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Channel: CAVALEIROS DO NORTE / BCAV. 8423!
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2 964 - A chegada dos movimentos e as idas às sanzalas

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Capitão Oliveira e alferes Cruz, Ribeiro e Garcia, furriel Viegas e alferes Simões, 
na aldeia po Canzenza. Em baixo, a delegação da FNLA, com o 1º. cabo Deus (3ª. CCAV.) na frente





 Os dias de Dezembro de há 40 anos, ano da graça de 1974, lá se iam passando, com mais ou menos tranquilidade. Foi por este tempo, em dia indeterminado, que abriram as secretarias do MPLA e da FNLA no Quitexe - depois das respectivas delegações em Carmona, a capital da província do Uíge.
Julgo que tambem em Aldeia Viçosa (terra da 2ª. CCAV. 8423) e em Vista Alegre (onde aquartelava a 1ª. CCAV. 843). Aqui, de certeza, como se lê no Livro da Unidade.
Os aquartelamentos  de Zalala e Luíza Maria iam sendo tomados pelas gentes dos movimentos. «Abandonados que formam pelas NT, começou a verificar-se uma aproximação dos referidos movimentos, nomeadamente aos povos já há tempo fixados, na sua maiora com incidência da FNLA, mas também em algums casos do MPLA», refere o Livro da Unidade.
Vem a propósito lembrar os nomes das aldeias (sanzalas) à volta do Quitexe, por onde jornadearam os Cavaleiros do Norte da CCS, mais por umas que por outras: Canzenza (onde deu aulas a dra. Graciete, esposa do alferes José Leonel Hermida, e julgo que também a filha do capitão Oliveira), Aldeia, Tabi e, na picada para Cabamatela, ainda a Caunda, Quimucana e Catulo, podendo esquecer-nos outras. Para o lado de Aldeia Viçosa, à beira da estrada do café, a Quimbinda, Taiela e Dambi Angola (onde, a 4 de Novembro de 1974, nos encontrámos com combatehtes da FNLA). Para o lado de Zalala,  as de Ambuíla, Bumbe, Cacuaco e Mungage. Para o de Carmona, a do Talabanza (muito visitada pela tropa, por razões de afecto físico), a Qual, Quimassabi e Quitoque.
Foi nesta, numa das primeiras saídas do PELREC, apeadas, que pela primeira vez vimos uma mulher negra, com o filho traçado nas costas, debruçada na água de uma pequena ribeira e a lavar os dentes com um pau, a esfregá-los. E uma outra, bem mais idosa, de pele e osso e peitos caídos, enxutos, a fumar ervas secas, embrulhadas em papel e com a parte acesa para dentro da boca.
Eram coisas que nos surpreendiam!  


2 965 - Cavaleiros de Santa Isabel no Quitexe e 18 anos do MPLA

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Zona aquartelada dos cavaleiros do Norte, no Quitexe, em imagem captada do lado 
da capela. Em baixo, o capitão Fernandes e o 1º. sargento António Marchã. Mais
 abaixo, cartaz do MPLA de 10 de Dezembro de 1974


 

A 10 de Dezembro de 1974, os Cavaleiros do Norte de Santa Isabel, os da 3ª. CCAV. 8423, concluíram a rotação para o Quitexe, no âmbito da «mutação do dispositivo militar». Lá tinham chegado a 11 de Junho anterior - depois da aterragem em Luanda, a 5 do mesmo mês.
A 3ª. CCAV. 8423 era comandada pelo capitão miliciano José Paulo Fernandes (engenheiro  aposentado, morador em Torres Novas), e incluía os alferes milicianos Augusto Rodrigues, de Operações Especiais, meu companheiro no 2º. curso dos Rangers, de 1973 e em Lamego, aposentado dos Serviços Metereológicos e residente em Lisboa. Alferes milicianos eram também os atiradores de  cavalaria Pedrosa de Oliveira (comercial, residente os Marrazes de Leiria), Carlos Silva (bancário, de Ferreira do Zêzere) e Mário Simões (professor, das Caldas da Raínha).
Já agora, os furriéis  milicianos Armindo Reino (dos Rangers, aposentado da GNR e residente no Sabugal), Ângelo Rabiço (enfermeiro e agora professor aposentado em Vila Real), João Cardoso (de transmissões, aposentado do notariado, em Coimbra), Agostinho Belo (de alimentação, aposentado das Finanças, em Retaxo, de Castelo Branco), Victor Guedes (de armas pesadas, falecido a 16 de Abril de 1998), José Lino (mecânico, empresário no Fundão) e os atiradores de cavalaria António Fernandes (professor, de Braga), Alcides Ricardo (aposentado, em Odivelas), José Fernando Carvalho (aposentado da PSP, no Entroncamento), Graciano Silva (Vinhos do Porto, em Lamego), António Luís Gordo (funcionário municipal em Alter Chão), José Avelino Lopes (empresário comercial em Lisboa), Luís Capitão (motorista da CP, de Ourém, falecido a 5 de Janeiro de 2010), José Adelino Querido (comerciante, em Loures/Odivelas), António Flora (aposentado da banca, em Odivelas) e Delmiro Ribeiro (aposentado da EDP, em Vila Real). E o 1º. sargento Francisco Marchã, aposentado e morador em Campo Maior.
O dia foi do MPLA, com comemorações em Lisboa e na capital angolana. «O 18º. aniversário do MPLA está a ser comemorado em Luanda, onde a situação é calma. Uma emissão especial da rádio será emitida hoje», relatava a imprensa escrita desse dia de há 40 anos.
Os bairros populares tinham emissão de filme sobre a luta do movimento de Agostinho Neto pela independência e a juventude organizou uma exposição fotográfica. O comício festivo estava programado para 14 de Dezembro, o sábado seguinte, no Estádio de S. Paulo, em Luanda.

2 966 - Comissão de contra-subversão e Dia do MPLA

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O edifício da secretaria da CCS, visto da estrada do café, em foto recente, no Quitexe. 
Em baixo, os furriéis Monteiro e Viegas (à direita) ladeando o 1º-. sargento 
José Luzia, que ontem fez 81 anos




O 1º. sargento Luzia fez ontem 81 anos e vive a aposentação na Amadora - como sargento-mor. Foi nesta patente que deixou o efectivo, na Polícia Militar em Lisboa. Memória dele, nacional, foi o andebolista internacional José Luzia - seu filho, falecido a 6 de Junho de 2004, vítima de doença, depois de ter sido atleta da Académica da Amadora, Sporting, Benfica, FC do Porto, ABC, Académica de Coimbra e Almada. Internacional 100 vezes, com 169 golos, integrou a selecção nacional que, em Guimarães, disputou o MUndial C de 1988.
Dia de anos, o 10 de Dezembro de ontem, foi dia de contactos - meu e do Monteiro -com nosso chefe de secretaria. Pois o (então) 1º. sargento Luzia, chefe da secretaria da CCS dos Cavaleiros do Norte, ele o disse, vai «mais ou menos  bem», ainda que com «uns problemas nas pernas». De resto, estão para  trás «três operações à bexiga», que lhe tranquilizaram a saúde, embora lhe exigam«algum acompanhamento».
Recuando no tempo, ao Quitexe de há precisamente 40 anos - dia 11 de Dezembro de 1974 -, foi extinta a Comissão Local de Contra Subversão (CLCS), substituída pela Comissão Local de Coordenação Civil-Militar, a CLCCM. A criação do novo órgão devia-se à «necessidade de estreitamento das relações civil-militar e procurando uma outra feição de actuação», como se lê no Livro de Unidade.
O MPLA festejava o 18º. aniversário e Paulo Jorge, um seu alto dirigente, afirmava em Lisboa que o partido era «garantia da defesa dos interesses legítimos dos portugueses e estrangeiros que desejem colaborar nas tarefas da independência»

2 967 - Cimeira os Açores e tranquilidade no Quitexe

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Quitexe, a entrada da vila, em foto de Julho de 2010 (By Bembe), do lado de 
Carmona. Título da imprensa dia 12 de Dezembro de 1974 (em baixo)


 
O ministro Melo Antunes anunciou em Lisboa e a 12 de Dezembro de 1974, que a cimeira entre os três movimentos independentistas de Angola com o Governo Português iria realizar-se «antes do Natal». O objectivo era formar um Governo Transitório. A proposta apontava os Açores como local da cimeira.
A formação do Governo não parecia fácil, e não foi, nomeadamente quanto à fusão dos braços militares dos três movimentos, transformando-os num exército único. O que, aliás, nunca viria a acontecer, como hoje sabemos.
Ao mesmo tempo, em Nova Lisboa, o MPLA, pela voz de Lúcio Lara, reclamava «as riquezas de Angola para o povo». 
O dirigente do partido/movimento de Agostinho Neto deslocou-se à capital do Huambo para lá inaugurar a delegação e por lá disse, também, que «a riqueza de Angola ainda hoje não beneficia a totalidade ou a maioria do povo angolano».
E pelo Quitexe?
Iam tranquilas as coisas, com cinema e futebol. As amazonas nossas companheiras, mulheres dos nossos oficiais, preparavam a consoada do Natal. Havia escoltas e patrulhas pelos itinerários principais, cinema no Clube do Quitexe e futebol no pelado da estrada para Carmona, à esquerda da saída do Quitexe. Riscavam-se os dias do calendário,  contando os que chegariam, a dia do regresso.

2 968 - Natal dos partidos e os anos de Quaresma

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Manuel Quaresma da Silva, em Santa Isabel, aquartelamento da 3ª. CCAV. 8423 (em cima) e na foto de baixo. Mais abaixo, o engº. Fernando Falcão, em foto de 2011




Aos 13 dias de Dezembro de 1974, há 40 anos, já os Cavaleiros do Norte estavam no Quitexe e era véspera da saída do pelotão da 2ª. CCAV. 8423, de Aldeia Viçosa, que estava no Destacamento de Luísa Maria. Era o processo de rotação do BCAV. 8423 em marcha, completando«a primeira fase de retracção do dispositivo do subsector», como anota o Livro de Unidade.
Quarenta anos depois, precisamente (hoje), faria 62 anos um Cavaleiro do Norte de Santa Isabel: Manuel Quaresma da Silva. Era 1º. cabo apontador de morteiros e natural de Cacia, freguesia de Aveiro, muito conhecida pela sua fábrica de celulose. Não fez, por ter falecido a 6 de Fevereiro de 2004. Vítima de doença cancerosa. RIP!
Aos 12 dias de Novembro de 1974, na véspera e em Luanda, a FNLA de Holden Roberto iniciou a campanha «Natal da criança livre», que procurava «auxiliar os mais necessitados». A UNITA, de Jonas Savimbi, por sua vez, anunciou que ia realizar«O Natal da criança do mato e dos bairros suburbanos da Luanda», através do seu  Departamento Liga da Mulher Angolana (LIMA). 
A mesma Luanda era palco de intervenção da Frente de Unidade Angolana (FUA), reivindicando «intransigentemente direitos adquiridos pelos movimentos pacifistas de intervirem nas negociações para a formação do Governo de Transição, como único meio conducente ao clima de segurança, concordância e justiça». A FUA era presidida pelo engº. Fernando Falcão, que era secretário de Estado Adjunto e a reclamação foi enviada por telegrama, ao Presidente da República, o general Costa Gomes.

2 969 - O adeus definitivo ao Destacamentro de Luísa Maria

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 Hipólito e Viegas (atrás), Caixarias, Silvestre e Marcos, Cavaleiros do Norte 
no Destacamento de Luísa Maria, aí por Junho/Julho de 1974. Eduardo Bento 
da Silva, o então gerente da fazenda (em baixo)



A 14 de Dezembro de 1974, há 40 anos, os Cavaleiros do Norte disseram adeus, definitivo, ao Destacamento de Luísa Maria, instalado na fazenda do mesmo nome. Era seu dono o sr. Patrocínio, que não conheci, mas era gerida pelo irmão Abílio e, não sei se coincidentemente, por Eduardo Bento da Silva (foto), falecido a 11 de Setembro de 2011, em véperas de fazer 81 anos (seria a 10 de Outubro seguinte).
Eduardo, na altura com 43 para 44 anos, era a simpatia em pessoa e dele recordo uma tarde domingo, lá por Julho de 1974, quando por lá passámos em escolta, estacionámos algumas horas e nos mimoseou (ao PELREC) com apetiroso almoço (bem aquecido de piri-piri) e farta cerveja fresca. Faleceu em Condeixa-a-Nova e tinha um mini-mercado em Taveiro, na zona de Coimbra.
O Destacamento era normalmento ocupado por um pelotão da 2ª. CCAV. 8423, a de Aldeia Viçosa mas há notícias, do (ex-alferes) Carlos Silva, de a 3ª. CCAV. (a de Santa Isabel) também por lá ter jornadeado.
O Quitexe, já com a 3ª. CCAV. 8423 por lá aqurtelada, vivia dias tranquilos. Já aqui falámos de cinema no Clube e na subunidades (oara militarese civis) e de futebol, no campo da vila, à saída para Carmona.

2 970 - O Quitexe de há 2 anos, o acordo MPLA/UNITA

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Avenida do Quitexe, em Dezembro de 2012, no sentido de Camabatela (foto de Carlos 
Ferreira). Notícia sobre o acordo entre o MPLA e a UNITA, há 40 anos! 


Há dois anos, o Carlos Ferreira, que foi Cavaleiro do Norte de Zalala, passou pelo Quitexe e registou esta imagem da avenida da vila, no sentido do cemitério e de Camabatela. Tirando as casas da esquerda, que não existiam no nosso tempo, parece-nos igualzinha: o mesmo piso sem asfalto, o mesmo separador central, ajardinado! 
Atrás, nas costas do fotógrafo Ferreira, ficavam a zona de aquartelamento (com o comando e a secretaria do Batalhão, estações de rádio, oficinas, parque-auto, cozinha, refeitório e casernas), depois e ao longo da avenida, a secretaria da CCS, a casa dos furriéis, as messes da oficiais e sargentos, a padaria e o depósito de géneros, mais à frente da casa do comandante (ainda do lado esquerdo da foto), a cantina (do lado direito). E a enfermaria, na transversal em frente à residência de Almeida e Brito, a ligar com a estrada do café e Carmona.
Há 40 anos, a grande novidade do dia era o acordo entre o MPLA e a UNITA, noticiado no Diário de Lisboa. Jonas Savimbi,  «ovacionado por milhares de pessoas» na sua chegada ao Luso, deu conta das negociações realizadas em várias capitais africanas e da conclusão, na véspera, das que estabelecera com Agostinho Neto, num «ambiente mais que fraternal»
Não deu pormenores, quando discursava no comício para os seus companheiros de partido/movimwento, mas falou na cimeira que já não iria ter lugar no dia 18 de Dezembro, nem nos Açores, ficando para «depois do Natal, em data e local a combinar pelos três movimentos de libertação».
O Governo de Transição proposto pelo ministro Almeida Santos na assembleia geral da ONU - e que deveria ser formado ainda em 1974 -, foi falado pelo presidente da UNITA, mas para dizer que seria rejeitado pelos três movimentos de libertação. 
«Só aceitaremos participar num governo em que sejamos responsáveis», disse Jonas Savimbi.

2 971 - Mudaram as moscas em Portugal e Leal foi pai pela 2ª. vez!!!

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 Gente do PELREC: Augusto Hipólito, José Monteiro,  Joaquim Almeida e Jorge 
Vicente (de pé). António Garcia (alferes), Manuel Leal, Francisco Neto (furriel) 
e Aurélio Júnior (Barbeiro). Almeida, Vicente, Garcia e Leal já faleceram



Os dias iam “porreiros” pelo Quitexe, há 40 anos!! Chegavam cartas e aerogramas do “puto” e jornais que carreavam as notícias do Portugal que mudava de cor e de esperanças.
“Eu não percebo nada disto. O que eu vejo é muita gente a falar pelos cotovelos, a prometer tudo e mais alguma coisa, mas não vejo mais nada..., nós contiunamos a esfregar o corpo na terra”, escrevia a senhora minha mãe, na sua caligrafia muito certinha e arredondada, a cair para a direita, aprendida a desenhar em finais dos anos 20, do século deste número.
O Neto, regressado de férias e dos gostos namoradeiros que cultivava com a (sua) Ni, e de acasamentar o irmão mais velho - o Manuel Albuquerque, que jornadeara pela Guiné -, falava de um Portugal “com muita algazarra”.
Horácio Marçal, que a revolução apanhou com pouco mais de um mês de Governador Civil de Aveiro, respondia a pergunta minha, em carta escrita a castanho:“Mudaram as moscas!!!...”.
Ainda há dias nos rimos com esta forma, semântica (digo eu), de me explicar “como é que vai isso?!” - era essa a minha pergunta e o "isso" era o Portugal que mudava.

As projecções cinematográficas continuavam na ZA dos Cavaleiros do Norte e treinava-se (quem queria, não era o meu caso) para a prova de S. Silvestre do Quitexe.
O Leal, atirador do PELREC, dava-nos conta que tinha sido pai pela segunda vez.  Uppppsss!!!, segunda vez!!!  Deixara a mulher nesses preparos e juntara-lhe ela uma rapariga a outra. Isso lhe dissera o “bate-estradas” chegado do Pombal, embrulhando palavras de felicidade da jovem mãe. Teria 19 para 20 anos, ou menos, era mais nova que o garboso Cavaleiro do Norte - que já fizera 22!
O Leal viria a ter mais um  filho e juntou a família, já com genros e netos, no encontro dos Cavaleiros do Norte, em 1996 - lá no Barracão, bem pertinho do seu Pombal natal. Infelizmente, e de forma súbita, faleceu a 18 de Junho de 2007.
A vida é assim!
Por Angola, terminou a greve dos Caminhos de Ferro de Benguela, que já ia em 6 dias. Tal foi depois de uma reunião de 7 horas, que envolveu o Governador Sócrates Saskalos, dirigentes sindicais e dos três movimentos - o MPLA, a FNLA e a UNITA -, um  representante da Secretaria de Estado do Trabalho, dirigentes da Intersindical do Lobito e o major Baptista, do Movimento das Forças Armadas.
O pessoal em greve, assim que teve conhecimento do acordo, “retomou imediatamente o trabalho”. Boa parte, os de salários mais baixos, com um aumento de 500$00 mensais (2,5 euros) e mais 50$00 (0,25 euros) de abono de família. Eram esses os tempos e os números de há 40 anos!

- Bate-estradas. Um das formas de
identificar os aerogramas.

2 972 - Adeus ao capelão Almeida, Angola e Timor Leste

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Estrada do café, dentro do Quiteze, em 2010 (Foto By Bembe).
 Em baixo, a capela da vila, no tenpo dos Cavaleiros do Norte



O mês de Dezembro de 1974, em data indeterminada, foi o do fim da comissão de serviço do alferes capelão José Ferreira de Almeida. Dele, tenho memória relativa - pouco além de uma ou outra celebrações na capela da vila do Quitexe, ou de, de ouvir falar, de conversas de aconselhamento que teria com alguns praças. 
Algumas vezes o vi por lá, ora na parada, ora na avenida, ora nas redondezas do pequeno templo. E de sacerdotar nas companhias operacionais, onde celebraria e exerceria missões espirituais. 
Notícia do dia 17 de Dezembro de há 40 anos, quiçá curiosa, tinha a ver com construção da nova barragem do Cunene. O respectivo Gabinete do Plano tinha, na véspera, assinado o contrado com a COBA - Construções, Obras e Planeamentos, empresa que, por 7800 contos, assumia o compromisso de elaborar o projecto hidro-eléctrico de Jamba-io-Oma - obra que iria ser escalonada por três anos. Não sei se foi!
Um ano depois, a 17 de Dezembro de 1975, a ONU analisava a situação de Angola e «não chegava a solução» alguma sobre «o período crítico de Angola». Os 144 países que se reuniam em Nova York chegavam ao fim da «sessão mais acrimoniosa depois do período da guerra fria» e, relatava o Diário de Lisboa, citando a France Press, «deve terminar hoje numa atmosfera de recriminações mútuas».
Oura questão analisada foi a de Timor  Leste - outra ex-colónia portuguesa.«O Conselho de Segurança não decidiu ainda como resolver o problema da invasão indonésia do Timor Português», relatava a imprensa. 
A Assembleia Geral tinha «deplorado a invasão» e pediu«a retirada imediata das tropas indonésias do território». Mas, sabe-se que não seria assim.

2 973 - Fim de cinema no Quitexe e encontro no Luso

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 Rosa Coutinho cumprimenta Jonas Savimbi (UNITA), sob o olhar de Agostinho Neto 
(MPLA), à esquerda, de óculos. Foi no encontro do Luso, há precisamente 40 anos. 
Em baixo, a notícia do Diário de Lisboa




Aos 18 dias de Dezembro de 1974, era quarta-feira e, no Quitexe, terminaram as projecções cinematográficas que, por toda a ZA dos Cavaleiros do Norte, se vinham a realizar, desde o dia 4, anterior. Muito mais importante que tal , em termos de processo de descolonização de Angola, Rosa Coutinho, o Alto Comissároio, encontrou-se com Agostinho Neto (MPLA) e Jonas Savimbi (UNITA), no leste, na cidade do Luso.
Savimbi, à chegada à capital do Mochico, disse «esperar concluir na semana que corre um acordo com o MPLA». O acordo entre os dois partidos movimentos fazia crer, segundo o Diário de Lisboa desse dia, «pelo menos teoricamente, na frente comum que, nos últimos meses tem sido afincadamente procurada, pelos três movimentos de libertação», com a FNLA - que não participou.
Expectava-se que «tal frente abrirá, sem dúvida, caminho para uma conferência cimeira com Portugal». Cimeira na qual «estabelecer-se-ia  um Governo de Transição para levar à independência total de Angola».
Ao mesmo tempo, em Paris, o delegado da FNLA acusava Agostinho Neto: «Fez todos os possíveis para criar dificuldades de última hora, à realização da cimeira» entre os três. Quem, falava era o dirigente  Pakou Zola, confirmando o acordo com a UNITA para a frente comum, «faltando apenas agora a unificação do MPLA»

2 974 - Acordo no Luso enguias de escabeche no Quitexe

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A vila do Quitexe, a Estrada do Café (ou Rua de Cima) em 2010, foto By Bembe. 
Agostinho Neto (MPLA), Rosa Coutinho e Jonas Savimbi (UNITA), em baixo



A 19 de Dezembro de 1974, o Alto Comssário Rosa Coutinho anunciou o acordo entre o MPLA e a UNITA, após a reunião do Luso, no leste de Angola, do dia e da véspera.
“Tenho a dizer-vos que considero importante o encontro para Angola e para a evolução do processo de descolonização em curso, visto que, pela primeira vez, os presidentes de dois movimentos de libertação se encontraram e conversaranm em território de Angola, marcando mais uma vez a posição que será por Angola  que terão de ser decisos os seus destinos e e preferívelmente dentro da mesma Angola”, disse Rosa Coutinho.
Estas coisas, lá pelo Quitexe, passavam-nos ao lado e o que sabíamos era pela imprensa que lá chegava de Luanda (ou até de Lisboa), certamente com muitos filtros noticiosos.
Agora, 40 anos depois, sabemos que as inesperadas conversações levaram a um acordo que, resumidamente, pôs  “pôr termo a toda a espécie de hostilidades entre as duas entidadades” - o MPLA e a UNITA. Mas também sabemos, agora, que tal entusiasmo e fé não viriam a ser mesmo assim.
Mais, entre outras coisas do acordo: “Procurar estabelecer, em conjunto com a FNLA, neste momento crucial da história do nosso povo, uma plataforma política sobre a formação do Governo de Transição”.
O acordo MPLA/UNITA, no seu ponto 10º., a finalizar, estabelecia “combater com vigor todas as manobras que atentem contra  a unidade nacional e visem a secessão do país”.
Agostinho Neto, em conferência de imprensa desse dia e no Luso, anunciou “ainda não estarem marcados o local e a data da cimeira com o Governo português”, mas que se realizaria em “data posterior a 27 de Dezembro, em território não português e em área geográfica já definida pelos três movimentos de libertação”.   
O Quitexe, Aldeia Viçosa e Vista Alegre preparavam o seu natal tropical. O primeiro e o único para a esmagadora maioria dos Cavaleiros do Norte. De casa, via Fátima Resende (amiga que morava em Luanda e a Portugal viera), minha mãe mandava-me, para o Natal, uma lata com enguias de escabeche. Ui!!!! Ui, que maravilha!!!

2 975 - O começo do adeus do Pelotão de Morteiros 4281

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Militares do Pelotão de Morteiros 4281 em confrtaternização. Quem ajuda a 
identificá-los? Em baixo, o alferes miliciano João Leite e o emblema do PM



Aos 20 dias de Dezembro de 1974, o que estaria a acontecer pelo Quitexe? Já lá estava instalada a 3ª. CCAV. 8423, que jornadeara por Santa Isabel, e começou a saída do Pelotão de Morteiros 4281, comandado pelo alferes miliciano João Leite.
 «Começou a saída para Carmona, abandonando definitivamente o Quitexe em Janeiro de 1975», relata o Livro da Unidade. 
Furriéis milicianos deste PM 4281 eram o Luís Costa e o Fernando Pires. Com este, falámos agora mesmo, surpreendido com a memória do dia. «Eu lá me lembrava!.... Mas fico contente por saber!!!!.... Eh, pá, já lá vão 40 anos, éramos uns putos!!!...», exclamou o F. Pires, agora sargento-mor aposentado da GNR - força em que fez carreira! Mora em S. Domingos de Rana, perto de Cascais.
O Costa, também aposentado (da SONAE), vive no Estoril e administra condomínios em Tavira. Tentámos, mas não conseguimos falar-lhe. O açoreano alferes Leite é empresário nos Estados Unidos. Próximo de nós, o 1º. cabo Pagaimo, de transmissões, vive em Montemor-o-Velho, aposentado da GNR.
No mesmo dia de há 40 anos, Rosa Coutinho, já em Lisboa, considerou«histórico e vital» o encontro entre Agostinho Neto (MPLA) e Jonas Savimbi (UNITA), no Luso - de que aqui falámos em dias anteriores.  
«Só ficarei descansado quando vir reunidos em Angola os presidentes dos três movimwentos», disse o Alto Comissário. E acrescentou: «O que se está a tratar não é tanto do estabelecimento de uma frente comum, como do processo de independência de Angola».


2 976 - As vésperas quitexanas dos Natal de 1974

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Natal no Quitexe, com um militar não identificado e os alferes milicianos Hermida (de bigode 
e mãos no cinto), Pedrosa de Oliveira, António Albano Cruz, Jaime Ribeiro e António Garcia. 
À frente, o padre Albino Capela. Em baixo, o natal da Família Margarida e (alferes) Cruz, com o filho Ricardo




O Natal de 1974, no Quitexe, foi também com a comunidade militar a partilhar-se com a civil, como documenta a imagem, tirada nas vésperas, na escola do Cazenza, a aldeia que ficava à esquerda da saída do Quitexe, no caminho para o cemitério da vila e da vizinha Cabamatela.
Estou em crer que, ali do lado esquerdo, está a Irmã Maria Augusta, coincidentemente irmã do padre Albino Capela, o titular da Missão do Quitexe - que está aqui à frente, de branco e de óculos, atrás dos crianças negras.
O Natal de lá, sem o frio, a neve ou a chuva de cá (a que estávamos habituados), parecia ter um sabor diferente. Mas era igual, não faltando sequer a doçaria e os acepipes de época, matando as saudades das nossas consoadas caseiras. Nem o bolo-rei faltaria, como depois veríamos, na noite de 24 de Dezembro.
Os dias de véspera eram sempre de mais correio, que chegava da família e dos amigos que, por cá, comungavam a mesma dor da nossa ausência. Chegou também, em data indeterminada, o comandante Almeida e Brito - que a Portugal viera de férias e fôra interinamente substituído pelo capitão José Paulo Falcão. 
Os Cavaleiros do Norte, recorde-se, não tinham 2º. comandante. O mobilizado major Ornelas Monteiro foi «desviado» em vésperas do embarque para a Guiné-Bissau e o capitão José Diogo Themudo apenas chegou em Março de 1975.

2 977 - Amazonas do Quitexe a preparar o Natal de 1974

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Amazonas do Quitexe, esposas dos alferes milicianos Hermida e Cruz (com o 
filho Ricardo ao colo), do capitão Oliveira (e a filha) e do tenente Mora. 
Imagens do Benfica-Sporting (1-1) de há 40 anos



Há 40 anos, a esmagadora maioria dos Cavaleiros do Norte fazia vésperas para o seu primeiro Natal fora de casa. E logo tão longe, nas terras quentes de África, no chão angolano do Uíge. Andávamos inquietos, e saudosos, mas não nos faltaram mimos.
As nossas «mães» desses dias, as nossas chefes de cozinha, a cozinhar as delícias de época, fartas ementas e muitos afectos, foram as mulheres dos oficiais. Esmeraram-se, e muito, é justo dizê-lo.
O dia 22 de Dezembro de 1974 foi domingo! E domingo de empate (1-1) no Benfica-Sporting, cujo relato por lá ouvíamos em onda média, da antiga Emissora Oficial, e 60 000 pessoas a ver ao vivo, no antigo Estádio da Luz, com golos de Móia, pelo Benfica (21 minutos) e Yazalde, do Sporting (49).
Jogaram, pelo Benfica, José Henrique, Barro,s Humberto Coelho, Malta da Silva e Barros; Vitor Martins, Simões e Toni; Victor Baptista, Nené e Moínhos; Móia e Ibraim. O Sporting com Victor Damas; Da Costa, Alhinho, Manaca e Bastos; Baltazar, Wagner e Marinho; Nelson, Yazalde; Paulo Rocha e Chico.
A Kinshasa, chegavam  o brigadeiro Silva Cardoso (comandante militar de Luanda) e Magalhães Metelo (da Comissão de Descolonização), que iam reunir com Holden Roberto, o presidente da UNITA.

2 978 - Quitexe, aos 23 dias do mês de Dezembro de 1974!

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Rocha, Fonseca, Viegas, Belo e Ribeiro (de frente). De costas,  Monteiro, Cândido 
Pires, Machado e Dias, furriéios Cavaleiroa do Norte no Natal de 1974, refeitório do
Quitexe. Holden Roberto, presidente da FNLA, em baixo



Aos 23 dias de Dezembro de 1974, ordem de serviço escarrapachada na fachada da secretaria da CCS. Sargento de dia: furriel miliciano Viegas. Já aqui expliquei que a escala era muito previsível, a esse tempo e para estes dias mais especiais, pelo que nem estranhei. Repare-se que, de todos os furriéis milicianos da imagem, sou o único de farda de serviço, o camuflado, na consoada de Natal. Bom, adiante!
O dia 23 de Dezembro era de segunda-feira, não havia correio de Portugal todas as segundas-feiras, mas havia correio a escrever, para o «puto». «Por aqui, não há os frios das meias de lã, nem a neve a esfiapar-se nos caminhos, ou entre as ervas e os nabais, e  falta-me o repenique dos sinos e o pão de ló do forno da minha mãe. Adivinho que amanhã à noite, enquanto o ti Gil e a ganapada estiverem a fazer o presépio da Igreja, mesmo ao lado, na cozinha lá de casa, deve ser um corropio, a bater os ovos e a farinha, a aquecer o forno e a levar-lhe as formas besuntadas com a massa levedada. Apetecia-me um bocado de broa  molhada no azeite do fundo do prato dos grelos com bacalhau e rapar o fundo da forma do pão de ló», escrevia eu, a minha prima Sameiro, ao tempo nos seus primeiros tempos do magistério primário.
Ao reler este correio - que ela mais tarde me de(volve)u e aqui guardo -, acreditem que se me rasgou um sorriso nostálgico, enroupado de saudade!
A esse dia 23 de Dezembro de 1974, mas em Kinshasa, no Zaire, consumava-se a reunião entre a delegação portuguesa e Holden Roberto, o presidente da FNLA, no âmbito, referia o Diário de Lisboa desse dia, das «diligências em curso para a próxima convocação, em Luanda, de uma conferência que reunirá os dirigentes portugueses e os chefes dos movimentos de libertação».
Sonhos de um tempo de franca alegria e (in)fundadas expectativas!



2 979 - Noite de Natal dos Cavaleiros do Norte em 1974

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NATAL do Quitexe, em 1974, dos Cavaleiros do Norte da CCS e da 3ª. CCAV. 8423 - a de Santa Isabel, do capitão José Paulo Fernandes. 
Nelson Rocha, José Carlos Fonseca (de cigarro na boca e bigode), CJ Viegas, Agostinho Belo (de óculos e bigode) e Delmiro Ribeiro - os seguintes, já não os identifico. Aqui, à direita, José Augusto Monteiro, Cândido Pires (de bigode retorcido), Luís Filipe Costa (a rir), Manuel Machado (de cigarro na boca) e Carlos Alberto Lages - o barista da messe de sargentos da CCS. 
A foto de baixo, mostra o Natal em Vista Alegre, onde estava a 1ª. CCAV. 8423 (a de Zalala, do capitão Davide Castro Dias). Na foto mais abaixo, a preto e branco, reconhecem-se o Mário Matos, José Gomes (?), 1º. sargento Fernando Norte (de óculos) e o António Carlos  Letras, no Natal de Aldeia Viçosa (o da 2ª. CCAV. 8423, do capitão José Manuel Cruz).
Gente e festa de consoada de há precisamente 40 anos! Na jornada angolana dos Cavaleiros do Norte, que recordamos com saudade e orgulho!

2 980 - Machado: Cavaleiro do Norte e Doutor de Portugal

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 Manuel Machado, o Machadinho dos Cavaleiros do Norte, é Doutor de Portugal 
desde 10 de Dezembro de 2014. Em cima, com os membros do júri. Em baixo, em
retrato oficial do doutoramento


 Manuel Afonso Machado, furriel miliciano  mecânico de armamento, da CCS dos Cavaleiros do Norte, é doutorado em Ciências Empresariais pela Universidade Fernando Pessoa, desde 10 de Dezembro de 2014.
É a nossa notícia de Natal, embrulhando-a num enorme abraço de parabéns, mais que merecidos e justos.
A tese de doutoramento e investigação foi «A avaliação da qualidade de serviço e da satisfação dos clientes da EDP Distribuição» - com a classificação máxima no grau pela Universidade Fernando Pessoa: aprovado por unanimidade do júri e com felicitações.
O júrio era formado pelo doutor Salvato Vila Verde Pires Trigo, reitor da Unbiversidade Fernando Pessoa (presidente), com os arguentes doutores Galvão dos Santos Meirnhos (professori auxiliar da Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro) e Jorge Ferreira Dias de Figueiredo (professor auxiliar da Universidade Lusíada) o vogar doutor António Joaquim Magalhães Cardoso (professor auxiliar da Universidade Fernando Pessoa). A orientadora foi a doutora Ana maria Ponto LimaVieira Brites Kankura Salazar (professora auxiliar da Universidade Fernando Pessoa).
 As provas foram prestadas entre as quinze e as 18 horas de 10 de Dezembro de 2014.
O Machado foi um dos primeiros alunos a obter o grau de mestre pelo Instituto Politécnico do Cávado e do Ave (IPCA), do qual é docente convidado, e o segundo antigo aluno a obter o grau de Doutor em Ciências Empresariais. É licenciado em Contabilidade, pós-graduado em Higiene e Segurança do Trabalho, especialista em Gestão de Empresas, Mestre em Gestão e Doutor em Ciências Empresariais.

Profissionalmente, é Técnico Superior de Higiene e Segurança do Trabalho, acreditado pela Autoridade das Condições de Trabalho (ACT).
Tem publicados dois artigos da área da gestão, em revistas científicas da especialidade. No repositório do IPCA, está on line o trabalho final da licenciatura, pós graduação e a dissertação de mestrado. No da UFP, a Tese de Doutoramento. No IPCA, foi membro do Conselho Pedagógico da Escola Superior de Gestão, entre 2010 e 2013!

Os parabéns são expressão curta para o indesmentível mérito deste Cavaleiro do Norte que, aos 62 anos, se toenoiu Doutor de Portugal. Grande abraço!!!

2 981 - Dia de Natal de 1974 e o novo país que nascia

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Vista Alegre, com o quartel em cima, onde Almeida e Brito esteve no Dia de Natal 
de 1974. Em baixo, a actual Ponte do Dange. O Destacamento ficava no cima, mesmo no final da ponte

O comandante Almeida e Brito, a 25 de Dezembro, Dia de Natal de 1974, almoçou em Vista Alegre, festejando e partilhando o dia com os Cavaleiros do Norte da 1ª. CCAV. 8423 - a de Zalala. Zalala, de onde saíra, de vez, a 25 de Novembro anterior.
O comandante ainda visitou Ponte do Dange, onde estava um Destacamento dos «zalala´s», e, no regresso, jantou em Aldeia Viçosa, onde estacionava a 2ª. CAV. 8423, comandada pelo capitão miliciano José Manuel Fernandes. Davide Castro Dias, também capitão miliciano, era o comandante da 1ª. CCAV. 8423.
O tempo era da, e cito o Livro da Unidade, «festa da família, época em que é mais viva a saudade dos parentes e dos amigos», mas, continuava, «não é ainda para nós que neste Natal de 1974, terminará a velada de armas iniciadas há 14 anos em Angola».
O comandante do Sector do Uíge, em mensagem de época, escrevia: «Fique-nos a consolação de encontrar, no seio do Exército,  uma segunda família, a mesma camaradagem diária de combatente para combatente, comungando os mesmos princípios, vivendo os mesmos bons e maus momentos».
«Fique-nos a certeza - acrescentava o Comandante do Sector do Uíge - de estarmos a cumprir uma alta missão, ajudando a construir,  em paz, um país novo de expressão portuguesa».

2 982 - Cimeira sem dia e mariscada à hora marcada

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Pais, Viegas e Emanuel (no Estados Unidos) no bar do Rocha a mariscar e a cervejar 
para o apetecido prato de bife com batatas fritas e ovo a cavalo. Em baixo,
 notícia do Diário de Lisboa de faz hoje 40 anos


Aos 27 dias de Dezembro de 1974, ainda a faladíssima Cimeira Inter-Movimentos de Libertação estava por marcar. Savimbi, da UNITA e na véspera, partira de Barzaville - onde conferenciara com dirigentes do MPLA (incluindo Agostinho Neto), para Lusaka. Era para Lusaka que se expectava o iminente encontro tripresidencial. Sem se saber a data.
A Luanda e na véspera, regressara a delegação portuguesa que, em Kinshasa, se encontrara com Holden Roberto, o presidente da FNLA. Em Lisboa, um comunicado oficial da Presidência da República, negava o dia 3 de Janeiro como o dia da cimeira. A data fora avançada por um diário da capital. 
«Esclarece-se que a notícia em causa carece de fundamento», referia a nota do Gabinete de Costa Gomes, frisando que «no presente momento. toda e qualquer informação sobre o assunto é prematura, nomeadamente quanto a datas e locais».
O dia 27 de Dezembro de 1974 era uma sexta-feira e, pelo Quitexe, justamente por ser sexta-feira, costumava ser de belos jantares no Pacheco, no Topete ou no Rocha, restaurantes da vila muito afreguesados de pessoal militar. A malta aburguesava-se um bocado, começando com uns pratos de marisco e uma boa Cuca  - ou Skol, ou Eka, ou N´Gola, marcas de cerveja que matavam a nossa sede desse tempo.

2 983 - Desporto no Quitexe militar e gasolina a 12$50 o litro

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Porta d´Armas do Quartel do Quitexe, com entrada a avenida. Vêem-se as bombas 
de gasolina, o refeitório (à direita) e as oficina-aiuto (cobertura ao centro). Em baixo, 
notícia do DL de 28 de Dezembro de 1974. Há 40 anos!!!


Os dias de 1974 caminhavam para o fim e estava semeada grande expectativa sobre a corrida de S. Silvestre, para que se preparavam alguns Cavaleiros do Norte, os mais afoitos a dar à perna. 
A iniciativa do gabinete de acção psicológica teve boa aceitação e, por lá, segredavam-se duelos atléticos entre os os mais capazes da CCS e da 3ª. CCAV. 8423 - que desde o dia 10 de Dezembro estava aquartelada no Quitexe, tendo abandonado Santa Isabel.
Tudo, porém, numa boa. E desportiva!
Mais complexas iam as relações do MPLA com a Façção Chipenda. Esta, faz hoje 40 anos e em Paris, fazia questão de denunciar o acordo de Agostinho Neto (MPLA) com Jonas Savimbi (UNITA), dias antes, no Luso. Luís Azevedo, seu encarregado de negócios, falava na capital francesa e lembrava que Neto tinha sido expulso do MPLA. É uma história complicada, para aqui ser contada em pormenor.
Luís Azevedo, em Paris e citado pela France Press, «censurava o papel desempenhado por Rosa Coutinho para a conclusão desse acordo».
Rosa Coutinho que, por essa altura, era alvo de mensagens de regozijo, pela sua nomeação como Alto Comissário de Angola - mensagens que chegavam ao Governo Geral, em Luanda. Mensagens que, e cito o Diário de Lisboa de 28 de Dezembro de 1974, também «repudi(av)m a abertura do escritório da Facção de Daniel Chipenda».
Nota curiosa do dia tem a ver com o facto de Angola, ao tempo, estar a fornecer 1/3 do petróleo que Portugal precisava. O Boletim da Direcção Geral dos Combustíveis de Novembro dava conta disso e punha Portugal na lista dos preços mais altos dos preço da gasolina super: 12$50 o litro. A segunda mais cara da Europa. Mais cara, só na Grécia; 13$61.  O mais baixo custo, era na Irlanda (6$56). Na vizinha  Espanha, um litro de gasolina custava 10$50. 
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