado da Administração Interna de Angola também viajaria, previa o DL. Era o tenente-coronel Gonçalves Ribeiro.
A delegação da FNLA, liderada por Holden Roberto, partiria de Libreville (Gabão), para Portugal, via Túnis, «ao que se julga(va), a bordo do avião pessoal de Mobutu, o presidente do Zaire». Em Libreville também se encontrava Jonas Savimbi, presidente da UNITA, e o DL admitia que viajasse para Portugal com Holden Roberto, no mesmo avião.

2 995 - A cimeira angolana, para a independência, de há 40 anos1!!

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Hotel Penina, no Alvor (Algarve), onde decorreu a Cimeira Angolana. 
Diário de Lisboa, primeira página de 9 de Janeiro de 1985


 A 9 de Janeiro de 1975, uma quinta-feira, era véspera da cimeira entre os três movimentos de libertação de Angola e o Governo Português. Seria no Alvor, no Hotel Penina - entretanto esvaziado de todos os clientes lá instalados, mudados para outras unidades hoteleiras.
Ao Alvor, ainda não tinham chegado qualquer dos líderes dos três movimentos, mas sabia-se que a cimeira seria inaugurada pelo Presidente da República, General Costa Gomes, e que a delegação portuguesa, anunciava o Diário de Lisboa, seria chefiada peo major Melo Antmes, ministro sem pasta - com os ministros Mário Soares (Negócios Estrangeiros) e Almeida Santos (Coordenação Interterritorial), para além do almirante Rosa Coutinho (Alto Comissário) e o Secretário de Estado da Administração Interna de Angola (o coronel Gonçalves Ribeiro).
A 9 de Janeiro de 1975, ainda nenhum dos três líderes emancipalistas tinha chegado a Portugal e eram esperados em Faro. O Estado Português tinha destacado três diplomatas para receber os presidentes dos três movimemtos: Miguel Sanches Baena seria o anfitrião da UNITA, Silveira Carvalho da FNLA e António Valente do MPLA. Assegurariam, enquanto elementos do protocolo de Estado, «os contactos com cada uma das delegações».
As entradas no Hotel Penina (onde, por coincidência, trabalhava, ao tempo, a namorada e futura mulher do Cabrita, soldado da CCS dos Cavaleiros do Norte), estavam «rigorosamente condicionadas a cartões timbrados pelo Estado Maior General das Forças Armadas». Os verdes, identificavam os elementos dos movimentos de libertação; os vermelhos, os membros da segurança; os amarelos, eram para «os elementos de apoio».
As vias de acesso ao aeroporto de Faro tinham segurança garantida das Forças Armadas (Infantaria 4, de Faro), PSP e GNR. A PSP, comandada pelo chefe de Esquadra Viegas, guardava o aeroporto. Há 40 anos!

2 996 - A Cimeira do Alvor e os dias do Quitexe

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Os primeiros dias de 1975, envolveram muitos jogos de futebol. A equipa da imagem 
mostra o Grácio (que amanhã faz 61 anos), Gomes, Miguel Teixeira, Botelho, Miguel 
Santos, Gaiteiro e Soares (de pé). Teixeira (??, mecânico), Mosteias, Lopes (enfermeiro), NN, José 
Monteiro e Domingos 
Teixeira (estofador). Em baixo, notícia do início da Cimeira do Alvor, hoje se fazem 40 anos 



«A Cimeira de Penina, que iria definir os termos da negociação de independência de Angola, polarizou todas as atenções., já que previamente, na de Mombaça, parecia, pela primeira vez, ter-se conseguido uma comunhão de interesses de todos os movimentos». É assim que o Livro da Unidade se refere à Cimeira do Alvor, que nesta localidade algarvia começou faz hoje precisamente 40 anos.
Luanda, a metropolitana capital de Angola, recebia mensagens do MPLA e da UNITA, ambas distribuídas sobre a cidade por um avião da FAP.
O Movimento de Agostinho Neto referia que «após dezenas de anos de luta heróica, todo o povo angolano, vive com  fervor o momento em que se desenha cada vez mais nítido o destino que é nosso, com alegria, a caminho de Portugal, a delegação do MPLA saúda tido o povo e reafirma sua confiança inabalável da vitória certa". A mensagem era assinada por Agostinho Neto.
A da UNITA: «A delegação da UNITA, dirigida pelo seu presidente dr. Jonas Savimbi, saúda todos os compatriotas e pede o o apoio maciço à sua missão histórica para a formação do Governo de Transição e a independência total de Angola. Neste momento, recomendamos uma vigilância total para que os objectivos fundamentais da nossa luta sejam plenamente atingidos». A mensagem  terminava com o grito «Wacha Angola. Unidos venceremos».
A FNLA, na mesma data, recebia apoio da Tunísia, em cuja capital o Presidente Holden Roberto foi recebido pelo Presidente Bourguiba, na passagem a caminho de Faro. Analisaram«a situação de Angola e as próximas negociações com Portugal», a formação de quadros (...) 
para dirigir o país como convém».
O Quitexe, longe destas emoções, continuava a sua jornada, com fartas futeboladas pelo meio. Ora entre pelotões, ora entre companhias, ora com a população civil. Há 40 anos!!! 

2 997 - O segundo dia, há 40 anos, da Cimeira do Alvor

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Estrada do Café, ou Rua de Cima,no Quitexe - foto da net (2012). Em 
baixo, notícia do Diário de Lisboa, de 11 de Janeiro de 1975,  há 40 anos!



Há 40 anos, no Quitexe, em Aldeia Viçosa e Vista Alegre, os Cavaleiros do Norte continuavam a sua jornada africana do Uíge Angolano. E continuava, nesse segundo sábado de 1975, a somar-se a expectativa sobre a Cimeira que, no Alvor (Hotel Penina), reunia o Governo de Portugal com os três movimentos de libertação.
«O optimismo tem sido constante nas declarações e documentos oficiais já tomados públicos, no âmbito da Cimeira sobre Angola, que está decorrer desde ontem na Penina», relatava o Diário de Lisboa de 11 de Janeiro de 1975, citando a intervenção do Presidente da República (Costa Gomes), a abrir a reunião, sabendo-se que também a iria encerrar.
«O clima que rodeou as conversações - reportava o DL desse sábado - foi de cordialidade e franca compreensão, na procura de soluções para os problemas inerentes à descolonização de Angola». 
O Alto-Comissário Rosa Coutinho, que não fazia parte da delegação portuguesa, comentava os trabalhos, garantindo que «a cimeira era (é) apenas a base de entendimento para acordos fulcrais concretos».
O resto, «acrescentou, «virá no futuro», pois, segundo disse,«havemos de conversar mais vezes», referindo-se, naturalmente, ao Governo de Portugal e aos três movimentos de libertação - o MPLA (de Agostinho Neto), a FNLA (de Holden Roberto) e a UNITA (de Jonas Savimbi).

2 998 - Dois ex-Zalalas «encontrados» na praça de Águeda

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José Júlio e Carlos Ribeiro, dois ex-Zalalas anteriores aos Cavaleiros do Norte, 
rodeando Viegas, numa manhã de Águeda. Em baixo, mural de entrada em Zalala

A vida é assim: vai a gente por aí fora, pára aqui e ali e encontra um amigo, bota faladura, murmura sobre a saudade, e, de repente, dá-se de surpresas. Foi o que aconteceu na sexta-feira - dia 9 de Janeiro de 2015. Na praça de Águeda, encontrei o Carlos Ribeiro, que foi meu companheiro de turma e de futebol, e logo a seguir o José Júlio, também contemporâneo (embora mais velho, de escola) e que a vida nos fez encontrar muitas vezes, ele bancário e depois empresário da área da fotografia. Os dois, imaginem só, são antigos aquarteladados de Zalala.
O José Júlio por lá passou em 1971, uns 11 meses. Não se lembra do nº. da Companhia, mas desfiou recordações da jornada que por lá o levou, como furriel miliciano atirador de infantaria, pelas matas, picadas e trilhos das redondezas - até Zala e Quipedro, a Vamba. «Já não me lembro dos nomes...», disse ele.
O Ribeiro, também furriel miliciano atirador de infantaria, era do BCAÇ. 4211, justamente o batalhão que os Cavaleiros do Norte substituíram. Não nos encontrámos por lá e achámo-nos agora, nas surpresas da vida.
O Ribeiro tinha (e tem) um irmão gémeo, o Jorge, igualzinho a ele, tão igual que um deles tirava fotografias pelos dois. E, como jogavam futebol na mesma equipa (a dos juniores e depois nos  seniores do Valonguense, na qual também dei uns chutos), reza a lenda que o Carlos - que era guarda-redes (e dos bons!!!), foi expulso mas jogou na mesma no(s) jogo(s) seguinte(s), com o cartão do irmão gémeo! 
Sei lá, é a lenda, eles não confirmam, nem desmentem, só se sorriem, mas não custa nada acreditar na habilidade. Ainda hoje, quando os encontro, lhes pergunto qual é ele dos dois: «És o Carlos, ou o Jorge?!». 
Na tropa, tiveram sortes diferentes: foi o Carlos para Zalala (e depois para o Ambriz) e o Jorge para a Guiné. E continuam iguais.


2 999 - A Luanda de hoje e a cimeira angolana de há 40 anos

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Luanda, em Janeiro de 2015. A baía, vista da fortaleza (foto de Carlos Ferreira). Em baixo, 
notícia do Diário de Lisboa, de há 40 anos, sobre a independência de Angola





O Carlos Ferreira foi 1º. cabo mecânico de armamento ligeiro, jornadeou por Zalala, Vista Alegre e Songo, depois Luanda, e agora faz vida em Moçambique. Foi a Angola neste final/começo de ano (já lá tinha estado em 2012) e fotografou o que viu. Por exemplo, a baía de Luanda, como a magnífica imagem que acima mostramos.
Há 40 anos, era segunda-feira (dia 13 de Janeiro de 1975) e sabiam-se notícias (que tardiamente chegavam ao Quitexe) da evolução da Cimeira do Alvor, através de um comunicado oficial, sublinhando terem-se «alcançado progressos substanciais, tendo-se atingido acordo quanto a pontos fundamentais, nomeadamente no que se refere ao estabelecimento de estruturas governamentais de Angola». E, imagine-se, reportava o DL, para «uma solução mais rápida do que aquela prevista ainda esta manhã».
O Presidente Costa Gomes confirmara, na véspera, que a independência ocorreria ainda nesse ano - o de 1975 - «tendo sido indicada uma data segura», o dia 11 de Novembro. Que se viria  confirmar. 
Os movimentos (os presidentes na imagem, ao lado) defendiam a saída da tropa portuguesa até 4 meses antes, enquanto Lisboa preconizava que ficasse ate ao dia da independência.
A proposta portuguesa, segundo o DL, era «fundamentada essencialmente na necessidade de um Governo Provisório equilibrado e susceptível de preparar o terreno para uma independência pacífica e total». Foi aceite a proposta, hoje se fazem 40 anos. Mas não viria a ser assim.

3 000 - Cavaleiros do Norte, o post nº. 3000!!!

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Quitexe, a aldeia de Talambanza, na saída para Carmona, imediatamente a 
seguir à vila. Em baixo, notícia do Diário de Lisboa de há 40 anos!

Angola, Batalhão de Cavalaria 8423, os Cavaleiros do Norte !!! Este é o post 3000 de uma história, com muitas histórias, que aqui vem sendo contadas desde 9 de Abril de 2009.  Hoje, dia 14 de Janeiro de 2015, passam-se 40 anos do anúncio, no Alvor, do «Governo de Transição de Angola antes do fim do mês».
«O Governo de Transição de Angola, deverá estar formado até ao dia 31 de Janeiro, segundo os termos do acordo que amanhã será assinado entre o Governo Português e os três movimentos de libertação», noticiava o Diário de Lisboa desse dia.
O Governo teria três vice-primeiros ministros, um de cada movimento, além do Alto-Comissário de nomeação portuguesa. Já não seria Rosa Coutinho e o DL adiantava que «vem sendo sucessivamente apontado para o substituir o brigadeiro Silva Cardoso». Outro ponto do acordo referia-se à formação do Exército: teria 36 000 homens, 18 000 portugueses e 6 000 de cada um dos três movimentos. Os soldados portugueses retirarar-se-iam, gradualmente, até ao dia da independência - 11 de Novembro de 1975.
O Quitexe, onde se aquartelavam a CCS e a 3ª. CCAV. 8423, à distância destas evoluções, vivia dias tranquilos - tal qual em Aldeia Viçosa e Vista Alegre, por onde jornadeavam a 2ª. e a 3ª. CCAV. 8423. O que todos nós queríamos era vir embora! Mas tal viria a ser apenas em Setembro desse mesmo ano (1975).
Hoje, quando se edita o post 3000 da narrativa da nossa jornada angolana, é nostálgico recordar estes momentos. Emotivos! E para recordar, para sempre!!!

3 001 - Alvor para assinar e Uíge a patrulhar

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Agostinho Neto (MPLA), Holden Roberto (FNLA) e Jonas Savimbi (UNITA) na 
Cimeira do Alvor, há 30 anos. Notícia do Diário de Lisboa de 15 de Janeiro de 1975


A 15 de Janeiro de 1975, hoje se fazem 40 anos, foi anunciada a assinatura do protocolo resultante da Cimeira do Alvor, entre o Governo de Portugal e os três movimentos de libertação de Angola - MPLA, FNLA e UNITA.
A cerimónia seria às 20 horas e ficou a saber-se que o Governo de Transição seria formado por um Conselho Presidencial, com três vice-primeiro ministros. A UNITA. ao que julgava a imprensa do dia, seria representada por Jorge Valentim, a FNLA por Joni Eduardo e o MPLA por Lúcio Lara.
O calendário para a Assembleia Constituinte era outra das decisões da cimeira, Seria esta a proclamar a independência de Angola.«A complexidade dos problemas a resolver e a existência de pontos divergentes entre os três movimentos de libertação, apesar dos passos dados em Mombaça», não deixava prever que «a cimeira do Algarve resolva todos os problemas», relatava a imprensa do dia, acrescentando que seria «mais prudente considerar a Cimeira do Algarve como um novo passo, a que se seguirão outros, encontros entre o Governo português e os três movimentos de libertação».
Os Cavaleiros do Norte, lá pelo Uíge Angolano, «tinham actividade muito limitada, por grande falta de meios humanos». Actividade que «foi quase somente conduzida ao longo do alcatrão, em constantes patrulhamentos, apeados e auto, através dos quais se garante a nossa presença e a liberdade do itinerário». Assim narra o Livro da Unidade.

3 002 - Pretensões colonialistas definitivamente enterradas

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Melo Antunes, Rosa Coutinho, Agostinho Neto, Costa Gomes, Holden Roberto, Jonas 
Savimbi e Almeida Santos. Assinatura do Acordo do Alvor, há 40 anos. Em baixo, 
a notícia do Diário de Lisboa de 16 de Janeiro de 1975


O Acordo do Alvor foi assinado a 15 de Janeiro de 1975, ontem se completaram 40 anos. «A partir de hoje, vós e os vossos movimentos estão colocados perante um desafio duplo. É a esperança de todos os angolanos exigir que homens e partidos, apesar das diferenças sociais, filosóficas e políticas, saibam encontra soluções angolanas autênticas, baseadas na capacidade de diálogo, no espírito de cooperação e na boa vontade de servir o vosso país, que V. Exª. acabam de demonstrar»,  disse o presidente Costa Gomes, dirigindo-se a Agostinho Neto (MPLA), Holden Roberto (FNLA) e Jonas Savimbi (UNITA).
Acrescentou o Presidente da República que «é o sentimento dos homens bons dos quatro cantos da terra e a observação especializada dos sociólogos mais atentos que se debruçam na experiência social angolana, como uma derradeira esperança de ver criar, no século XX, uma grande comunidade, onde o espírito vence definitivamente os convencionalismos raciais, um dos dramas da sociedade contemporânea».
Agostinho Neto, presidente do MPLA, falou em nome do seu movimento, da FNLA e da UNITA: «Aqui, as pretensões dos colonialistas, ficam definitivamente enterradas».
«Afastado o obstáculo do colonialismo, nem o povo português nem o povo angolano quererão recuar na sua transformação progressiva para uma nova definição do homem na sociedade. A dinâmica da vida só nos pode conduzir a um  destino. O destino do progresso», disse Agostinho Neto, acrescentando que «se recuarmos o processo, em Portugal ou em Angola, este importante acordo hoje selado, pelo estabelecimento das relações justas entre os nosso povos, romper-se-á, inevitavelmente»

3 003 - Cavaleiros à espera das alterações do Alvor

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 Cavaleiros do Norte no bar de sargentos do Quitexe: Lopes (enfermeiro, de óculos e 
cigarro), Viegas, Ribeiro (com garrafa na mão, atrás), Bento (de bigode), Flora 
(com copo e a rir-se), Rocha (de bigode (entre Viegas e Bento), Carvalho (de bigode e 
boina), Lopes (3ª. CCAV.) e Luís Capitão (sentado). Á frente, o Reino. Ao balcão, 
1ºs. sargentos Luzia (de costas) e Aires. Entre eles, o civil Guedes (?)


A 17 de Janeiro de 1975, a capital Luanda fazia as oitavas do Acordo do Alvor, com festa e cumprimentos populares, slogans e dúvidas: «E agora, o que dizer exactamente aos portugueses brancos que vivem em Angola e querem fazer de Angola a sua pátria», perguntava Luís Rodrigues, no jornal A Província de Angola, em crónica enviada do Alvor.
O jornalista perguntava e respondia:«Pois bem, que olhem para as qualidades intrínsecas de bondade, de gentileza natural,  de comprensão pela vida comunitária e familiar dos seus irmãos africanos».
Angola, entre festas populares, questionava-se sobre o funcionamento do futuro Governo Provisório e sobre quem seria o novo Alto Comissário. O informado Diário de Lisboa dava conta, sobre esta matéria, que «não deve esquecer-se a campanha contra o almirante Rosa Coutinho, por certa imprensa de Luanda».
Sobre o acordo, o Diário de Luanda fez uma edição especial e a cidade «mastigava as notícias logo ao pequeno almoço», com dúvidas que «entre a população branca haja muitos comentários acerca do acordo». As tentativas do jornalista para «saber o que se passa para além do rosto fechado, não resultaram».
Os Cavaleiros do Norte, lá pelo Uíge - no Quitexe, em Aldeia Viçosa e Vista Alegre - aguardavam«as alterações que a cimeira do Algarve possa impôr». Isto, há 40 anos!


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