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Channel: CAVALEIROS DO NORTE / BCAV. 8423!
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2 026 - Alegre em Águeda e Neto na Alemanha Oriental

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Manuel Alegre foi triunfalmente recebido em Águeda, a 11 de Maio de 1974, hoje se fazem 40 anos. Fui um dos que assistiu, a poucos dias de embarcar para Angola. Na véspera, ao Diário de Lisboa e como dirigente da Frente Patriótica de Libertação Nacional, dissera que «é prematuro a formação do Governo Provisório»

A 11 de Maio de 1974, há precisamente 40 anos, Manuel Alegre voltou a Águeda, depois do exílio de Argel, onde foi voz da Rádio Portugal Livre. Fôra oficial miliciano em Angola.«Considero isso importante, pois estava lá parte importante da juventude portuguesa do meu tempo: operários e camponeses, jovens oficiais que participaram hoje neste movimento. Isto permitiu-me contacto com o povo", disse Manuel Alegre.
O poeta e futuro deputado, ao tempo ligado à Frente Patriótica de Libertação Nacional, disse ao Diário de Lisboa da véspera (ver imagem) que «parte importante das Brigadas Revolucionárias apoiam a posição oficial da Frente».
Ao mesmo tempo, em Berlim-Leste, o MPLA anunciava opor-se a«uma federação com Portugal» e, em comunicado, fazia questão de dizer que continuaria a«luta armada pela independência total». Agostinho Neto tinha estado reunido com o Partido Socialista Unido da Alemanha do Leste (Comunista) e  sublinhava que «a queda do regime fascista de Caetano não significa que Angola obterá imediatamente a independência».
«A acção para a libertação de Angola deve continuar sob todas as formas apropriadas», disse Agostinho Neto, acrescentando que «o povo angolano não pode aceitar uma pretensa solução baseada numa federação».
«O problema colonial só encontrar solução na independência total», disse Agostinho Neto, na Alemanha Oriental, a do Leste (comunista).
Os Cavaleiros do Norte, de férias pré-embarque, marcado para 27 de Maio (seria a 29), pouca atenção dariam a estas andanças. Muito menos à chegada de Manuel Alegre a Águeda, que, na verdade, a pouco mais gente interessou (do Batalhão) que a mim e ao Neto. Por sermos de Águeda.
Chegada de Manuel Alegre, AQUI
Entrevista de Manuel Alegre, AQUI

2 027 - Segurança de pessoas e bens, em Carmona!

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Um grupo de Cavaleiros do Norte de Zalala, em foto do Vargas. Quem identifica esta 
gente? Notícia do Diário de Lisboa, de há 39 anos,sobre a posição da FNLA contra a Cimeira


O livro «Portugal e o Futuro», de António Spínola, esteve proibido em Angola, até ao 25 de Abril - soube-se a 12 de Maio de 1974, há precisamente 40 anos, estávamos nós em vésperas de para lá partir. 
A proibição foi do Governador Geral Santos e Castro, segundo, neste dia, revelava o jornal "A Província de Angola". Dois editoriais escritos sobre o livro tinham sido cortados pela censura.
Um ano depois, já em 1975, os Cavaleiros do Norte, lá por Carmona, procuravam «incrementar as Forças Mistas e as suas actividades» e continuavam «a assegurar, permanentemente, os patrulhamentos dos centros urbanos e dos itinerários». No fundo, a segurança de pessoas e bens, tarefa que não era nada fácil. Mas lá nos íamos aguentando e mantendo serenidade compaginada com  as circunstâncias.
Por Luanda é que as coisas não iam nada bem. O meu amigo Alberto Ferreira mandou-me aerograma, no que me dava conta que «as coisas estão sérias demais». «Com fogo daquele, é para assustar mesmo...», acrescentava ele. 
A FNLA anunciava a sua recusa em participar na Cimeira proposta pelo Governo Português. Explicou Holden Roberto, em Tunes, capital da Tunísia, que a recusa se devia a não querer participar em reuniões com o Governo Português, devido, e cito-o,«à evidente parcialidade e falta de objectividade de que certos membros do Governo Português mostram em relação a FNLA».
  

2 028 - A 13 de Maio de 1952...

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João Monteiro (Gasolinas), Oliveira (?), José Gomes Coelho, 
NN e Soares (??), ainda no Quitexe. Em baixo, José Coutinho das Neves


A 13 de Maio de 1952, há precisamente 62 anos, nasceram pelos menos três Cavaleiros do Norte: o Zé Mendes, o Zé Neves e o Manuel Costa. Todos diferentes e todos da garbosa CCS, do Batalhão de Cavalaria 8423. 
A esse dia, o Diário de Lisboa apontava Angola como «terra de progresso extraordinário, nos últimos anos»» e citava o desenvolvimento da DTA - com 5 Dakotas (bimotores para 21 passageiros), 5 Heecherafs (para 7) e 7 Dragons-Rapids (para 6), além de 6 monomotores para pequenos serviços. Operavam «em 40 campos de aterragem» espalhados pelo território. Em 1050 dois anos anteriores, 14 789 pessoas tinham usado os transportes aéreos de Angola, em viagens internas.
Era dia de Fátima e a imprensa dava conta das cerimónias do adeus, quando se terão agitado «talvez mais de 400 000 lenços», terminando as cerimónias com o Adeus à Virgem,«por centenas de milhares de peregrinos que agitando os seus lenços, se despediam da imagem daquela Senhora que há precisamente 35 anos apareceu aos pastorinhos da Cova da Iria».
A 13 de Maio de 1975, 23 anos depois, não sei se o Mendes, o Neves e o Costa terão festejado os seus anos estávamos no BC12, em Carmona. Mas foi certa a chegada de Melo Antunes a Luanda, para negociar com MPLA, FNLA e UNITA - negociar uma nova cimeira. Pela capital «não se registaram novos incidentes», mas era notória «a fuga desordenada de técnicos europeus, devido à instabilidade da situação  e aos acontecimentos sangrentos das últimas semanas», como relatava o Diário de Lisboa desse dia.
A 13 de Maio de 2007, em Oldrões, Penafiel, faleceu José Gomes Coelho, vítima de doença. Foi soldado sapador da CCS dos Cavaleiros do Norte - evocamos com respeito e saudade.
- MENDES. José da Fonseca Mendes, 1º. cabo de 
transmissões de infantaria. Empresário de restauração, 
em Lisboa (nos Prazeres). 
- NEVES. José Coutinho das Neves, soldado atirador 
do PELREC. Mora em Cabriz (Sintra).
- COSTA. Manuel Brites da Costa, soldado condutor. 
Mora na Atouguia, em Torres Novas.
- DTA. Divisão de Transportes Aéreos, de Angola.
A morte de José 

Gomes Coelho, ver AQUI

2 029 - Melo Antunes em Luanda e e vexames em Carmona

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O BC12, em Carmona, na saída para o Songo - último aquartelamento uíjano dos Cavaleiros 
do Norte. Notícia do Diário de Lisboa de há 39 anos, sobre a visita de Melo Antunes a Luanda


A 14 de Maio de 1975, Melo Antunes tentava negociar com os três movimentos de libertação de Angola, mas enfrentava dificuldades. Jonas Savimbi, da UNITA, por exemplo, não via necessidade de Portugal de envolver na cimeira e o mesmo já tinham manifestado o MPLA e a FNLA. A ideias de bzse era qur os três se reunissem a sós, esclarecendo as suas diferenças.
Surpreendentes eram, entretanto, as declarações de Rosa Coutinho, acusando Daniel Chipenda de ter sido informador da PIDE. «Foi introduzido no MPLA para o dividir. Com Mobutu, quer dizer Holden, havia possibilidades de entendimento. Mas o MPLA era o verdadeiro perigo, era preciso quebrá-lo. Foi Chipenda quem fez essa divisão», disse Rosa Coutinho, falando em Paris, numa entrevista à France Press, considerando que o objectivo era «pôr Holden Roberto no poder, com Chipenda e Savimbi ao lado».
E por Carmona, lá pelo Uíge?
Os Cavaleiros do Norte lá iam aguentando, «com escolhos diversos a vencer» e, cito do Livro da Unidade, «alvo de vexames, vendo e sentindo ameaças e com as suas actividades mal aceites, ainda que não subsistam quaisquer dúvidas quanto a sua imparcialidade».
Sofriam os Cavaleiros do Norte, e de que maneira!!!, para manter a segurança de pessoas e bens, na terra uíjana de Angola.

2 030 - Alferes Menezes, Ajudante Machado e Baltazar

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A 15 de Maio de 2013, em Leiria, faleceu o alferes miliciano Manuel Meneses Alves - na foto de cima. Tinha 61 anos e era empresário do sector das carnes. Imortalizou-se em Carmona, quando, como oficial da 2º. CCAV. 8423, teve comportamento heróico na solução de um diferendo armado entre o MPLA e FNLA. Que lhe valeu louvor à ordem!
«Actuou de forma rápida, decidida e enérgica» para neutralizar o «confronto entre elementos dos dois movimentos emancipalistas, com o uso de armas de fogo», sublinha o louvor, publicado na ordem de serviço nº.90.
A 15 de Maio de 1920, nasceu Luís Ferreira Leite Machado (foto ao lado), que foi 1º. sargento ajudante dos Cavaleiros do Norte, ao serviço da secretaria do Comando.  Tinha 54 para 55 anos quando foi Cavaleiro do Norte, por terras do Quitexe e de Carmona. Faleceu aos 80 anos, a 12 de Julho de 2000 - em Évora, onde residia.
Nascido neste dia de 1952,  faz hoje 62 anos,foi (é) o soldado sapador Baltazar Serafim Brites. Mora no Sarzedinho, em Ervedosa do Douro, município de S. João da Pesqueira - onde sabemos que trabalha na área da construção civil.
Três histórias, de três Cavaleiros do Norte, ligados ao dia 15 de Maio.
A morte do (ex-alferes) Meneses, ver AQUI
O 1º. sargento Luís Machado, ver AQUI

2 031 - Vésperas e notícias da Angola de há 40 anos

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Silvino Silvério Marques, segundo à esquerda, foi, pela segunda vez, nomeado Governador 
Geral de Angola, em Maio/Junho de 1974. Notícia sobre partidos angolanos, há 40 anos (em baixo)



Há 40 anos,16 de Maio de 1974, os futuros Cavaleiros do Norte iam fazendo as suas despedidas, com embarque da CCS marcado para o dia 27. Por mim, queria saber tudo o que fosse possível saber sobre Angola. Era para lá que íamos.
E o que passava por lá, por estes dias? Trabalhadores exigiram a saída do director do Diário de Luanda, que era propriedade da Arquidiocese - que não quis substituir Luís Santos, indesejado por jornalistas e pessoal gráfico, que diziam a assegurar a edição do jornal até 30 de Junho.
Na mesma altura, era anunciado o reaparecimento do «Comércio», jornal que era dirigido por Ferreira da Costa. Reapareceria com jornalistas da  revista Notícia.
Na mesma Luanda, a 17 de Maio de 1974, Dongala Garcia, presidente do Partido da Reunificação dos Povos de Angola (PRPA), lançou um apelo aos movimentos pacifistas - nomeadamente o MDIA e o NTO-BKO - no sentido de se«agruparem num partido único, com objectivos não violentos».
Ao mesmo tempo, estava praticamente constituído o Partido Democrático do Negro Angolano (PDNA), dirigido por Manuel Guerra Dinis de Moura. Não admitia«qualquer segregação racial» mas explicava a denominação de negro (embora aceitando mulatos) por «verificar que o elemento branco tinha fundado partidos, esquecendo-se, objectivamente ou subjectivamente, de proporcionar ao negro uma participação directa nos mesmos».
Queria criar uma Assembleia para a qual «seria transferida toda a competência legislativa do Ministro do Ultramar» e apontava José Pinheiro da Silva para Governador Geral. Tinha sido Secretário Provincial da Educação de Angola.
Foram partidos que, valha a verdade, não me recordo ouvir falar. A não ser do MDIA e vagamente.
A 17 de Maio de 1974 era anunciado o controlo da imprensa pelas Forças Armadas. Já tal acontecia com a Emissora Oficial, a Voz de Angola e o Rádio Clube Português, mas passava a vigorar «para toda a imprensa de Luanda».
Um grupo de angolanos residentes em Lisboa, por estes dias de Maio de 1974, pedia à Junta de Salvação Nacional para que fosse Silvino Silvério Marques o novo Governador Geral de Angola. Já tinha sido, nos anos 60, e estava indicado para o mesmo cargo, mas em.... Moçambique. Estava, na verdade, mas tomaria posse como GC de Angola a 11 de Junho, dia em que partiu para Luanda. Voltaria de vez, a 20 de Julho, já não governador - depois de o MFA Angola ter sugerido a sua demissão. Saneado. Faleceu a 1 de Outubro de 2013, aos 95 anos.
- MDIA. Movimento Democrático pata a Independência de Angola?
Ou Movimento de Defesa dos Interesses de Angola?

2 032 - Problemas em Aldeia Viçosa e Vista Alegre

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Aquartelamento de Aldeia Viçosa, em Dezembro de 2012, em foto 
de Carlos Ferreira (em cima). Em baixo, Vista Alegre nos anos 70 do século XX



Os dias passavam em Carmona, sempre em crescendo de ansiedade e responsabilidade: MPLA e FNLA cada vez mais se entendiam menos e, por exemplo, os Cavaleiros do Norte tiveram de intervir em Vista Alegre e Aldeia Viçosa, com o objectivo de «verificar o cumprimento das missões determinadas aos elementos do ELNA e das FAPLA». 
«É nesta realidade que decorre o mês, havendo que considerar que foi o período onde franca e verdadeiramente se verificou a viragem das nossas possibilidades de manutenção de uma ordem que se deseja e que se impõe seja conseguida», lê-se no Livro de Unidade. 
A 17 de Maio de 1975, em Abidjan, José Eduardo dos Santos - futuro Presidente da República de Angola, afirmou que o MPLA «desenvolve actualmente todos os esforços para afastar o especto da guerra civil». Por estas palavras se pode concluir do momento angolano: o espectro da guerra civil. Mas José Eduardo Santos, ao jornal Le Soleil, classificou de«manobras tendenciosas» as informações segundo as quais o MPLA estaria a preparar-se para a guerra civil.
«A verdade - salientou - é que os dolorosos acontecimentos vividos neste momento em Angola são obra de certas forças que pretendem usurpar o poder, embora não beneficiem, de modo algum, do apoio do povo».

2 033 - Agravamento da situação em Carmona...

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Songo. O que, em Dezembro de 2012, restava do quartel onde , há 39 anos, estava a 1ª. CCAV. 8423. Reconhece-se o escudo português, na foto de Carlos Ferreira. Em baixo, o Songo de 1975


Aos meados de Maio de 1975, a situação agravava-se em Carmona, onde os Cavaleiros do Norte, sempre sem esmorecimentos ou medos, iam dando conta do recado - que era manter a segurança das zonas urbanas e dos itinerários principais, assim como os interesses fulcrais da cidade: reabastecimentos, hospital, comunicações, aeroporto, transportes. 
«O galopar desenfreado dos acontecimentos», cito do Livro da Unidade, levou a«a admitir a necessidade de, pelo menos, fazer vir a 1ª. CCAV. 8423 para  Carmona, abandonando Songo e Cachalonde». Estas guarnições, onde estava desde 24 de Abril anterior, eram, da parte dos comandos militares de Carmona, consideradas «desnecessárias, senão inconvenientes». 
Ao mesmo tempo, em Luanda, o jornal «A Província de Angola», considerado afecto à FNLA, acentuava por estes dias de Maio de 1975, o possível regresso de Holden Roberto a Angola e admita-se 1 de Junho como o dia possível para a realização da cimeira inter-movimentos. 
Agostinho Neto, de seu lado e em declarações ao jornal «Comércio de Luanda», afirmava que a cimeira era «necessária  e o mais urgente possível», pois«apesar das diferenças ideológicas e metodológicas, é necessário, no interesse de Angola, encontrar um compromisso viável para que o Governo de Transição funcione». E achava «absolutamente imprescindível a presença portuguesa» na dita cimeira. A parte portuguesa, disse,«detém a  soberania do nosso país e é parte do Governo de Transição».

2 034 - Preparar o adeus e a democracia de Angola

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Almeida Santos, à direita, numa das visitas 
a Angola (foto da net). Em baixo, a picada para o Liberato


A 19 de Maio de 1974, andavam os Cavaleiros do Norte a fazer malas e a fazer as despedidas do «adeus que vou para Angola» e Almeida e Santos partiu para África e ia, segundo o Diário de Lisboa, «com demora de três dias em cada um dos Estados», fazendo primeira escala de algumas horas em Luanda, a caminho de Lourenço Marques.
O titular da pasta da Coordenação Inter-Territorial fazia-se a acompanhar pelo tenente-coronel Sousa Belchior (que tinha sido delegado da Junta de Salvação Nacional no já extinto Ministério do Ultramar) e pelo major Hugo Santos e pelo dr. Costa Oliveira.
Ao que iam? Para definir a política geral dos Governos Provisórios, «garantindo a indispensável coordenação de todos os sectores da administração geral definida no programa político estabelecido».
Em Luanda, ao tempo, desenvolvia-se o Movimento Democrático de Angola (MDA), que apoiava a Junta de Salvação Nacional e, a partir de Luanda, se queria alargar a todo o território. O presidente era o advogado Eugénio Ferreira - que se preparava para convocar uma assembleia geral e estabelecia contactos com «democratas radicados no Huambo, na Huíla, em Benguela e Moçâmedes e nomeava nas outras cidades e vilas comissões para iniciar, imediatamente as acções de politização das populações». Queria o prédio da Mocidade Portuguesa para sede.
Desportivamente, confirmava-se a realização do Mundial de Hóquei em Patins em Angola - o que acabou por não acontecer. O Sporting foi ao Barreiro vencer (3-0) o Barreirense e, com 49 pontos, sagrou-se campeão nacional de futebol. Em segundo, o Benfica (47),empatou (2-12) em Setúbal. Já agora: Belenenses-Montijo, 3-0; Boavista-V. Guimarães, 1-1; Leixões-FC Porto, 2-0; Oriental-Cuf, 3-2; Olhanense-Académica, 0-0; e Beira Mar-Farense, 3-0.
- Classificação: 1º. Sporting, 49 pontos; 2º-Benfica, 47; 3º.-V. Setúbal, 43; 4º.-FC Porto, 43; 5º.-Belenenses, 40; 6º.-V. Guimarães, 31; 7º.-Farense, 26; 8º.-CUF, 25; 9º.-Boavista, 24; 10º.-Académica, 23; 11º.-Olhanense, 22; 12º.-Oriental, Beira Mar, Leixões e Barreirense, 21; 16º.-Montijo, 20.
Desceram, o Montijo e o Barreirense - este por ser dos quatro clubes, com 21 pontos, o que menos pontuou nos jogos entre eles.

2 035 - Tomaz e Marcelo no Brasil, TV em Angola!!!

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Porta d´armas do Regimento de Cavalaria 8423, em Santa Margarida (em 
cima). Marcelo Caetano e Américo Thomaz, ao centro (na foto de baixo, da net). 




A 20 de Maio de 1974, há precisamente 40 anos, o almirante Américo Tomaz e o professor Marcelo Caetano deixaram a ilha da Madeira e embarcaram para o Porto Santo, no navio "Prata Azul", do armador José Maria Branco. Lá chegaram às 10,30 horas da manhã, sdos do Funchal por volta das 7! Pouco depois, o já ex-Presidente da República e o ex-Presidente do Conselho de Ministros embarcaram num avião, em direcção ao Brasil. Exilados!
No Funchal, no Palácio de S. Lourenço, continuaram os seus famliares e também o dr. Moreira Baptsta. Ia assim o 25 de Abril, há 40 anos. Era 20 de Maio, uma segunda-feira, e uma semana depois deveríamos s embarcar para Luanda.
Nas Áfricas, para onde iriam os Cavaleiros do Norte, Almeida Santos chegava a Lourenço Marques, onde se admitia que Moçambique se tornaria "independente num futuro não muito distante". Era para isso que lá estava Almeida Santoa, para "falar com as partes interessadas". E falava-se da necessidade de "garantir dos interesses da população branca".
Novidade em Angola, que era (é)  o que mais nos interessa(va), era o aparecimento da televisão, por cabo: a TVA. A Televisão de Angola. Apressou-se a estação a mostrar-se ao público na zna da Avenida dos Combatentes e fizeram-se engarrafamentos, com trânsito interrompido para as pessoas verem as maravilhas da imagens que lhes apareciam nas pantalhas.
A concessão estava dava, pelo Governo anterior (deposto), à Rádio Televisão de Angola (RTA), mas a TVA antecipou-se e logo anunciou ir disponibilizar 30 000 aparelhos, para o grande público. Desconheço se tal chegou a acontecer, mas estou seguro que, nos 15 meses que estive em Angola, nunca por lá vi televisão alguma. Ligada, ou para ligar.

2 036 - Terror em Angola e precauções em Carmona

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Rocha, Pedrosa, Machado, Lino e Cruz, Cavaleiros do Norte no jardim da
 piscina de Carmona (1975). Notícia do  Diário de Lisboa de faz hoje 40 anos


O Diário de Lisboa de 21 de Maio de 1975 titulava na primeira página: «Terror em Angola».
E escrevia: «Esta impressionante sequência fotográfica fala por si: corpos de vítimas dos últimos massacres de Luanda são removidos da via pública, onde os prostrou o tiroteio generalizado. Na altura em que se avizinha a cimeira entre os três movimentos de libertação, pesada de um contencioso cujo desfecho interessa sobremaneira aos próprios destinos da Revolução Portuguesa, a imagem fica como uma séria advertência: o imperialismo não desarma».
Ao mesmo tempo e por Carmona, por onde,   nesse Maio de 1975, jornadeavam os Cavaleiros do Norte, bem avisados andavam eles, pela voz segura e sábia do comandante Almeida e Brito: «Por aqui não tem havido problemas, mas é óbvio que vamos ter».
O que constava, por essa altura, é que Carmona era já a única capital de província ainda sem «macas». Iria tê-las, com certeza, importava estarmos preparados. E era isso que oficiais e sargentos operacionais procuravam fazer junto dos praças. Na carreira de tiro, nos patrulhamentos, nos serviços internos e externos! Também sabendo aprudentar a cada vez mais fragilizada relação com a comunidade civil, local ou europeia - que nos era hostil e nos provocava e desafiava.
O sacrifício do efectivo era evidente, mas felizmente seguro e disciplinado. Maus tempos se avizinhavam!


2 037 - Problemas em Luanda e expectativas em Carmona

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Hospital de Carmona (em cima)  e Cinema Império, em Luanda (em baixo)

O  Conselho da Revolução, a 22 de Maio de 1975, declarou (e confirmou) «a neutralidade activa como princípio a seguir forças armadas portuguesas em Angola». «Angola tem, neste momento, de consolidar a sua consciência e unidade nacionais», proclamava o CR, num comunicado lido às duas e meia da manhã, em Lisboa, e frisando que «os seus legítimos representantes vão, em encontro de alto nível, materializar esta vontade política fundamental para a continuação do processo» de descolonização e do Acordo do Alvor.

Iam? Foram?

Em Luanda, no mesmo dia 22 de Maio, repetiram-se manifestações. «Está a decorrer uma manifestação gigantesca junto ao Cinema Império, convocada pela União Nacional dos Trabalhadores de Angola» - a UNTA, afecta ao MPLA -, relatava a imprensa desse dia. Também se registaram incidentes no porto do Lobito, entre o MPLA e a UNITA - terminando com a moderação do Exército Português e não se registando mortos ou feridos. Apenas viaturas da UNITA crivadas de balas (frente à sua sede), o mesmo sucedendo a um jipe do MPLA.

Carmona continuava (in)quieta e prevenida. O BC12 estava de prevenção permanente e a cidade aparentava calma que não correspondia à realidade. Estávamos em terra da FNLA e por  lá não eram bem aceites as presenças de outras forças políticas. Não sabíamos, mas estávamos em vésperas de dias bem dramáticos! Os Cavaleiros do Norte, felizmente, estavam preparados para tal tragédia!

2 038 - Notícias de Angola pouco simpáticas...

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Busto de Ricardo Gaspar, fundador da Fazenda de Zalala
(em cima, na entrada de Carmona) e o general Silva Cardoso (em baixo)



Ups! A 23 de Maio de 1974, há 40 anos, notícias de Angola, «categoricamente desmentidas» pelo Comando Chefe, davam conta de tropas portuguesas emboscadas em Cabinda, com 11 mortos e 12 feridos. Verdade, ou mentira, fosse lá saber-se! E nós de malas quase fechadas para o embarque. 
O comunicado das FA acrescentava que «desde o dia 25 de Abril, as nossas forças tiveram  apenas alguns (poucos) feridos  naquele distrito, em resultado do accionamento de minas antipessoal, em três ocasiões diferentes».
Um ano depois, 23 de Maio de 1975, os trabalhadores da MPLA, em Luanda, exigiam a demissão do Alto-Comissário, que acusavam de ter actuação parcial, de tal forma que «abalou profundamente a confiança que nele depositava o MPLA». Era o general Silva Cardoso - que chegara a 28 de Janeiro e a 2 de Agosto voltou a Lisboa. 
A União Nacional dos Trabalhadores de Angola (UNTA), afecta ao movimento de Agostinho Neto, tinha organizado uma manifestação com mais de 100 000 pessoas -  muito criticada e «repudiada por UNITA e FNLA». Terminou em frente ao Palácio do Governo e exigia também«a expulsão inadiável das ex-PIDE/DGS e o destino de 100 000 contos levantados pelo Ministro da Saúde, Samuel Abrigada».
Ao mesmo tempo, em Carmona e Uíge, ferviam as tensões entre MPLA e FNLA. Que se «transportavam» para o moral das tropas - que, e cito o Livro da Unidade, «foi alvo de vexames, mas sobretudo foi sempre apelidada de partidária e, consequentemente, viu as suas actividades mal aceites. ainda que não suscitem quaisquer dúvidas quanto à sua isenção».

2 039 - Cavaleiros do Norte a fazer segurança no Uíge

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Localidades por onde jornadearam os Cavaleiros do Norte 
(mapa de cima). Notícia do Diário de Lisboa de faz hoje 40 anos



Há 40 anos, a já muito poucos dias do embarque para Angola - marcado para 27 de Maio de 1974! - e, entre as muito poucas despedidas que fui fazendo (só mesmo a gente muito próxima e nem toda!), ia tentando saber o que se passava em Angola. 
A velocidade de comunicação nada tinha a ver com a de hoje e só a leitura do jornais nos dava alguma ideia. Há 40 anos, hoje se fazem, o Diário de Lisboa titulava que «Mobutu e Kaunda discutem com Holden o futuro de Angola».
Mobutu era presidente do Zaire e da Organização de Unidade Africana (OUA), para além disso cunhado de Holden Roberto, o líder da FNLA. O encontro seria em Lusaka e, pelo que leio no DL, acreditava-se que seria possível «persuadir os movimentos de guerrilheiros da África Portuguesa a apresentaram ao Governo de Lisboa uma frente única mais unida, quando se efectuarem conversações, que se espera conduzam à independência». A de Angola e a de Moçambique.
A Luanda, ido de Lourenço Marques, voltava Almeida Santos. «Tanto Moçambique como Angola merecem a paz», disse o ministro da Coordenação Inter-Territorial.
Um ano depois, já em Maio de 1975, o MPLA reforçou o pedido da  UNTA (ver post de ontem) e insistia na demissão do Alto-Comissário Silva Cardoso. Por Carmona, os Cavaleiros do Norte continuavam a sua dificílima missão de garantir a segurança de pessoas e bens, na cidade e na província do Uíge. «Manteve-se permanente patrulhamento nos centros urbanos e nos itinerários, especialmente em Carmona, considerada a área mais fulcral do distrito», refere o Livro da Unidade - que citamos.

2 040 - Portugal, a ir para Angola, há 40 anos!!!

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Rodolfo Tomás, António Pais e António Silva, três 
Cavaleiros do Norte (em cima). Notícia do DL de há 40 anos

Sabem, os Cavaleiros do Norte, o que acontecia em Portugal há 40 anos, quando fechávamos as malas para a vagem que nos iria levar a Angola? Eu lembro, como exemplo: o Conselho de Ministros decretou o ordenado mínimo  nacional de... 3 300$00. Qualquer coisa parecida com 126,5 euros por mês. De fora, ficavam os trabalhadores rurais e domésticos - que seriam alvo de processo especial.
A Junta de Salvação Nacional considerava que os refractários e desertores não deveria ser penalizados, mas teria de cumprir o serviço militar «em condições exactamente iguais »as de outros cidadãos». E era recusado o estatuto de objector de consciência para qualquer um deles.
Os ferroviários demitiram a  administração da CP.
A economia portuguesa estava muito dependente do turismo (5 milhões de turistas em 1973) e das transferências dos 2 milhões de emigrantes. A população activa era de 3 milhões dos cerca de 9 milhões de habitantes. Um quarto das nossas trocas comerciais era feito com as províncias ultramarinas-O escudo era  moeda forte. Parece um paradoxo, mas não era. Tal se explicava no facto de ser uma moeda forte (embora valesse um quinto do franco francês). Só que as nossas reservas monetárias eram na ordem dos 7 biliões de francos.
O meu último acto público (digamos assim) foi a participação numa reunião de agricultores, no Grémio da Lavoura de Águeda, onde foi discutida a sua extinção (do GL), criando-se a (actual) Cooperativa Agrícola dos Lavradores de Águeda. Foi ao final da manhã, com mais de 300 pessoas. Era sábado, 25 de Maio de 1974.

Hoje mesmo, na hora do voto, estive à fala com um dos oradores, Arlindo Reis Duarte de Almeida, meu familiar próximo e hoje de luto pelo falecimento de uma meia-irmã. Não se lembrava desta histórica reunião, mas, de memória avivada, lá disse de pormenores bem interessantes - que não vem ao caso dos Cavaleiros do Norte.

2 041 - A véspera da (falsa) partida para Angola...

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Monteiro, Neto e Viegas, três Cavaleiros do Norte em vésperas de 
embarque para Angola, há 40 anos. Em baixo, a cassete (cor de 
laranja) com a gravação sineira



26 de Maio de 1974! 
É domingo e cada Cavaleiro dos Norte da CCS faz desse dia o do «adeus que vou para Angola!». É a véspera de embarque. Teríamos de estar ao princípio da manhã de 27 (das 9 para as 10 horas) no RC4, em Santa Margarida. 
Gravei os repeniques dos sinos da minha aldeia, os sinais de chamada para a missa, o toque de santos - acrescentando-os aos sinais de funeral, que tinha registado dias antes (a 20), no da ti Casimira, um conterrânea de 70 e alguns anos, que conheci cega.
Isto pode até pode parecer macabro, mas foi a forma que, ao tempo, melhor achei para, imaginando-me no sertão africano para onde ia, apaziguar a alma com a morte das saudades da terra, do seu chão e dos seus sons. E quantas vezes os ouvi, nos quartos do Quitexe e de Carmona, recopiados a fita da cassete, no velho rádio-gravador que, embora inoperacional, ainda guardo ali no sótão. 
Ia sair na madrugada de 2ª.-feira, vinha (e veio) o pai do Neto buscar-me, já com ele, para nos levar a Santa Margarida. Na noite de faz hoje 40 anos, nesse domingo, demorei-me em casa de um familiar e voltei para a ceia - que me esperava na mesa de minha mãe. Comemos, tranquilos, e chegou a minha irmã mais nova e cunhado.  Despedimo-nos com abraços e deitei-me. Daí por horas, ia começar a longa viagem que me levaria a Luanda e ao Quitexe!  Que, afinal, seria adiada para o dia 29 de Maio!

2 042 - O dia da (não) partida para Angola

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Neto e Viegas, já no Quitexe, há pouco menos de 40 anos

A 27 de Maio de 1974, hoje se fazem precisamente 40 anos, aprontámo-nos para a viagem de casa para Santa Margarida. Buscou-me o pai do Neto, no SIMCA 1100 que já o trazia, e lá fomos de rota batida, não sem a despedida de minha recém-viúva mãe, eram umas 5 para as 6 horas da madrugada, vendo o filho partir para a guerra.
O que não lhe terá custado esse momento!!! Meu pai, de quem herdei o nome, tinha falecido menos de dois anos antes. Minhas duas irmãs, ambas mais velhas, arrumaram-se na vida de casadas e ficou ela, hoje com 93 anos, a desfiar contas do seu terço de rezas pelo filho que ia por esse mudo fora. Sozinha, em casa!
A caminho, o pai-Neto, já velho andante de terras africanas, foi dando recados de ajuda - sobre o clima, as pessoas, as mulheres, os comeres, os temperos, com o conselheiral desejo de que tudo nos corresse bem! Correu!
Chegados a Santa Margarida, foi embora do pai-Neto e por lá ficámos nós, num e outro abraços e conversas com os Cavaleiros que chegavam, até que nos foi dada a notícia: o embarque era adiado para o dia 29!
Pois que seja! E foi!
Muitos de nós, voltaram a a casa. O Neto, foi laurear o queijo para Lisboa e a nós se juntou lá depois, na quarta-feira, no aeroporto. Tinha por lá sítios de prazer que foi desfrutar!. Eu, mais "caseiro" e menos endinheirado, fiquei-me por Santa Margarida, em leituras e registos para memória - como o que acabo de ler e, se não me falha a dita, com uma jantarada em Abrantes, para onde alguns fomos em grupo. Talvez com o Pires de Bragança, ou com o Mosteias, ou o... já não me lembro! Talvez o Machado, o Farinhas! 
Deve ter sido lá que, em qualquer jornal da tarde, soube de declarações de Almeida Santos, sobre a Assembleia Legislativa de Angola: ia ser extinta (na forma) e substituídos os seus membros por eleitos. Conto de cor o que lembro sobre a ocupação de terras administradas por colonos: disse Almeida Santos que o assunto iria passar para um Secretário Provincial e procurar-se-ia que não fossem cometidas injustiças, Bem pregou Frei Tomaz!!!

2 043 - O dia do meio da(s) partida(s) para Angola

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O Regimento de Cavalaria 4, no Campo Militar de Santa Margarida. Vista aérea, recente (da net). O pavilhão (a vermelho) e o bar/refeitório dos futuros furriéis milicianos dos Cavaleiros do Norte (a verde). Almeida Santos e Mário Soares em Londres, a 27 de Maio de 1974


A 28 de Maio de 1974, dia de «férias» para o embarque, passei-o eu e a maioria dos Cavaleiros do Norte da CCS no RC4, fazendo horas para o dia seguinte - que seria (e foi) o da partida para Lisboa (em autocarro) e, daqui, para Luanda, em avião dos TAM.
Não errarei muito se lembrar que, neste dia, em desenfianço num jeep militar, fomos almoçar a S. Miguel de Rio Torto - por onde passáramos no IAO. 
Fosse como fosse, o dia foi passado com lentidão, como se as horas não passassem e não sobrassem unhas para roer, a alguns de nós.  Certo foi que, na «Noite de Cinema» da RTP, passou um filme italiano, o «Sob o Sol de Roma», de  Renato Castellani. Isto no Programa 1. Na que hoje se poderá chamar RTP1. No Programa 2 (ou a agora RTP2), que, julgo, não se via em todo o país, passava, muito a propósito, «As grandes batalhas do passado», remetidas para 52 anos antes de Cristo, com Alesia. 
A política portuguesa fervilhava: Almeida Santos, em Londres, afirmava que «não será possível governar Angola e Moçambique a partir de Lisboa» e que a escolha de governadores para estes dois Estados estava mais fácil para Lourenço Marques que para Luanda - onde «a população está dividida».
Almeida Santos estava em Londres, onde se encontrou com Mário Soares (que ia de uma ronda de contactos com países do Leste Europeu, África e Ásia) e não se punham dúvidas quanto à intenção de «Portugal conceder a auto-determinação e independência» aos (futuros) países - muito embora o processo de descolonização preconizado por Lisboa fosse «necessariamente lento» - como referia Joaquim Letria, o enviado especial do Diário de Lisboa.
O Serviço de Informação Pública das Forças Armadas dava conta, neste mesmo dia, da morte, em combate, de 5 militares portugueses: dois na Guiné, dois em Moçambique e um em Angola. Era este, o soldado António José Duarte da Silva, de Marmelede, concelho de Monchique.
Ao outro dia, 29 de Maio de 1974, lá íamos nós para Angola!

2 044 - O dia da partida da CCS para Luanda de Angola!!!

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Boeing 737, dos TAM. Neste avião (ou igual)
 devemos ter voado para Luanda, há precisamente 40 anos!

Aos dias 29 de Maio de 1974, lá saímos nós de Santa Margarida, os da CCS dos BCAV. 8423, em autocarros da tropa, rumo ao aeroporto de Lisboa, onde embarcámos para Luanda, a bordo de um Boeing 737 dos TAM. 
Saímos com bom tempo, de Santa Margarida, e chovia que Deus a dava, quando chegámos a Lisboa. E pela noite assim continuou.
O 1º. sargento Luzia, na portagem da auto-estrada, foi pagar as portagens dos autocarros e lá seguimos nós. Nós que, em mais de 95%, nunca tínhamos visto ou passado numa auto-estrada (e era uns poucos quilómetros) e muito menos entrado num aeroporto. Muito menos um avião. Ou sequer ido a Lisboa - que iríamos ver do ar nocturno.
Lá fomos e lá chegámos!!! As formalidades de embarque foram novas para nós, mas eram as habituais. Lá, no aeroporto, encontrei o Emílio - que é daqui do lado, de freguesia vizinha e meu companheiro de escola. Não sabíamos um do outro e ia ele em rendição individual. Em Abril de 1975, voltámos a encontra-nos em Luanda, em farta jantarada no Amazonas. Ele, mais afortunado que eu, ficara colocado no comando da RMA. Era de transmissões. 
Não houve lágrimas de despedidas, mas ansiedade e curiosidade na entrada no avião. Lá fomos nós, por mais de oito horas de voo, até Luanda - que nos recebeu grávida de calor! Foi isto há precisamente 40 anos, hoje se fazem. Voava a CCS!!! Sábado, na Lomba de Gondomar, muitos de nós, pela certa, vamos recordar as emoções deste dia. 
Até sábado, Cavaleiros do Norte da CCS!" 

2 045 - O dia da Chegada a Luanda, faz hoje 40 anos!

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A cidade de Luanda, há 40 anos. A entrada do Grafanil



Enfim, Luanda!!! Luanda à vista! Há 40 anos, hoje se fazem! Vista do ar!!! O céu avermelhado deixou-nos espreitar a cidade, gigante aos nossos olhos de aldeão, brutal pela dimensão e imensidão, pela geometria urbana que nunca víramos noutro lado, nem mesmo na Lisboa de que nos despedíramos horas, com a chuva a molhar-nos o «adeus que vou para Angola».
Ao fundo, a baía! Vista lá do alto, enquanto o avião dava voltas para aterrar, era um espanto, uma surpresa esmagadora!!! E a restinga, a fazer-lhe estrema com o mar, que nos fugia dos olhos. Tudo impressionante e novo, visto do ar! Os prédio enormes, as avenidas rasgadas na cidade, a multidão de gente de todas as cores que caminhava e nos pareciam pouco maiores que formigas.
Aterrámos, varando os olhos de luz. Intensa! E calor! Muito, forte e húmido, a  que não estávamos habituados. Logo despimos o blusão e provámos a Cuca, fresquinha, gelada, a cerveja d´Angola. Assim nos recebia Luanda, a fervilhar naquela madrugada para a manhã que se abria, já de alvorada feita.
Pegámos as malas e fomos de berliet para o Grafanil, matando curiosidade com tudo o que era novo aos nossos olhos, galgando a cidade, olhando-a e sentindo os seus cheiros.
Assim foi, há 40 anos.
Amanhã, recordaremos. E muito mais! Na Lomba de Gondomar, onde se vão encontrar os sexygenários da CCS dos Cavaleiros do Norte!
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