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Channel: CAVALEIROS DO NORTE / BCAV. 8423!
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2 243 - Bichas para combustível, restaurantes, agências e bancos

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Bicha em Luanda, em 1975, para comprar bilhetes de avião (em cima). 
Capitão Cruz e alferes Cruz, com as famílias, na praia da Barracuda (Luanda), há 39 anos!


A 14 de Agosto de 1975, o MPLA foi convidado a retirar de Luanda, com o argumento de «ali criar uma zona de paz, que permitisse a recepção de refugiados em melhores condições». Mas o movimento de Agostinho Neto opôs-se a tal, alegando que«os dois outros movimentos rivais continuavam a dominar várias cidades do país, sem que a sua retirada tenha sido exigida».
A notícia é retirada do Diário de Lisboa desse dia e referia também que «apesar da calma que continua a pairar na cidade de Luanda, reinam grandes incertezas, face à carência de alimentos, que provoca intermináveis bichas à porta dos restaurantes, que apenas conseguem fornecer refeições a uma pequena parte dos seus clientes». Ao mesmo tempo, «colunas de automóveis formam-se à frentes de estações de abastecimento, aguardando os 10 litros da gasolina a que tem direito».
Ao tempo, eram também intermináveis as bichas nas agências de viagens (para comprar  bilhetes de avião) e o mesmo acontecia junto aos bancos, onde «centenas de pessoas tentavam levantar dinheiro, operação que se tornou agora mais difícil, depois da recente medida de condicionamento dos saques, determinada apelo ministro das Finanças, Saidy Mingas», que «assim pretende evitar a fuga constante de capitais».
Terá sido por estes dias que, ao Grafanil e aos Cavaleiros do Norte, chegou o Documento dos Nove, elaborado por Melo Antunes e assinei, com os companheiros do PELREC e, acredito, a generalidade da guarnição, por sugestão do comandante Almeida e Brito e após conversas e esclarecimentos de alguns oficiais.
Cavaleiros do Norte que, fora da agenda de serviços no aquartelamento, buscavam a paz e a serenidade no lazer das praias (por exemplo), riscando dias no calendário, até ao regresso a Portugal. Recarregavam baterias e cumpriam o seu dever!

2 244 - Pinto´s, Eusébio e Nogueira do Liberato

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Pinto e Eusébio, furriéis de Zalala, em 2012. O Pinto, soldado do PELREC, 
em 1996 (em baixo). O Nogueira, condutor do Liberato, em 2014 (mais abaixo)



O dia 15 de Agosto de 1975 era sexta-feira, como hoje, e prolongou o fim de semana para quem não estava de serviço. Cada Cavaleiro do Norte «desenrascou-se» como pôde, pelos apetites que Luanda lhes abria - fosse noite, fosse dia! 
O Albano Resende (conterrâneo civil), no meu caso, providenciou um almoço na casa de família, então bem perto da praça de touros - onde se dizia que estariam centenas ou milhares de presos, sujeitos a torturas. Nunca vi, mas sempre de tal ouvi falar. Uma tragédia, nos dias luandinos de Agosto desse ano.
O dia foi também de anos (23!!! doces e jovens aninhos) de três Cavaleiros do Norte: um da CCS, meu companheiro do PELREC, o 1º. cabo atirador João Pinto; e dois de Zalala, os furriéis milicianos Eusébio Martins e Manuel Pinto.
O Manuel Pinto já fôra meu companheiro na dura instrução do CIOE, em Lamego. Tinha sido do meu grupo e da minha equipa. É empresário em Paredes, do Porto - embora natural de Penafiel.
O Eusébio, de Belmonte e atirador de cavalaria, foi funcionário público e faleceu já este ano,  a 1 de Abril, de paragem cárdio-respiratória. 
O Pinto (1º. cabo atirador de cavalaria Joºao Augusto Rei Pinto) mora além-Tejo, em Corroios, em situação de pré-reforma.
O Nogueira, da Companhia do Liberato, já na altura tinha passado à disponibilidade. Foi condutor e integrava a Companhia de Caçadores 209/RI 21, angolana, que se revoltou em Outubro de 1974. Natural de Tomar, foi para Angola aos 5 anos e de lá veio em 1975.
«Realistou-se» nos Cavaleiros do Norte em Outubro de 2012 e passou este ano a «alinhar» nos convívios da CCS. É deste, a 31 de Maio de 2014 e na Lomba de Gondomar, a foto aqui ao lado.
A morte de Eusébio,  ver AQUI
O Nogueira do Liberato, ver AQUI

2 245 - A 3ª. Companhia na Fortaleza de S. Miguel

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Fortaleza de S. Miguel e baía e cidade de Luanda (em cima). Em baixo, 
Alfredo Coelho (Buraquinho) no Quitexe. Ao fundo, vê-se a messe e bar dos sargentos




O Alfredo Coelho (Buraquinho) veio lembrar-nos que a 3ª. CCAV. 8423, dois dias depois de ter chegado ao Grafanil (portanto, a 8 de Agosto de 1975), foi chamada a fazer guarda à Fortaleza de S. Miguel, em Luanda.
Era na encosta, para o lado da Corimba, no chamado bairro do Saneamento (se estou bem lembrado), que se situavam as residências da maior parte dos membros do Governo de Angola.
«Era assim, fossem eles do MPLA, da FNLA ou da UNITA», diz o Buraquinho, que por lá esteve a fazer de enfermeiro - ele que era analista de águas - e, segundo o seu testemunho, «para o que desse e viesse».
«Nessa altura, havia saques de vivendas, até o ar condicionado era roubado», recorda o Buraquinho, dando conta que «quando estávamos para ir embora da Fortaleza, apareceu a polícia militar do MPLA, em motas e com a bandeira deles em bandoleira, a querer interrogar-nos».
«Foi-lhes dito, já não me lembro por quem, mas deveria ter sido o alferes miliciano, que quem ali mandava era a tropa portuguesa e para se retirarem o mais depressa possível», narra o Buraquinho, acrescentando que «eles acataram as ordens e foram-se embora».
Concluiu o Buraquinho que o incidente terá ocorrido por volta das 22 horas e que «graças a Deus, tudo correu bem».

2 246 - A iminência de um ataque da FNLA a Luanda.

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Luanda, o Largo da Mutamba - ou Maria da Fonte. Em baixo, 
notícia sobre a preparação de um ataque da FNLA a Luanda, há 39 anos

Os dias de Luanda iam passando, pelos meados de Agosto de 1975, com as mesmas dúvidas e credos na boca. Fervilhavam os boatos, de toda a ordem e gravidade, e os Cavaleiros do Norte contavam os dias para o regresso a Lisboa e aos cheiros das suas terras, aos colos das suas famílias e afectos.
A 16 desse mês, um sábado, o que se temia era um ataque aéreo a Luanda, da FNLA, a partir da base do Negage - que tinha sido abandonada pelas NT no dia 4, aquando da saída de Carmona. Caças-bombardeiros Mirage e aviões Skymaster estaria a descarregar material bélico naquela base e temia-se, segundo se pode ler no Diário de Lisboa desse dia, «um iminente ataque a Luanda», ou, noutra perspectiva, «uma possível tentativa para fazer avançar, a partir do Caxito, as forças da FNLA».
Tal não se veio a verificar.

2 247 - A FNLA em Lucala e à volta de Luanda

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Cavaleiros do Norte da CCS: 1º. cabo Almeida, Messejana, Neves, 1º. cabo Soares, Florêncio, 1º. cabo  Silvestre, Marcos, Pinto, Caixarias e 1º. cabo Florindo (enfermeiro), em cima. Em baixo. 1º. cabo Vicente, furriel Viegas, Francisco Leal, 1º. cabo Oliveira (transmissões), 1º. cabo Hipólito, Madaleno e furriel Neto. O PELREC, pronto a sair para mais uma operação


A 17 de Agosto de 1975, a FNLA reconquistou Lucala mas não fez o mesmo ao Caxito, a principal «parede» de entrada na capital, Luanda. Era em Luanda que os Cavaleiros do Norte continuavam a cortar dias no calendário. 
A CCS partiria no navio «Niassa», de Luanda para Lisboa, a 8 de Setembro.
Era Luanda o grande objectivo da FNLA e, segundo o Diário de Lisboa, de 18 de Agosto, a reconquista de Lucala tinha sido resultado de«um outro golpe de força poderá envolver 10 000 homens do ELNA». Lucala, recordemos, era localidade importante do eixo Luanda-Luso, entre Salazar e Malanje. Por lá passaram os Cavaleiros do Norte, pelas 14 horas de 5 de Agosto - depois de um héli do reconhecimento aéreo ter sido alvejado. E ali foi abandonada uma viatura, avariada.
«Travaram-se violentos combates, que ainda não terminaram, pois a FNLA manifestou o objectivo de avançar para Salazar», relatava o Diário de Lisboa de 18 de Agosto de 1975. Salazar estava na posse do MPLA há algumas semanas.



2 248 - Cavaleiros do Norte de Aldeia Viçosa reúnem em Valongo

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Cavaleiros de Aldeia Viçosa no Fundão (2013). O Beato (em baixo)


A 2ª. CCAV. 8423, a de Aldeia Viçosa, vai reunir-se a 27 de Setembro de 2014, em Valongo, cidade nos arredores do Porto. Será o seu 14º. almoço de convívio e a «ementa» será da Churrasqueira Inglesa.
O encontro de 2013 (a que se refere a foto) foi no Fundão e, este ano, na cidade valonguense, a concentração está marcada para entre as 10 e as 12 horas, em frente ao edifício da Câmara Municipal. A ideia é juntar os Cavaleiros do Norte que, na uíjana Aldeia Viçosa, cumpriram a sua missão de soberania entre 10 de Junho de 1974 e 26 de Maio de 1975 - quando rodaram para Carmona.
A 2ª. CCAV. 8423 era comandada pelo capitão miliciano José Manuel Cruz, com os alferes João Machado, João Periquito, Domingos Carvalho e Jorge Capela. O sargento da Companhia era o 1º. Fernando Norte e furriéis milicianos eram o António Letras (operações especiais), o António Cruz, o Freitas Ferreira, o Mário Matos, o João Brejo, o Rafael Ramalho, o José Costa, o António Guedes e o José Gomes (todos atiradores de cavalaria), o Abel Mourato (vagomestre), o António Rebelo (transmissões), o Amorim Martins (mecânico) e o António Chitas (armamento pesado).
Os interessados em participar devem contactar o Beato, até 10 de Setembro, pelos telefones 224221948 e 963573376.

2 249 - A história de amor do «sô» Cabrita

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Palmira, Viegas e Cabrita, com a  baía de Cascais em fundo, em 
Agosto de 2014. Cabrita e Viegas no Quitexe, em 1974 (em baixo)


Há 40 anos, o «sô» Cabrita andava em pulgas, inquieto, por querer escrever a Palmira. Socorreu-se de mim, que, com o Cruz e o Neto, a ele e a outros Cavaleiros do Norte, arregimentávamos aulas, para que tirassem a 4ª. classe, que lhes seria bom instrumento de vida.
Queria o «sô» Cabrita o «canudo» para depois tirar carta de barco, pois queria seguir (e seguiu) a vida de pescador. E também namorar Palmira, que ao tempo fazia serviço no Hotel do Alvor. E namorou. E casou!
Em 1995, no encontro de Águeda - o primeiro da saga confraternizadora dos Cavaleiros do Norte!! - veio o «sô» Cabrita e Palmira, com o filho. E quis Palmira saber quem, afinal, lhe escrevia as cartas de... Cabrita. E lia as suas, as que davam resposta às juras de amor de Cabrita. Pois, era eu..., era sim senhor!! A pedido dele!
Poupando palavras na história, várias vezes depois nos encontrámos no seu (deles) Alvor natal e, nos últimos anos, em Cascais - onde a família Cabrita assentou arrais e faz vida. Assim foi neste ano da graça de 2014.
«Táva mesmo à espérinha do telefonema...», disse-me o Cabrita, quando o «avisei» do almoço do dia seguinte. A que apareceu ele e a sua Palmira.
Está bem de ver que a história voltou à mesa, puxada por Palmira, e foi agradabilíssimo voltar atrás, recuar 40 anos no tempo e chegar ao Quitexe de 1974, quando Cabrita semeava juras de amor e as levou ao altar, com promessas de fidelidade para toda a vida.
Também é destes momentos que se faz a história dos Cavaleiros do Norte!

2 250 - A morte do soldado Barreiros e deserções da FNLA

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Campo Militar do Grafanil, onde os Cavaleiros do Norte estiveram entre 4 de Agosto e meados de Setembro de 1975 (foto de Jorge Oliveira)



A imprensa de 21 de Agosto de 1975 dava conta, como se pode ver no recorte do Diário de Lisboa, da iminência de um encontro entre o MPLA e a UNITA, que seria em Luanda ou mesmo no Lobito. Mas não era certo. 
As dificuldades telefónicas que ao tempo de sentiam não permitiam ter certeza sobre tal e muito menos sobre uma reunião da UNITA que, na véspera, se teria realizado em Silva Porto. 
A situação, em Luanda, não tinha grandes alterações, depois de expulsas a FNLA e a UNITA. A FNLA, a partir do Caxito, tentara uma reaproximação à capital, mas fora rechaçada pelo MPLA, em Quifangondo. Registaram-se, no entretanto, incidentes no porto de Luanda, devido a greves que o o movimento de Agostinho Neto dizia serem dinamizada por «provocadores infiltrados». 
Os incidentes de 20 de Agosto (envolvendo fuzileiros portugueses) levaram, inclusivé, a  nova paralização do porto.
O mesmo dia 21 de Agosto de 1975 foi tempo para dois desertores falarem de torturas no interior da FNLA. Banga Lapas e Felicien Thelpho estavam numa base do MPLA em Luanda e falaram à revista Afrique-Asie. Banga Lapas tinha sido capturado pelo MPLA mas depois recusou ser trocado por outros prisioneiros da FNLA - aderindo ao MPLA, de que era toda a sua família.
Felicien Thelpho afirmava-se zairense e de ter sido «apanhado» em Kinshasa, à saída de um cinema, para, à força, ingressar nas forças militares da FNLA. Denunciou a existência de uma sala de tortura do movimento de Holden Roberto, no bairro Cazenga - onde ele mesmo se disse agredido. E receava ser abatido. Ver AQUI.
Os Cavaleiros do Norte continuavam os seus últimos dias de missão, na altura vivendo a tragédia da morte (no dia 20), por doença, do  soldado atirador Manuel José Montez Barreiros, da 3ª. CCAV. 8423, a de Santa Isabel. Já teria sido transferido doente, de Carmona, e terá falecido no Hospital Militar de Luanda - onde foi identificado pelo (ex-furriel miliciano de alimentação) Agostinho Belo. 
O seu corpo foi trasladado para Lisboa (no mesmo avião em que viajou a 3ª. CCAV.) e enterrado na sua terra natal, em Aldeia de Além (Alcanede). Era casado e deixou viúva e um filho, que actualmente mora na zona de Fátima.


2 251 - Evacuação para Lisboa e cartas para a família

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Manifestação em Luanda, exigindo a evacuação dos portugueses (foto 
de Manuel Rios). Viegas e Albano Resende na ilha de Luanda (em baixo)



Os dias de Luanda, em finais de Agosto de 1975, lá se iam passando, com um vagar nada compatível com a nossa pressa de vir embora. Já sabíamos do dia da partida - a CCS a 8 de Setembro, no navio Niassa (o que não se viria a conformar) -, e eu, por mim, apressava com o meu amigo Resende (foto) uma combinação: ele, nos dez dias de viagem marítima para Lisboa, iria colocar correio que eu lhe deixaria, para que fosse chegando aos seus destinos e ninguém «desconfiasse» que estava a regressar. Queria chegar de surpresa. Como cheguei.
A 2 de Agosto, em Lisboa, o presidente Costa Gomes pediu auxílio aos Estados Unidos, para a necessária evacuação de portugueses que queriam deixar Angola. Calculava-se que seriam 330 000 e o Presidente da República solicitou ajuda americana para transportar 140 000. Ajudar os americanos ajudariam, mas Portugal (exigiam) teria de mudar de governo, que era liderado por Vasco Gonçalves. Levou tempo, o impasse!
Centenas de desalojados manifestaram-se em Luanda, exigindo a partida para Portugal. O alto-comissário interino, o general Ferreira de Macedo, falou-lhes da varanda do palácio do governo e garantiu que não seria esquecidos. E anotou que «a manifestação decorreu com ordem e civismo».
O jornal «A Província de Angola» publicou no dia seguinte (23 de Agosto) uma foto (de que, infelizmente não consegui cópia) que, em primeiro plano trazia o casal Mário e Benedita, meus conterrâneos (ambos ainda vivos) e que eu procurava há alguns dias. A pista deu para saber que, com centenas de pessoas, estavam alojados nas instalações da Sacor, onde ele trabalhava. Lá fui encontrá-los, satisfazendo um pedido da família (daqui).   

2 252 - Pedido a americanos e procura de familiares

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Viegas e a Família Neves Polido em Nova Lisboa (Abril de 1975)


A 23 de Agosto de 1975, o embaixador americano em Lisboa (Carlucci) deu cinta aos enviados do presidente Costa Gomes (o chefe de gabinete e o major António Caldas) da improbabilidade de s EUA negociar com Vasco Gonçalves (2º. ministro) o apoio à evacuação de refugiados de Angola.
Os americanos avançariam, garantiu o embaixador, mas adiantou que tal «poderia ser muito mais rápido e receber mais apoios dos EUA se o presidente mudasse o governo», até 3ª.-feira seguinte - que era dia 26 de Agosto. Costa Gomes, pela segunda vez, pediu a Vasco Gonçalves que se demitisse, mas nada feito. Funcionou a favor o facto de os americanos se quererem antecipar aos russos nessa ajuda pedida por Portugal.
Os Cavaleiros do Norte continuavam no Grafanil e a situação dos portugueses que queriam vir para Lisboa era dramática. Amontoavam-se no aeroporto e imediações e foi por lá que, entre milhares de pessoas, tentei encontrar familiares meus - a família de Cecília Neves, de Nova Lisboa. Não encontrei, nem os consegui localizar em Nova Lisboa, onde o telefone do Hotel Bimbe nunca me atendeu.
Por esses dias, uma das minhas grandes preocupações (a maior!!!) era saber de familiares e conterrâneos de quem não havia notícias na minha aldeia. Tinha recebido correio de minha mãe nesse sentido e, por lá, fazia todos os esforços, na companhia do conterrâneo Albano Resende.
Ver AQUI 

2 254 - O Caetano foi achado no meio do futebol

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Caetano e Viegas, Cavaleiros do Norte no estádio do Bessa

O que tem a ver o Boavista-Benfica com os Cavaleiros do Norte? Nada!!! Nada e tudo!! Ontem, no estádio do Bessa e acidentalmente, encontraram-se o Caetano e o Viegas e, vai daí, lá foi aquele abraço e mais um mitigar de saudades da nossa jornada africana.
O destino, por razões que não vem ao caso, «emprestou-me» (CV) no estádio do Bessa na tarde de ontem e, como me é habito, entrei cedo. E por lá fui matando tempo, fazendo tempo para a hora do jogo. Li o jornal, fiz palavras cruzadas, olhei a chegada da entusiasmada massa adepta do Boavista, os seus «gritos de guerra», tudo em ambiente de festa.
Por ali estava, quando, olhando à esquerda, dei de olhos com o Caetano, de cachecol pendurado no pescoço, em animado bate-boca com outros entusiasmados boavisteiros. Fiz-lhe sinal, não foi à primeira que me viu e surpreendeu-se quando deu comigo.
«O que fazes aqui?...», perguntou-me ele, não escondendo a cara de espantado, por me ver entre adeptos do seu clube.
Ora, estava a ver a bola!
Vim a saber, no intervalo, que por lá estava também o Miguel Teixeira (da secretaria da CCS), que, porém, não cheguei a ver. Já no fim do jogo, voltamos a ter um bate-papo e é deste tempo a foto ali de cima.
- CAETANO. José António Cardoso Caetano, soldado 
clarim da CCS. Aposentado, mora no Bom Sucesso, no Porto e, 
como se vê, é indefectível adepto do Boavista.

2 255 - Canhões de longo alcance despejados em Carmona

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Aeroporto de Carmona

O MPLA, a 25 de Agosto de 1975, denunciou a  presença de aviões «Skymaster», num«vaivém entre Kinshasa (Zaire) e Carmona (norte de Angola), onde estão concentradas importantes forças militares da FNLA». Tais aviões, ainda segundo o MPLA,«estariam a fornecer armamento, incluindo canhões de longo alcance».
A denúncia foi formalmente desmentida pelo governo americano (disso acusado) e o movimento de Agostinho Neto, que cada vez mais dominava mais capitais provinciais, acusava  presença de «200 instrutores chineses, a 80 quilómetros de Luanda, perto do Caxito», e que «mercenários do Zaire, da Tunísia e afro-americanos combateriam ao lado da FNLA».
Carmona era, recordemos, a capital do Uíge, onde a última guarnição militar portuguesa foi o Batalhão de Cavalaria 8423 - que de lá saiu a 5 de Agosto, 20 dias antes. 
A 25 de Agosto realizou-se nova manifestação de brancos, que exigiam a evacuação para Portugal, desta vez junto ao mercado municipal de Luanda. Alguns deles, segundo a imprensa da época, «estão há mais de três meses à espera de partir». 
A evacuação, como por aqui já dissemos, dependia da ajuda de países amigos, já que Portugal não tinha capacidade para, até à independência (11 de Novembro), evacuar os (previstos) 300 000 brancos que tal pretendiam. Os manifestantes «transportavam cartazes, pedindo que fossem destacados mais aviões e navios, para a operação». Apesar do seu «visível desespero», os manifestantes «portaram-se ordeiramente e sem violências».

2 256 - Vésperas do regresso e cubanos em Angola

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Neto e Viegas, da direita para a esquerda, com os conterrâneos aguedenses 
Carlos Sucena (à esquerda) e Gilberto Marques (de pé) na casa de Viana. 
O comandante Raúl Arguelles, oficial cubano, à esquerda (foto de baixo)


Os dias de Agosto de 1975 aproximavam-se do fim e os Cavaleiros do Norte tinha cada vez mais próximo o dia da partida, que era o regresso a Lisboa e às suas casas. Por mim, ia fazendo despedidas dos civis amigos que tinha na capital e arredores e não perdia oportunidade para um bom «adeus», como o que a foto testemunha, com os conterrâneos Carlos Sucena e Gilberto Marques - na casa de Viana. 
A situação dos (não) evacuados continuava delicada e Portugal, sem resposta dos países amigos, tinha a  braços «uma situação dramática e trágica», como referia Robert Ingersoll, Secretário de Estado Adjunto de Henry Kissinger, o chefe da diplomacia norte-americana - num, documento enviado ao presidente Gerald Ford. 
«A situação angolana permanece dramática e trágica, mas ainda não é sangrenta, pelos menos no que respeita aos refugiados portugueses», referia Robert Ingersoll. 
Já era certa a ajuda americana e certa era também a queda do governo de Vasco Gonçalves - uma «sugestão» dos americanos.
Luanda fervilhava de boatos e era expectado um ataque da FNLA, que se sabia estar a organizar no Caxito e a ser rearmada a partir do aeroporto de Carmona. A «nossa» Carmona!!! Era isso que se falava em Luanda, onde já era comummente falada a presença de cubanos. Eu, nunca os vi!!! Sabe-se agora que a primeira Missão Militar Cubana em Angola (MMCA), comandada por Raúl Arguelles, tinha chegada a 21 de Agosto e que  - envolvendo 480 soldados. Outros chegariam.

2 257 - Embarque no Niassa e fuzilamentos do MPLA

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Cavaleiros do Norte. Monteiro (à esquerda), Machado (sublinhado a branco), Costa (Morteiros) e 
Lages. Atrás. Rocha (a amarelo), Fonseca, Bento, Viegas, Belo e Ribeiro. Em baixo, o navio «Niassa»


O Neto e eu, nos últimos dias de Agosto de 1975, fomos incumbidos de fazer as marcações dos Cavaleiros do Norte da CCS no Niassa, navio que estava atracado no porto de Luanda e que seria o nosso transporte para Lisboa, a 8 de Agosto. 
A «ordem» foi do capitão Oliveira e lá fomos, por mais de uma vez e tendo de «enfrentar» a hostilidade dos homens do MPLA, que por lá erguiam armas e sensibilizavam os estivadores para fazerem greves. Como se sabe, acabámos por viajar de avião, no mesmo dia 8 de Setembro.
O ambiente na capital angola continuava «pesado e o dia 28 de Agosto (dia de anos do furriel Machado) foi alarmado com a notícia do fuzilamento de 6 homens do MPLA, por ordem do mesmo MPLA, depois de um julgamento sumário, na véspera, em tribunal popular realizado no bairro do Sambizanga. 
O directório do partido de Agostinho Neto tinha sido radical: os seus homens eram «acusados de violarem, roubarem e assassinarem 11 pessoas». A imprensa do dia dava conta que «o tribunal popular pronunciou-se contra os réus, que foram fuzilados de público».
O MPLA, em comunicado desse dia, frisava que os seus militantes tinham de«cumprir, integral e conscientemente as disposições contidas nas leis de disciplina das FAPLA» (o seu braço armado) e «reafirma, mais uma vez, que toda a infracção a esse lei, será punida com a justiça e com a rigidez que ela permite e que a gravidade do caso impuser». A morte, por fuzilamento, neste caso.
Assim iam os dias de Angola, há 39 anos - altura em que o mesmo MPLA denunciou a invasão do sul, por tropas sul-africanas. Teriam entrado a partir da Namíbia e destruído a povoação fronteiriça de Santa Clara. A nota do partido/movimento de Agostinho Neto dava conta que já tinham passado Namacunde, em direcção a Chieve e, a 27 de Agosto de 1975, «ameaçando Pereira d´Eça, capital do Cunene, distrito controlado pelo MPLA».

2 258 - Angola sem governo e greve no Niassa

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Major Emílio Silva, Rui Sá (Dibala), general Ferreira de Macedo, Agostinho Neto, comandante Leonel Cardoso, Joaquim Kapango, António Augusto Almeida e Hermínio Escórcio (em cima), Pedro Tonha (Pedalé), Magalhães Paiva (Nvunda), João Caetano (Monstro Imortal),  Zacarias Pinto (Bolingó), Aristides Van-Dúnen e Carlos Rocha (Dilolwa). Em baixo, porta d´armas do Capo Militar do Grafanil última casa angolana dos Cavaleiros do Norte


A 29 de Agosto de 1975 e por ordem do Alto Comissário interino, general Ferreira de Macedo, foi «extinto» o Governo de Transição de Angola - que, de resto, já não funcionava, na prática. FNLA e UNITA, afastadas da capital, há tempo que não tinham ministros em exercício.
O governo fora formado nos termos do Acordo do Alvor mas deixara de funcionar desde o princípio do mês. Apenas os ministros do MPLA se mantinham em funções. MPLA que contestou, mas de nada valeu. A data é coincidente com a notícia, chegada de Lisboa, de que o 1º. Ministro Vasco Gonçalves se demitiria (como queriam os americanos) mas que se manteria em funções até à posse do almirante Pinheiro de Azevedo.
Em Luanda, com (alguns) Cavaleiros do Norte a fecharem caixotes para enviar para Lisboa, no Niassa, soube-se que as tripulações deste navio e do Cunene, do Porto Amélia, do Amarante e do Braga, navios da Companhia Nacional de Navegação - iriam entrar de greve por cinco dias, instigados pelo MPLA.
O Niassa, recordemos, era o navio em que viajariam os Cavaleiros do Norte - alguns dos 1200 militares que nele deviam voltar a Lisboa, para o efeito fretado. Hoje, sabemos que foi por isso que, de navio, passámos a viajar de avião. Sorte nossa.

2 259 - UNITA tranquila e MPLA de dedo apontado a Portugal

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Campo Militar do Grafanil, a última casa angolana dos Cavaleiros do Norte

A 30 de Agosto de 1975, os Cavaleiros do Norte continuavam no Grafanial e a UNITA deu um conferência de imprensa em Lisboa, afirmando-se como «um movimento de libertação tranquilo, em relação ao apoio disfrutado junto do povo e  a capacidade de mobilização, politização e sensibilização junto dos camponeses, operários e intelectuais revolucionários conscientes».
O partido de Jonas Savimbi queixou-se da falta de acesso aos órgãos de informação angolanos e desmentiu «o acordo de cessar fogo com o MPLA e a realiz
ação de acções integradas com a FNLA». 
A delegação era liderada por José Ndele, o 1º. Ministro do Governo de Transição - que o Alto Comissário interino, Ferreira de Macedo fizera cessar dias antes - e negou que o governo tivesse acabado. «O Governo de Transição existiu sempre. As condições é que não permitem que toda a gente possa estar no lugar da suas funções», disse José Ndele, que, em Lisboa, estava acompanhado de Wilson Santos (do bureau político) e Paulo Tjipilica (delegado a UNITA em Luanda).
Em Luanda, confirmava-se a rutura do MPLA com o Governo Português, acusado, num comunicado de três páginas, publicado na imprensa local. Nomeadamente, que «a coberto de uma falsa neutralidade, permitiu que o nosso país fosse invadido pelo exército do Zaire e pelo da África do Sul». Acrescentava o documento que «o mesmo governo (português) assistiu impassível aos crimes atrozes perpetrados pela FNLA e pela UNITA» e de ter «consentido o assassínio em massa de angolanos, torturados até à morte, violados e espancados até os canibais imperialistas se sentirem satisfeitos».
A tese de canibalismo era expressamente dirigida aos homens da FNLA.

2 260 - Último dia de Agosto de 1975

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Baía de Luanda, vista do lado do porto. À direita, em cima, a fortaleza (1974/75). 
Rua do restaurante Portugália, pouso habitual da tropa. Perto, era o Apolo e a Mutamba



A baixa de Luanda era muito frequentada por militares - e, naturalmente, por muitos Cavaleiros do Norte, idos do Grafanil. Sempre fervilhava de notícias e boatos e, há 39 anos, 31 de Agosto de 1975, constou (e confirmou-se) que tinha sido abatido, pela FNLA, um alferes miliciano do Batalhão de Caçadores 5010/74.

O Batalhão tinha estado no Béu, perto de Maquela do Zombo (já nas imediações da fronteira com o Zaire) e,  nos finais de Fevereiro tinha passado pelo Quitexe, em controlo de circunstância e caminho de Luanda. Mais adiante, entre o Piri e Úcua, um acidente (choque de uma Berliet com um Unimog da coluna, seguido de despiste) provocou a norte do 1º. cabo auxiliar de enfermagem Luís Manuel Andrade Costa soldado atirador Manuel da Silva.
Agora, era a notícia da morte do alferes Bragança, depois de agredido com um soco e de lhe ter sido pedida a arma, o que recusou fazer, com um gesto. Foi mortalmente baleado, logo de seguida. Ele e mais três soldados e dois civis tinham estado a fazer segurança às captações de água do Quifangondo e regressavam a Luanda pela estrada do Caxito, quando lhes apareceram as tropas da FNLA. Até agradeceram o facto de as NT estarem a proteger os depósitos, mas depois um militar acusou um soldado português de usar camuflado do MPLA. Atingiram a viatura nos pneus e depósito, abateram o oficial miliciano e feriram um dos soldados, de raspão. Depois, estes, desarmados, caminharam 10 quilómetros e foram atados com cordas e metidos numa Panhard. Já se preparavam para os abater quando um  comandante da FNLA interveio e os levou para uma fazenda da Barra do Dande. 
A 31 de Agosto (hoje se fazem 39 anos) foram levados para o Ambriz, onde aguardaram ir para Luanda sem que lhes infligissem maus tratos. Foram resgatados a 2 de Setembro.   
- BRAGANÇA. D. José Luís Empis de Bragança, de 
família aristocrata de Lisboa, alferes miliciano 
do BCAÇ. 5010/74. Nasceu a 2 de Dezembro de 1951 
e faleceu a 30 de Agosto de 1975
* A morte do alferes Bragança 
- Ver AQUI

2 261 - A uma semana da viagem do regresso a Portugal

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Cavaleiros do Norte. O alferes Cruz, ao centro (de bigode e óculos), com o Domingos Teixeira (estofador, de tronco nu) e o Breda (1º. cabo) à sua direita. À sua esquerda, nossa direita, Agostinho Teixeira (pintor) e Pagaimo (de camuflado). E os outros, quem se lembra do nome deles. É malta da «ferrugem».



1 de Setembro de 1975, Luanda!!! Os Cavaleiros do Norte estão a uma semana de regressar a Portugal. Embarcarão a 8, no navio Niassa. As comissões militares tinham sido reduzidas para 15 meses e o BCAV. 8423 é já o último, em terras de Angola, com formação militar pré-25 de Abril. Por isso, muitos companheiros (mais novos, por lá...) nos chamam de «tropa fascista, colonialista...» e outros istas.
Recordo um conversa, pouco simpática, com militares do Batalhão de Intervenção que chegou em Agosto e de tantas vezes isso nos chamarem que, alertando-os para os perigos que corriam na cidade, os «avisámos»: «Deus queira que não tenham de subir para o avião, com as armas apontadas para os camaradas...».  
Os  (novos) militares tinham assumidamente formação tendenciosa e usavam linguagem nova para nós, parida do PREC que por cá se desenvolvia. Mal preparados, julgavam ir para um paraíso e participar, alegremente, na festa da independência. Nós, éramos tropa fascista e salazarenta, neo-colonialista!!!! Fachos!!!
A linguagem chocava os nossos ouvidos e doía na alma! Mas já pouco lhe ligávamos! Daí, a 8 dias, lá viríamos nós, mar fora, galgando o atlântico, até Lisboa, até às nossas terras e aos seus cheiros, ao abraço dos nossos familiares e amigos! 
A 1 de Setembro de 1975, há 39 anos, uma segunda-feira, o jornal «Comércio de Luanda» dava conta que Lopo Nascimento, dirigente do MPLA e chegado de Lisboa, poderia vir a ser Alto-Comissário Adjunto, trabalhando com o almirante Leonel Cardoso - já empossado como Alto Comissário. Seria (mas não chegou a ser...) o terceiro da hierarquia - depois de Leonel Cardoso e do general Heitor Almendra, comandante-chefe adjunto. Seria 1º. ministro de Angola, depois da independência de 11 de Novembro de 1975.

2 262 - Greves no porto de Luanda e Cavaleiros à espera

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Cavaleiros do Norte, grupo de furriéis milicianos. Cardoso, Carvalho, Bento, Costa (morteiros) e Fernandes (atrás), Rocha, Viegas, Morais, Pires (Bragança), Fonseca e Flora (sentados) e Ribeiro (à frente). Em baixo, notícia de há 39 anos


Aos dois dias de Setembro de 1975, confirmou-se a greve dos trabalhadores do porto de Luanda, para, entre outras razões, «não carregarem os bens dos portugueses que estavam a espoliar Angola do que lhe pertencia». Vinham a ser instigados pelo MPLA e as tripulações de 5 navios da Companhia Nacional de Navegação estavam paralisadas desde 29 de Agosto, por 5 dias - tripulações do Cunene, do Niassa (que traria os Cavaleiros do Norte), do Porto Amélia, do Amarante e do Braga.
A 2 de Setembro, hoje se fazem 39 anos, soube-se que os 5 navios abandonariam Angola no dia 5 - a sexta-feira seguinte. Porém, a tripulação do Niassa fez saber que se dispunha a«assegurar o regresso dos militares e civis desalojados». Militares, seriam 1 200!!! Nesse 5 de Setembro, o Niassa interrompeu a greve, mas o BCAV. 8423 acabaria por vir, felizmente, de avião.
O editorial do Jornal de Angola, (nesse tempo) afecto ao MPLA e nesse mesmo 2 de Setembro, dava conta das dúvidas sobre o êxito das negociações com a UNITA, em Lisboa. Escrevia o jornal que«a luta de libertação de Angola se transformou num conflito entre o povo angolano e a UNITA, aliada à FNLA». E, sobre o acordo de cessar fogo entre os dois movimentos, discutido em Lisboa, poucas esperanças deixava transparecer.
A France Press, em despacho da véspera, falava em «rumores que circulam com insistência em Luanda», segundo os quais «12 tanques russos teriam chegado no domingo de manhã, de avião, à capital angolana». E que «teriam mesmo atravessado a cidade de madrugada, para atingirem um destino desconhecido».
A FNLA continuava concentrada na zona do Caxito/Barra do Dande e não eram conhecidos avanços, embora se falasse do seu reforço de material pesado, a partir do aeroporto de Carmona. A «nossa» Carmona!
O corpo do alferes Bragança chegou a Luanda na véspera (1 de Setembro).

2 263 - Cavaleiros a partir e FNLA às portas de Luanda

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Cavaleiros do Norte. Soares (atirador), Oliveira, Pais e Rocha, Estrela (com o macaco), Silva (rádio-montador), alferes Hermida (de camuflado, quico e bigode), Zambujo e furriel Pires (de braços cruzados), Abel Felicíssimo (de bigode, da 1ª. CCAV.), Mendes, Soares (transmissões), NN (de mão no queixo) e Wilson. De cócoras, Jorge Silva (1ª. CCAV.), Costa, Salgueiro (?), furriel Cruz e Tomás. Capa do Livro da Unidade (em baixo)



Aos três dias de Agosto de 1975, cada vez mais próximo do do embarque dos Cavaleiros do Norte, soube-se em Luanda que o MPLA travara a FNLA que, a 31 de Agosto, tinha avançado até 20 quilómetros da capital.
O objectivo da FNLA, segundo o Diário de Lisboa desse dia, era «destruir as reservas de água que abastecem a cidade de Luanda e que ficam a 20 quilómetros»
«Deixámo-los avançar num sector que conhecíamos perfeitamente (....) porque tínhamos falta de artilharia e depois contra-atacámos», disse um militar do MPLA.
Oficiais, sargentos e praças portugueses, entretanto, divulgaram um comunicado em que «denunciaram as provocações que vem sofrendo da parte da FNLA». O documento lembrava a morte do alferes Bragança e o aprisionamento dos outros soldados e exigiram a sua «imediata libertação» e também «a apresentação pública de desculpas da FNLA». Se tal não acontecesse «no prazo de 24 horas», os militares portugueses exigiam do COPLAD «uma acção punitiva contra as forças da FNLA».
Os Cavaleiros do Norte faziam exame da sua comissão em terras de Angola. «Julga-se que bastará sentir-se que se parte com a consciência de haver cumprido o dever que nos solicitaram e que nem sempre foi fácil de cumprir. Essa certeza existe? Julga-se que sim», lê-se no Livro da Unidade.
- COPLAD. Comando Operacional de Luanda.
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