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Channel: CAVALEIROS DO NORTE / BCAV. 8423!
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1 619 - O Raposo de Zalala que voltou a Angola...

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Rogério Raposo e Plácido Queirós, em 1974. O que é 
que eles tem na mão? E quem será o  companheiro 
ali da direita? O Raposo, em pose cinematográfica (em baixo)


  O Raposo foi homem de transmissões, na mítica Zalala, a«mais rude escola de guerra»
Ao tempo, na mui juvenil idade que o levou à jornada africana do BCAV. 8423, já era pai da Ana, a agora sua filha mais velha, que por cá ficou no colo e aos cuidados e afectos da jovem mãe - a namorada/mulher do jovem Cavaleiro do Norte. 
Quantos sonhos e noite mal dormidas terá  tido, por então, o jovem Rogério Raposo, a morrer de saudades dela (da Ana que crescia tão longe...) e a lembrar-se do regaço e do abraço da sua «mais-que-tudo»??!! Quantos??!!! Ai quantos!!! E quanto se terá deixado varrer pela emoção, e pela dor, a imaginar os primeiros sorrisos e choros da miúda Ana, parida do seu sangue e do seu amor, hoje já mulher madura de 40 anos!!!, que engendrou no arrebatamento dos seus amores e paixões mais juvenis e voluptiosas?!!   
O Raposo era das transmissões de infantaria, da família militar de Zalala e Vista Alegre, com o Dias (o furriel, agora aposentado da Polícia Judiciária), o Almeida, o Aires, o Carlos Costa, o Almeida os rádiotelegrafistas Hélio, Jorge Silva, Lazo e Coelho, os criptos Lourenço e Abel Felicíssimo - e Deus sabe se a memória está a esquecer alguém.
Pois o Raposo, que vive pelos lados de Sintra, viu a família crescer-lhe com um casal de gémeos, agora com 33 anos - a Marisa e o Ludjero -, e dois netos. Uma filha, a Marisa, foi tenente da Força Aérea, um genro comanda na GNR e ele anda desde há 20 anos a carpinteirar por Angola. Trabalha em Viana, logo depois do Grafanil, numa firma angolana de portugueses, e gosta de estar por lá. 
Um dia, há-de ir ao Quitexe, a Zalala, a Vista Alegre, a Aldeia Viçosa, a Santa Isabel e Carmona. Matar saudades, dos nossos épicos tempos de jornada uíjana.

1 620 - Acácio Luz, tenente e capitão, 84 anos de vida!!!

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Casal Carreira da Luz, Violontina e Acácio. O «nosso tenente 
Luz», agora capitão, a brindar com a esposa, a 2 de Junho de 2012 (em baixo)



Aos idos dias 28 de Março de 1939, algures no Portugal que ia do Minho a Timor, nasceu um varão que a vida levaria pelo mundo, de farda e garbo, a servir o país e a construir amigos, a fortalecer caminhos e distribuir afectos. Muitos amigos!!! O capitão Luz!! O tenente Luz que compartilhou com os Cavaleiros do Norte os 15 meses da nossa jornada africana. Faz hoje 84 anos!! Uééééé!!!
Ao fim da tarde, tive um «pé de orelha»  com ele e logo se lhe soltou a jovialidade, a felicidade e o gargalhar de quem está de bem com a vida e feliz!! A viver num sino!!! 
Acácio Carreira da Luz vive na Marinha Grande, aposentado, com a sua «mais que tudo», a senhora D. Maria Violtina, a nossa maior Amazona do Norte, mãe de seus quatro filhos, que dele suspiraram saudades no tempo de 15 meses que foi o tempo da nossa vida d´África.
Acácio falou da vida, de Maria Violtina, seu amor de uma vida inteira!!!, amor e paixão sem amuos que retraíssem uma relação que lhes deu Isabel Maria, Pedro, Paulo e Marco Nuno, os seus quatro filhos. E falou dos 10 netos, que são flores no espaço de sóis e paraíso que ajardina pela Marinha Grande. 
«Somos 20, quando nos juntamos!!». Vinte! Vin-teeee..., leram bem!
Acácio Carreira da Luz foi «o nosso tenente» do Quitexe, de Carmona, de Luanda. E já de Santa Margarida. Faz hoje 84 anos e está como se o estivéssemos a ver na avenida do Quitexe, há 38 para 39 anos, a caminhar para a secretaria do Comando, onde foi proficiente e alguns vezes teve de dar ouvidos aos maus-humores do comandante  Almeida e Brito.
E agora, a vida: a professora Isabel Maria, licenciada em Letras, que lhe deu duas netas, «dois amores...». O Pedro, o mais velho, director de serviços da CP e mais «duas raparigas...». O Paulo, engenheiro e empresário no sector do turismo e viagens. Hei!!!..., pai de 5 filhos!!! Ciiiiin-co netos de Acácio!!! E Marco Nuno, engenheiro da área electrónica, uma menina e mais «uma netinha» do «nosso tenente» e deD. Maria Violtina.
O que mais quereria o agora capitão Luz?
A saúde que tem, o paraíso familiar em que pousa os seus olhos, a disposição que lhe alegra os dias e «mais tempo dos 20...» para usufruir do apartamento de Vilamoura e do alpendre da casa da Marinha, para uns churrascos e a mesa farta de quem está bem na vida e vive feliz e a comunga com o mundo inteiro, porque por isso fez.
Parabéns, capitão Luz!! Já ergui a taça pelo dia e agora aqui lhe deixo um açafate cheio de abraços dos Cavaleiros do Norte! 

1 621 - Duas imagens de Carmona, nos dias de hoje

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Duas imagens de Carmona (cidade do Uíge de hoje), captadas em Dezembro de 2012 pelo Carlos Ferreira. Em cima, a rua do Pavilhão desportivo do Futebol, Clube do Uíge (o edifício azul) e da escola primária (à esquerda). Em baixo, a entrada da cidade, do lado do BC12, de quem vai do Songo.
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1 623 - Cavaleiros do Norte da CCS em Santo Tirso

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O Convento Beneditino de Santo Tirso, onde a CCS dos Cavaleiros do Norte se vão concentrar,
a 1 de Junho. O casal Cruz, com o filho Ricardo, no natal de 1974, no Quitexe (em baixo)



O encontro da CCS do BCAV. 8423 está este ano a cargo de António Albano Cruz, ex-alferes miliciano, em Santo Tirso e a 1 de Junho. «É com muito gosto que o faço e espero que, com os adjuntos Manuel Machado e Porfírio Malheiro, estejamos  à altura de vos proporcionar um agradável dia de convívio  entre todos incluindo as famílias», disse o oficial e ao tempo comandante do parque-auto.
O «teatro das operações» será o Convento Beneditino de S. Bento (foto) onde se situam a Escola Secundária Agrícola e a Igreja Matriz de Santo Tirso.
A «mobilização geral» de 1 de Junho de 2013 terá à esc ala, em ordem de serviço, o oficial de dia alferes miliciano Cruz, o sargento de dia furriel Machado e o 1º. cabo Porfírio Malheiro, que era (é) o benjamim da Companhia.
O objectivo da operação é juntar toda a guarnição da CCS do BCAV. 8423, com a seguinte:
                               
Ordem  de operações

11 horas: Concentração de todos os operacionais (comando, atiradores, mecânicos e condutores auto, transmissões, sapadores, serviços de saúde e religioso, reabastecimentos e tudo o mais) em frente da Igreja.
-11,30 horas: Missa por todos os combatentes vivos e falecidos. Recordaremos o comandante general Almeida e Brito, o capitão Oliveira, o tenente Mora, o alferes Garcia, sargento-ajudante Machado, 1º. sargento Aires,  furriéis Mosteias e Farinhas, os 1ºs. cabos Louro, Marques  (Carpinteiro), Medeiros, Vicente e Almeida, os soldados Coelho e Leal e todos os outros já falecidos e dos quais não temos conhecimento.
- 12,30 horas: Assalto ao rancho. Municiados com o maior apetite e boa disposição, será a altura de,  heroicamente, nos «batermos» com os melhores pratos e vinhos da região.
Durante e após a «refrega», será altura de cada um recordar os grandes e gloriosos feitos na campanha de África.
No sentido de facilitar a vinda do maior número de companheiros, estuda-se a hipótese de alugar uma carrinha (autocarro), que partirá de Lisboa e recolherá  em pontos estratégicos (por exemplo, Leiria, Coimbra e Porto) todos quantos queiram aderir a
esta forma de deslocação. 
Os mouros … (algarvios,  alentejanos , alfacinhas e outros que tais) tomarão o autocarro em Lisboa e apanharão o resto dos cavaleiros até Santo Tirso.«Os vistos na fronteira do Dragão serão tirados com a devida antecedência…», diz António Albano Cruz.

CONTACTOS

- António Sousa Cruz(alferes comandante do Pelotão-Auto, na peluda) 
Telefone 252866865, telemóvel 96682884 e asousacruz@gmail.com
Rua de Palmeiró, 598    
4780-664 Palmeira Santo Tirso
- Manuel Afonso Machado (furriel mecânico d´armamento, o Beduíno)
 Telefone 253257949, telemóvel 936408336 e   manuelafonsomachado@gmail.com
- Porfírio  Malheiro (1º. cabo do parque-auto, o benjamim)
 Telefone 252856237 e telemóvel 917509953

1 624 - Excursão de Cavaleiros de Lisboa para Santo Tirso

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Os Cavaleiros do Norte em Paredes, a 1 de Junho de 2012. 
O ex-alferes Cruz, organizador de 2013, à esquerda (de barbas)

A organização de uma excursão para o encontro dos Cavaleiros do Norte de 1 de Junho está a ser preparado a partir de Lisboa, para o norte, mas para que este meio de transporte se torne possível é necessário que os interessados  comuniquem se o pretendem ou não, o mais breve possível. 
«A delicada operação conta com o apoio logístico do ex-furriel Cruz», disse o alferes Cruz, que é o «juiz» da festa, adiantando que «cada um também pode partilhar o carro com outro» e que«não queremos é que alguém falte por alguma dificuldade no transporte ou outra».
Quem quiser ir de véspera, ou ficar por Santo Tirso mais um dia (ou na região), «tem vários hotéis e residenciais que poderemos aconselhar».
 Notas finais:
1 - Estamos abertos a todas as propostas e opiniões.
2 - Quanto mais cedo cada um se inscrever e disser quantos familiares traz, mais fácil e melhor será a organização. Inscrições até 1 de Maio de 2013.
3 - É nossa intenção juntar o maior número de fotografias e outras recordações que nos lembrem os tempos que passamos em Angola. O furriel Machado comandará esta emocionante operação. Diz  o  que  gostarias de trazer.
4 - Não esqueças o boné, a boina ou o quico, para a fotografia de grupo.
5 - Iremos contactar os comandantes da 1ª., 2ª. e 3ª. companhias para que apareçam e tragam o maior número de companheiros.
«Estás na dúvida em comparecer na parada? Não vaciles… o companheirismo  e a boa disposição são uma força. A quem não andou nestas campanhas responde “Perguntai ao inimigo quem somos“, sublinha António Sousa Cruz (alferes do pelotão-auto na peluda), «com amizade e até breve».

CONTACTOS

- António Cruz. António José Dias Cruz, furriel miliciano rádio-montador, morador em Póvoa de Santo Adrião, telefones 219370402 e 91 33 96 333.
- Manuel Machado. Manuel Afonso Machado, furriel miliciano mecânico de armamento. Residente em Braga, telefones 93 640 83 36 e 253 25 79 49.

- António Sousa Cruz (alferes comandante do Pelotão-Auto, na peluda) 
Telefone 252866865, telemóvel 96682884 e asousacruz@gmail.com
Rua de Palmeiró, 598    
4780-664 Palmeira Santo Tirso
- Manuel Afonso Machado (furriel mecânico d´armamento, o Beduíno)
 Telefone 253257949, telemóvel 936408336 e   manuelafonsomachado@gmail.com
- Porfírio  Malheiro (1º. cabo do parque-auto, o benjamim)
 Telefone 252856237 e telemóvel 917509953


1 625 - Patrulhamentos mistos no Úcua e Quibaxe

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Forte perto da Administração de Quibaxe (foto de Carlos Ferreira, em Dezembro de 2012)
Fazenda Maria Emília, na estrada do café, de Luanda para Carmona (Uíge), nos arredores de Úcua. Placas sinaléticas de Uíge (Carmona) e Úcua, na mesma estrada. Fotos de Carlos Ferreira, a 14 de Dezembro de 2012
A 31 de Março de 1975, hoje se fazem 38 anos, realizou-se em Úcua um patrulhamento conjunto, das forças armadas portuguesas e militares dos movimentos de libertação. Não sei quais, ou se os três, ou se dois, se um. 
O comando dos Cavaleiros do Norte vinha a ter contactos diários com os movimentos e, às quartas-feira, realizava-se uma reunião do Estado Maior. Ao tempo, verificava-se também, para satisfação geral,«uma boa aceitação das medidas militares tomadas», o que, de resto, leio no Livro da Unidade, «tem sido a origem do clima de paz que se vive no distrito, constituindo-se esta equipa de trabalho um exemplo para terceiros».
O patrulhamento, da parte portuguesa, teve participação de grupos de combate da 2ª. CCAV. 8423 (a de Aldeia Viçosa, do capitão José Manuel Cruz) e Esquadrão de Cavalaria 401 - que, em data indeterminada, passara a ser subunidade do BCAV. 8423.
Idênticos patrulhamentos se realizavam em Quibaxe e Salazar.
Eu e o Cruz, de malas feitas, já laureávamos o queijo por Luanda, em gozo de férias.

1 626 - O alferes miliciano José Leonel Hermida...

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O alferes Hermida e a esposa,, na festa de Natal do Quitexe (1974). 
À sua esquerda, o casal Margarida e alferes Cruz

O alferes Hermida foi oficial miliciano de transmissões e acção psicológica na CCS do BCAV. 8423. Abandonou o Quitexe em finais de Março de 1975, há 38 anos, por razões que estão expressas na ordem de serviço nº. 69, e seguiu para o Songo, onde esteve «algumas duas semanas». Logo depois, seguiu para um mês em Luanda, até que recebeu ordem de marcha para Nova Lisboa, já íamos por dias bem perto de Maio.
A cidade capital do Huambo, ao tempo, fumegava de rebentamentos de granadas, obuses e morteiros, cheirava a sangue e a morte, numa guerra fraticida entre os três movimentos de libertação.
«Era uma balbúrdia. A tropa controlava meia cidade e o aeroporto, o resto era dividido entre a FNLA e a UNITA, o MPLA tinha sido corrido», recorda-se o oficial miliciano, que por essa altura teve de dizer adeus à esposa Graciete, evacuada de avião, com outras mulheres de oficiais e civis, para Luanda e daqui para Lisboa. A capital do Huambo, cenário de violentos combates, foi terra de «solteiro» para o jovem oficial, que não se dispensou de saídas pela noite fora, às vezes «sem cuidar de grandes reservas de segurança...». Aquilo, sublinha agora, «era uma coisa maluca».
Outra ordem de marcha, levou-o para o Luso, no leste - onde as coisas se complicaram bem mais. «Ainda dei instrução ao que era para ser o exército de Angola, mas aquilo não deu em nada», recorda-se José Leonel Hermida. 
A cidade foi chão de batalhas sem quartel e, uma vez, até instalações militares portuguesas foram alvejadas por rockets. A FNLA, despojada e vencida, foi evacuada e a cidade ficou nas mãos da UNITA e MPLA - que também não se viriam a entender.
José Leonel Hermida regressou a Portugal e à sua Coimbra, em Setembro de 1975, onde o esperavam os braços e as saudades de Graciete - que conhecemos bem do Quitexe, onde professorou. Por cá, foi directora da escola do 1º. ciclo e está aposentada. A vida deu-lhes uma filha, Margarida Dulce, licenciada em biologia, com mestrado em Ciências do Mar - Recursos Marinhos (em 2005/2006) e  doutoramento (Parasites of the Blackspot Seabream, Pagellus bogaraveo, as Biological tags for Stock Identification) aprovado a 7 de Dezembro de 2012, na Universidade do Porto. Trabalha na ilha da Madeira.
O casal Hermida folga a aposentação na Figueira da Foz, onde José Leonel diz ter «muitos afazeres extras», feliz, descontraído e à espera de ser avô.
- HERMIDA. José Leonel Pinto de Aragão Hermida, 
alferes miliciano de transmissões e acção psicológica.
Engenheiro de formação, foi professor de matemática e física, aposentado. 
Natural de Coimbra e residente na 
Figueira da Foz.




1 627 - A mulher do Tenente Mora

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Alferes Ribeiro e Garcia e tenentes Luz e Mora, na avenida do Quitexe (rua de 
baixo), em 1974. A esposa do tenente Mora, na festa da Natal desse ano (em destaque)


Há muito que cuidava de achar uma foto com a mulher do tenente Mora, de quem nunca soube o nome, mas conheci a timidez, o sorriso e a solidão com que circulava pelas ruas da Quitexe, entre a casa onde moravam e a messe de oficiais.
A senhora Mora era alta, mais alta que o oficial seu marido, de tez escura e de origem indiana, que bem se reconhecia no olhar e no comportamento, namoro antigo de Goa - onde se terçou de amores por João Eloy e, de braço dado, foram ao altar trocar juras de amor. Não tinham filhos, sabia-se. E o casal, aparentemente, era uma coisa diferente e o contrário um do outro. Falador, interveniente, alvo até de algum sarcasmo da guarnição, era o tenente Mora - a quem, por carinho e alguma piada, chamávamos de tenente Palinhas. Danava-se por paladas, a continência de cumprimento militar, obrigatória a patentes superiores. Não a batêssemos nós ao tenente Mora (e às vezes fazíamos de propósito e não batíamos, ele que nos perdõe...) e apressar-se-ia a o oficial a dar aos tacões das botas e batê-la, ele mesmo, para que lhe compaginássemos o cumprimento.
A senhora sua esposa, de quem nunca ouvi a voz, era uma espécie de eremita, por quem o tenente Mora tinha desvelados cuidados e preocupações. Que nada lhe faltasse. Dela falava às vezes, raramente mas com carinho e tratando-se por vocemecê, entre ambos
Um dia, contou-me um jovem oficial miliciano, a senhora Mora cuidou-de se saber onde estava, tal perguntando na messe, para surpresa geral. "O meu marido não me disse!...", explicou-se, para justificar a pergunta, que embasbacou quem a ouviu.
A última vez que a vi, num dia de Julho de 1975, foi quando a levámos ao aeroporto de Carmona, em voo para Luanda. Carregámos-lhe as malas e despediu-se o casal, com dois beijos no rosto. 
"Boa viagem para a menina...", disse-lhe o tenente Mora. E acompanhou-a ao avião, pela pista adentro. Reecontraram-se, suponho, a 4 de Agosto, quando a CCS chegou à capital angolana e, em Carmona, se ultimava a épica coluna militar do adeus à capital do Uige. 
- MORA. João Eloy Borges da Cunha Mota, tenente do SGE, 2º. comandante da CCS do BCAV. 8423. Era natural do Pombal e faleceu a 21 de Abril de 1993, com 67 anos.
* O TENENTE MORA 1, Ver AQUI
* O TENENTE MORA 2, VER  AQUI

1 628 - Os Cavaleiros do Norte em Santa Margarida

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Marcelo Caetano nas «Conversas em Família» e o crachá dos Cavaleiros do Norte

A 28 de Março de 1974, chegados a Santa Margarida e no fim do gozo das chamadas Licenças das Normas - os 10 dias que era concedidos aos  mobilizados para alguma frente de combate colonial -, os futuros Cavaleiros do Norte por lá ficaram de um dia para o outro e foram mandados para casa. 
«Acabou por ser aumentada  -  a licença - de tal modo que só em 22 de Abril se voltou a reencontrar todo o pessoal Batalhão, para dar efectivação à instrução operacional», lê-se no Livro da Unidade. Mas não para todos. O pessoal administrativo gozou esses dias aos bocados e os quadros operacionais tiveram de garantir alguns serviços no Destacamento do RC4.
O BCAV. 8423 formava-se!
Por esse tempo, Marcelo Caetano foi à televisão (ao programa «Conversas em família») dizer, preto no branco, que «tem a Nação recusado abandonar as terras de além-mar, onde grandes comunidades vivem e progridem como núcleos integrantes da Pátria Portuguesa».
«Enquanto, na linha de combate, os soldados generosamente se batem de arma na mão, temos todos nós de defender a retaguarda, para que não sejam, por nossa culpa, derrotados pelas costas», dizia Marcelo Caetano, «para que consigamos o tempo suficiente para, entretanto, procurar as fórmulas justas e possíveis para a evolução das províncias ultramarinas, de acordo com os progressos façam e as circunstâncias do mundo». Com uma só condição: «a de que a África Portuguesa continue a ter a alma portuguesa e que nela prossiga a vida e obra de quantos se honra e orgulham de portugueses ser».
Como se sabe, não viria a ser bem assim.

1 629 - O Emanuel, o Botelho e os 4 anos do blog....

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Pais, Viegas e Emanuel, no restaurante Rocha, no Quitexe, em cima (1974). O Botelho, na equipa de futebol da CCS do BCAV. 8423. A equipa: Grácio, Gomes, Miguel, Botelho, Migue (pára-quedista), Gaiteiro e Soares (e cima), Miguel (?, o condutor), Mosteias, Lopes, Esmoriz, Monteiro e Teixeira (estofador)


Hoje é dia de o blog «fechar» um ciclo de 4 anos, depois daquele dia de 5ª.-Feira Santa de 2009, quando as memórias de um tempo irrepetível das nossas vidas se acasamentaram para o dedilhar diário de histórias e estórias da nossa épica jornada africana de Angola e do chão do Uíge. Por outras palavras, este vosso blog «Cavaleiros do Norte» completa hoje 4 anos!
O desfiar da vida, e das vidas, o encontro e reencontro de muitos de nós, o memoriar emotivo dos tempos em que a nossa irreverência e rebeldia se «amigaram» com o dever - e o DEVER cumprido!, o dever jurado em bandeira!! - levaram a que, muitas vezes com sacrifícios de ordem vária, aqui me sentasse para, diariamente, actualizar este espólio de palavras e de afectos, de factos e de histórias que se construíram num Portugal que mudava e ao qual, generosamente, demos tudo o que tínhamos.
A maior graça que disso sinto, disso, é ter colaborado no reencontro de gente que a vida separou mas gente que se amou, pelos tempos fora da nossa jornada angolana. É ter sido actor do reencontro de famílias que se perderam pelos ventos da história. 
Momentos dolorosos, foram os de notícia do desaparecimento físico de alguns companheiros. O do Mosteias está bem recente e neste blog ficou em memória para o futuro quanto, por ele, se enlutaram os nossos corações.
Mágicos momentos foram, e são, os de descoberta de outros companheiros, que por aí andam e andarilham pelos mundos do mundo. 
Hoje, vejam só os caprichos do destino, achámos dois de um mão só e quando menos esperava: o Emanuel e o Botelho.
O Emanuel vive nos Estados Unidos, em South River, pai de um casal, avô de dois netos e com filha que vai casar em Setembro. Trabalha na área da construção civil e, quanto a saúde e disposição, «está bem, obrigado...», assim me disse o sogro. Esteve cá há dois anos e, contou-me este familiar, indagou de mim e do Neto.
O Botelho vive no Porto. Era o Cubilhas! Tem uma ranchada de filhos, de mais de uma família, e, imaginem, já um neto com mais de 20 anos - filho de ventre que fez gerar, antes de partir para Angola. 
A vida amanhou-lhe vários sarilhos (que pagou e resolveu, por lei...) e a saúde, em Junho do ano passado, levou-o a melindrosa operação à laringe e à faringe, cujo resultado que lhe condiciona a voz. Diz-me a mulher, Manuela, que«está bem de saúde», quanto ao resto.
Aos 4 dias de Abril de 2013, ano quarto do blog Cavaleiros do Norte fechado, foi esta a prenda aniversarial: (re)achar dois companheiros da jornada angolana. O Emanuel! O Botelho! 
Abraços, para eles!
- EMANUEL. Emanuel Miranda dos Santos, 1º. cabo escriturário, da CCS do BCAV. 8423. Natural da Gafanha do Carmo (Ílhavo) e residente nos Estados Unidos, em South River.
- BOTELHO. Jorge António Pinto Botelho, o Cubilhas, soldado atirador de cavalaria, do PELREC da CCS do BCAV. 8423. Aposentado, natural de Santiago Maior (Beja), mora no Bairro Pinheiro Torres, no Porto.   
- Por onde anda(rá) o Emanuel? VerAQUI
- O futebolista Botelho (Cubilhas). Ver AQUI

1 630 - O Emanuel anda pelas Américas...

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O Emanuel com um grupo de (pequenos) refugiados, na parada do BC12, em Carmona (Junho de 1975). Em baixo (à esquerda), à porta da sala de operações do Quitexe, com o 1º. sargento Barata e o alferes Garcia


Ontem aqui demos conta da «ressurreição» do Emanuel, que era o homem do SPM, que nos trazia e levava notícias, capeadas em aerogramas meios amarelados, indo e vindo de Carmona, quando jornadeávamos pelo Quitexe.
Anda ele pelos States e afirma-se «estar mais forte» que nesses tempos -«não estou tão lingrinhas...», para usar outra sua expressão de há um bocado, quando batemos papo sobre a vida e nos afoitámos a recuar no tempo, para lembrar nomes. E lembra-se bem ele, muito bem, do tenente Luz, do 1º. sargento Barata, do 1º. Luzia!!
Aqui, parou a conversa:«Ainda são vivos, o tenente Luz fez há dias 84 anos!...», disse-lhe eu.
«Eh pá!!!...», admirou-se ele. «Vivos»???!! Devem estar com idade!!!...».
Pois é, é que nós já somos sexagenários e eles, os ex-1º.s sargentos, naturalmente são gente para os 70 e tal, 80 anos.
O Emanuel vive em South River, no Estado de New Jersey (nos Estados Unidos). Ali chegou a 31 de Março de 1986 e, desde então andou ligado à construção. Agora faz tempo para a reforma, operando no sector dos transportes. Antes, esteve emigrado na Venezuela, de 1982 a 1986. Não será tão cedo que voltará a Portugal, de vez, mas tem os pais na Gafanha do Areão (Vagos) e os sogros na do Carmo (Ílhavo). Visita-os de quando em vez.
Lembrou-se o Emanuel, depois, do capitão Falcão e do alferes Garcia, oficiais do gabinete de operações. E do comandante Almeida e Brito.
A foto de cima mostra-o aos 22 anos, entre 1 e 6 de Junho de 1975, quando, em Carmona, os trágicos incidentes entre FNLA e MPLA despejaram ódios e sangue na cidade e, na parada do BC12, foram recolhidos milhares de refugiados. Lembras-te, ó Emanuel?!
- ALMEIDA E BRITO. Tenente-coronel e comandante do BCAV. 8423. Faleceu a 20 de Junho de 2003, de doença súbita, já aposentado e com a patente de general. Ver AQUI, clicar sobre o sublinhado.
- FALCÃO. José Paulo Montenegro Mendonça Falcão. Capitão e oficial de operações. É coronel aposentado e reside em Coimbra. Ver AQUI
- LUZ. Acácio Carreira da Luz, tenente do BCAV. 8423. Aposentado como capitão, mora na Marinha Grande. Ver AQUI
- GARCIA. António Manuel Garcia, alferes miliciano de Operações Especiais (Rangers), comandante do PELREC. Faleceu a 2 de Novembro de 1979, vítima de acidente. Ver AQUI
- BARATA. João da Conceição Unas Barata, 1º. sargento de operações. É sargento-chefe aposentado e mora em Estremoz. Ver AQUI
- LUZIA. José Claudino Fernandes Luzia, 1º. sargento da CCS. É sargento-mor na reforma e mora na Reboleira (Amadora). Ver AQUI 

1 631 - O comandante em Vista Alegre e Ponte do Dange

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Quartel de  Vista Alegre, em Dezembro de 2012 (foto 
de Carlos Ferreira) e em 1975, vista do lado do Quitexe (em baixo)

A 6 de Abril de 1975, o comandante do BCAV. 8423 visitou a 1ª. CCAV. 8423, a de Zalala e do capitão Castro Dias, ao tempo aquartelada em Vista Alegre e com destacamento na Ponte do Dange. O tenente coronel Almeida e Brito regressara do comando interino da ZMN e, nesta «operação» de trabalho fez-se acompanhar dos capitães José Diogo Themudo (2º. comandante) e José Paulo Falcão (oficial adjunto e de operações).
Lá voltou, a Vista Alegre, a 18 de Abril - desta feita de novo com o 2º. comandante Themudo e do oficial de manutenção-auto, o alferes miliciano Cruz. Em trânsito pelo Quitexe (por onde necessariamente passava, em trânsito na estrada do café), Almeida e Brito visitou a 3ª. CCAV. 8423, a de Santa Isabel e do capitão José Paulo Fernandes - que a CCS  e o comando de batalhão ali deixaram a 2 de Março anterior.
Ali tinha chegado a 10 de Dezembro de 1974, deixando definitivamente a fazenda onde a tropa portuguesa marcou presença desde 1961/62.
Os «zalalas», na sua vez de rotação, viriam a abandonar Vista Alegre e Ponte do Dange em finais do mês de Abril de 1975.


1 632 - Os homens do parque-auto...

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O pelotão auto, gente do alto, que nunca regateou um sacrifício para que cada viatura estivesse sempre operacional. Entre mecânicos e condutores, pintores e estofadores, todos a conduzir para o mesmo lado. 
A foto não tem a melhor qualidade, mas reconhecem-se o alferes Cruz (ao centro, de camisola branca, óculos e bigode. Era  o «patrão da loja», alferes miliciano e comandante do Pelotão Mecânico Auto.À sua direita, também de óculos e e mãos cruzadas, o 1º. sargento Aires  Aires (já falecido). À esquerda, igualmente de óculos, o furriel miliciano Morais. E o resto da malta?
À frente, sentado e de óculos, o Teixeira (estofador). De joelhos e tronco nu, é o Madaleno. Há mais caras conhecidas, mas faltam os nomes. Que ajuda e identificar a malta?

1 633 - Os encontros combatentes da guerra colonial - 1

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Cavaleiros do Norte da CCS, na pateira, em Águeda, a 12 


ANTÓNIO CASAL DA FONSECA
Texto


Nesta altura do ano, na forja estão inúmeros convívios de ex-combatentes. Inventam-se e reinventam-me formas e fórmulas para se dar novo ânimo a estes encontros, lutando contra todas as adversidades da vida.
É, também, uma luta constante pela preservação das nossas vivências, anualmente seladas com aquele abraço amigo e fraterno, com aquele aperto de mão que respira franqueza, com um olhar cúmplice, por vezes juvenil, que tanto nos diz e algumas vezes comove.
Os ex-combatentes têm, no corpo e na alma, um inesgotável património humano. Um património de que a História não falará, mas que guardamos no nosso íntimo e apenas pode ser “lido” e entendido por quem trilhou os mesmos caminhos e os mesmos perigos, unidos numa jornada que, pela complexidade e permanente incerteza, nos despiu de preconceitos e classes sociais.
Muitos, arrancados das suas aldeias, onde ainda adolescentes lhes cortaram as raízes que eram o suporte da família, encontraram nos camaradas d’armas uma âncora para a sua vida, dando, muitas vezes, dolorosas lições a quem lhes escutava os temores. 
Eram horas e noites a fio, ouvindo e entendendo, ou procurando entender, as dores que cada um sentia, como se nossas fossem. E eram tantas as dores, principalmente de alma, que muitos carregavam pelas mais diversas razões, mas principalmente pela saudade dos filhos, privados de acompanhar o seu crescimento. 
Principalmente por esta razão, muitas lágrimas foram engolidas e vozes embargadas. Era uma face da guerra que muitas vezes passava despercebida.
Pelo meio, para enxugar as lágrimas, falava-se de amores e das juras destes, abrindo outra vez e mais outra o célebre “bate-estradas”, já gasto de tanta leitura e manuseio. Durante uma semana ou duas, não saía do bolso da farda, como se o amor da sua vida estivesse ali junto de si. Se necessário fosse, iria até para a mata, sentindo-o como amparo.
Muitas das autoras deste “bate-estradas” (o aerograma), são presenças assíduas nos nossos encontros anuais. Não fizeram parte das fileiras, não conhecem uma G-3, mas foram parte muito importante no dia-a-dia e na moral de muitos. De algumas, recordo ainda o nome e a caligrafia, mas também o conteúdo das missivas, cumplicidade que guardo a sete chaves.
Hoje, há histórias de lá que as meninas de então bem conhecem, mas outras há que bem gostariam de conhecer. Mas como sexagenaridade não significa bom senso, é bom que as meninas de então e senhoras de hoje continuem a sentir-se intrigadas, e assim vão, saudavelmente, tirando alguns nabos da púcara!
Confesso-me surpreendido pelo empenho que as “mais que tudo” demonstram nas organizações dos convívios, mas também pela sua participação, de forma sempre muito activa e animada. 
“Não estivemos lá, fisicamente, mas entendemos e participamos com orgulho nestes momentos, ao ponto de nos comovermos com a vossa franca e inesgotável amizade…parecem miúdos felizes…todas nós gostamos muito de vocês”, desabafou uma senhora, um dia, bem alto, levada pelo ambiente do convívio.
Continua
ANTÓNIO CASAL DA FONSECA


1 634 - Encontros de combatentes da guerra colonial - 2 (fim)

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Os Cavaleiros do Norte da CCS em Ferreira do Zêzere, a
 29 de Maio de 2010 (em cima). Em baixo, António Casal da Fonseca


ANTÓNIO CASAL DA F0NSECA
Texto  

(...)
Por muito que as curvas e contra-curvas da vida nos atraiçoem, que outras prioridades prementes nos aflijam e depauperem o nosso estado físico ou emocional, desde que nos mantenhamos de pé, continuará a existir em nós um estranho fôlego que nos alimenta o corpo e a alma.
Os encontros anuais de antigos combatentes da guerra colonial são um hino à nossa juventude, a tudo o que de bom e mau acarretou para nós, num período tão especial da nossa vida.
São, também, um hino às meninas de então, que hoje são o nosso suporte de vida, embora por vezes não o reconheçamos, e orgulhosamente nos acompanham, algumas fazendo questão de ter filhos e netos no evento. É bom sentir que a família está presente, adoça-nos e retempera-nos.
Sinto, também, que é um hino aos nossos pais que, alimentados pelo amor, mantinham viva a esperança de que a guerra terminasse antes de ver os filhos nas fileiras. Hoje, já pais e avós, temos a noção do sofrimento por que passaram, das noites não dormidas e das lágrimas caladas.
Os encontros de ex-combatentes são um misto de sentimentos muito profundos, de coisas que não se explicam mas, e porque, nos ultrapassam. Como, por exemplo, chorar a morte de um camarada 39 anos depois! Que sentimento nos invadirá passados tantos anos?!
Algo de muito forte se passou naquele período da nossa vida, mas que os nossos 21/22 anos não nos deixaram ter a percepção certa.
Os encontros dos ex-combatentes são verdadeiros hinos, mas também uma luta constante pelo respeito pela nossa vida e pela nossa História!!
ANTÓNIO CASAL DA FONSECA
1º. cabo de transmissões da CCS
BCAÇ. 3879, no Quitexe




1 635 - O 3º. Congresso da Oposição Democrática de Aveiro

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Congresso (3º.) da Oposição Democrática,
realizado em Aveiro, de 4 a 8 de Abril de 1973


O 3º. Congresso da Oposição Democrática realizou-se em Aveiro, de 4 a 8 de Abril de 1973, com um amigo pessoal na comissão executiva - o Mário Rodrigues (foto ao lado). Amigo da minha idade, era estudante universitário e ao tempo com currículo político que o tinha levado, já, à cadeia de Caxias. A verdura da idade fez dele um agitador social e à memória ressaltam-me as campanhas sindicais na área da metalurgia que, pelo fim de 1972, desencadeou por terras de Águeda. As que o levaram à cadeia. O Mário, contra a guerra colonial e contra tudo o que tivesse a ver com a Primavera Marcelista, sabendo-me em vésperas de ir para a tropa, aliciou-me para ir ao congresso. E lá fui eu, de comboio, ao princípio da tarde de sábado, dia 7 de Abril de há 40 anos, e até à estação de Aveiro, depois a pé até ao Cinema Avenida (foto de baixo) e com o Mário a ciceronear-me pelos meandros do Congresso. 
Gostei de ver e voltei ao outro dia, que era domingo e logo no comboio da manhã, porque ia haver a romagem ao cemitério, que o Governador Civil tinha proibido. Tratava-se de uma evocação de Mário Sacramento e, face à previsível confrontação com a polícia, nada mais apetecível, para a irreverência da nossa idade, que olhar coisas destas, bem de perto. Por volta das 10 e meia da manhã, os congressistas saíram do Cinema Avenida (foto de cima) e marcharam pela avenida Lourenço Peixinho. Mas foram interrompidos pela polícia, antes de chegarem à ponte-praça.
«Em apenas 4 minutos, a força policial em duas levas de 40 unidades, cada, atingiram o cortejo», releio da imprensa da época.
Os congressistas puseram-se a andar e eu, petrificado, nunca mais vi o Mário. Só depois do meu regresso de Angola. Fui eu dias depois para Santarém e seguiu ele outras vidas. Mas sempre amigos e confidentes.
- MÁRIO. Mário Bastos Rodrigues, estudante universitário de Direito. Foi membro da comissão executiva do 3º. Congresso da Oposição Democrática e candidato nas eleições de 28 de Outubro de 1973 - para a então Assembeia Nacional. Jornalista do Expresso, faleceu nos anos 90, vítima de doença.

1 636 - Louvor ao 1º. cabo Carlos Ferreira...

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Picada para Zalala, a 15 de Dezembro de 2012, por Carlos Ferreira. Carlos Ferreira, em 1975, em Vista Alegre (em baixo)


A ordem de serviço nº. 162 publicou um louvo ao 1º. cabo Ferreira, mecânico de armas ligeiras, porque, e citamos, «como encarregado da arrecadação de material de guerra da sua subunidade e ao mesmo tempo prestando serviço da sua especialidade técnica, sempre demonstrou o maior zelo, dedicação e esforço»
A proposta do louvor foi do capitão miliciano Castro Dias, comandante da 1ª. BCAV. 8423, a de Zalala (e depois Vista Alegre, Songo e Carmona), que ainda lhe sublinhou «o desempenho das suas funções, garantindo, com a sua lealdade, a melhor colaboração ao seu comandante de Companhia».
Carlos Ferreira vem a ser o fotógrafo de serviço em terras do Uíge, autor das dezenas de fotos que temos publicado neste blogue. É dele, obviamente, a apropriada legendagem da foto de cima: «Aldeia na picada para Zalala, que não existia no nosso tempo. Este tipo de aldeias foram criadas a partir de angolanos que regressaram do Congo, para onde tinham fugido. Ao longe, pode ver-se uma escola nova, de boa construção e no mato».  
- FERREIRA. Carlos Alberto Pereira Tavares Ferreira, 1º. cabo mecânico de armas ligeiras, da 1ª. CCAV. 8423. Natural de Albergaria-a-Velha e residente no Maputo, antiga Lourenço Marques (Moçambique).
  

1 637 - O Victor Costa de Zalala «aquartelado» em Queluz

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Barreto, Queiroz e Victor Costa (de pé), 
Rodrigues, Louro, Barata e Manuel Dias, furriéis de Zalala

O Victor Costa foi meu companheiro da recruta, na Escola Prática de Cavalaria, em Santarém - no segundo turno de 1973. Jurámos bandeira a 10 de Junho desse ano e, seguindo caminhos diferentes, achámo-nos em Santa Margarida, no período de formação  do batalhão: ele, na 1ª. CCAV. 8423, eu na CCS. A jornada africana do Uíge angolano levou-nos para locais próximos: eu, no Quitexe! Ele, na mítica Zalala.
Faz tempo que o procurávamos, sabendo-o a viver pela zona de Lisboa. Vimo-nos, pela última vez, no Encontro do Batalhão, no Barracão (Leiria), em Junho de 1996. O tempo voa. Hoje, inesperadamente, “caiu-me” no telemóvel. «Apanhou» o blogue e até, vejam lá, achou a «festa» dos seus 61 anos!
O Victor Costa vive em Queluz, à espera da reforma e depois de uma vida que o levou pelas áreas da electricidade, com negócios ao tempo ligados à construção do Centro Cultural de Belém e à EXPO 98.
A vida andou e mudou e, depois, trabalhou nas áreas da imobiliária e da segurança. A esta, dedicou os seus últimos 10 anos de trabalho.
“A vida é assim, sempre a lutar, tem de ser...”, disse-me hoje, em longa conversa telefónica, acasalada de muitas d e muitas das peripécias que nos fizeram amadurecer por terras de Angola. “Tem de ser!...”, repetiu-se.
O marejar de nomes trouxe-nos à memória um tal de Castro Dias, o Queirós, o Pinto, o Rodrigues, o Mota Viana, o Barreto, tudo gente de Zalala com quem amanhã, se Deus quiser, vamos “aquartelar” no Porto, com o (ex-alferes) Cruz da CCS, para desenferrujar a língua e as memórias sobre a nossa epopeica jornada africana e, muito naturalmente, degustar do melhor que houver lá pelo sítio para onde está marcada a “recruta”.
O Victor Costa, que é debutante destas coisas da net - “comecei  há pouco tempo a descobrir estas tecnologias de comunicação, ou seja sou um nabo ainda...”, considerou ele -, lembrou e reevocou um amigo que já partiu desta vida: o Jorge Barata.
“Eh pá, como é possível?!! Sabes de que é que foi?!...”, perguntou-me, de nó apertado na garganta.
Lembrei  ao Victor Costa as circunstâncias do passamento do Barata e, com a saudade quem se quer bem, aqui venho deixar este retrato de vida, a real, aos 12 dias de Abril de 2013.

- COSTA. Victor Moreira Gomes da Costa, furriel miliciano 

atirador de cavalaria, da 1ª. CCAV. 8423, a de Zalala. 
Pré-reformado, vive em Queluz.
Ver AQUI
A morte do Barata, AQUI

1 638 - Cavaleiros do Norte na invicta cidade do Porto

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Castro Dias e António A. Cruz (em cima), Matos, 
Viegas, Queirós e Rodrigues (de pé), Mota Viana, Barreto e Pinto
A invicta cidade capital do Norte, o Porto, foi hoje, por meia dúzia de horas, a capital dos Cavaleiros do Norte: 9 magníficos sexagenários em confraternização íntima e grávida de saudades. E com ementa recheada de apetites e muitas nostalgias mortas num filme que nos fez recuar no tempo. A 1974 e 1975.
Quem se juntou, de cima para baixo na escala hierárquica desse tempo, foram Castro Dias (que oficialou como capitão miliciano e comandante da 1ª. CCAV. 8423, a de Zalala), António Albano Cruz (alferes miliciano das mecânicas, da CCS e o oficial de dia na madrugada de 1 de Junho de 1975 - a dos graves e trágicos incidentes de Carmona) e, ainda dos zalalas, os furriéis Barreto, Rodrigues, Queirós, Mota Viana e Pinto. Furriéis, ex-furriéis melhor dizendo, ainda o CCS Viegas e o Matos, da 2ª. CCAV. 8423, a de Aldeia Viçosa.
Quero acreditar que, na longa conversa,  não ficou um nome por lembrar daqueles que, ao tempo da nossa jornada africana, por lá amadureceram a idade e somaram afectos. Que se multiplicam até hoje, 38 para 39 anos depois.
Uma primeira coisa lembrou logo Castro Dias: a relação criada, em Zalala, com a comunidade civil branca. Os tempos, por razões que nada tem a  ver com os Cavaleiros do Norte, eram de frieza. Coisas do passado imediato e nada de intimidades entre a tropa e os rimagas. Castro Dias, que na bagagem social e cultural levava a experiência de assistente da Universidade do Porto, torneou a frieza institucional, quebrou o gelo e levou o herdeiro Ricardo Magalhães ao Quitexe, em cumprimentos a Almeida e Brito, o comandante. Tudo correu melhor, daí em diante. Era a primeira grande afirmação da «cavalaria» do 8423 nas terras do Uíge.

1 639 - As confissões e emoções do Mota Viana...

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O Mota Viana foi garboso Cavaleiro do Norte, um dia «apanhado» pelo rigor disciplinar de Almeida e Brito que, sabendo-o filho de oficial do exército (o capitão Viana), não lhe tolerou uma falta de boina na cabeça e o atirou para outras bandas. «Conhecia o meu pai e disse-me que, como furriel miliciano, tinha de dar o exemplo aos praças...», disse o ex-zalala.
Foi em Outubro de 1974 e o Mota Viana, que jornadeava por Zalala mas ao tempo comissionava no Quitexe, foi despachado para Sanza Pombo, depois para Luanda e finalmente para o sulista Luvoé. Mas ficou-lhe, na alma, a marca zalaliana de Cavaleiro do Norte.
Mota Viana não esquece Zalala e, mais de 39 anos depois, no ambiente íntimo de um encontro portuense, ontem, desprendeu as emoções para dizer do seu«orgulho de ter sido» Cavaleiro do Norte. 
Primeiro, porque o capitão Castro Dias «quis que eu ficasse», mesmo depois do castigo, arriscando ele mesmo ser penalizado. Esta partilha solidária do seu comandante directo, sensibilizou-o e marcou-o, só que ele mesmo entendeu que«não devia ficar». 
«Não ia permitir que se arriscasse por mim», disse-nos ontem, recordando esses tempos de Outubro de 1974.
Depois, porque ele mesmo, Mota Viana,  sempre se sentiu amarrado às gentes de Zalala, militares e civis, que o convidavam para «todas as festas». Finalmente, porque, na hora da sua despedida, «até os soldados negros choraram».
«Isto tudo, marcou-me, nunca posso esquecer...», disse o Mota Viana, emocionado, com a voz a fugir-lhe para o embargo, desfiando as suas memórias e saudades de Zalala e do Quitexe. «De si, capitão Castro Dias, eu nunca me posso esquecer, foi meu amigo e solidário comigo!...», sublinhou Mota Viana, na tarde portuense que juntou uma «novena» de Cavaleiros do Norte. 
«Foram pessoas e momentos que me marcaram», concluiu o garboso militar  
- MOTA VIANA. Fernando Manuel Mota Viana, furriel miliciano atirador de cavalaria, da 1ª. CCAV. 8423. Estava no Quitexe quando foi «apanhado» sem boina na cabeça, pelo comandante Almeida e Brito, que lhe aplicou 15 dias de prisão disciplinar agravada (Ordem de Serviço nº 97), depois agravada para 20 dias, pelo Comando de Sector do Uíge (OE 112); e 30 dias, pelo comando da Zona Militar Norte (OE 154). É de Braga, onde reside e trabalha nas artes gráficas.

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