Bicha em Luanda, em 1975, para comprar bilhetes de avião (em cima).
Capitão Cruz e alferes Cruz, com as famílias, na praia da Barracuda (Luanda), há 39 anos!
A 14 de Agosto de 1975, o MPLA foi convidado a retirar de Luanda, com o argumento de «ali criar uma zona de paz, que permitisse a recepção de refugiados em melhores condições». Mas o movimento de Agostinho Neto opôs-se a tal, alegando que«os dois outros movimentos rivais continuavam a dominar várias cidades do país, sem que a sua retirada tenha sido exigida».
A notícia é retirada do Diário de Lisboa desse dia e referia também que «apesar da calma que continua a pairar na cidade de Luanda, reinam grandes incertezas, face à carência de alimentos, que provoca intermináveis bichas à porta dos restaurantes, que apenas conseguem fornecer refeições a uma pequena parte dos seus clientes». Ao mesmo tempo, «colunas de automóveis formam-se à frentes de estações de abastecimento, aguardando os 10 litros da gasolina a que tem direito».
Ao tempo, eram também intermináveis as bichas nas agências de viagens (para comprar bilhetes de avião) e o mesmo acontecia junto aos bancos, onde «centenas de pessoas tentavam levantar dinheiro, operação que se tornou agora mais difícil, depois da recente medida de condicionamento dos saques, determinada apelo ministro das Finanças, Saidy Mingas», que «assim pretende evitar a fuga constante de capitais».
Terá sido por estes dias que, ao Grafanil e aos Cavaleiros do Norte, chegou o Documento dos Nove, elaborado por Melo Antunes e assinei, com os companheiros do PELREC e, acredito, a generalidade da guarnição, por sugestão do comandante Almeida e Brito e após conversas e esclarecimentos de alguns oficiais.
Cavaleiros do Norte que, fora da agenda de serviços no aquartelamento, buscavam a paz e a serenidade no lazer das praias (por exemplo), riscando dias no calendário, até ao regresso a Portugal. Recarregavam baterias e cumpriam o seu dever!