Quantcast
Channel: CAVALEIROS DO NORTE / BCAV. 8423!
Viewing all 4180 articles
Browse latest View live

2 944 - Fazer 22 anos, há 40 que foram passados...

$
0
0

Avenida do Quitexe, ou Rua de Baixo, zona das instalações militares. À 
esquerda, a antiga casa da Madame Van der Schaf -  a Casa Guerreiros. Na esquina, 
o restaurante Pacheco, onde há 40 festejei os meus 22 anos. Ficava em frente 
à secretaria da CCS e Casa dos Furriéis - foto de Carlos Ferreira, em Dezembro 
de 2012. Em baixo, eu mesmo, na mesma avenida, há 40 anos. O Pacheco ficava atrás, 
do lado esquerdo da foto




A 21 de Novembro de 1974, estava eu no uíjano Quitexe, na nossa angolana jornada africana. Fiz 22 anos e, creio bem, foi a primeira vez que dei alguma importância a tal dia. Cá por casa, pouca importância se dava a efemérides deste tipo, os meios não eram fartos, era modesta a família, e crescíamos com o desejo e gosto de receber um par de meias como prenda, quando muito! Lá pelo Quitexe, foi diferente!! Talvez porque o moínho da saudade nos fazia mais nostálgicos, porque mais e melhor levedava o sentido de paixão e afecto pelas nossas gentes mais próximas, mas que estavam a milhares e milhares de quilómetros e nós em teatro de guerra.
O dia correu bem, pois a sementeira de cumplicidades do grupo era grande - e a colheita maior!!! - e todos nos sentíamos irmãos, família e "amantes", diria! Neste fim de tarde de hoje, aqui em casa e quando se faz tempo para o jantar de família (desconfio que me está a chegar uma prenda de Lisboa!!!...), voltei a reler algum correio da data, recebido pelos dias mais próximos desse tempo de 1974, e dou conta que alguns amigos, por esta ou outras razões, "desapareceram" do nosso palco diário. É a vida! Não que falecesse a amizade e o carinho, mas as fronteiras do mundo separaram os nossos dias.
Há 40 anos, fiz a festa com amigos Cavaleiros do Norte e, hoje, na hora do almoço, esteve o Francisco Neto a representá-los, refrescando a memória para a jantarada desse dia, no Pacheco, com os apaparicos gastronómicos de D. Maria Lázaro, a cozinheira cabo-verdeana que fabricava sabores novos com as especiarias de lá.
O dia, em Luanda, foi de mais 6 presos,«com as mãos atadas atrás das costas, alguns deles feridos e apresentados à imprensa estrangeira» pelo MPLA. Tinham sido capturados pelas Comissões de Vigilância do partido de Agostinho Neto, nos musseques. Um deles, acusado de assassínio; outro, de extorquir dinheiro em nome do MPLA; os restantes,  de roubos - «todos acusados de se intitularem, falsamente, militantes do MPLA».
A FNLA, do seu lado da barricada, denunciava que «19 pessoas foram forçadas, recentemente, a abandonar os seus lares, no (bairro do)Catambor». Estavam«protegidas pelas Comissões da FNLA» e os seus dirigentes deixavam entender, segundo o Diário de Lisboa, que «teriam sido forçadas a abandonar as residências, na semana passada, por aderente armados de um movimento rival - cujo nome não quis revelar». A Forças Armadas Portuguesas, por sua vez, anunciaram «um africano morto a tiro» e também«dois negros e dois brancos feridos com armas de fogo, na segunda e terça-feira» - dias 17 e 18.
As negociações em Argel, entre Melo Antunes e Agostinho Neto, decorriam em «clima de autêntica fraternidade», como disse o ministro sem pasta de Portugal.
Foi assim o meu dia de 22 anos. Há 40!

2 945 - Os mimos da casa e do nosso querido tenente Luz

$
0
0
Chegaram prendas, senhores! De diversos sabores!! O de 
cima, tem cheiros e mãos da família, cá de casa. O de baixo, 
é uma generosidade, em forma de texto, do nosso tenente Luz.  
Na imagem de baixo,  o capitão Luz e esposa (a cortar o 
bolo), com o Viegas (atrás). Que se perdõem os excessos!!!


__________
ACÁCIO LUZ

Para o meu caro amigo Celestino Viegas, vão os meus parabéns por este dia do seu aniversário, 21 de Novembro, em que faz 62 primaveras!!!
Faço votos para que este dia seja de muitas felicidades e que se repita por muitos e muitos mais, na companhia da esposa e dos dois filhos, dos quais é merecedor e que muito enriquecem a sua vida e a sociedade.
Acresce o facto do Celestino Viegas ser alguém que sempre fez chegar aos outros as suas capacidades de trabalho e intelectuais (Deus protege e ajuda esses!), bem patenteadas no legado que deixou, e vai continuando a deixar, aos Cavaleiros do Norte, através do blog, onde já está contida uma história muito rica sobre a vida do BCAV. 8423, em terras de Angola, assim como a evolução daquele país, durante e à volta da sua independência.
Todos nós, estou certo, militares do BCAV. 8423 - os Cavaleiros do Norte!!! - lhe estamos muito gratos por esse seu trabalho, aliado ao dinamismo que tem colocado na realização dos encontros-convívios das companhias do Batalhão, que tanto contribuem para manter uma amizade mútua e sólida entre nós, porque assenta em momentos difíceis, comuns a todos, em terras angolanas, e que comemoramos agora com alegria e rejuvenescimento.
Desejo-lhe a melhor saúde e por tudo, muito obrigado.
O Celestino merece.
ACÁCIO LUZ
   
 - LUZ. Acácio Carreira da Luz, tenente do SGE, chefe de 
secretaria do Batalhão de Cavalaria 8423, de 85 anos.
 É capitão aposentado e reside na Marinha Grande.
*  NOTA: O nosso querido Tenente Luz, agora capitão 
aposentado, o nosso maior Cavaleiro do Norte, o nosso «mais 
velho», fez questão de publicar o que acima fica. 
Não o faria, normalmente. Mas a honorável figura deste nosso 
grande oficial do Quitexe assim obriga.
Sublinho-lhe a gentileza e agradeço-lhe a cortez atenção.
Modestamente, sinto-me lisongeado.

2 946 - A companhia de «cabeludos» e Zalala para Vista Alegre

$
0
0

 
Vista Alegre, em Dezembro de 2012 (foto de Carlos Ferreira). O que resta(va) 
das bombas e do quartel. Em baixo, a entrada da vila, do lado do Quitexe  e Carmona
Também se vê o aquartelamento (des)ocupado pelos Cavaleiros de Zalala


Os anos fizeram-se, estavam feitos e festejaram-se, e passou-se à frente do 21 de Novembro de 1974, que a jornada uíjana dos Cavaleiros do Norte era para outros cometimentos e obrigações. 
A 21 de Novembro de 1974, «começou a processar-se a saída definitiva da CCÇ. 4145/72 para Luanda», abandonando Vista Alegre. Os «caçadores» da 4145 tinham chegado a Angola em Fevereiro de 1973 e, depois de uns dias em Luanda, marcharam para aquela vila, que era a segunda posição militar após o Rio Dange, na estrada do café - a uns 60 kms. do Quitexe.
O comandante era o capitão Corte Real, já aqui lembrámos os alferes Fonseca, Rosa, Adão Moreira e Aguiar e acrescentamos-lhe os dos furriéis Sequeira e Faustino. Este, da zona de Coimbra, aquele de Setúbal e já falecido.
O alferes Fonseca, agora advogado em Lisboa, lembra-se de lá ter chegado «uma companhia de cabeludos»,  que, estava ele de oficial de dia, mandou «formar e ir toda a gente para o barbeiro». Quanto tempo lá esteve a 4145/74, a tal companhia que chegou, ele não se lembra. Continuará, assim, por esclarecer esse pormenor. Dando fé no Livro da Unidade, «saiu do subsector a 22 de Novembro», ontem se fizeram 40 anos.
Data certa, é a da chegada dos Cavaleiros do Norte de Zalala (a 1ª. CCAV. 8423) a Vista Alegre. «Tornando-se necessário o ocupação de Vista Alegre e Ponte do Dange, previamente teve início a rotação da 1ª. CCAV. para estes locais, a qual completou os seus movimentos em 25 de Novembro, data em que assumiu a responsabilidade da sua nova ZA», lê-se no Livro da Unidade.

2 947 - Ofensiva das FAPLA, há 39 anos, para reconquistar o Quitexe

$
0
0

Parada do Quitexe, zona de oficinas, casernas, refeitório e balneários. Não é difícil 
deduzir que, há 39 anos, aqui se terão registado combates. Em baixo, a porta d´armas, 
à direita e edifício do comando dos Cavaleiros do Norte, vendo-se a porta d´armas




 Aos 25 dias de Novembro de 1975, os Cavaleiros do Norte, já em Portugal,  continuavam a assentar arrais nos seus espaços sociais e de trabalho, depois de missão cumprida, e, pelo norte de Angola, o «nosso»  Quitexe era alvo de uma ofensiva das FAPLA. A imprensa do dia dava conta que "esta ofensiva regista ainda avanços das Forças Populares rumo a Pambos e Camabatela".
Forças Populares, entenda-se, eram as do MPLA. Pamboa, nome que não lembro, poderá ser Pumbassai - que fica(va) mesmo nas barbas da vila quitexana, por onde fizemos a nossa jornada angolana de África. Camabatela, era  a vila mesmo ao lado - para onde se ia pela picada/estrada do cemitério. 
O Diário de Lisboa desse dia, que cito, anunciava que «na frente norte, os invasores zairenses e portugueses, enquadrados nas hostes da FNLA, foram forçados a retirar muito para norte dos Quifandongo, tendo as FAPLA reconquistado Úcua, Piri e Quibaxe».
Úcua, Piri e Quibaxe, como os Cavaleiros do Notte bem se lembram destas localidades!!!,  por onde patrulharam e bebericaram, sentindo-lhe o calor e o feitiço e as magias de África.
A frente norte caracterizava-se, ainda segundo o Diário de Lisboa, "por uma contra-ofensiva inimiga na área de Samba Cajú" e pela já referida «ofensiva das FAPLA contra o Quitexe» - a vila-mártir de 1961, agora de novo jorrada de sangue a enlamear o pó vermelho da terra uíjana.
Mais a sul, Novo Redondo foi retomada pela MPLA, já governo de Angola desde 11 de Novembro. E as forças populares estavam «empenhadas em combates mais para sul, com a finalidade de libertarem o Lobito, Moçâmedes e Benguela». A leste, lá mais para os nossos lados uíjanos, Malanje não caía e prosseguiam os combates, a 30 quilómetros da cidade. Porém, referia o MPLA, "a situação continua sob controlo das FAPLA".


2 948 - Os códigos militares dos Cavaleiros do Norte

$
0
0

O Subsector dos Cavaleiros do Norte, em termos de organização da Zona Militar Norte (ZMN) de Angola, correspondia à letra C. Não me perguntem a razão, que eu não a sei. Sei, todavia, que a denominação foi alterada, relativamente ao Batalhão de Caçadores 4211, que o BCAV. 8423 substituiu, no Quitexe e zona de acção.
Os nomes de código do BCAV. 8423 eram os seguintes:
- CCS, a companhia do Quitexe: Casco.
- 1ª. Companhia, a de Zalala: Crina.
- 2ª. Companhia, a de Aldeia Viçosa: Carga.
- 3ª. Companhia, a de Santa Isabel: Cavalo.
E as subunidades adidas:
- Companhia de Caçadores 209, na Fazenda do Liberato: Canivete.
-  Companhia de Caçadores 4145, em Vista Alegre: Cela.
- Destacamento de Luísa Maria: Cacto.
- Destacamento da Ponte do Dange: Coice.
- GE (Grupo Especial) 208,  de Vista Alegre: Cauda.
- GE 217, do Quitexe: Coelho.
- GE 223, do Quitexe: Cabrito.
- GE 222, em Aldeia Viçosa: Cabra.
Hoje, passados mais de 40 anos, o secretismo dos códigos está completamente ultrapassado. Ao tempo, e com a carga emocional que acarretavam, poderiam significar, para os Cavaleiros no Norte, operações militares, escoltas, colunas logísticas, piquetes, ou meras actividades de rotina. E tantas eram! 

2 949 - Os dias 24 e 25 de Novembro, da Angola de 1974 e 1975

$
0
0

Aquartelamento militar do Quitexe, visto do lado da Igreja. A primeira caserna, era a do PELREC.
O edifício a branco, à direita, era a sede do Batalhão de Cavalaria 8423. Em baixo, Rosa Coutinho





A 25 de Novembro de 1975, aconteceu o que aconteceu em Portugal e, em Angola«a situação político-militar continua(va) a sofrer profundas alterações, desencandeadas por uma grande ofensiva das forças populares, ao longo das três frentes» de combate.
Na Zona Norte, a que interessava aos Cavaleiros do Norte já então na «peluda», e cito o Diário de Lisboa desse tempo, «uma coluna invasora, que tentou penetrar até à zona de N´dalatando e posteriormente até à cidade do Dondo, abrindo ponte para a Frente Sul, com o objectivo de ocupar a  barragem de Cambambe, foi sustida na região conhecida por “21 curvas”».
A coluna, e cito, «tinha-se deslocado da Samba Caju e sustida na manhã de 24 de Novembro, sendo obrigada a recuar para Camabatela».
Camabatela, recordemos, que era (é) vila muito próxima do Quitexe. Deixou, refere o enviado especial do Diário de Lisboa, «muitos mortos e prisioneiros, bem como grandes quantidades de material de guerra de diverso tipo».
O ataque, ainda segundo o jornal, tinha «tentado romper a barreira defensiva de Lucala e N´Dalatando, desencadeado depois de a coluna agressora ter sido reforçada com efectivos da FNLA, que retiraram nos últimos dias do triângulo de confrontações Caxito-Barra do Dande-Libongo».
As confrontações destes dias terão registado, nas três frentes, pelos menos 80 mortos, dezenas de prisioneiros e a destruição de 8 carros blindados e 6 camiões das chamadas “forças invasoras” - as que combatiam as FAPLA´s, do MPLA.
Um ano antes, pelo Quitexe, havia contactos directos com elementos da FNLA, que se apresentavam às autoridades e até, dentro de certo limite, confraternizavam com a tropa, com evidentes reservas.
Rosa Coutinho, neste mesmo dia desse ano, veio a Lisboa, para participar nos trabalhos da Comissão Nacional de Descolonização. Era o presidente da Junta Governativa e admitia-se a sua nomeação como Alto Comissário - para «preparar um Governo de Transição».
A imprensa do dia, que nós avidamente líamos no Quitexe (tanto quanto isso era possível...), dava conta que o Secretário de Estado da Economia angolano denunciava«diversas manobras, nomeadamente no sector dos transportes, tendentes a paralisar a economia do país».
Assim ia Angola! Há 39 e há 40 anos!

2 950 - Comício do FNLA em Vista Alegre, há 40 anos!

$
0
0
Rodrigues, furriel miliciano da 1ª. CCAV. 8423 (Zalala), com combatentes da FNLA 
em Vista Alegre (em cima). Daniel Chipenda, à esquerda,  e Agostinho Neto, com 
o jornalista argelino Boubakar Adjali Kapiaça (em baixo)




A 26 de Novembro de 1974, realizou-se em Vista Alegre «um comício local de mentalização das populações». Comício da FNLA e, diz o Livro da Unidade (o Batalhão de Cavalaria 8423, os Cavaleiros do Norte), «certamente tendente a procurar anuar a influência local e de área que o MPLA possui».
A imagem mostra o furriel miliciano Américo Rodrigues, de Famalicão, com combatentes da FNLA, em Vista Alegre - em data desconhecida, posterior a 25 de Novembro de 1974.
 O mesmo dia, mas em Kinshasa, foi tempo de assinatura do acordo da FNLA e da UNITA, representadas pelos presidentes Holden Roberto e Jonas Savimbi, respectivamente, «pondo termo às suas divergências» e instaurando «uma cooperação e uma assistência mútua, para fazer frente a qualquer eventualidade extremista, vinda de qualquer lado».
Mário Soares, numa entrevista à France Press do mesmo dia, assegurava que, após ter reunido com estes dois dirigentes, «falamos a mesma linguagem». «Estamos de acordo - disse o ministro português dos Negócios Estrangeiros - quanto à maneira como devem ser abordados os problemas de Angola e encontrei neles compreensão e abertura de espírito».
Também em entrevista, mas na véspera e ao diário fracês «Liberation», Agostinho Neto falou das dissidências internas do partido: «É um problema surgido no exterior». Acrescentou o presidente do MPLA que«internamente, o partido está unido». Sobre Daniel Chipenda e o seu grupo (a Facção Chipenda, ou Revolta do Leste), considerou que «agora trabalham com a FNLA e, por este facto, estão excluídos do Movimento»

2 951 - Movimentos dos Cavaleiros de Zalala e a UNITA na OUA

$
0
0
Avenida do Quitexe, no sentido da estrada de Camabatela (em frente). À esquerda, o 
edifício do Comando. Em baixo, foto de Dezembro de 2012, de Carlos Ferreira). A mesma 
avenida, mais ao fundo, para o lado do cemitério e Camabatela.
 A casa da esquerda poderá ser a que era do sr. Guedes






A 28 de Novembro de 1974, a UNITA foi reconhecida pela OUA, o que ouro sobre o verde da esperança portuguesa em formar um governo de provisório em Angola.  A UNITA, de Jonas Savimbi, era assim , «desostracizada pelos Estados africanos» e Lisboa poderia, como era seu desejo, formar um governo com representantes dos três partidos: a dita UNITA, o MPLA e a FNLA. Foi isto há precisamente 40 anos!
Ao mesmo tempo, no Quitexe, preparava-se a segunda reunião novembrina da Comissão Local de Contra-Subversão (seria no dia 29; a primeira, fôra no dia 13) e continuava «o arranjo da estrada para Camabatela». Os trabalhos, recordemos, era feitos por equipas da Junta Autónoma de Estradas de Angola (JAEA), sob escolta dos Cavaleiros do Norte, Por lá andou, algumas vezes, o /(meu) PELREC.
A 25, a 1ª. CCAV. 8423 «completou os seus movimentos» de Zalala para Vista Alegre e Ponte do Dange. Nesta data, respigo do Livro da Unidade, «assumiu a responsabilidade da sua nova ZA, ficando deste modo abandonada a Fazenda Zalala». A 8, lembremos, fora a vez da CCAÇ. 209 ter saído da Fazenda Liberato, ficando esta «também sem guarnição militar».
- OUA. Organização de Unidade Africana.
- ZA. Zona de Acção.


2 952 - Preparativos dos Cavaleiros para o adeus a Santa Isabel

$
0
0
Fazenda Santa Isabel, onde esteve a 3ª. CCAV. 8423. Em baixo, Flora, 
Belo, Fernandes e Ricardo, quatro furriéis milicianos desta Companhia


Os últimos dias de Novembro de 1974 foram, para os Cavaleiros do Norte da 1ª. CCAV. 8423, a de Santa Isabel, tempo de «preparativos para o seu movimento para o Quitexe» - o que se concretizaria a 10 de Dezembro seguinte.
Era a segunda subunidade do BCAV. 8423 a abandonar as suas primeiras posições (já fôra, Zalala e agora Santa Isabel).  Já a CCAÇ. 209 abandonara o Liberato, a  8 de Novembro. A 14 de Dezembro, seria a vez de se abandonar Luísa Maria, onde estava um destacamento.
Ao dia 30, deixou Lisboa o almirante Rosa Coutinho, presidente da Junta Governativa de Angola, com destino a Luanda. Admitia, à partida, «muito provável a realização de um encontro dos três movimentos ainda este ano, em Lisboa». Ao mesmo tempo, anunciava o decreto criador da Televisão de Angola, já «assinado pelo Presidente da República». Tudo dependeria, disse Rosa Coutinho,«da capacidade dos técnicos e também dos administrativos, que têm de constituir a sociedade, cuja maioria de capital tem de ser do Estado».
Nota disciplinar do mês: os 10 dias de prisão disciplinar a Roque Martins, do Grupo de Mesclagem do RI20, atribuído à 1ª. CCAV. 8423, a de Zalala. Foi agravada para 20 dias de prisão disciplinar, em ordem de serviço (a nº. 127). A OS nº. 165, porém, rectificou a pena, para 15 dias de prisão disciplinar agravada. 

2 953 - Fim da Junta Governativa e dos Grupos Especiais

$
0
0
A Junta Governativa de Angola terminou funções a 29 de Novembro de 1974: 
capitão-de-mar-e-guerra Leonel Cardoso, brigadeiro Altino de Magalhães, almirante Rosa 
Coutinho, coronel-piloto-aviador Silva Cardoso e o major Emílio da Silva. 
O crachat dos GE´s, do tempo do Quitexe, há 40 anos!




A 29 de Novembro de 1974, foi abolida a Junta Governativa e o seu presdente, o almirante Rosa Coutinho, foi nomeado Alto Comissário de Angola - interinamente, até nomeação definitiva.
A notícia foi divulgada em conferência de imprensa desse dia, cujos ecos, todavia, só chegaram ao Quitexe quando lá apareceu o Província de Angola, jornal diário de Luanda. Menos chegavam, os jornais  Comércio, ou o Diário de Luanda. A imprensa de Lisboa, essa, chegava tarde, quando chegava. 
Rosa Coutinho confirmou, também, a realização da cimeira entre MPLA,  FNLA e UNITA, em Lisboa, mas sem anunciar a data. Dela, sairia o Governo de Transição de Angola, que governaria até à independência. Assim se pensou.
A capital Luanda, por esse tempo, era cidade onde proliferavam «panfletos anónimos, convocando a população para uma manifestção da mairia silenciosa, nos dias 8 de Dezembro», para o Largo da Mutamba - um praça central da cidade.
E pelo Quitexe, por Aldeia Viçosa e Vista Alegre e Ponte do Dange - com Santa Isabel a fazer as mals para o adeua a Santa Isaabel?
Foram descativados os GE´s , a 30 de Novembro - hoje se fazem 40 anos!!! «A ineficiência dos GE que se vinha verificando (...) levaram os escalões superiores a prever a sua desactivação, o que se verificou a 30 de Novembro», relata o Livro da Unidade, frisando que «podendo até curiosamente dizer-se que muitos deles enfileiraram de imediato nas forças irregulares da FNLA e também, segundo alguns, nas do MPLA». 
Os GE (Grupos ESpediais) era unidades auxiliares, irregulares, formadas em 1968, constituídas por voluntários africanos de etnia local, que operavam adidos às unidades locais do Exército Português, practicamente só operaram na zona leste. No seu auge, em Angola, existiam 99 grupos GE, de 31 homens, cada. O Batalhão de Cavalaria 8423 tinham quatro.
- Quitexe, CCS do BVCAV. 8423: Grupos 217 e 223, com comando atribuído aos furriéis Viegas e Neto.
- Aldeia Viçosa, 1ª. CCAV. 8423: GE 22, com o furriel miliciano Letras.
- Vista Alegre, CVAÇ. 4142/7: GE 208. 
OS GE´s nada tinham a ver com os Grupos de Mesclagem, fomados por militares da incorpaoração local - que eram forças regulares do Exército

2 954 - Alferes Cruz de luto, pelo falecimento do pai!

$
0
0

 O (nosso ex) alferes miliciano António Albano Cruz está de luto pelo falecimento, ontem, de seu pai, Albano Cruz, de 90 anos.
Há tempo que passava adoentado e em cuidados que, sacerdotalmente, empenharam toda a família. Ainda na 6ª.-feira, dizia o nosso companheiro da jornada africana que ia passar o fim de semana a Póvoa do Varzim, onde estava o senhor seu pai e onde a família se partilhava em carinhos ao seu patriarca.
O funeral realiza-se hoje, dia 1 de Dezembro de 2014, segunda-feira e às 16 horas, para o cemitério de Santo Tirso - de onde é a família.
Ao nosso companheiro António Albano Araújo de Sousa Cruz e esposa, dra. Margarida Cruz (ambos na foto), a seus filhos e familiares, o abraço solidário dos Cavaleiros Norte.
Albano Cruz, 90 anos. RIP!

2 955 - Desactivação dos Grupos de Mesclagem do BCAV. 8423

$
0
0
 Militares do Grupo de Mesclagem do Liberato, a caminho do Quitexe (foto de Nogueira da 
Costa. Em baixo, alguns militares europeus de Zalala, com elementos do GM




A 1 de Dezembro de 1974, hoje se fazem 40 anos, começaram a ser desactivados os Grupos de Mesclagem. 
O BCAV. 8423 tinha GM adidos às três companhias operacionais - todos oriundos do Regimento de Infantaria 20 (RI20).
O Livro da Unidade, historiando Dezembro de 1974, dá conta que  «tornando-se necessário remover as dificuldades que (...) estavam criando aos comandos que serviam e na continuação da desactivação dos destacamento e, mercê da retracção do dispositivo, foi possível pensar em dispensar a prestação do serviço militar aos grupos de mesclagem».
Assim se começou a 1 de Dezembro de 1974, embora, como sublinha o LU,«com algum esforço das tropas metropolitanas», mas «por outro lado, com vantagens no campo da sua vivência».
A partir desse dia, como «foi determinado superiormente» os GE«entraram de licença registada (...), o que se rapidamente se realizou com o decorrer do mês». 

2 956 - Aniversário de Zalala e Pioneiros do MPLA

$
0
0
Zalala e sua gente: furriéis milicianos Louro, Rodrigues, Nascimento, Barata e 
Barreto e alferes milicianos Mário Jorge Sousa e Lains dos Santos. 
O alferes Lains dos Santos, em foto recente. Hoje, faz 63 anos! 
Furriéis Louro , Rodrigues, Nascimento, Barata e Barreto Alferes Sousa e Lains dos Santos, gente de Zalala

Make Money at : http://bit.ly/copy_win

Furriéis Louro , Rodrigues, Nascimento, Barata e Barreto Alferes Sousa e Lains dos Santos, gente de Zalala

Make Money at : http://bit.ly/copy_win

A 2 de Dezembro de 1974, o capitão José Paulo Falcão esteve reunido no Comando de Sector do Uíge, em Carmona - enquanto comandante interino do BCAV. 8423. Lá voltou a 4, a 7 e a 9 de Dezembro. Pela altura, recordemos, estava em marcha o plano de rotação dos Cavaleiros do Norte.
A 1ª. CCAV., a de Zalala, já estava em Vista Alegre e era lá que o alferes miliciano Lains dos Santos fazia os seus viçosos 23 anos! Comandava, há 40 anos, um dos pelotões operacionais da companhia do capitão miliciano Davide Castro Dias.
José Manuel Lains dos Santos, já agora, trabalha como empresário agrícola e foi presidente da Junta de Freguesia de Cadafais, em Alenquer - agora União de Freguesias do carregado e Cadafais.
A véspera fôra dia de celebrar o Dia do Pioneiro, pelo MPLA, com a  leitura da ordem de serviço 13/69, que alude a Augusto Ngangula,«torturado até à morte, a 1 de Dezembro de 1968, quando ia da sua aldeia para uma escola do MPLA». Tinha apenas 12 anos e, segundo o documento,«preferiu morrer a revelar ao inimigo a localização das bases do MPLA».
O heroísmo citado pelo ordem de serviço, «a sua coragem e firmeza», levaram o partido a conferir-lhe o título póstumo de Pioneiro Heróico do MPLA». 

2 957 - Primeiros dias operacionais e a Fazenda Chandragoa

$
0
0
Fazenda Chandragoa, a 8/9 quilómetros do Quitexe. Ali teremos estado nos 
primeiros dias de Julho de 1974. As casas dos trabalhadores (em baixo). Mais 
abaixo, Zeca Silva, um contemporâneo do Quitexe


Os primeiros dias operacionais do PELREC, da CCS dos Cavaleiros do Norte, foram para os lados da serra da Quibianga, passando pelas sanzalas do Quimassabi e Quitoque, cortando à direita (antes da fazenda Pumbaloge) por pequenas lavras e fazendas, já pela pequena mata adentro. Uma das saídas seguintes foi a caminho de Camabatela, depois do Cazenza e do cemitério e algures cortando à esquerda, depois de Aldeia - coisa que o valha.
Um destes dias, chegou-me mensagem de um quitexano, jovem estudante do nosso tempo da jornada africana do norte angolano: o Zeca! Zeca Silva, este mesmo, que se mostra em pose na fazenda, na imagem ali mais abaixo! Hoje, mandou-me fotos da fazenda do pai: a Chandragoa.
A Chandragoa, fez-se luz!..., ficava a oito/nove quilómetros do Quitexe, muito perto, depois da Guerra & Cia, passando a Isabel Maria, a Quinta das Arcas, a Bela Encoge.
A Guerra & Cia, recordo-me bem: chegámos lá ao alvorecer de um dia de fins de Junho de 1974 e parámos para matabichar, já saíam centenas trabalhadores para o enorme cafezal - ao longe, no abrir do dia, mais parecendo ondas do mar o andar das suas carapinhas. Descemos dos Unimog´s e fomos literalmente assaltados por crianças negras, de ventres despidos, descalços, sem calças ou calções a guardar-lhe as pernitas sujas, gulosos pelas rações de combate que nos pediam.
«Eeeeeeeh, esfurrieuuuu Veigas!...», disse um deles, d´olhos postos na mochila onde levava os mantimentos.
Estremeci!! Como era possível? Veigas? Veigas era como ele, meia dúzia de anos de gente,o puto de pé descalço e cara ranhosa, soletrava o meu apelido Viegas. Como poderia ele saber o meu nome? Nós estávamos no Quitexe há poucos dias!!! Ainda hoje não sei. Mas sei que, por momentos, momentos largos, senti medo e ganhei desconfiança!  
O dr. Leal, capitão médico miliciano dos Cavaleiros do Norte, deu as consultas que tinha a dar, distribuiu medicamentos e seguimos para outras fazendas. É aqui que, ao ver as imagens que me mandou Zeca Silva, se me fez luz sobre a Chandragoa. Também lá fomos! O pai era o dono e, soube agora, produzia cerca de 700 toneladas de café, numa área de aproximadamente 2.850 hectares. Uma brutalidade, se a compararmos com a nossa retalhada agricultura!
Silva, sr. Silva, era o dono da Chandragoa, está agora na casa dos 90 anos e a morar em Vila ova de Santo André, onde o filho Zeca trabalha na Refinaria da Galpenergia.
Hoje, por momentos, senti os cheiros quentes de Angola a matar-me a saudade dos chãos uíjanos. Senti a terra vermelha, molhada de suor, a enlamear-me o corpo! Senti saudade dos sorrisos das crianças, dos olhares serenos dos velhos e, até, recordei a surpresa de ver as mulheres, de peitos meio desnudados, a fumarem as ervas secas apanhadas nas lavras!











2 958 - Cinema no Quitexe e independência para Angola

$
0
0

Alferes milicianos do Quitexe: 
Jaime Ribeiro (residente no Tramagal),  
António Albano Cruz (em Santo Tirso), 
António Manuel Garcia (de Pombal de 
Ansiães, em Carrazeda de Ansiães e 
falecido a 2 de Novembro de 1979) 
e José Leonel Hermida (Figueira da Foz)

O alferes Hermida era o oficial de transmissões e de ofício fazia também a arte de acção psicológica. Nesse âmbito e faz hoje precisamente 40 anos, foi projectado um filme no Clube do Quitexe, também para a comunidade civil. Foi a fita, igualmente, alegrar as gentes amigas das guarnições de Aldeia Viçosa e Vista Alegre, que por lá também abriram portas à população.
Assim começavam os dias de Dezembro do Quitexe! Neste mesmo 4, foi o capitão José Paulo Falcão, nosso comandante interino,  reunir com os camandantes de outras unidades e o Comando do Sector do Uíge, em Carmona. Reza o Livro da Unidade que «o estreitamento de contactos entre comandos (eram) necessários mais do que necessários, dada a constante evolução dos acontecimentos». Que realmente evoluíam.
Por exemplo e no memso dia, o ministro da Coordenação Interterritorial, Almeida Santos (esse mesmo, que ontem foi visitar José Sócrates à Cadeia de Évora), assegurava nas Nações Unidas, em Nova York, que «Portugal esperava  conceder a independência total de Angola em fins de 1975». 
«Espera-se que se consiga (...), depois de uma forma de consulta popular democrática. A alterntativa para uma solução deste genero é o risco de uma guerra civil», afirmou Almeida Santos.
Foi profeta, como hoje sabemos.
Os três movimwmrtos não se entenderam e já nessa altura, como leio mo Diário de Lisboa de há precisamente 40 anos, «Portugal  espera resolver os problemas inerentes à independência, por meio de uma reunião, ainda este mês, com  os representantes dos três movimentos de libertação de Angola».


2 959 - Anos em Santa Isabel e Neto com Savimbi

$
0
0


A 5 de Dezembro de 1974, os Cavaleiros do Norte de Santa Isabel, elevaram copos ao alto, para festejar anos, os 22!, de dois companheiros da jornada africana: o alferes Simões e o furriel Carvalho. Ambos boa gente!
A guarnição, ao tempo, preparava as malas para o adeus à mítica fazenda, por onde, desde 1961, se aquartelaram milhares de militares portugueses e nativos, em missões que cumpriram sem perguntar porquê. Cumpriram!
O comandante interino dos Cavaleiros do Norte - o capitão José Paulo Falcão -, esteve lá precisamente nesse dia de faz hoje 40 anos, precisamente para ultimar a rotação e reunindo com o capitão miliciano José Paulo Fernandes, o comandante dos garbosos dos Cavaleiros do Norte da 3ª. CCAV. 8423.
Em Lusaka, MPLA e UNITA combinaram encontrar-se na semana seguinte, para «tentarem solucionar as suas divergências».
A notícia foi avançada por Jonas Savimbi, presidente da UNITA, indicando Lusaka ou dar-es-Salam como possíveis locais para o encontro e perspectivando, na sua óptica,«a formação de um governo provisório de coligação entre os três movimentos».
Agostinho Neto, o presidente do MPLA, até dois meses antes, recusava a hipótese de um acordo com a UNITA, apesar das pressões nesse sentido, feitas por alguns países africanos.

2 960 - Grupos de mesclagem dos Cavaleiros do Norte

$
0
0

 Militares do Grupo de Mesclagem com Cavaleiros do Norte de Zalala, na picada 
para a mítica fazenda onde se aquartelou a 1ª. CCAV. 8423, do capitão Castro 
Dias - algures, entre Junho e Novembro de 1974


A retracção do dispositivo militar dos Cavaleiros do Norte continuou por Dezembro de 1974 fora e foram desactivados os grupos de mesclagem das três companhias operacionais - a de Zalala (já em Vista Alegre e Ponte do Dange), a de Aldeia Viçosa e a de Santa Isabel (que estava de malas aviadas para o Quitexe). 
Todos esses militares eram oriundos do RI 20 e, açlguins deles, tinham apelidos curiosos:
-1ª. CCAV. 8423, a de Zalala: Etelvino, Marcolino Gigante, Daniel Helena, Miranda Cimba, Mussoque, Mequiana, Cabondo, Tito Tandala, Macumbo, Zangala e Cunola, entre outros.
- 2ª. CCAV. 8423, a de Aldeia Viçosa: Quiala, Mussoqui, Manhanga, Cacongo e Panzo. 
- 3ª. CCAV. 8423, a de Santa Isabel: Vunge, Boma, Gonga, Sola, Buende, Jinga, Sebetela, Caiango, Canda, Muecária, Quinguege, Micaela, Cassul, Bola e Capesse, entre outros.
O que será feito desta gente?
A imagem mostra alguns deles, da 1ª. CCAV. 8423, na mítica picada de Zalala. Não sendo possível identificá-los, assinalamos os furriéis milicianos Queirós (destacado a vermelho) e Dias (a amarelo, falecido a 20 de Outubro de 2011) e o alferes Sampaio (quadrado amarelo). À frente dele (alferes), o Tininho (Joaquim José do Nascimento Catuna Santos, de Albufeira, soldado atirador e impedido na messe de oficiais). Entre o Dias e o Sampaio, está o 1º. cabo enfermeiro Vitor Manuel Dinis da Cunha (de Coimbra e emigrante na Suíça). O último, de bigode. é o Barbeiro (1º. cabo atirador, de nome Manuel Costa Gonçalves, que mora no Laranjeiro).
E os outros?

2 961 - A mobilização, em Lamego, de três Cavaleiros do Norte

$
0
0
Neto, Viegas e Monteiro, furriéis milicianos dos Cavaleiros do Norte, foram mobilizados 
há precisamente 41 anos. Estavam no CIOE, em Lamego, Em baixo, cópia a ordem de 
serviço com a mobilização. Mais abaixo, o crachá e a placa das Operações Especiais (Rangers)




A 7 de Dezembro de 1973, há precisamente 41 anos, o dia era uma sexta-feira e, na Ordem de Serviço nº. 286 do CIOE, foram, publicadas  várias mobilizações - nomeadamente as de três futuros furriéis milicianos Cavaleiros do Norte: os então 1º.s cabos milicianos Neto, Viegas (eu mesmo) e Monteiro.
Ao tempo, estávamos os três no Centro de Instrução de Operações Especiais (CIOE), onde, a 29 de Setembro anterior, tínhamos acabado o curso de Rangers. Éramos instrutores do 3º. curso (em Penude) e «aquartelávamos» no CIOE (hospedagem e serviços) e na messe de Almacave (alimentação).
A nota mobilizadora tinha o nº. 47000-Pº. 33.007, da RSP/DSP/ME, de 17 de Novembro, e veio a ser reproduzida na tal Ordem de Serviço nº. 286, do CIOE. Foi quando dela tivemos conhecimento oficial. Confirmando o que se murmurava.
Mobilizados também, e nossos companheiros de instrução em Lamego, como 1ºs. cabos milicianos de Operações Especiais, foram o João Matos e o Joaquim Grilo (para Angola), o Rui Praxedes, o Américo Ferreira, o  Fernando Ribeiro e o João Pedro (para Moçambique) e o Joaquim  Gonçalves e o Fernando Rodrigues (para a Guiné-Bissau). 
De todos eles, sei que o Grilo vive na Nazaré, de onde é natural e onde é funcionário público. Telefonou-me em Setembro passado, falou-me da sua carreira de futebolista (na altura, chegou a jogar no SC de Lamego), da sua leitura do blogue e da espera para a aposentação.
O António Carlos Letras contou-me, há algum tempo, que o Rui Praxedes tem um restaurante de peixe assado em Setúbal e que o Fernando Ribeiro fez vida como bombeiro e está aposentado.
Ver AQUI

2 962 - O dias 8 de Dezembro de 1974, no vivido Quitexe!

$
0
0

Quitexe, a Casa dos Furriéis,. Quantas vezes no sentámos neste varandim. A janela da 
esquerda era a do quarto do Pires (de Bragança) e do Rocha, O da direita, foi do Mosteias e do 
Pires (do Montijo), A cada da esquerda. com a cobertura, era a da messe de oficiais. 
Em baixo, o Viegas sentado à entrada da Igreja de Santa Mãe de Deus do Quitexe 




A 8 de Dezembro de 1974, por razões pessoais de que adiante falarei, passei largo tempo na Igreja de Santa Mãe de Deis do Quitexe. A foto não é do dia, mas mostra as placas de mármores com os nomes de dezenas (centenas?) de mortos dos incidentes do início da guerra colonial, em Março de 1961.
O dia era de feriado nacional, como hoje, mas mal se sentia isso pelo Quitexe, para além da missa celebrada pelo padre Albino Capela, que por lá sacerdotava na missão mesmo ao lado. 
A tarde, teve futebol no campo do Quitexe.
Preparava-se a chegada da 3ª. CCAV. 8423 e adaptavam-se as instalações para a centena e meia de homens que, literalmente de armas e bagagens, se iam mudar de Santa Isabel para o Quitexe. A maior parte dos furriéis milicianos ficou na casa dos ditos (ver imagem, em cima) - de onde, por razões diferentes, tinha saído o Machado e o Dias, o Mosteias e o Pires (do Montijo), o Monteiro, o Lopes e o Morais, o Fonseca, o Bento, o Cruz, o Farinha. Uns, em outros espaços militares, mas a maioria em casas alugadas na vila. Por lá, no «Paço do Furriéis», resistiam o Pires (de Bragança, o Rocha (no mesmo quarto), o Viegas e o Neto (idem, a certa altura com o Peixoto, de Braga), o Abrantes e o Miguel, que por lá estiveram algum tempo, assim como um angolano, cujo nome se me varreu da  memória. Era lá, também, que se instalavam os furriéis que, vindos das companhias operacionais, faziam um mês de destacamento na CCS.
A 8 de Dezembro, o que fiz na Igreja de Santa Mãe de Deus do Quitexe, não foi nada de especial: participei na missa, fiquei recolhido algum tempo (depois) e regressei ao quarto e esperei pelo correio que o Tomaz tinha ido buscar ao SPM Carmona. Era o dia de chegar o jornal da terra, sempre muito aguardado, e algum correio. Eu recebia muito correio! 
Dava conta, o jornal, do centenário de Egas Moniz, da morte do engº. Mário Pato, falava da (futura) Assembleia Constituinte e do aumento do imposto automóvel, de comícios do PCP, do PPD (agora PSD), do CDS, do MDP/CDE, do PPM e das aldeias que, ainda hoje, são o meu chão de todos os dias. Nem imaginam o gosto que era ler todas aquelas notícias. Que hoje reli, 40 anos depois. Foi uma bondade do destino, que me emocionou, acreditem!

2 963 - Os 88 anos da mãe do saudoso alferes Garcia

$
0
0
Maria do Calvário, mãe dom (saudoso alferes) Garcia, no dia dos seus 88 anos, com 
a sobrinha Noémia. Em baixo, o alferes António Garcia, no Quitexe e em 1974, há 40 anos!



O distante Trás-os-Montes vem hoje ao blogue, para fazer memória dos 88 anos de Maria do Calvário, mãe do (nosso saudoso alferes) Garcia. Comemorou-os a 6 de Dezembro, o dia de anteontem, deste ano de Cristo de 2014 e na sua terra de Pombal de Ansiães.
Eram difíceis e amargos os tempos de 1926, quando veio ao mundo, nas arribas de Portugal, por lá conhecendo as imagens e paisagens, os cheiros e os aromas, as catequeses, os abc´s da vida que a fizeram mulher e namorada de João Garcia. Juraram no altar e noivos continuaram pela vida fora, abençoados, depois, com o nascimento de António e Henrique, filhos que lhes cumpriram sonhos e felicidade.
Conheci Maria do Calvário e João Garcia em data indeterminada de 1979 e revisitei-os em 82/83, já tinham pedido o seu filho António, vítima de acidente de viação, a 2 de Novembro desse ano. Não chorámos a sua morte, mas, religiosamente, mostraram-me o seu quarto e as suas coisas - algumas, trazidas da nossa jornada angolana. Impressionou-me a serenidade de ambos.
Agosto de 2011, foi data da minha última passagem pela terra de Garcia. Já o pai João tinha falecido, em 2003 - enviuvando Maria do Calvário, que tive o gosto de abraçar no lar do Centro Social. Falámos de seu filho António, ambos grávidos de emoção.
«Isto não seria assim, se ele cá estivesse!...», segredou-me, sem deixar de mostrar serenidade, sem qualquer amargura, com olhar doce e passando-me a mão no rosto. 
Assim, como? Não disse ela, nem eu perguntei. Ficámos ambos abraçados, por momentos, cerrando os olhos e amarrados à saudade de um filho e de um amigo.
Agora, que comemorou 88 anos, a minha palavra é única e a de todos os Cavaleiros do Norte: Parabéns!
Parabéns, senhora dona Maria do Calvário, mãe amada do (nosso alferes) Garcia!!!

Viewing all 4180 articles
Browse latest View live