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Channel: CAVALEIROS DO NORTE / BCAV. 8423!
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2 264 - Comemorações do regresso antecipadas alguns dias

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Neto e Viegas, em 1974, no Quitexe (em cima). 
Viegas e Neto em 2014, em Águeda (em baixo)


Há 39 anos, em Luanda, estávamos a fazer malas para voltar a Lisboa. A 4 de Setembro de 1975, já sabíamos que do navio «Niassa» passávamos para um avião dos TAM, mantendo-se a partida da CCS para o dia 8. Era já na segunda-feira seguinte e estávamos numa quinta - como hoje.
A coincidência de, nos últimos 21 anos, se realizar em Águeda a Festa do Leitão, por esta altura, fez-nos (a mim e ao Neto) «fazer» o hábito de celebrarmos o dia, com um bem apaladado e regado almoço do dito cujo. Sempre que coincide com o dia 8, é almoçarada no dia 8 - há três anos partilhada com o Monteiro (da CCS), o Pinto e o Rodrigues (da 1ª. CCAV.). Este ano, sendo o dia 8 fora dos dias da festa, tivemos de o antecipar. E como uma inesperada viagem ao estrangeiro nos limitou os dias de amanhã a domingo, pois antecipámos o pitéu para hoje. Nem vale a pena sublinhar o imperativo: falou-se, à brava, dos Cavaleiros do Norte.    
Há 39 anos, já o dissemos, eram vésperas do regresso a Portugal e Luanda continuava hostil à tropa portuguesa. A desmotivação era geral, entre as NT, e faltava alimentação e combustíveis, gasolina e gás. Já nem falando da igual (ou maior e pior) hostilidade dos movimentos. A tropa da FNLA e da UNITA tinha sido expulsa pelo MPLA, mas ficaram militantes.
MPLA e FNLA continuavam a combater a norte do Caxito e os homens de Agostinho Neto controlavam a barragem de Mabuba, assim assegurando o fornecimento de água a Luanda, a partir da estação de Quifangondo. No Cubal e Ganda (a sul), eram o MPLA e a UNITA que se inimizavam de arms em punho. Quais acordos, quais carapuças?! 
O MPLA noticiava ter expulso as (por ele) ditas forças invasoras (alegadamente) da África do Sul, da Namíbia - onde tinham tomado as cidades de General Roças e Pereira d´Eça.
Era o dia 4 e o 8 de Setembro de 1975, o do regresso, já estava a bater à porta!
- TAM. Transportes Aéreos Miitares.
 

2 265 - Cavaleiros do Norte da CCS a 3 dias de regressar a Portugal

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Belo, Rabiço, Querido, Guedes e Fernandes, Cavaleiros do Norte de Santa Isabel (em cima). 
Um civil da administração, capitão Fernandes (3ª. CAV.), um dirigente da FNLA, o capitão 
Cruz e o comandante Bundula (FNLA), em Aldeia Viçosa, ano de 1975 (em baixo)


Leonel Cardoso chegou a Luanda, como novo Alto-Comissário de Portugal, e, em declarações ao jornal "O Comércio", disse-se disposto a"fazer tudo o que for possível para  restabelecer a paz ano território". Para tal, frisou o almirante, "caso fosse necessário, as tropas portuguesas estariam na disposição de intervir". 
À distância de 39 anos e com o senso crítico da idade e do tempo, francamente devo dizer que não sei se... interviriam!
Ao ler, hoje, estas declarações (reportadas no extinto diário luandense da tarde), não posso deixar de lembrar o ansiedade dos Cavaleiros do Norte, por essa altura, mortinhos por regressar a Portugal e com viagem marcada (a CCS) para 8 de Setembro. Já só faltavam três diazinhos!!!
Ao tempo, as probabilidades de o MPLA e a UNITA se entenderem pareciam (e foram) muito remotas, mesmo depois do encontro de Lisboa, entre seus altos dirigentes. A esta data, o MPLA, que controlava Luanda e outras importantes cidades doterritório, anunciava mesmo que as suas forças, e leio no Diário de Lisboa dessa data, "tinham rechaçado um avanço das tropas da UNITA no Alto Chipaca, no leste de Angola, e fizeram abortar uma tentativa daquele movimento para ocupar o Cubal e Ganda, no sul".
Continuava a discussão sobre se a África do Sul tinha (ou não) invadido o sul de Angola, uns a dizer que sim (o MPLA) outros que não (os sul-africanos), e os Cavaleiros do Norte, seguros de, abnegadamente e corajosamente, terem cumprido a sua missão, ainda não tinham entregue armas e muito menos feito o espólio(que nunca foi feito...) - nem o fizeram até ao dia do regresso -, mas afoitavam-se em descompromissos: esta guerra já não é connosco. Quem nos dera em Lisboa!!! Mas se fosse preciso!!!...
Hoje, ao falar com uma sobrinha minha (ao tempo, bebé de menos de um mês de vida, a Marta...), sobre esse tempo, quase ia deixando cair uma lágrima. Porque me vieram à memória as emoções desses últimos dias de Angola: dias sentidos, emotivos e de despedidas de gente amiga que não conhecia (nem imaginava) o seu futuro e dele tinha medo!! E de gente, outra gente..., anónima e perdida na cidade, sem saber o que fazer, desnorteada, incrédula, desiludida, derrotada. A mesma gente, muita dela, que nos censurava, criticava e amortalhava, com opiniões e comentários dessimpáticos e demolidores para o nosso crédito, o nosso garbo e a nossa consciência!
Há 39 anos!!!

2 266 - O último sábado dos Cavaleiros da CCS em Angola

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Cavaleiros do Norte: Bento, Rocha, Viegas, Flora, Lopes (enfermeiro), Capitão e Ribeiro (atrás), Carvalho, Belo, Lopes (Grenha) e Reino (à frente). Albano Resende e Viegas (em baixo) 


Sábado, 6 de Setembro de 1975!!! Luanda vive as incertezas «decretadas» pelas diferenças inter-movimentos. Os Cavaleiros do Norte da CCS estão na ante-véspera do adeus a Angola e cada qual, à medida das suas relações locais, faz despedidas de amigos - ora militares, ora civis!!!  
Na casa de Viana, eu, o Neto e Monteiro temos aprontadas as malas para o avião, mas havia muitos de nós (do BCAV. 8423) com caixotes para despachar, por barco e para Lisboa.
O Neto deixou-me na avenida D. João II, à porta do escritório da FRAL (a empresa de ferragens da sua sua família, com fábrica em Viana) e dali caminhei para messe de sargentos, na avenida dos Combatentes, ali bem perto, onde me esperava o (conterrâneo) Albano Resende e, com ele, fiz a procissão de despedidas dos muitos amigos civis que por lá iam ficar, divididos em dúvidas sobre o futuro e com a sua segurança fragilizada, o património a perder, os medos a levedar para os dias que se seguiriam até à independência.
Medos, muitos!!!

Porque, ao seu olhar e sentir, a tropa portuguesa não os defendia! E os homens armados dos movimentos - já com FNLA e UNITA fora da cidade - não poupavam justiça própria e agrediam, prendiam e matavam. Era, ao tempo, muito falada a concentração de presos na praça de touros, onde muitos terão sido agredidos, desaparecidos e mortos.
Sobrava-me a dúvida sobre os paradeiro de familiares em Nova Lisboa e Gabela, com quem deixara de ser possível o contacto telefónico. E cadé a minha madrinha Isolina e filha Cecília Neves, o Orlando Rino, os irmãos Manuel, Aníbal e Zé Viegas (primos de meu falecido pai), do Óscar Miranda e suas famílias, em Nova Lisboa? O Mário Neves, o Clemente e o Anacleto, na Gabela? O Neca, a Cândida, o Zé Martinho, o Carlos Alberto Santiago, a Leontina, o João Lopes e o Mário Coelho, em Luanda? Pela capital e com o Albano, no seu Toyota azul, galgámos quilómetros atrás de quilómetros, batendo a portas que não se abriram. Poucos achámos, quase nenhuns! Mas, felizmente, todos retornaram a Portugal.
Jantámos em Luanda, já com o Neto e o Monteiro, e regressámos (os três) a Viana, para a nossa última noite na casa que era do aguedense Manuel Cruz e foi «nossa» desde 3 de Agosto!

2 267 - O último domingo da CCS em terras de Angola

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Oficiais dos Cavaleiros do Norte: tenente Luz, alferes Ribeiro e Hermida, tenente Mora, alferes Cruz, capitão Oliveira e os médicos Honório (alferes) e Leal (capitão).Em baixo, os furriéis Neto, Viegas e Monteiro


Domingo 7 de Julho de 1975!!! É o nosso último dia de Angola!! Na manhã seguinte, sairemos do Campo Militar do Grafanil e viajaremos para o aeroporto de Luanda. Em berliets! Partiremos de lá, para Lisboa! Daqui, para as nossas casas, as nossas famílias, os nossos chãos e cheiros! É o adeus à guerra de Angola, que medra, que esfacela e dilacera vidas, que mata!
Eu, o Monteiro e o Neto, madrugámos na saída da casa de Viana, para deixar malas no Grafanil e, no Daihatsu da FRAL, irmos ao um último passeio por Luanda, pela baixa, com um salto à ilha, já sem procurar restaurantes para almoço, que não há. Fazia tempo que, em Luanda, procurar alimentação era um drama de todos os dias. Não havia, os restaurantes fechavam, uma das nossas últimas refeições 8a sério) foi no Apolo, em bicha que nos apanhou pelo meio. Menos afortunados, o Pires (de Bragança) e o Rocha, ficaram na bicha sem direito a entrar. Tinha acabado a comida.
A cidade, a grande metrópole luandina, tinha  pouco trânsito, nem perto dos templos católicos, para as missas dominicais. Tinha um ar marcial, que não se via, mas se sentia! Aqui e ali, passavam patrulhas militares portuguesas - que nos pareciam desmotivadas. Também jeeps com tropas do MPLA, impantes, quase desdenhosas.
O alto-comissário Leonel Cardoso tinha chegado dois dias antes, com queixas de Lisboa, onde ninguém se despedira dele. Nem «uma palavra de despedida, de simpatia e de encorajamento», disse ele, em Luanda, afirmando, todavia, que esse desconforto não o iria esmorecer. 
MPLA e UNITA continuavam sem se entender e Jonas Savimbi, na véspera (dia 6), anunciava não reconhecera nomeação de Leonel Cardoso e exigia a saída da tropa portuguesa do sul de Angola, que acusava de não garantir a segurança dos desalojados. 
De Lisboa, outras menos boas notícias para as guarnições que expectavam regressar, depois de cumpridas as suas missões: havia companhias que se recusavam a embarcar para Angola.
Ao fim da tarde, voltámos ao Grafanil. Eram essas as ordens, para concertar as últimas horas de Angola e preparar a partida para o aeroporto. Pastéis e vinho branco, arranjados pelo familiar de um «PELREC» (cujo nome não consigo recordar) foram a nossa última refeição em Angola. A noite foi passada a conversar, a medir as horas para as seis e pouco da manhã, que foram longas mas se aproximaram!
Ver AQUI

2 268 - Chegámos!!! Há 39 anos!!!!

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Furriel Armindo Reino, 
tenente coronel Carlos Almeida e Brito, 
um soldado e 
capitão José Paulo Falcão



Há 39 anos, 8 de Setembro de 1975, a CCS disse adeus a Angola e, ida do Grafanil, embarcou em Luanda, num avião dos TAM, até Lisboa. Aqui chegámos por volta das 18,30 horas, depois de 8 de voo, sobrevoando África.
Em Lisboa nos despedimos, nalguns casos para sempre.
A nossa memória vai hoje para todos aqueles que, nossos companheiros da jornada africana de Angola, já partiram para a viagem definitiva. ~
Outros terão falecido. Evocamos os que sabemos, neles simbolizando a nossa saudade:


- Carlos José Saraiva de Lima Almeida e Brito. 
Tenente-coronel e comandante do Batalhão. Atingiu a patente de general e faleceu a 20 de Junho de 2003, durante um passeio, em Espanha. Tinha 76 anos.
- José Luís Jordão Ornelas Monteiro. 
Major, Era 2º. Comandante, mas não seguiu paraAngola. Foi para a Guiné, convocado pelo MFA. Morreu a 16 de Julho de 2011, em Lisboa, aos 80 anos.

- António Martins de Oliveira. 
Capitão e comandante da CCS. Chegou a major, pelo menos, e faleceu em data e por razão desconhecidas.

- João Eloy Borges da Cunha Mora. 
Tenente e Adjunto do Comandante da CCS. Faleceu a 21 de Abril de 1993, com 67 anos. Em Lisboa. Era do Pombal.

- António Manuel Garcia. 
Alferes miliciano de Operações Especiais. Faleceu a 2 de Novembro de 1979, aos 27 anos - num acidente entre Viseu e Mangualde, quando, como agente da PJ, investigava o Caso Ferreira Torres. Era de Pombal de Ansiães (Carrazeda de Ansiães) e morava em Gaia.

- Luís Ferreira Leite Machado. 
Sargento Ajudante. Faleceu a 12 de Julho de 2000, em Évora. Tinha 80 anos.

- Joaquim Augusto Loio Farinhas.
Furriel miliciano sapador. Faleceu a 14 de Julho de 2005, de doença do foro oncológico. Em Amarante, aos 53 anos.

- Luís João Ramalho Mosteias.
Furriel miliciano sapador. Faleceu a 5 de Fevereiro de 2013, aos 61 anos. De doença oncológica. Vivia em Vila Nova de Santo André.

- Joaquim Figueiredo de Almeida. 
1º. cabo atirador de Cavalaria. Faleceu a 28 de Fevereiro de 2009, aos 59 anos, de doença do foro oncológico. Era de Penamacor.

- António Carlos Fernandes de Medeiros.
1º. cabo operador cripto. Faleceu a 10 de Abril de 2003, de doença. No Porto, aos 51 anos.

- Jorge Luís Domingos Vicente.
1º. cabo atirador de Cavalaria. Faleceu a 21 de Janeiro de 1997, por doença, aos 44 anos. Era de Vila Moreira (Alcanena).

- Carlos Alberto de Jesus Mendes.
1º. cabo mecânico electricista. Faleceu a 21 de Abril de 2010, aos 58 anos. Morava em Lisboa, nos Prazeres.

- Jorge Manuel de Sousa Pinho.
1º. cabo escriturário. Faleceu de doença a 19 de Abril de 2003, no Porto. Aos 51 anos.

- José Adriano Nunes Louro.
1º. cabo sapador. Faleceu (por suicídio) a 3 de Julho de 2008, aos 56 anos. Era de Tomar.

- Manuel Augusto da Silva Marques.
1º. cabo carpinteiro. De Esmoriz (Ovar), faleceu a 1 de Novembro de 2012, de morte súbita, aos 60 anos.

- José Gomes Coelho.
Soldado sapador.  Faleceu em Maio de 2007, com 55 anos, de doença do foro oncológico. Morava em Oldrões da Calçada, em Penafiel.

- Armando Domingues Gomes.
Soldado atirador de Cavalaria. Morreu a 3 de Setembro de 1989, aos 47 anos, em Á-dos-Cunhados.

- Manuel Leal da Silva.
Soldado atirador de Cavalaria. Faleceu a 18 de Junho de 2006, de doença súbita, em Pombal, aos 54 anos.

- Carlos Alberto Morais da Silva.
Soldado cortador. Faleceu a 12 de Janeiro de 1990, com 48 anos, em Santo Tirso.

- Alcino Fernandes Pereira.
Soldado cozinheiro. Morreu a 25 de Junho de 1994, aos 52 anos, em Idanha (Sintra).

- Manuel Augusto Nunes, o Amarante.
Soldado sapador. Morreu a 25 de Maio de 2005. De Doença, em Telões – Amarante. Tinha 53 anos. 

- João Manuel Pires Messejana.
Soldado atirador de cavalaria. Faleceu a 27 de Novembro de 2009, em Lisboa, de doença, aos 57 anos.

- Graciano do Purificação Queijo.
Soldado clarim. Morava em Samora Correia e faleceu a 30 de Outubro de 2013.

2 268 - Chegámos!!! Há 39 anos!!!

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  Furriel Armindo Reino, tenente coronel Carlos Almeida e Brito, 
um soldado e  capitão José Paulo Falcão.na noote de Natal de 1974

Há 39 anos, 8 de Setembro de 1975, a CCS disse adeus a Angola. Ida do Grafanil, embarcou em Luanda, num avião dos TAM, até Lisboa. Aqui chegámos por volta das 18,30 horas, depois de 8 de voo, sobrevoando África.
Em Lisboa nos despedimos, nalguns casos para sempre.
A nossa memória vai hoje para todos aqueles que, nossos companheiros da jornada africana de Angola, já partiram para a viagem definitiva.
Outros terão falecido. Evocamos os que sabemos, neles simbolizando a nossa saudade:

- Carlos José Saraiva de Lima Almeida e Brito.
Tenente-coronel e comandante do Batalhão. Atingiu a patente de general e faleceu a 20 de Junho de 2003, durante um passeio, em Espanha. Tinha 76 anos.

- José Luís Jordão Ornelas Monteiro.
Major, Era 2º. Comandante, mas não seguiu paraAngola. Foi para a Guiné, convocado pelo MFA. Morreu a 16 de Julho de 2011, em Lisboa, aos 80 anos.
 
- António Martins de Oliveira.
Capitão e comandante da CCS. Chegou a major, pelo menos, e faleceu em data e por razão desconhecidas.

- João Eloy Borges da Cunha Mora.
Tenente e Adjunto do Comandante da CCS. Faleceu a 21 de Abril de 1993, com 67 anos. Em Lisboa. Era do Pombal.

- António Manuel Garcia.
Alferes miliciano de Operações Especiais. Faleceu a 2 de Novembro de 1979, aos 27 anos - num acidente entre Viseu e Mangualde, quando, como agente da PJ, investigava o Caso Ferreira Torres. Era de Pombal de Ansiães (Carrazeda de Ansiães) e morava em Gaia.

- Luís Ferreira Leite Machado.
Sargento Ajudante. Faleceu a 12 de Julho de 2000, em Évora. Tinha 80 anos.

- Joaquim Augusto Loio Farinhas.
Furriel miliciano sapador. Faleceu a 14 de Julho de 2005, de doença do foro oncológico. Em Amarante, aos 53 anos.

- Luís João Ramalho Mosteias.
Furriel miliciano sapador. Faleceu a 5 de Fevereiro de 2013, aos 61 anos. De doença oncológica. Vivia em Vila Nova de Santo André.

- Joaquim Figueiredo de Almeida.
1º. cabo atirador de Cavalaria. Faleceu a 28 de Fevereiro de 2009, aos 59 anos, de doença do foro oncológico. Era de Penamacor.

- António Carlos Fernandes de Medeiros.
1º. cabo operador cripto. Faleceu a 10 de Abril de 2003, de doença. No Porto, aos 51 anos.

- Jorge Luís Domingos Vicente.
1º. cabo atirador de Cavalaria. Faleceu a 21 de Janeiro de 1997, por doença, aos 44 anos. Era de Vila Moreira (Alcanena).

- Carlos Alberto de Jesus Mendes.
1º. cabo mecânico electricista. Faleceu a 21 de Abril de 2010, aos 58 anos. Morava em Lisboa, nos Prazeres.

- Jorge Manuel de Sousa Pinho.
1º. cabo escriturário. Faleceu de doença a 19 de Abril de 2003, no Porto. Aos 51 anos.

- José Adriano Nunes Louro.
1º. cabo sapador. Faleceu (por suicídio) a 3 de Julho de 2008, aos 56 anos. Era de Tomar.

- Manuel Augusto da Silva Marques.
1º. cabo carpinteiro. De Esmoriz (Ovar), faleceu a 1 de Novembro de 2012, de morte súbita, aos 60 anos.

- José Gomes Coelho.
Soldado sapador.  Faleceu em Maio de 2007, com 55 anos, de doença do foro oncológico. Morava em Oldrões da Calçada, em Penafiel.

- Armando Domingues Gomes.
Soldado atirador de Cavalaria. Morreu a 3 de Setembro de 1989, aos 47 anos, em Á-dos-Cunhados.

- Manuel Leal da Silva.
Soldado atirador de Cavalaria. Faleceu a 18 de Junho de 2006, de doença súbita, em Pombal, aos 54 anos.

- Carlos Alberto Morais da Silva.
Soldado cortador. Faleceu a 12 de Janeiro de 1990, com 48 anos, em Santo Tirso.

- Alcino Fernandes Pereira.
Soldado cozinheiro. Morreu a 25 de Junho de 1994, aos 52 anos, em Idanha (Sintra).

- Manuel Augusto Nunes, o Amarante.
Soldado sapador. Morreu a 25 de Maio de 2005. De Doença, em Telões – Amarante. Tinha 53 anos.

- João Manuel Pires Messejana.
Soldado atirador de cavalaria. Faleceu a 27 de Novembro de 2009, em Lisboa, de doença, aos 57 anos.

- Graciano do Purificação Queijo.
Soldado clarim. Morava em Samora Correia e faleceu a 30 de Outubro de 2013.

2 269 - O primeiro dia do regresso e a chegada a casa

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Eu mesmo, há 40 anos, 
furriel miliciano de Operações 
Especiais - os Rangers! - do 
Batalhão de Cavalaria 8423, os 
Cavaleiros do Norte!
Foto de Março/Abril de 1974


Cheguei a casa, vindo de Angola, já era 9 de Setembro - de há 39 anos! Fui direito à de minha irmã, para que fosse acordar a nossa  mãe - que tinha ficado viúva e só, entregue às suas orações pelo filho que tinha ido para a guerra. No espaço de 8 meses, de Agosto de 1972 para Abril de 1973, perdera o marido (meu pai, falecido nesse mês de verão), minhas irmãs tinham casado e ido à vida delas, e eu assentei praça a 23 do mês que, um ano depois, seria o da revolução.
«É o teu irmão!!!...», disse meu cunhado para a minha irmã, acordados por volta da duas horas da manhã, quando lhes bati à janela do quarto.
O cuidado de os chamar tinha a ver com o pormenor de eu chegar de surpresa e desconhecer com reagiria minha mãe, que tinha ficado doente e viúva, no Maio de 1974 que foi o meu mês de partida para a guerra.
Viemos até à casa materna, aqui ao lado da igreja - em noite que era de calor, galgando apressadamente a rua do Cabo, o largo do Cruzeiro, a Carreira da Igreja.
«Mãe, acorde!!!....», chamou a minha irmã Dulce, batendo na janela do quarto, virada para a rua!!
«O que é?!!...», perguntou a mãe, de dentro, estremunhada, ainda no primeiro sono.
"Está aqui o meu irmão!!!...».
Levantou-se minha mãe, abriu a porta e olhou para mim:«Já vieste, rapaz?!!!...».
Tinha vindo, pois! Entrámos, com o Benício, o motorista de FRAL, que nos tinha ido buscar a Lisboa - ao Neto e a mim -, convidado para «beber um copo».
Comi um resto de escoado aquecido na sertã, que tão bem me soube!!!, regado com uma água pé de produção caseira!, e fui deitar-me, em sono dos anjos.
Quando acordei, fui ao pátio, ver a vaca, os porcos, as galinhas! Tinha saudades daqueles cheiros, da Amarela (o nome da vaca arraiana), até do cantar do galo, na aurora do dia! E das trindades da manhã, no velhíssíma torre da igreja que me baptizou e aqui existe! Voltei a cozinha, para o café (de cevada) da manhã, com migas de broa - ai a broa da minha mãe, que saudades eu tinha!!!... -, e fui sabendo de como estavam todos, os familiares, os vizinhos, os amigos!!!
«Já conhece a sua neta mais nova?», perguntei-lhe eu, pela Marta - que a 10 de Agosto, há poucos dias deste 2014, fez 49 anos!
Não conhecia, tinha nascido menos de um mês antes, os tempos não eram de fáceis comunicações e deslocações, como hoje. Iria conhecer!
Só depois saí de casa, indo à rua achar gente da minha gente, que me perguntavam tudo sobre tudo.
Foi há 39 anos! Como o tempo passa!

2 270 - A reforma do Lopes e o MPLA a caminho do Uíge

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Morais e Lopes, no Quitexe. Ao fundo, a messe e bar de sargentos


Telefonou o Lopes, enfermeiro, o nosso alentejano de Vendas Novas. Está reformado desde Julho, depois de uma carreira profissional que encerrou como tesoureiro da Repartição da Finanças da sua Vendas Novas natal. Ele, como eu e todos os Cavaleiros do Norte da CCS, também estava a festejar os 39 anos da chegada de Angola. 
«O tempo passa num instante!!!...», disse-me ele, sem sotaque, adivinhando-lhe eu um farto sorriso, para além do telemóvel que nos ligava. Acrescentou que «estamos velhos e a levar os netos à creche». E gargalhou!!! 
Há 39 anos, tínhamos nós saído de Luanda há dois dias, o MPLA controlava 12 das 16 províncias de Angola e anunciava «avançar para o norte», depois do «desmantelamento da frente da FNLA, na Barra do Dande, na zona do Caxito», avançando «em direcção ao norte». Queria isto dizer, na prática, que prosseguia a guerra civil angolana e o caminho da tropa de Agostinho Neto era agora para o «nosso» Uíge, estrada do café acima - pela Ponte do Dan ge, Vista Alegre, Aldeia Viçosa e Quitexe e Carmona, terras, entre outras, que foram chão dos Cavaleiros do Norte.
As FAPLA, no Caxito, tinham feito mais de duas dezenas de prisioneiros e apanhado muito material de guerra. As FALA, derrotadas no Caxito, tinham-se reentrincheirado no Ambriz, que, segundo o Diário de Lisboa de 8 de Setembro de 1975, era«o terminal da ponte aérea para Kinshasa (Zaire), utilizada para o transporte de grandes quantidades de material de guerra e de soldados». E, entre estes, dizia o MPLA, «diversos mercenários brancos, muitos deles de origem portuguesa, enquanto, entre o material bélico se denuncia o equipamento fornecido por potencias ocidentais, além do próprio Zaire».
Era a guerra, da qual nós tínhamos chegado.
- LOPES. António Maria Verdelho da Silva Lopes, 
furriel miliciano enfermeiro. Aposentado da função 
pública reformado, natural e residente em Vendas Novas.
- FAPLA. Forças Armadas Populares de Libertação de 
Angola, braço armado do MPLA.
- FALA. Forças Armadas de Libertação de Angola, 
braço armado da FNLA.

2 271 - O Pimenta de Zalala, com barbas de 39 anos!!!

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 Mota Viana, Rodrigues, Agra (Famalicão), Carneiro, Pimenta e Queirós, 
reunidos em 9 de Setembro, a recordar os 39 anos da sua chegada de Angola


Os Zalalas são gente de decisões rápidas e, vai daí, alguns deles puseram em prática um desafio singular: irem à procura de um outro, que não viam há precisamente 39 anos! À procura do Pimenta que, por Zalala, Vista Alegre, Songo e Carmona foi atirador de cavalaria e agora, pelos lados da Póvoa do Varzim, governa a vida como mecânico!
E o que fizeram o Mota Viana, o Rodrigues, o Famalicão, o Carneiro e o Queirós??? Pois muito bem, armados em «garotolas», prepararam uma surpresa ao Pimenta e entraram-lhe pela oficina dentro, à «boleia» do Famalicão, e, sem continências ou passaportes, apresentaram-se a serviço. Como quem diz; «Olha lá, ó pá!!!! Não nos conheces?!!! E Zalala não te diz nada?!!!?... Hein???!!!».
O Rodrigues, em despacho noticioso da hora, deu-nos conta de que «de um dia para o outro, resolvemos fazer-lhe uma surpresa», até porque não o viam, vejam só!!!, há... os tais 39 anos!!! Precisamente desde quando chegaram a Lisboa, em voo de Luanda!
O Famalicão costuma encontrá-lo, moram perto, e para lá partiram, em direcção à Póvoa de Varzim. Montaram a «operação» e esperaram pela hora certa, a do fim do dia de trabalho, e, zás...., sem qualquer aviso atravessaram-se-lhe na frente das vetustas barbas.
«Não as corta desde o tempo de Zalala e ficou espantado, até confuso com  este tipo de ”clientes” à porta da oficina», conta o Rodrigues.
Os Zalalas apresentaram-se e nem foi à primeira que se se identificaram, mas depois foi o desfiar de saudades e gargalhadas, com horas seguidas de saudoso e emotivo memoriar da sua (deles) jornada africana de Angola.
«Após horas de conversa e uns copos bem bebidos, o Pimenta ficou esclarecido e feliz. Por esta é que ela não contava ele...», comentou o Rodrigues, sublinhando que foi esta, a 9 de Setembro de 2014, a forma de fazerem a memória dos 39 anos da (sua) chegada de Angola.
Continência para eles!!
 - PIMENTA. Alberto Abel Alves Pimenta, soldado 
atirador de cavalaria, com ajuda à mecânica, da 1ª. CCAV. 8423. 
Empresário do sector, é gestor da Auto Reparadora, 
na Rua Alto das Póvoas, 99, no Terroso (Póvoa do Varzim).
- CARNEIRO. Horácio dos Santos Lopes Carneiro, soldado atirador 
de cavalaria da 1ª. CCAv. 8423. Natural da Póvoa do 
Lanhoso, foi emigrante na Suíça e está aposentado. Mora em Amares.

2 273 - Nós por cá, a falar! Ele por lá, a combater!

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Santos e Castro e Holden Roberto, no Ambriz (1975). 
Vista aérea do BC12, em Carmona. O quartel dos Cavaleiros do Norte

O tempo passa a correr! Há 39 anos, mal tínhamos chegado de Angola, com os constrangimentos que isso provocava e as alegrias e aleluias de vida que nos enchiam a alma, revendo familiares e amigos, cheiros e chãos dos nossos tempos anteriores à jornada angolana, e já lá iam 4 dias: já íamos 12 de Setembro de 1975! Hoje se fazem 39 anos!
O disco da história que contávamos a toda a gente, repetindo emoções e repetindo as memórias frescas, sucedia-se a cada esquina e encontro.«Como é que aquilo está, por lá? (...). É verdade isto e aquilo? Como e que foi e não foi?!!!...». 
As perguntas sucediam-se, porque cada um que m´achava por lá tinha um familiar, um amigo, um vizinho, alguns alguéns dos seus antigamentes mais próximos. Pois que estava assim, era assado, lá ia eu desfiando informação.
A 12 de Setembro de 1975, a imprensa nacional dava conta do intuito do MPLA:«Ofensiva em duas frentes!». No sul, contra a UNITA, para a desalojar de Nova Lisboa. A mesma Nova Lisboa (o agora Huambo) de onde não sabia paradeiro de Cecília, dos irmãos Viegas (Manuel, Zé e Aníbal), do Orlando Rino, do Óscar Miranda, familiares e amigos! Tinha-lhes perdido o rasto, nos meus últimos dias de Angola. A norte, para «correr» com a FNLA, a caminho do Ambriz e Carmona! A «nossa» Carmona!
A FNLA «dominava  sobretudo as províncias a norte», o Uíge (o nosso Uíge) e o Zaire. Que o MPLA projectava controlar. Eram «dois objectivos prioritários»: expulsar o seu adversário de Ambriz (a ocidente) e de Carmona (a leste). Desde segunda-feira, o dia da nossa partida de Luanda para Lisboa (8 de Setembro de 1975), «as suas tropas avançaram, estando a cerca de 90 quilómetros do Ambriz e a 100 de Carmona».
Uff, isto foi há 39 anos e ainda se me rasga uma emoção farta, a fervilhar na alma, ao lembrar estes tempos! Pfffff!!!...

2 274 - MPLA e Poder Popular, Cavaleiros a voar...

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António Carlos Letras, José Manuel Costa, António Artur César Guedes e José 
Gomes, furriéis milicianos Cavaleiros do Norte de Aldeia Viçosa (2ª. CCAV. 8423)

Os «ccs´s» do Batalhão de Cavalaria 8423 já estavam familiarizados com as suas gentes, enquanto as companhias operacionais só voltaram dias depois do 8 de Setembro de 1975. A de Zalala, logo no dia 9 - chegando a 10. A de Aldeia Viçosa (2ª. CCAV. 8423) a 10, desembarcando a 11. Para dias depois, devido a desarranjos operacionais aéreos, ficou a 3ª. CAV., a de Santa Isabel. Mais tarde chegou.
A 13, que era sábado (como hoje), fui à vila (a Águeda), laurear o queijo e achar amigos de quem tinha saudades, para fazer o «cadastro» dos 15 meses que estive por Angola. Mas, afinal, fui eu o interrogado, sobre o que por lá se passava. O que tinha actualizado era da leitura de jornais, já por cá. E o que diziam? Que Agostinho Neto, em Luanda, tinha anunciado a Semana do Poder Popular, iniciada precisamente no dia da nossa saída (8 de Setembro) e que o MPLA se preparava para «varrer definitivamente do país as forças ao serviço do imperialismo e do neocolonialismo» - forma de dizer FNLA e UNITA.
O MPLA consolidava as suas posições no território, apelava à «resistência popular generalizada» e, voávamos nós para os céus de Lisboa quando, em Luanda, o major Fernandes, informador do Exército Português,  declarava que«neste momento, a FNLA não parece estar à altura de ameaçar Luanda» e que o MPLA, de sua vez, «devido à disciplina que reunia nas suas fileiras, revelou uma maior maturidade no terreno». Também afirmou que, a sul, as tropas de Agostinho Neto estavam «quase a completar o cerco à UNITA, essencialmente concentradas em Nova Lisboa e Silva Porto».
A FNLA, essa resistia a norte. Ambriz e a «nossa» Carmona eram os palcos da sua concentração de forças. O dia da independência (11 de Novembro), já estava menos de dois meses e o novo Alto Comissário, Leonel Cardoso, nesse mesmo 8 de Setembro (o da nossa viagem) deu posse a 4 directores gerais que, na prática, substituíam os ministros da UNITA e da FNLA que «tinham abandonado o Governo de Transição».

2 275 - A Companhia de Comandos que foi a Carmona

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Militares portugueses com civis, na coluna de Carmona para Luanda: Novo (condutor), 1º. cabo 
Mendes, Manuel Deus (da 3ª. CCAv., soldado Santos e furriel Guedes, estes da 2ª. CCAV. 8423

 Hoje, casualmente, encontrei o advogado Nuno Neves, que foi furriel miliciano da 4042, Companhia de Comandos, meu vizinho aqui de Fermentelos (a terra da Estalagem da Pateira, onde costumam encontrar-se os Cavaleiros do Norte). Oportunidade para recordar, recordar melhor, a passagem da Companhia de Comandos (CC) que foi a Carmona, para a rotação dos Cavaleiros do Norte para Luanda - em Agosto de 1975.
Tinha a CC um alferes meu conhecido, da formação militar de Lamego, contemporâneo do 2º. curso de Operações Especiais - os Rangers. Era o (então, ano de 1973) furriel Infante, de Alcains. Promovido por mérito!
Que CC esteve em Carmona?, perguntei eu a Nuno Neves.
Foi, então, um Companhia de voluntários, do quartel da Amadora e «convocados» pelo coronel Jaime Neves, aliciada para ir a Angola «vingar» os incidentes de Vila Alice - onde tinha sido atingido um sargento «comando», a tiro e pelas costas. Luanda precisava de reforços e uma CC ficava mesmo a jeito.
«Cheguei a pensar que teria de voltar a Angola, mas foram tantos os voluntários que davam para duas companhias», disse o Nuno Neves.
Foi essa CC, cujo número desconheço, que, a 31 de Julho de 1975, chegou a Carmona e se aquartelou no BC12. A 4 de Agosto, era a rectaguarda da coluna que disse adeus à capital do Uíge.
A coluna incorporou, à saída, mais de duas centenas de viaturas (de militares e civis) e foi engrossando. À passagem por Candombe, antes de Camatela, já eram «cerca de 700». Todas e toda a gente - entre militares e civis, - chegaram ao Grafanil, ao meio dia de 6 de Agosto de 1975, depois de 570 quilómetros de viagem, feitos em 58,45 horas, «trazendo consigo cerca de 700 a 800 viaturas». As que avariassem eram abandonadas e incendiadas. E de uma mão-cheia da dramáticos incidentes, que  incluíram tentativas de alvejamento de aviões.
Uma companhia de paraquedistas (ida de Luanda para o Negage) abria a coluna.

2 276 - Ataque do MPLA às posições da FNLA no Uíge

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Carmona, a estrada para o Quitexe, em Dezembro de 2012 (foto de 
Carlos Ferreira). 
Em baixo, notícia do Diário de Lisboa, de 15 de Setembro de 1975



O domingo de 14 de Setembro de 1975 foi tempo de ofensiva do MPLA em duas frentes, a sul e norte. Aqui, após duros combates com a  FNLA, próximo da cidade de Duque de Bragança. 
Um comunicado do movimento de Agostinho Neto, distribuído em Luanda, relatava que «as forças rivais bateram em retirada».
Duque de Bragança era (é) bem perto das famosas quedas de água e as forças do MPLA, a esta data de há 39 anos, aprestavam-se a conquistar a cidade, no caminho para Carmona, onde se concentrava a FNLA. Ainda havia o Negage (e a sua estratégica base aérea) pelo meio.
«Esta ofensiva do MPLA insere-se - noticiava o Diário de Lisboa de 15 de Setembro de 1975 - na progressão das suas forças rumo a Ambriz e Carmona, iniciada após a expulsão da FNLA da área da Barra do Dande».
Carmona, todavia, só viria a ser tomada a 4 de Janeiro de 1976, depois de o MPLA ocupar pontos essenciais de todo o noroeste angolano. quase sem combater, com a excepção do Negage - onde o ELNA ofereceu «uma desesperada resistência». A primeira coluna das FAPLA´s, alías, «foi massacrada e obrigada a recua». A artilharia, já na semana de Natal de 1975, faria a diferença e ocupara o aeroporto do Negage, abrindo caminho para Carmona. 
As tropas do ELNA que resistiram no Negage, recuaram e dispersaram-se, muitos refugiaram nas matas de Capuku, Quitexe (o «nosso» Quitexe!!!...), Songo, Kimbele, Nsoso e outras localidades, onde, como agora se sabe, continuariam a resistir por vários anos. Não sei quantos, nem como.

2 277 - Luanda calma e MPLA a preparar ataque à FNLA

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Holden Roberto em Ambriz, a 32 quilómetros de Luanda, em Setembro de 1975


Aos 16 dias de Setembro de 1975, já se faziam oito desde a nossa chegada de Angola - a CCS dos Cavaleiros do Norte. Sucessivamente, chegaram a 1ª. CCAV. 8423, a de Zalala (a 9), a 2ª. CCAV., de Aldeia Viçosa (10) e a 3ª., de Santa Isabel (a 11). 
Havia notícias de Angola: «Mantém-se calma a situação nas frentes de combate», noticiava o Diário de Lisboa.
As agências internacionais davam conta de ser provável que o MPLA estivesse a «reagrupar as suas forças, para um grande ofensiva na frente norte, a Ambriz e Carmona, principais bastiões da FNLA».  Esta, ainda segundo as agências, «encontra(va)-se isolada e em grandes dificuldades de reabastecimento, dado que as principais vias utilizadas para o efeito se encontravam sob controlo do MPLA».
Luanda, noticiava o Diário de Lisboa, era «a calma é total».
Ambriz, era onde estava o estado-maior da FNLA, incluindo o presidente Holden Roberto. Preparavam o ataque a Luanda e seria desta cidade portuária do Bengo que, a 11 de Novembro de 1975, às zero horas, também ele declarou a independência de Angola - logo depois, Agostinho Neto, do MPLA, em Luanda; e Jonas  Savimbi, da UNITA, em Nova Lisboa (Huambo).
Valeria a de Agostinho Neto. Por cá, acompanhávamos o evoluir dos acontecimentos com alguma ansiedade intranquilidade. Aquelas terras e aquelas gentes estavam-nos na alma!

2 278 - Retornados, os SUV e Cavaleiros do Norte à civil

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Viegas e Cândido Pires, Cavaleiros do Norte da CCS, na sanzala 
Talambanza, a saída do Quitexe para Carmona, há 40 anos. 
Em baixo, Soldados Unidos Vencerão (SUV), em Lisboa, há 39 anos

A 16 de Setembro de 1975, chegou ao Porto o primeiro avião de retornados de Angola. Até aí,  aterravam apenas em Lisboa. Mas, em Luanda, registava-se uma desmobilização de desalojados. 
«O êxodo da população branca desde há uns dias que vem enfraquecendo. Um avião da UTA, fretado pelo governo francês, teve a surpresa der não encontra nenhum passageiro para o voo diário» - noticiou o Diário de Lisboa. Um Boeing 707 da Força Aérea Alemã e um Illyucin da Alemanha do Leste «tinham já desembarcado os «desalojados» inscritos nos seus voos».
Os Cavaleiros do Norte, por cá, readaptavam-se à sua (nova) vida civil, em período manifestamente revolucionário e que cada um de nós vivia consoante a sua formação política. Pouco evoluída,  convenhamos. 
Ao tempo, desenvolvia-se a para nós (muito) estranha experiência que eram os SUV (Soldados Unidos Vencerão), grupos de militares que, de forma aparentemente clandestina, actuavam no seio das Forças Armadas - incluindo alguns graduados. Tinham sido constituídos em Agosto de 1975,  pelo PRP. Actuavam no interior dos quartéis,  com vista a promover a auto-organização política dos militares. Aos  olhos e emoções dos Cavaleiros do Norte, tal era muito estranho. 
O que se passava era que (mal nós percebíamos...) estávamos em pleno PREC e, chegados da jornada africana de Angola, éramos perfeitamente ingénuos. Ai, ai, ai... Cavaleiros do Norte!

2 279 - Família e amigos a chegar e MPLA a 30 kms. de Carmona

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O antigo BC12 foi casa dos Cavaleiros no Norte, entre 2 de Março e 4 de Agosto de 1975. É agora o Quartel-General da Região Militar Norte de Angola. Foto de Carlos Ferreira, em Dezembro de 2012. Em baixo, furriel Viegas em Nova Lisboa, em Abril de 1975, com a madrinha Isolina e duas netas (Fátima e Idalina)


Os dias de Setembro de 1975, para os Cavaleiros do Norte e depois dos abraços e dos afectos que mataram saudades, foram de adaptação ao movimento revolucionário que se vivia em Portugal - estávamos em pleno PREC| - e à nova linguagem do dia-a-dia, a uma gramática verbal que nos surpreendia. Totalmente nova, aos nossos ouvidos.
Mas Angola continuava a morar-nos na alma! Como estaria aquela gente? E os nossos amigos e familiares, que por lá tinham, ficado? Uma das graças recebidas nos primeiros dias, da minha parte, foi a de saber que minha madrinha Isolina e netas já por cá estavam, fugidas de Nova Lisboa - onde tinham ficado a filha Cecília e o genro Rafael. Todos viriam, eles e todos os conterrâneos que por lá governavam a vida! Ainda ontem, casualmente, me achei com Manuel, um filho de Zé Viegas (o Zé Mau), primo de meu pai! E lá falámos dos dias amargos que por lá passaram, eles, entre o fogo da metralha violenta que opôs os movimentos e semi-destruiu a bonita cidade nova-lisboana. Fugiram a toque de fogo, por entre o cheiro da pólvora e do sangue e o medo de não poderem... fugir.
A 17 de Setembro de 1975, mais abaixo do Huambo, começaram as evacuações de Sá da Bandeira para Luanda. Estima-se que 13 500 pessoas nessa semana, mais 12 500 na seguinte. A norte, no nosso saudoso Uíge, cerravam-se fileiras para os próximos combates.
A leitura da imprensa vespertina da época, que eu religiosamente procurava em Águeda, actualizava-nos a situação: «O exército do MPLA encontra-se a apenas 30 kms. de Carmona, uma das principais fortalezas da FNLA», reportava o Diário de Lisboa.
O movimento de Holden Roberto controlava as províncias do Zaire e do Uíge! O nosso Uíge, que deixáramos a 3 de Agosto! Um mês e 15 dias antes! O MPLA queria conquistá-lo!!!

2 280 - Governo novo em Lisboa e novo «Biafra» em Angola

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Cavaleiros do Norte da CCS (PELREC), ainda no Quitexe, em Setembro de 1974, há 40 anos. Hipólito, Monteiro, Almeida e Vicente (de pé), Garcia, Leal, Neto e Aurélio (Barbeiro). Almeida, Vicente, Garcia e Leal já faleceram. Em baixo, notícia do Diário de Lisboa, de 19 de Setembro de 1975, há 39 anos




A 19 de Setembro de 1975, uma sexta-feira como hoje, tomou posse o VI Governo Provisório, liderado por Pinheiro de Azevedo, o almirante que viria a ser sitiado na Assembleia da República, com ministros e deputados. Era o sexto, desde menos de ano e meio antes, e por lá se manteria até 23 de Julho de 1976. Substituiu o general «vermelho» Vasco Gonçalves - de muitas boas e muito más memórias.
A grande surpresa, para nós, que dez dias antes tínhamos chegado das africanas terras de Angola, era não se saber, poucas horas antes, de todos os nomes que iriam formar o ministério. Esta surpresa e a repetida rotação de governos - já íamos em 6!!! -, como quem muda fraldas, o que não  inspirava grande confiança. Mas que país novo é este? Que incerteza e confusões são estas? Era para isto que nos avisou o comandante Almeida e Brito, na despedida do avião dos TAM, quando voávamos na chegada à Lisboa? Sabemos hoje que era, para qualquer coisa parecida com o que desaguou no 25 de Novembro.
E por lá, por Angola?
O MPLA perseguia o objectivo de controlar todo o território nacional, escapando-lhe os últimos redutos da UNITA (Nova Lisboa) e da FNLA (Carmona e Ambriz).
A expectativa dos homens de Agostinho Neto era vertida no slogan «a vitória é certa». Mas tinham preocupações:«Embora possuídos de elevado moral,  os dirigentes do MPLA não deixam, contudo de manifestar precupações, especialmente no que se refere à situação do norte», relatava a imprensa da época, acrescentando que «com efeito, seja qual for a posição das forças militares rivais no terreno, à data da independência, ficará sempre à UNITA a possibilidade de declarar, independentes de Angola, as províncias do Uíge e Zaire, dando nascimento a um novo Biafra». Seria o pior que poderia acontecer! 

2 281 - Avião «detido» e flagelamentos nos Libongos

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Alferes milicianos Cavaleiro do Norte
 da CCS, frente à messe de oficiais do Quitexe, 
em 1974: Jaime Ribeiro, 
António Albano Cruz, António Manuel 
Garcia e José Leonel Hermida. 
Em baixo, o Governo de Pinheiro de Azevedo


O Governo de Pinheiro de Azevedo tomou posse a 19 de Setembro de 1975 e, no mesmo dia e no sul de Angola, a UNITA «deteve» um avião da Força Aérea Portuguesa, um Nort Atlas, que tinha ido à Jamba evacuar pessoal civil da Mineira do Lobito, a pedido da empresa.
A situação militar não teve grandes alterações, relativamente às vésperas e, no dia 20, sabia-se da «estabilização das linhas ocupadas», quer pelas forças do MPLA, quer pela UNITA (a sul) e a FNLA (a norte). A «terra de ninguém», nortenha, situava-se na área do Tabi, entre os Libongos e  Ambriz - a norte da capital, Luanda.  Sabia-se porém de«flagelamentos mútuos de artilharia, em disputa da posição nos Libongos». De Carmona e do Uíge, mais para nordeste, nada se sabia.
Outra notícia do dia era o convite de Idi Amin, presidente do Uganda (e da OUA), no sentido de reunir os três movimentos  em Kampala, para discutirem a «situação de guerra civil em Angola». A data da independência (11 de Novembro) aproximava-se e a solução do conflito tonava-se «extremamente importante, tendo em conta os problemas que adviriam com a transferência de poderes, se os movimentos não encontrarem um compromisso para a actual  crise».
Compromisso? Mas qual compromisso?! Assim iam os dias de Angola, os de há 39 anos, os da pré-independência.
- RIBEIRO. Jaime Rodrigues Picão Ribeiro, alferes miliciano sapador. Engenheiro aposentado, mora no Tramagal.
- CRUZ. António Albano Araújo de Sousa Cruz, alferes miliciano mecânico. Engenheiro aposentado, mora em Santo Tirso.
- GARCIA. António Manuel Garcia, alferes miliciano de operações especiais (Rangers). Inspector da Polícia Judiciária, faleceu, de acidente, a 2 de Novembro de 1979.
- HERMIDA. José Leonel Pinto de Aragão Hermida, alferes miliciano de transmissões. Engenheiro e professor aposentado, reside na Figueira da Foz.

2 282 - Petardos em Portugal e Almeida e Brito em Santa Isabel

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Quitexe, em imagem recente, da net: o jardim público e  a casa que foi dos 
Correios, ao fundo, do lado esquerdo. Em baixo, Almeida e Brito  em Santa Isabel



A 21 de Setembro de 1975, em Lisboa, um furriel e um cabo foram detidos na Escola Prática de Infantaria, em Mafra, por andarem a distribuir propaganda dos SUV. Registaram-se atentados bombistas em Leiria e Porto, ambos anti-comunistas. 
O dia era de domingo e eu, como certamente muitos outros Cavaleiros do Norte, ainda andávamos a reencontrar amigos de quem o tempo de 15 meses da jornada Angolana nos fez separar.
O país-político (que aprendíamos a conhecer) continuava a ser um «caixinha de surpresas» e nem bombas faltavam, a estourar. Então vínhamos da guerra, para isto? Assim era e até na messe de oficiais da Armada, em Cascais, onde estava alojado o 1º. Ministro Pinheiro de Azevedo, até aí rebentou um petardo - sem consequências.
Um ano antes, há precisamente 40 anos e no Quitexe, o comandante Almeida e Brito reuniu-se no Comando do Sector do Uíge, em Carmona, «em contactos necessários ao bom andamento dos trabalhos militares» e, no mesmo dia, «sempre acompanhado por oficiais da CCS do BCAV» visitou a 3ª. CCAV. 8423, em Santa Isabel. Lá pernoitou, regressando no dia seguinte ao Quitexe.

2 283 - FNLA reconquista o Caxito, na estrada para Carmona

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Cavaleiros do Norte de Zalala. Furriéis José Louro, Américo Rodrigues, 
José Nascimento, Jorge Barata e Jorge Barreto e alferes Mário Jorge Sousa e 
Lains dos Santos, todos da 1ª. CCAV. 8423 


Há 39 anos, dia 22 de Setembro de 1975, chegaram notícias do norte de Angola, por onde jornadearam os Cavaleiros do Norte. Expectavam mais sangue, mais cheiro a pólvora, a dores de alma e de corpo: a FNLA, entrincheirada no Uíge e acossada do lado do Negage pelas forças do MPLA, deu um golpe de rins e reconquistou o Caxito, a escassos 53 quilómetros de Luanda, na estrada do café.
O despacho da France Press, conhecido na segunda-feira de há 39 anos (precisamente...), não era muito abundante em pormenores, citando o major Borges da Silva, porta-voz do Exército Português:«A FNLA reconquistou, no sábado de manhã, a cidade do Caxito, que se encontrava na possa das FAPLA´s».
A cidade,a pouco mais de 200 quilómetros a sul da «nossa» Carmona, era estratégica na ligação rodoviária de Luanda, para a Ambriz - porto de mar, onde a FNLA estava concentrada - e também para a Carmona. As duas cidades eram as principais posições do movimento de Holden Roberto, que a todo o custo queria tomar Luanda e expulsar o MPLA.
E por cá, pelo nosso tempo de PREC?
O Governo de Pinheiro de Azevedo ia reunir no dia seguinte e um avião da Força Aérea, se se saber para onde, levou «14 presos políticos», que, porém, se afirmavam«detidos sem culpa formada». O fim de semana teve sete atentados a sete centros de trabalho do PCP - em Cascais, Leiria, Batalha (2), Porto (2) e Marinha Grande. Otelo partiu para a Suécia, um furriel e um cabo do RI de Mafra foram presos na Trafaria (por distribuírem panfletos dos SUV - SUV que anunciaram uma manifestação em Lisboa, para 5ª.-feira seguinte). O Exército de Libertação Português (ELP) reivindicou o atentado de Cascais.
E de bola: jogo interrompido na Tapadinha, no Atlético-Sporting, quando o árbitro não marcou penálti, por falta de Damas sobre Mário Wilson, aos 79 minutos. Resultados: V. Guimarães-Braga, 1-2; Benfica-Leixões, 9-1; FC Porto-Belenenses, 3-1; U. Tomar-Académica, 2-1; V. Setúbal, Farense, 3-1; Estoril-CUF, 1-0; Beira Mar-Boavista, 1-1.
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