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Channel: CAVALEIROS DO NORTE / BCAV. 8423!
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2 047 - Cavaleiros do Norte de Zalala em Fátima

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Hoje, foi dias dos Cavaleiros do Norte da CCS, amanhã, 1 de Junho. é dia dos Cavaleiros do Norte da 1ª. CCAV. 8423. a de Zalala. Precisamente quando se fazem 40 anos sobre a sua (deles) chegada a Angola A foto é de um encontro preparatório de há meses, no Pombal. Amanhã, lá estará malta para conviver e recordar, avivando as suas memórias da jornada de Angola. 

2 046 - Os Cavaleiros do Quitexe na Lomba de Gondomar

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A rapaziada da CCS esteve hoje reunida na Lomba de Gondomar e esteve ao... estilo. Faziam-se 40 anos da partida para Angola e quem lá esteve bem se emocionou por isso mesmo: passaram-se estes anos todos, estamos mais velhos e nada nos faz esquecer as emoções, as glórias e as tragédias que foram o nosso tempo de 15 meses de missão.
Dois registos rápidos: a presença indispensável do nosso "mais velho", o capitão Acácio Luz, de 85 anos!! O aparecimento, pela primeira vez, de dois companheiros do Quitexe: o (furriel) Peixoto (e Sanza Pombo) e o Nogueira da Costa (condutor do Liberato).
Destas coisas falaremos nos próximos dias.

2 048 - Memórias e palmas para os nossos mortos!!!!

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Foto da Família dos Cavaleiros do Norte do Quitexe (em cima), Em baixo, o Viegas no momento de evocação dos companheiros já falecidos, deles fazendo memória, sublinhada com salva de palmas


O largo da Junta de Freguesia e da Igreja de Nossa Senhora do Ó, na Lomba de Gondomar, foi recebendo os Cavaleiros do Norte, ao fim da manhã de 31 de Maio de 1974, entre abraços, recordações e saudades que se matavam. 
A véspera, dia 30 de Maio, fora a dos 40 anos da chegada a Luanda, para a nossa jornada africana de Angola.
A celebração era mesmo ali, com o Coro da Paróquia « e as palavras sábias do diácono Francisco Sobreiro, que exaltou a missão dos (ex)combatentes e a dor da famílias que por cá ficavam. Após a Acção de Graças, o (ex-furriel) Viegas fez o «momento de evocação e de memória dos companheiros da nossa jornada africana de Angola, que aqui não estão, porque faleceram, entretanto, já depois do nosso regresso, mas estão na nossa saudade e profundo respeito».
Agradeceu ao diácono Francisco Soeiro e ao Coro Paroquial e leu os nomes dos companheiros falecidos, ressalvando que outros poderá haver. Evocou 23 Cavaleiros do Norte, os seguintes:

- Carlos José Saraiva de Lima Almeida e Brito. Tenente-coronel e comandante do Batalhão. Atingiu a patente de general e faleceu a 20 de Junho de 2003, durante um passeio, em Espanha. Tinha 76 anos.
- José Luís Jordão Ornelas Monteiro. Era 2º. Comandante, mas não seguiu para Angola. Foi para a Guiné, convocado pelo MFA. Morreu a 16 de Julho de 2011, em Lisboa, aos 80 anos.

- António Martins de Oliveira. Capitão e comandante da CCS. Chegou a major, pelo menos, e faleceu em data e por razão desconhecidas.

- João Eloy Borges da Cunha Mora. Tenente e Adjunto do Comandante da CCS. Faleceu a 21/4/1993, com 67 anos. Em Lisboa. Era do Pombal.

- António Manuel Garcia. Alferes miliciano de Operações Especiais. Faleceu a 2 de Novembro de 1979, aos 27 anos - num acidente entre Viseu e Mangualde, quando, como agente da PJ, investigava o Caso Ferreira Torres. Era de Pombal de Ansiães (Carrazeda de Ansiães) e morava em Gaia.

- Luís Ferreira Leite Machado. Sargento Ajudante. Faleceu a 12 de Julho de 2000, em Évora. Tinha 80 anos.

- Joaquim Augusto Loio Farinhas, furriel miliciano sapador. Faleceu a 14 de Julho de 2005, de doença do foro oncológico. Em Amarante, aos53 anos.

- Luís João Ramalho Mosteias, furriel miliciano sapador. Faleceu a 5 de Fevereiro de 2013, aos 61 anos. De doença oncológica. Vivia em Vila Nova de Santo André.

- Joaquim Figueiredo de Almeida, 1º. cabo atirador de Cavalaria. Faleceu a 28 de Fevereiro de 2009, aos 59 anos, de doença do foro oncológico. Era de Penamacor.

- António Carlos Fernandes de Medeiros, 1º. cabo operador cripto. Faleceu a 10 de Abril de 2003, de doença. No Porto, aos 51 anos.

- Jorge Luís Domingos Vicente, 1º. cabo atirador de Cavalaria. Faleceu a 21 de Janeiro de 1997, por doença, aos 44 anos. Era de Vila Moreira (Alcanena).

- Carlos Alberto de Jesus Mendes, 1º. cabo mecânico electricista. Faleceu a 21 de Abril de 2010, aos 58 anos. Morava em Lisboa, nos Prazeres.

- Jorge Manuel de Sousa Pinho. 1º. cabo escriturário. Faleceu de doença a 19 de Abril de 2003, no Porto. Aos 51 anos.

- José Adriano Nunes Louro, 1º. cabo sapador. Faleceu (por suicídio) a 3 de Julho de 2008, aos 56 anos. Era de Tomar.

- Manuel Augusto da Silva Marques, 1º. cabo carpinteiro. De Esmoriz (Ovar), faleceu a 1 de Novembro de 2012, de morte súbita, aos 60 anos.

- José Gomes Coelho, soldado sapador.  Faleceu em Maio de 2007, com 55 anos. Morava em Oldrões da Calçada, em Penafiel.

- Armando Domingues Gomes, soldado atirador de Cavalaria. Morreu a 3 de Setembro de 1989, aos 47 anos, em Á-dos-Cunhados.

- Manuel Leal da Silva, soldado atirador de Cavalaria. Faleceu a 18 de Junho de 2006, de doença súbita, em Pombal, aos 54 anos.

- Carlos Alberto Morais da Silva, soldado cortador. Faleceu a 12 de Janeiro de 1990, com 48 anos, em Santo Tirso.

- Alcino Fernandes Pereira. Soldado cozinheiro. Morreu a 25 de Junho de 1994, aos 52 anos, em Idanha (Sintra).

- Manuel Augusto Nunes, o Amarante, soldado sapador. Morreu a 25 de Maio de 2005. De Doença, em Telões – Amarante. Tinha 53 anos. 

- João Manuel Pires Messejana, soldado atirador de cavalaria. Faleceu a 27 de Novembro de 2009, em Lisboa, de doença, aos 57 anos.

- Graciano do Purificação Queijo, soldado clarim. Morava em Samora Correia e faleceu a 30 de Outubro de 2013.

«Este momento de memória e de saudade, evoca companheiros nossos, com quem vivemos momentos de dor, de dramas, de vésperas de tragédia, mas também outros de empolgantes alegrias, de grandes emoções e de solidariedade viva, que nos ajudaram a crescer como homens e a esquecer os milhares de quilómetros que nos separavam do chão das nossas terras, dos seus cheiros, das suas gentes, dos nossos familiares e amigos. É para eles, para estes 23 companheiros que a morte já levou, que ergo o desejo de que estejam com Deus, estando, como estão,  com os nossas orações", disse o (ex-furriel) Viegas, encerrando com o pedido, cumprido em momento de rara emoção, de«uma salva de palmas em sua memória».

2 049 - Os Cavaleiros do Norte nunca se esquecem...

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O Miguel Ferreira, o organizador, e a esposa (à esquerda), o capitão Luz e a esposa, o Viegas (atrás dela), no momento do corte do bolo. O trio de um dos quartos da Casa dos Furriéis no Quitexe: Peixoto, Neto e Viegas (foto do meio). Em baixo, o Afonso Henriques e a sua «mais que tudo». Será ele o mordomo de 2015, em Tondela


A malta pôs-se a jeito, depois das fotografias da praxe, no Cruzeiro da Lomba de Gondomar, e logo subimos a «serra», até ao D. Vicente, para o repasto mandado tratar pelo Miguel Ferreira - condutor do Quitexe que lá nos conduziu! Não demorou muito até que, pousados os ossos e descansada a língua de tanta pergunta sobre o que se passou nas nossas vidas desde há um ano (quando estivemos em Santo Tirso), déssemos ao dente, depois de consolado o estômago com uma sopinha quente (para quem a comeu!...) e umas entradas que souberam a mel dos deuses.
Ficámos bem entregues, com o Douro, lá mais abaixo, a espreguiçar-se a caminho do Porto e nós, gulosos, famintos e apressados, a espaçar a conversa para saborear a ementa. «A ração de combate!!!...», disse alguém, não sei quem,  para nos fazer gargalhar!
Uma das novidades do ano foi o Peixoto, que se pôs a caminho de Braga, mai-la sua mais que tudo, e estendeu o álbum das fotografias, para nos lembrar como era ele, aos 22 aninhos! Ai aquele tempo, Peixoto!
O Peixoto caiu no Quitexe dos «idos» de Sanza Pombo, foi companheiro de quarto por alguns meses, meu e do Neto, até que marchou para Cabinda!!! Foi in illo tempore!!!! Agora, sem bigode e aposentado do ensino, continua jovial,  de trato fácil e disposição aberta a umas boas gargalhadas. 
«O Viegas descobriu-me há uns meses. Perguntou-me o que era feito de mim? Já não nos víamos há quase 40 anos, aqui estou eu. Sinto uma grande felicidade em estar aqui!!...», disse ele, de braço pousado no ombro da mulher, a rasgar o sorriso de orelha a orelha. Feliz! Como  todos os Cavaleiros do Norte da CCS, nesta ímpar jornada da Lomba de Gondomar. 

2 050 - Os Zalalas foram abraçar-se a Fátima...

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Os Zalala´s no encontro de Fátima, a 1 de Junho de 2014, 40 anos depois da chegada a Angola


A 1 de Junho de 1974, galgados os céus do Atlântico, os zalala ´s chegaram a Luanda, aconchegando-se logo no Grafanil, até que partiram para as terras uíjanas, que foram mártires desde 1961 e se fizeram casa dos homens de Castro Dias. A 1 de Junho de 2014, precisamente 40 anos depois, juntaram-se em Fátima, para o abraço de saudade e de afecto de quem não se esquece, de quem tem memória e se gosta.
 O grupo organizador pôs mãos a caminho já lá por Setembro ou Outubro do ano passado. E passou a operação ao papel, minuciosa, bem estudada, para a pôr em prática, sem uma falha. O Dias (o Dias das transmissões), transmitiu quantos "recados" pôde. E foram muitos. A norte, um grupo operacional mobilizou-se para a campanha e até fretou um autocarro. vai a malta!
Resultado: 34 homens de Zalala juntaram-se em Fátima, com 29 familiares, e o dia não podia ter sido mais feliz, mais catalizador de emoções. Que belo 1 de Junho de 2014!!!
O Vargas veio dos Açores, do seu Pico, onde semeia e colhe saudades, que mata em regulares contactos telefónicos. "Então, a malta não se encontra?, nunca mais se encontra? Eu vou logo....", tantas vezes perguntou e disse ele, de sotaque firme, morrendo de desejo dos abraços e da conversa dos amigos de Zalala. Aí veio ele, a rasgar sorrisos de orelha a orelha, feliz da vida!
O João Pereira, chegou de França, onde moureja e de onde veio a correr, pois não poderia perder o colo e o calor destes amigos da guerra. Amigos que se fazem para uma vida!
O João Dias, aos agradecimentos, não esqueceu a coincidência dos 40 anos que nesse 1 de Junho se passavam sobre a chegada a Luanda. Puxou os brios da rapaziada, para a organização de próximos eventos e incentivou-os para os próximos anos. 
Momento grato e solene, foi o da singela e sentida homenagem aos que já faleceram. Foram chamados, como se estivessem na parada, e, ao nome dito, respondiam os companheiros com um forte, bradado e sentido "proooooonto!!!!". No final, todos bateram palmas.
O (capitão) Castro Dias lembrou as dificuldades vividas em Zalala, em Vista Alegre e Ponte do Dange, no Songo e Carmona. Enfatizou a que chamou "parte negativa de ter de comandar, de acordo com ordens emanadas pela hierarquia".  Foi, disse, "o que mais custou".

Voltaremos, dentro de dias, a falar desta gente boa, dos companheiros de Zalala que se juntaram em Fátima!
 

2051 - O dia era o 31, mas foi de... felicidade!!!

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O Neto, no uso da palavra. Viegas, Serra, Buraquinho, Neto e Pires, de Bragança (em 
cima). O Esgueira, o filho e a mulher, o Machado e a mulher (foto do meio). 
O Morais e o «caçula» Malheiro (foto de baixo)



O 31 de Maio de 2014 foi de felicidades múltiplas, na terra da Lomba de Gondomar -onde se juntaram os afectos da CCS dos Cavaleiros do Norte. Não houve quem não suspirasse pela repetição destes momentos, que nos fazem recuar no tempo, na ampulheta, e lembrar os nossos 21, 22 e 23 anos! Ui, quem dera! 
O (alferes e engenheiro) Cruz trazia recados de quem não pôde estar: os (alferes) Ribeiro e Almeida (sem tempo disponível na vida desse dia), o 1º. sargento Barata (que mora longe, em Vila Fernando, mas que «estava em espírito») e o Gaiteiro (adoentado). O Viegas, de outros tantos: do Cruz (o furriel, com a sua Manuela doente), do António, do Silvestre, do Alberto e do Soares, do Dionísio que está na Suíça e do Madaleno (todos do seu PELREC), do Picote, do Canhoto e do Cabrita. O Pires, com recado do Tomás (adoentado). Que telefonou.
Às horas de bem falar, o Neto disse que «a data é de muita alegria», uma alegria que «faz desmarcar outros encontros, pois a este é que não se pode faltar». O Machado lembrou «a gente que está sempre presente» e não esqueceu «a gente nova que aparece», o que «é muito bom». Não esqueceu o organizador, o Miguel, para lhe «dar os parabéns».
O Monteiro falou de«mais um dia de felicidade da CCS». «É um milagre fazer amigos como estes, por estes anos todos, com gente que apenas  viveu 16 meses juntos...», disse ele, acrescentando que «fico sempre mais feliz quando sei do dia do novo encontro». 
Outros Cavaleiros do Norte falaram! Aqui os citaremos, em dias próximos.

2 052 - As famílias dos Cavaleiros do Norte

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Alferes Cruz, à direita, abraçado ao Alfredo Buraquinho. Depois, a mulher do 
Buraquinho (amor de Carmona), o filho e o genro (em cima). O Oliveira, o (furriel) Dias 
e esposa (foto do meio). O Miguel e o 
Casal Luz,  os «nossos maiores» da  CCS dos Cavaleiros do Norte



O Buraquinho pôs-se em cima de cadeira e gritou«firme, sentido!....»!!!. Gritou duas, três vezes, quatro!, até que dela caiu, empurrado pelo Joaquim Celestino. Era a hora de orar e o Buraquinho ainda lembrou as lágrimas que caíram» no dia 1 de Junho de 1975, quando rebentaram os incidentes de Carmona e ele se «colava» à namorada, agora sua mulher. Lágrimas até Setembro, o mês do regresso! António Cruz, alferes de lá e por cá continuando oficial de serviço nestas coisas dos encontros, botou faladura. Emotiva!!! Começou por recordar os que, em 1974, «deixaram a família, os amigos, as namoradas» e partiram para a jornada africana de Angola, onde«alguns passaram momentos muito difíceis». Ele mesmo, António Albano Cruz, por lá teve a mulher Margarida e o filho Ricardo e fez questão, na memória emocional da Lomba de Gondomar, de lembrar com quem por lá conviveu «até em família e casa» (o alferes Hermida), em «grandes momentos de ligação pessoal» (alferes Almeida), «aprendendo a sentir os cheiros da guerra que chegava dos pelotões operacionais», amizade depois «continuada na sua casa de Carrazeda de Ansiães» (alferes Garcia), o seu pelotão da ferrugem (que «até tomava conta do meu filho»), os incidentes que marcaram Carmona («como esquecê-los?!?...»), os acidentes das viaturas, «os nossos soldados e os nosso comandante»!.
«São recordações imortais, para mim e para a minha esposa Margarida», disse (o ex-alferes) António A. Cruz.  
O Viegas também falou e puxou (algum) brilho às palavras, para ilustrar«as emoções de há 39 para 40 anos, quando o medo não nos atropelou, nem a coragem nos faltou para assumir, de corpo inteiro, a missão que lá nos levou». E de onde viemos«ligados de alma e coração, por este tempo todo, que vem de 1975 e fez a família dos Cavaleiros do Norte aumentar com as nossas mulheres e os nossos filhos».


2 053 - Uma família que vem de muitos lados...

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O Moreira e a esposa (à esquerda), o filho e o capitão Luz (em cima). O Vicente, 
com a mulher, e o Gomes (em baixo). O casal Zambujo (foto de baixo)


O tenente Luz (o «nosso capitão»!) foi o último orador, o mais e melhor ouvido: «Compartilho a minha alegria por estar convosco, pelo rejuvenescimento que senti hoje». Adepto militante dos convívios da CCS, não falha a um, esteja a saúde como estiver.«Este entusiasmo, esta amizade que é cada vez mais forte, faz-me mais jovem. Quando lembro os sacrifícios de Angola, as ansiedades que por lá sentimos, sinto que isso nos torna  mais amigos, como uma  família. Os encontros contribuem para isso», disse o tenente Luz, agora capitão aposentado, do alto dos seus 85 anos - que nem recente operação a uma perna impediu de viajar para a Lomba gondomarina.
O tenente/capitão Luz, ouvido sacramentalmente, precisou que «a memória já não me ajuda nos nomes, mas as caras estão todas aqui», a cabeça (apontou-a com o dedo), e exaltou «a participação das esposas, dos filhos e dos netos» dos Cavaleiros do Norte.
«Isto que aqui vivemos, com esta alegria, é a felicidade de sermos uma família com gente espalhada por muitos lados», disse Acácio Luz, aplaudido, de pé, e debitando as últimas palavras do encontro:«Estes convívios são salutares. Peço que os continuem! É o que mais desejo, que daqui a um ano nos possamos encontrar de novo».
Choveram os aplausos!  



2 054 - Cavaleiros de Santa Isabel reúnem em Castelo Branco...

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Os cavaleiros do Norte de Santa Isabel vão reunir-se amanhã, dia 7 de Junho, em Castelo Branco, com organização do Flora e do Belo. São eles os operacionais de serviço e a concentração está marcada para as 10,30 horas, junto ao Hotel Tryp Colina do Castelo - que fica perto do castelo. Depois, será o almoço festivo, com ementa de se lhe tirar o chapéu!
Grande encontro, amigos de Santa Isabel! Lembrem-se que foi ontem, 5 de Junho de 2014,  que se fizeram 40 anos da vossa partida para Angola!
E festejem!



2 055 - O «rancho» dos Zalala´s em Fátima...

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Cavaleiros e amazonas de Zalala, no encontro de Fátima, 1 de Junho de 2014
Clicar na imagem para a ampliar


Os Cavaleiros do Norte de Zalala não foram sós, na «peregrinação» de Fátima. Muitos deles, levaram as caras metades, filhos e até netos. Melhor assim, e agora, que há 39 para 40 anos, quando «cavalgaram» a vida na solidão saudosa e sofrida do Uíge angolano.
Antes de mais, recordamos quem até lá viajou: o capitão Castro Dias e os furriéis Velez, Queirós, Pinto, Rodrigues, Aldeagas, JC Dias, Barreto e Mota Viana. E os companheiros que por lá acamaradaram: o Vargas (que viajou dos Açores), o Manteigas, o Lopes e o Romão, o Martins, Lucas, Amaro, Maia, Santos, Oliveira, Fião, Tarciso e João Pereira (que veio de França), Barroso, Carneiro, Vilaça e Costa, Carvalho, Casimiro, Couchinho, Campos, Eira, Lourenço, Lago e Jorge. Nada mais nada menos que 34! Mais 29 acompanhantes!
«Não foi  possível ainda localizar e contactar 52 e pelo menos 15 já faleceram e 19 foram contactados, mas não estiveram presentes», explicou o «mordomo» JC Dias.
O «rancho» foi de se lhe tirar o chapéu e abrir o estômago de apetites: entradas diversas e à farta, sopa de peixe, bacalhau à lagareiro (com  migas e batata a murro), medalhão de novilho com grelos e arroz de legumes,  sobremesa de bolo de chocolate com frutos silvestres e gelado e, no final, bolo e espumante!!!
Ganda rancho, ó Zalala´s!
Nem, as ementas do Nascimento!!! Ou mesmo as do Rodrigues!!! As daquele tempo de há 39 para 40 anos!

2 056 - Cavaleiros do Norte do Quitexe, 2015!!!, em Mortágua...

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O Afonso Henriques na defesa da candidatura de Mortágua; à esquerda, o Gomes, abaixo de AH o Caixarias, de costas, à direita, o Serra (foto de cima). O Alfredo Buraquinho, o Neto e o Pires, a defender Bragança (foto a seguir).  O Monteiro a defender Penafiel, como "procurador" do Moreira (terceira foto). O Zambujo (com o Morais) propuseram «um enmcontto mais ao sul (ao fundo)


O encontro da CCS de 2015 foi «disputado», por quatro aguerridas e convictas candidaturas: as do Afonso Henriques (por Mortágua), do José Pires (de Bragança), do Moreira (representado pelo Monteiro e a querer o pessoal em Penafiel) e a dupla Zambujo/Morais, lá mais para o sul.
Chegou a pensar-se num sorteio, mas uma alma sábia sugeriu que cada qual defendesse a candidatura. Disse, então, o Afonso Henriques que«no centro é que é bom», pois Mortágua «fica pelo meio do país, a 40 kms. de Coimbra». E por lá, frisou, «come-se bem». Comer por comer, argumentou o Pires que por Bragança «há uma boa posta mirandesa». E quanto a isso de distâncias, «não é problema, pois o que é longe fica perto». E sublinhou que «hoje em dia, com as auto-estradas, não há distâncias».
O Monteiro já organizou dois encontros mas interveio como «procurador» do Moreira, que teve de sair mais cedo, a defender Penafiel como«o sítio certo», pois «há por lá coisas muito boas e boa gente». O Zambujo, fazendo par com o Morais, quis puxar a malta para o sul. «Organizamos lá em baixo. isso da deslocação, não é problema!!!», argumentou. 
Foi-se a votos? Foi-se a rifas, a sorteio? Não. Os senadores reuniram rapidamente, conciliaram as candidaturas e proclamaram Mortágua como o local do encontro de 2015. O Afonso Henriques organizará e não vai faltar nada!  

2 057 - Cavaleiros de Santa Isabel em Castelo Branco

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O Mendes «acordeonou» o encontro dos Cavaleiros do Norte, em Castelo Branco. 
Aqui, à esquerda, o Flora (um dos organizadores, com o Belo) conclui que tudo 
correu vem. Em baixo, o Carlos Silva, corta o bolo

Os Cavaleiros do Norte de Santa Isabel - os da 3ª. CCAV. 8423!!!! -, «cavalgaram» para Castelo Branco, onde os esperava o encontro organizado pelo Flora e pelo Belo. Que correu aos conformes!!! Tudo como il faut!!! Menos sorte teve o (ex-alferes) Carlos Silva, que ficou «apeado» na zona de Proença-a-Nova, teve de esperar  (de carro avariado) pelo "apoio» da Fidelidade (a seguradora) mas, qual cavaleiro andante (mas do Norte) lá galgou os últimos quilómetros, até que chegou a Castelo Branco. A tempo das sobremesas, mas depois de consolar o estômago com os pratos da farta e boa ementa do «rancho».
«Fiquei lisongeado, por me convidarem a partir o bolo», disse Carlos Silva, acidentalmente o único oficial de Santa Isabel presente nestes 40 anos da partida para Angola que se festejavam. Por um e outro motivos, não puderam estar outros.
O que não faltou foi o acordeon do Mendes, agilíssimo no dedilhar das notas e na animação da tarde de festa, com  música popular que encantou os Cavaleiros do Norte de Santa Isabel e seus familiares, juntando afectos na tarde albicastrense de 7 de Junho de 2014.      

2 058 - Os Cavaleiros do Norte do Quitexe, um a um!!!

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Cavaleiros do Norte da CCS, do Quitexe, em Lomba de Gondomar, a 31 de Maio de 2014. Manuel Machado, Vicente Alves, Domingos Teixeira (estofador), António  Amaral e Alfredo Coelho (Buraquinho), Domingos Peixoto (óculos e camisola vermelha) e (alferes) António Cruz (à frente). Tenente/capitão Acácio Luz (de fato e óculos), José Monteiro, Humberto Zambujo (pêra e óculos), Delfim Serra e Porfírio Malheiro (fila do meio). Atrás, José Luís Nogueira (do Liberato), Francisco Dias, Henrique Esgueira e Vasco Vieira.


Joaquim Moreira, Raúl Caixarias (de verde), Miguel Ferreira, Aurélio Júnior (Barbeiro) e António Pais (à frente). 
Norberto Morais (furriel, tapado pelo Caixarias), Joaquim Celestino (condutor) e Miguel Teixeira (com a bandeira), José Pires, José António Gomes (condutor, de azul escuro e bigode), José Gomes (enfermeiro), Luís Oliveira (camisa azul) e Afonso Henriques (barba e de verde). Atrás, CJ Viegas, Abílio Duarte (de barba), José Caetano (clarim, de óculos) e Francisco Neto.  

2 059 - Os Cavaleiros de Zalala no Encontro de Fátima

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Zalalas, em Fátima, a 1 de Junho de 2014. De cócoras, à frente, Idalmiro Vargas (o Açoreano) e (os furriéis) Victor Velez e  Manuel Pinto. Depois, Lopes (o Famalicão, de camisa azul), José Romão, Martins, Lucas, (capitão) Castro Dias, Amaro e Maia da Costa. Atrás, (furriel) José Carvalho (de barbas), Casimiro e António Conchinho. 



Barreto, Campos, Eira, (furriel) João Dias (o organizador do encontro, na fila de trás, seguido de Lourenço, (furriéis) Plácido Queirós e Fernando Mota Viana (encoberto pelo Carneiro), Lago e Jorge (mais atentos à conversa). De pé, João Pereira, (furriéis) Américo Rodrigues e João Aldeagas, Barroso, Carneiro, Manuel Vilaça e (furriel) Victor Costa (calças vermelhas). De cócoras, Manteigas.

cARMONA

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http://www.fmsoares.pt/aeb_online/visualizador.php?bd=IMPRENSA&nome_da_pasta=06823.173.27246&numero_da_pagina=20

2 060 - Os incidentes de Carmona, 1 de Junho de 1975!

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Imagem dos incidentes de Carmona, em Junho de 1975 (de AA Cruz). Opuseram militares 
da FNLA e do MPLA.  Em baixo, notícia do Diário de Lisboa, de 2 de Junho de 1975


Os incidentes de Carmona, começados na madrugada de 1 de Junho de 1975, há 39 anos, já por aqui foram relatados.  por vária gente e de modos diversos. Recuperei, agora, uma notícia do Diário de Lisboa, publicada a 2 de Junho desse ano: «Graves incidentes estalaram ontem em Carmona, entre tropas do MPLA e da FNLA, obrigando a intervenção, até agora sem êxito, de uma equipa militar mista, composta por forças integradas, dos três movimentos de libertação»
Curiosamente, ou talvez não, não tenho memória de as nossas intervenções (neste conflito) serem acompanhados por elementos dos movimentos.
Acrescenta o DL, em despacho do enviado especial a Luanda, que «a insuficiência desta equipa e o recrudescimento das confrontações armadas determinou uma ordem de marcha, emitida este amanhã, para que segunda força militar integrada siga para Carmona e domine a situação».
Se a ordem foi dada, não duvidamos, não terá sido cumprida. Não me lembro (nem ninguém a quem agora perguntei) que qualquer reforço tenha chegado a Carmona.«Mais uma vez, as NT procuraram  minimizar o conflito, procurando o seu términus rápido e diligenciando por limitar os seus efeitos», refere, por seu lado, o Livro da Unidade - que em lado nenhum cita quaisquer reforços.
Reforços? Talvez um ou outro oficiais do MFA tenha(m) dado uma saltada a Carmona, de avião, e não terá(ão) levado recados simpáticos do comandante Almeida e Brito. Reforços, só me lembro de em Agosto terem aparecido, para a evacuação para Luanda.
Alguém pode ajudar a esclarecer isto?

2 061 - Os sangrentos dias de Carmona, há 39 anos!

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Alferes Garcia, de G3 na mão (a amarelo) e furriéis Viegas (de lado e meio tapado) e Machado (a branco), na parada do BC12, junto de um helicóptero, nos dias sangrentos de Carmona, há 30 anos! 

O Diário de Lisboa, a 3 de Junho de 1975, dava conta do «êxito das ultimas diligências conjuntas para o restabelecimento da ordem em Carmona, teatro de incidentes sangrentos nos últimos dias». E os Cavaleiros do Norte que o digam, pois por lá sentiram na pele, e na alma, as dores dos momentos trágicos de uma guerra fratricida, de irmãos a matar irmãos.
«As duas equipas  militares integradas nos movimentos de libertação, enviadas anteontem para Carmona e que não puderam por termo às confrontações entre tropas da FNLA e MPLA, recorreram ao apoio político de uma delegação de altos representantes dos três movimentos e do Exército Português, que parece ter tido êxito na sua missão», refere o DL de 3 de Junho de 1975.
Na véspera, dia 2 de Junho, era expectado um encontro entre uma força do ELNA, proveniente do Zaire, e as forças mistas, formadas por tropas dos três movimentos e do Exército Português, numa coluna que, segundo o DL, «avança para norte, para suster as forças de Holden Roberto, cujas intenções não são claras, apesar das notícias de que viria apenas render a guarnição de um quartel onde, na última semana, se travaram acesos combates». Qual quartel? O jornal não diz e a minha memória não chega lá.
Porém, em data que não é possível precisar, segundo o Livro da Unidade, um incidente na Ponte do Dange,«serviu de espoleta» para outros, que se estenderam a Carmona (e são estes de que vimos falando) e, logo depois, o Quitexe (onde continuava a 3ª. CCAV. 8423) e Negage, em, e cito,«avalanche de gravíssimos confrontos entre ELNA e FAPLA». 
Não indo a força do ELNA para estes aquartelamentos, iriam para qual e onde? Não sei.
Estes dias de Carmona continuavam a ferro e fogo, com imensos (quantos?) mortos civis e entre combatentes da FNLA e do MPLA. Feridos, mais ou menos graves, eram ás centenas.
Os Cavaleiros do Norte da 1ª. CCAV. 8423, os de Zalala, já no Songo desde 24 de Abril - idos de Vista Alegre e Ponte do Dange -, começaram a rotação para Carmona a 6, concluindo-a a 12 de Junho (ontem se passaram 39 anos). Também não era para o Songo que se dirigi(ri)a a força do ELNA.
- ELNA. Exército de Libertação Nacional de Angola,
 braço armado da FNLA de Holden Roberto
- MPLA. Movimento Popular de Libertação de Angola, 
braço armado do MPLA de Agostinho Neto

2 062 - Fulminante e sangrenta operação de caça ao homem

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Alferes Garcia e Almeida. Atrás, os 1ºs. sargentos Barata e Aires (em cima). 
Um «mpla» esquartejado e morto em Carmona (foto de Alfredo Coelho «Buraquinho»)



Carmona, 14 de Junho de 1975. O nosso alferes Almeida faz 28 anos. É economista e arquitecto e oficial de reabastecimentos, um dos nossos maiores e melhores. Hoje, 39 anos depois, a vida profissional «hospeda-o» no seu ateliê de Marraquexe, em Marrocos - país de que é cônsul no Algarve. A facilidade de comunicação dos dias de hoje, permitiu o abraço de parabéns que telefonicamente voou de Águeda até lá. Está bem e feliz. «Já cá cantam 67!!...», disse-me ele, em sonora gargalhada. De satisfação.
Há 39 anos, precisamente, não eram tão fáceis e ágeis as comunicações. E Carmona vivia dias aflitivos, de tragédia, sangue e morte.
Recuo no tempo, a 4 de Junho, lendo um despacho do Diário de Lisboa, a  partir de Luanda, de um enviado especial:«A aparente estabilidade da situação em Carmona  rompeu-se brutalmente nas últimas 24 horas, com uma fulminante e sangrenta operação de caça ao homem lançada pelos comandos de Holden Roberto (ELNA), contra militares e civis do MPLA».
O relato (quase) coincide com a vivência desses dias. Dias em que os Cavaleiros do Norte não foram à cama e, 24 sobre 24 horas, até 6 ou 7 de Junho, estiveram em prontidão operacional, recolhendo feridos para o hospital, levando civis para o BC12 - fugindo à metralha que incendiava a cidade.
«A matança prossegue em Carmona (...), Ninguém dispõe ainda de número de mortos, feridos, presos e desaparecidos, mas as vítimas serão já muitas. As ruas estão cheias de cadáveres, segundo os telefonemas recebidos em Luanda», relata o jornal.
Ruas cheias de cadáveres, é um exagero - parece-me. Mas que a situação era «extremamente grave», como na capital afirmou um alto responsável do MPLA, lá isso era. Assim como era verdade os «fnla´s» invadirem casas de simpatizantes do MPLA «matando muitos deles, espancando e raptando outros». Os «mpla´s», tanto quanto podiam, não faziam diferente. Com os Cavaleiros do Norte a tentarem, hora a hora, evitar maior tragédia. Centenas e centenas, milhares de civis fora recolhidos no BC12. Foram dias de drama, de dor, de medos e de muita coragem, de sangue e de muitos ódios fratricidas - que não nos cabem comentar. 

2 063 - Forças Armadas «perfeitamente exemplares...»

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Um helicóptero a aterrar na parada do BC12, em Carmona. Ao fundo, 
um grupo de refugiados civis. À direita, algumas das suas viaturas (foto AA Cruz)

A 4 de Junho de 1975, o Conselho Coordenador do Movimento das Forças Armadas (MFA), em Luanda, emitiu um comunicado, dando conta de não haver baixas entre as tropas portuguesas, nos repetidos e geograficamente divididos incidentes de Angola.
Sobre Carmona, por onde, de arma na mão, sem sono e sem fraquejar, os Cavaleiros do Norte cumpriam o seu dever, à custa de sacrifícios incontáveis, dizia o comunicado:
«Na área de Carmona, como aliás sempre tem sucedido, em anteriores e nos actuais incidentes, a actividade das Forças Armadas Portuguesas tem sido absolutamente exemplar, tendo envidado os maiores esforços  para, sem intervir directamente nos combates entre as forças dos movimentos de libertação, estabilizar de forma muito activa a situação, evitando o derramamento inútil do sangue do povo angolano e garantindo, na medida do possível, a continuação da vida económica das áreas afectadas».
Carmona, na verdade, continuava num ambiente tenso, mas, naquela noite de 4 para 5 de Junho, não se registaram incidentes. A tropa portuguesa ocupava as principais posições de cidade: hospital, abastecimento de água e fornecimento de electricidade, aeroporto, rede de reabastecimentos e circulação rodoviária. Porém, começaram a rarear mantimentos e continuava a recolha de feridos - alguns deles evacuados para hospitais de Luanda, por via aérea.
«Os que escaparam aos primeiros movimentos das operações refugiaram-se no Hospital, no Paço Episcopal e no aquartelamento português», noticiava o Diário de Lisboa desse dia, frisando que «a Força Aérea montou imediatamente um sistema de evacuação dos adeptos do MPLA e da população civil que lhe é afecta, enquanto o Exército Português procura impedir os «raids» dos homens de Holden Roberto, que retomam tragicamente os métodos da UPA, em 1961».
O Exército Português de que o DL fala eram os Cavaleiros do Norte! Nunca ninguém saberá quantas centenas, quantos milhares de vidas a sua corajosa e permanente actuação terá poupado nestes dias trágicos de Carmona, há 39 anos.
- UPA. União dos Povos de Angola,
a antecessora da FNLA.

2 064 - Os dias de Carmona, em Junho de 1975!

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Tropa portuguesa com civis recolhidos, na cidade, na parada do BC12, a 1 de Junho 
de 1975. José Manuel Cordeiro, de pé (à esquerda, na foto de baixo), seguido de 
José Messejana e José A. Neves. Em baixo, Jorge Vicente (falecido em 1997) e CJ Viegas 

Os dias de Carmona, por Junho de 1975, iam passando, sempre em prontidão operacional dos Cavaleiros do Norte, socorrendo tudo o que era de socorrer, acudindo quem era de acudir e muita gente civil foi recolhida e ajudada, apesar dos olhares críticos e comentários desabonatórios de muitos deles.
No verão passado, na sua terra da Bezerra, na Serra de Aire, encontrei-me com o Cordeiro, meu companheiro de PELREC e de PM na cidade de Carmona - com o Marcos e o condutor Breda. Recordámos uma cena da Rua do Comércio onde, junto ao polícia sinaleiro, fomos (como PM´s) insultados por duas senhoras que ali conversavam. 
Traidores, cobardes,  canalhas são nomes que ainda hoje, 39 anos depois, nos «martelam» a alma. Ouvidos, sem reagirmos, quando, de espírito sacerdotal e partilhante e sabe-se lá com que sacrifício moral e físico, nos dávamos de corpo e alma para garantir a segurança na cidade e dos cidadãos. Foi precisamente no mesmo sítio que, na manhã de 1 de Junho, esse domingo maldito e trágico de 1975, uma dessas senhoras, com uma criança pendurada no colo e mais três ou quatro à beira, no passeio, nos pediu socorro. Não queria acudir-lhe o Marcos, sendo a isso obrigado, bem recordado que estava dos insultos da véspera. E lembro-me bem do marejar de lágrimas da senhora, ajudada a subir para a Berliet, com as crianças consoladas pelos soldados do PELREC. 
Ao tempo de 6 de Junho, a cidade já repousava dos trágicos incidentes iniciados na madrugada do dia 1, faziam-se análises e a tropa mantinha-se em guarda, para o desse e viesse. O ministro Kabangu, do Interior, do Governo de Transição e da FNLA, tinha chegado à cidade dois dias antes e para «controlar as tropas do seu partido», segundo noticiava o Diário de Lisboa. Era pormenor que, ao tempo, nem lembro se soubemos. Sabíamos, isso sim, que começava o êxodo das populações - a fugirem da guerra, da morte, das perseguições e das vinganças.  
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