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Channel: CAVALEIROS DO NORTE / BCAV. 8423!
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1 640 - Incidentes em Carmona e reforço do Batalhão

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Grupo de militares do pelotão de sapadores do BCAv. 8423, prontos para uma patrulha

Os primeiros dias de Abril de 1975 foram tempo de incidentes graves em Carmona, opondo militares armados da FNLA e do MPLA. «Os incidentes de Luanda e Salazar vieram de ressaca até Carmona, dando origem a que houvesse que fazer intervenção a conflitos diversos», lê-se no livro da unidade.
O Cruz e eu andávamos a laurear o queijo por Angola fora, em férias, e os nossos companheiros em serviço viam-se da cor da abelha, para «obstar a tais inconvenientes», o mais perigoso deles a 13 de Abril,«aquando de uma acção de fogo» entre militares dos partidos.
A situação obrigou à pronta intervenção de um grupo de combate da 2ª. CCAV., comandado pelo alferes Meneses Alves,  que, segundo leio no louvor que por isso  lhe foi atribuído, «actuou de forma rápida, decidida e enérgica, não deixando dúvidas quanto à determinação do pequeno grupo que comandava». Deteve dois dos elementos em confronto e, de imediato, fez «abortar a manifestação».
A situação levou os comandos militares portugueses a«reforçar temporariamente o BCAV., para cumprir uma intensa actividade de patrulhamentos mistos».
A 14 de Abril, ontem se passaram 14 anos, chegou um grupo de combate da Companhia de Caçadores 5015. A 15 para 16, um da 3ª. CCAV. 8423», a do capitão José Manuel Fernandes. 
 - MENESES. Manuel Meneses Alves, alferes miliciano atirador de cavalaria, da 2ª. CCAV. 8423, a que chegou em Fevereiro de 1975, ido do Batalhão de Caçadores 4519/73, que estivera em Cabinda e Luanda, em 1974/75, e fora desmobilizado. Acabei de falar com ele, recupera de um problema de saúde, reside em Leiria e prometeu enviar-me foto.

1 641 - O alferes médico Honório e o furriel Vitor Guedes

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O dia de hoje é de emoções duplas para os Cavaleiros do Norte. Por um lado, o alferes médico Honório Campos faz 69 anos. Parabéns!! Por outro, passam-se 15 anos sobre a morte do furriel miliciano Guedes. Saudades e memória!!
O alferes Honório Campos (foto de cima) serviu o Batalhão de Cavalaria 8423, principalmente na 2ª. Companhia (Aldeia Viçosa) e na 3ª. (em Santa Isabel), com «elevada competência profissional», justificando «merecido louvor». A carreira  médica foi feita na área da dermatologia e, por ironia do destino, teve consultório em Águeda (a minha cidade), sem que alguma vez nos cruzássemos. Apenas dele soube (e falámos) a 16 de Julho de 2011. Em Angola, no Quitexe, o dr. Honório Campos acumulou funções militares com as de Delegado de Saúde, apoiando «toda a população civil, sem olhar a horas de trabalho», como se lê no louvor do comandante Almeida e Brito, acrescentando-lhe «dedicação integral a todos os casos vividos». No decorrer do grave conflito armado entre a FNLA e o MPLA (em Junho de 1975) teve de «actuar quase sozinho, perante elevado número de feridos muito graves, patenteando elevada isenção» e manifestando «a sua capacidade técnica e humana, em actividade digna de realce».
O Guedes (foto de baixo) foi furriel miliciano atirador de cavalaria e jornadeou por Santa Isabel e depois pelo Quitexe e Carmona. Pouco sei dele, apenas que vivia na área de Lisboa e que faleceu faz hoje 15 anos - a 16 de Abril de 1998.

Era um militar sereno, cumpridor, discreto e bom companheiro.
- CAMPOS. António Honório de Campos, alferes miliciano médico. Seguiu carreira de dermatologista, chegando a assistente graduado do Hospital Infante D. Pedro, em Aveiro - cidade onde ainda tem consultório privado. Aposentado desde Outubro de 2006.
- GUEDES. Vitor Mateus Ribeiro Guedes, furriel miliciano atirador de cavalaria, da 3ª. CCAV. 8423, a de Santa Isabel. Residia na área de Lisboa e faleceu a 16 de Abril de 1998, vítima de doença.

1 642 - O 2º. sargento enfermeiro Eira

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Eira, Esgueira e Serra, a 1 de Junho de 2012

A meados de Março de 1975, chegou a  Aldeia Viçosa o 2º. sargento miliciano Eira, enfermeiro, na altura com 31 para 32 anos. Fazia a sua terceira comissão africana, a segunda em terras de Angola. Com os Cavaleiros do Norte ficou até ao final da jornada angolana. E é companheiro habitual dos encontros da CCS.
O então furriel enfermeiro Eira cumpriu a primeira comissão militar em Moçambique, entre os idos anos de 1966 e 1968, no norte, zona de Niassa. Voltado à então metrópole, seguiu a tropa como voluntário e, em 1971, partiu para a primeira comissão em Angola. A Angola voltou em 1975 e, finda a jornada africana, prosseguiu carreira militar mas, tempo depois, entrou para a Escola Prática de Polícia, em Torres Novas. «Era um desejo antigo e por lá estive 20 anos, como agente, sempre na escola...», contou-nos, há dias. 
Está aposentado e no princípio deste ano foi alvo de uma operação à próstata. «Correu bem, estou em boa recuperação...», disse-nos, tranquilo quanto ao seu futuro e quanto à saúde.
Futuro que, no casos dos Eira´s, passa pelos dois filhos, ambos enfermeiros... civis. Um, na Suíça, outro em Vila Real. 
- EIRA. Manuel Alcides da Costa Eira, 2º. sargento 
miliciano enfermeiro, da 2ª. CCAV. 8423, em Aldeia 
Viçosa. Aposentado da PSP, reside em Vila Real.


1 643 - O Cavaleiro do Norte que ficou preso em Luanda

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Fortaleza de Luanda, onde o Ferreira (foto de baixo) esteve preso em Setembro de 1975

O Carlos Ferreira jornadeou pela mítica Zalala, passou por Vista Alegre e Carmona, até que, a 3 de Agosto de 1975, chegou a Luanda, em voo de DC6 e com toda a sua 1ª. CAV. 8423, que se aquartelou no Grafanil. Era 1º. cabo mecânico de armamento ligeiro.
Os dias de Luanda, por esse tempo, eram grávidos de violência, de sangue e mortes espalhadas pela cidade, de gente que morria e fugia, de dramas e tragédias - muitas ainda esquecidas e escondidas.
O Ferreira, e dois zalalas, num desses dias, resolveram ir à cidade e vai de pegar num velho carro, um Morris, abandonado perto do Grafanil, ali mesmo à mão de pegar e andar. Pegaram e andaram, pela cidade dentro, à boleia da irreverência de quem não teme e não recua. 
Pararam numa loja, perto da baixa, e, azar dos azares, apareceu o dono do carro, que por espantosa coincidência, morava por cima e trazia a polícia.
Nada a fazer. Foram presos: o Carlos Ferreira e dois companheiros. Os três acusados do  roubo do velho Morris, que supunham ser carro abandonado perto do Grafanil, como por Luanda se viam aos milhares e milhares, deixados pelos donos, na sua fuga para a Europa, para Lisboa.
Acusados de roubo, foram levados presos para a fortaleza. «Assumi tudo, dei-me por único culpado e os outros dois foram embora, para a companhia e depois para Lisboa», disse-nos o Carlos Ferreira.
O capitão Castro Dias, que comandava a companhia de Zalala, interessou-se pelo caso, diligenciou para que fosse solto e, sábado passado, quando desta história se falou, enfatizou «a atitude nobre do Ferreira», que, frisou, «assumiu tudo, isenatndo os companheiros de quaisquer culpas». 
«Foi um gesto que nunca mais esqueci…», disse o agora aposentado do ensino, dirigente sindical no Porto e ao tempo capitão miliciano da jornada angolana dos Cavaleiros do Norte. «E de uma nobreza – acrescentou - que muitas vezes tenho apontado como exemplo».
A história continuou, em Luanda, com Ferreira encarcerado e nas mãos de um oficial de justiça que lhe complicou a vida quanto quis. De regresso a Portugal, esteve preso em Custóias - onde o visitaram Castro Dias, Rodrigues e outros.
Foi julgado em Tomar e absolvido.
- FERRREIRA. Carlos Alberto Pereira Tavares 
Ferreira, 1º. cabo mecânico de armamento ligeiro. 
Natural de Albergaria e residente o Maputo (Moçambique).
- AMANHÃ:O Cavaleiro do Norte que deu armas ao MPLA.

a Z

1 644 - O Cavaleiro do Norte que deu armas ao MPLA - 1

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Carlos Ferreira, em Luanda, mês de Agosto de 1975.
Atrás, um cartaz com Jonas Malheiro Savimbi, líder  da UNITA

Carlos Ferreira faz vida por Maputo, onde está ligado à área de segurança. Há cerca de 38 anos, em Luanda, entregou armas ao MPLA. Foram 8 Starlings, do pequeno arsenal que levou de um fortim do pequeno destacamento militar que, pelo verão de 1975, se desactivava, entre Carmona e Songo. Mais 8 Starlking e 4 G3 semi-automáticas. Levou este material para Luanda, para entregar ao MPLA.
Carlos Ferreira nasceu em Albergaria-a-Velha, estudou em Águeda (fomos contemporâneos na «velha» EICA), politizou-se nos últimos anos de Marcelo Caetano e assumiu ir para Angola, para conhecer a guerra por dentro. Foi Cavaleiro do Norte, de Zalala.
Quando foi para Angola, tinha já alguns contactos com o PCP, no Porto.  Mas só após ter chegado a Portugal é que integrou as Brigadas Revolucionárias do PRP. Disto ninguém sabia, nem os seus companheiros. E muito menos os que, com ele, «roubaram» o velho Morris que os levou à prisão da fortaleza de Luanda. E ao julgamento dele, já em Tomar, depois de passar pelas celas de Custóias.
Carlos Ferreira assume, recuado no tempo de 1974 e 1975, como «um operário politicamente consciente, um fiel simpatizante do MPLA». E, por via disso, «um inimigo ferrenho do FNLA».
Mudaram-se as «armas e as bagagens» de Zalala para Vista Alegre e para o Songo, depois. E para Carmona, em cuja estrada ficava o destacamento português, com um fortim, que agora, depois de modificado, é um quartel de artilharia do exército de Angola.
Carlos Ferreira, confessadamente homem de ódio visceral ao FNLA, não pensou outra coisa: ajudar o MPLA. Arranjar armas. E estava na hora!
O fortim estava a recolher armamento disperso e dos civis, na altura. Estava cheio e Carlos Ferreira tinha muita movimentação área de material de guerra.Agiu conseguiu 12 pistolas metralhadoras Starling e 4 G3 semi-automáticas - que levou para Luanda, para entregar ao MPLA.
E como?
As armas, teve-as escondidas no móvel grande gira-discos, parte delas. Outra parte, noutro sítio que já não lembra, provavelmente numa caixa de madeira.Assim foram para Luanda, onde importava entregá-las ao MPLA.
O «cavaleiro» Ferreira tinha-as no Grafanil, tinha de as entregar, mas era preciso um transporte. 
Continua amanhã

1 645 - O Cavaleiro do Norte que deu armas ao MPLA - 2

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Fortaleza de S. Pedro da Barra, onde Carlos Ferreira esteve detido (1975)

(...) O «cavaleiro» Ferreira tinha armas no 
Grafanil, tinha de as entregar, mas era 
preciso um transporte (cont. de ontem).

Luanda fervia de emoções e o cheiro de pólvora e dos combates «embriagava» as gentes que, aos milhões, queriam fugir da guerra e da morte que por lá semeavam lutos. Muitos lutos. E o Ferreira com as armas, para entregar.
A situação era muito agitada e o Morris muito velho e aparentemente abandonado, apareceu ali mesmo a jeito, como solução para transportar as armas. Só que nem Carlos Ferreira e muito menos os seus dois companheiros alguma vez pensaram que era (já) roubado.
A prisão complicou tudo e Ferreira assumiu todas as culpas. Os dois companheiros da aventura nem sequer suspeitavam da razão porque queria o carro. Nunca os quis comprometer, era uma questão de honra. Preso e com algumas armas guardadas no gira-disco e na caixa, por entregar.
Uma semana depois de estar na prisão militar, um fortim na entrada da baía de Luanda, Carlos Ferreira já tinha grande liberdade de movimentos e tornou-se íntimo de um civil, também preso, numa das muitas «macas« de Luanda. Tinha um Land Rover, que lhe emprestou e com o qual conseguiu ir buscar o móvel do gira-discos e entregar 8 Starlings ao MPLA.
Anos passados, viria a encontrá-lo em Lisboa.
Luanda desse tempo, já depois do regresso dos Cavaleiros do Norte, esteve cercada e sem tréguas que pacificassem MPLA e FNLA. No Caxito, Santos e Castro chegou a estar com mercenários,ex-comandos, exército zairense e FNLA´s. Ao combates ensaguentaram a cidade. Carlos Ferreira, embora preso, assistiu a um comício de Fidel Castro e à chegada de tropas cubana, à saída definitiva da tropa portuguesa e à independência de Angola.
Nesta conjuntura, compreende-se que ninguém estivesse preocupado com ele, e outros, na prisão. O comandante desta, aliás, achava que a detenção era um absurdo e Carlos Ferreira, na prática, só lá ia dormir e comer, pois já não havia comida em Luanda. Nuncapensou é que, chegado a Portugal, seria detido e enviado para Custóias.
Fui na altura, convidado para ficar no MPLA, e... quase aceitou, mas voltou a Portugal, onde tudo fervia na caldeira revolucionária do tempo. A
 vida talhou-o para outros combates políticos e militância activa, que o levou à Brigadas Revolucionárias. Mas isso são outras histórias. FIM

1 646 - O Rebelo das transmissões de Aldeia Viçosa

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Rebelo, Martins, Mourato e Matos em Aldeia Viçosa (1974)

Faz tempo que (re)procurava o Rebelo, que foi furriel miliciano de transmissões, na 2ª. Companhia de Cavalaria 8423, a do capitão José Manuel Cruz, em Aldeia Viçosa. 
O Rebelo era discreto, não muito dado às folias e gracejos da nossa juvenilidade de então - mancebos que éramos, de sangue na guelra e sempre dispostos a todas e mais algumas irreverências e brejeirices.
O Rebelo era circunspecto, de serenos gestos e calma acção. Nada lhe acelerava ou elevava a voz -  a não ser quando se lhe falava de caça. Aí, o Rebelo quase se excedia.
Se comparado comigo, era de muito mais fino trato e esmero intelectual. Era de falas elegantes, poucas e serenas, sem mais um ai que o ai que a conversa precisasse. Conheci-o melhor, nos tempos de Santa Margarida, na formação do batalhão: sempre sem uma falha no relacionamento com os companheiros que, como ele e com ele, tinham guia de marcha para a guerra colonial. Para Angola!
Aos idos anos 90, contactei-o para  os nossos encontros e falámos sobre a nossa jornada africana. De que ele, o Rebelo das transmissões, não gosta muito de falar. E, por via disso, não falámos para além do trivial. Direito dele. E meu. É tesoureiro da Câmara Municipal de Guimarães, sua casa de trabalho de sempre.
«Está bem, de saúde e de disposição», garantiu-me o irmão José - mais novo 13 meses e que também chegou a estar mobilizado, sem, porém, chegar a galgar os céus para a jornada africana.
- REBELO. António Augusto Faria Novas Rebelo, furriel 
miliciano de transmissões. Natural e residente em 
S. Torcato, Guimarães - onde é tesoureiro da Câmara Municipal.

1 647 - A mudança dos «zalalas» para o Songo

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Entrada do Songo e ruína do antigo quartel português. Ainda se vê o escudo, ao lado da palmeira. Fotos de Carlos Ferreira, em Dezembro de 2012

O capitão José Diogo Themudo (foto) foi ao Songo no dia 21 de Abril de 1975, ontem se fizeram 38 anos. Para visitar o aquartelamento militar português, no qual se iria instalar a 1ª. CCAV. 8423. O oficial Cavaleiro do Norte exercia as funções de 2º. comandante desde o mês anterior e foi conhecer as instalações. Ao tempo, ultimava-se a última rotação da Companhia de Zalala - que daqui saíra (de 21) a 24 de Novembro de 1974, para Vista Alegre e Ponte do Dange. E eram diários os contactos dos comandos militares portugueses com os dos movimentos de libertação - FNLA (o mais forte no Uíge), MPLA e (menos) a UNITA. As reuniões do Estado Maior eram à quartas-feira e verificava-se «uma boa aceitação das medidas militares tomadas», o que, concluiu o Livro da Unidades, «tem sido origem do clima de paz que se vive no distrito» - aqui, seguramente, querendo dizer-se Província do Uíge.
A 1ª. CCAV. 8423, ainda em Vista Alegre, tinha sido visitada eplo 2º. comandante (capitão José Diogo Themudo) a 18 de Abril (neste caso, com o alferes Cruz, responsável pelo parque-auto), certamente para preparar a logística do transporte de pessoal e equipamentos. Lá voltaram a 24 de Abril.

1 649 - Os homens das transmissões de Zalala

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Lago e Raposo (em cima), Coelho, Hélio, Lourenço, Aires e Carlitos, os homens das transmissões de Zalala - com o furriel João Dias

As transmissões eram fundamentais. Fosse em Zalala, onde jornadearam este 7 jovens Cavaleiros do Norte; ou por todo o norte de Angola, por cujo chão galgaram tantos militares das campanhas que por lá os levaram, de 1961 a 1975. Por mim posso falar, de uma operação de três dias, na qual ficámos sem comunicações ao segundo, vedadas pela densidade da mata de perigos em que, trilho  trilho, palmilhámos quilómetros atrás de quilómetros. O que não sofremos: isolados, angustiados, sem podermos pedir apoio, que felizmente nunca precisámos.
Zalala, que era «a mais rude escola de guerra», teve por lá uma equipa eficaz, liderada pelo furriel miliciano João Dias. Gente sem um medo e sem uma falha, sempre que comunicar foi preciso. Estes homens também calçaram as botas de guerra e suaram camuflados pelas picadas e trilhos do chão uíjano fora. 
É justo recordar os seus nomes:
- LOURENÇO. Ângelo Pereira Lourenço, 1º. cabo operador-cripto.
- HÉLIO. Hélio Rocha da Cunha, 1º. cabo rádio telegrafista.
- LAGO: António Henriques Nunes Lago, soldado rádio-telegrafista.
- COELHO. Fernando Jesus da Costa Coelho, soldado rádio-telegrafista.
- CARLITOS. Carlos Alberto dos Santos Costa, soldado transmissões de infantaria.
- RAPOSO. Rogério Silvestre Raposo, soldado de transmissões de infantaria.
- AIRES. José Pereira da da Costa Aires, soldado de transmissões de infantaria.
O grupo incluía ainda, pelo menos, os 1ºs. cabos Abel José Lopes Felicíssímo (operador cripto) e Jorge Manueld a Silva(rádio-telegrafista) e o soldado José António Gomes de Almeida (transmissões). 

1 650 - O Açoreano, o Vargas, o condutor...

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O Vargas, o Ciclista e o Mira Daire, em Vista Alegre, em 1975. O Vargas, no dia  6 de Agosto de 2009, na sua ilha do Pico (Açores) 
O Açoreano, lembram-se?!  Manuel Idalmiro Vargas!!!!, esse mesmo. Olhem aqui para ele (foto de cima), no aquartelamento de Vista Alegre, por onde passou a 1ª. CCAV. 8423. Foi condutor e agora faz vida na sua Ilha do Pico, nos Açores, onde tem um posto de gasolina e armazéns e vende de tudo e mais alguma coisa. A governar a vida!
Vida que, nestes mais de 37 anos que nos separam do regresso de Angola, em Setembro de 1975, já o levou lá de novo, por umas quatro vezes. A negócios.
«O que mais me cativa, por lá, são os irmão angolanos. Sempre defendi que Angola deveria ser uma nação livre e igualmente defendi que Portugal e Angola deveriam ser países irmãos», reconhece ele, AQUI, com «um grande abraço, com muito amor e carinho para os meus irmão angolanos».
O Vargas delicia-se aqui, na foto de cima e de perna traçada, com a boa vida de Vista Alegre. Mas não está só nesta imagem de saudade. Atrás, vêem-se mais dois condutores: o Silva (à esquerda) e o Almeida (à direita, quase de costas).
- VARGAS. Manuel Idalmiro Vargas, soldado condutor  
da 1ª. CCAV. 8423, empresário na ilha do Pico, de onde é natural.
- SILVA. Joaquim Carlos da Costa e Silva, conhecido por Ciclista, soldado 
condutor, da 1ª. CCAV. 8423. 
- ALMEIDA. Manuel da Conceição Almeida, o Mira Daire, 
soldado condutor, da 1ª. CCAV. 8423. 

1 645 - O Cavaleiro do Norte que deu armas ao MPLA - 2

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Fortaleza de S. Pedro da Barra, onde Carlos Ferreira esteve detido (1975)

(...) O «cavaleiro» Ferreira tinha armas no 
Grafanil, tinha de as entregar, mas era 
preciso um transporte (cont. de ontem).

Luanda fervia de emoções e o cheiro de pólvora e dos combates «embriagava» as gentes que, aos milhões, queriam fugir da guerra e da morte que por lá semeavam lutos. Muitos lutos. E o Ferreira com as armas, para entregar.
A situação era muito agitada e o Morris muito velho e aparentemente abandonado, apareceu ali mesmo a jeito, como solução para transportar as armas. Só que nem Carlos Ferreira e muito menos os seus dois companheiros alguma vez pensaram que era (já) roubado.
A prisão complicou tudo e Ferreira assumiu todas as culpas. Os dois companheiros da aventura nem sequer suspeitavam da razão porque queria o carro. Nunca os quis comprometer, era uma questão de honra. Preso e com algumas armas guardadas no gira-disco e na caixa, por entregar.
Uma semana depois de estar na prisão militar, um fortim na entrada da baía de Luanda, Carlos Ferreira já tinha grande liberdade de movimentos e tornou-se íntimo de um civil, também preso, numa das muitas «macas« de Luanda. Tinha um Land Rover, que lhe emprestou e com o qual conseguiu ir buscar o móvel do gira-discos e entregar 8 Starlings ao MPLA.
Anos passados, viria a encontrá-lo em Lisboa.
Luanda desse tempo, já depois do regresso dos Cavaleiros do Norte, esteve cercada e sem tréguas que pacificassem MPLA e FNLA. No Caxito, Santos e Castro chegou a estar com mercenários,ex-comandos, exército zairense e FNLA´s. Ao combates ensaguentaram a cidade. Carlos Ferreira, embora preso, assistiu a um comício de Fidel Castro e à chegada de tropas cubana, à saída definitiva da tropa portuguesa e à independência de Angola.
Nesta conjuntura, compreende-se que ninguém estivesse preocupado com ele, e outros, na prisão. O comandante desta, aliás, achava que a detenção era um absurdo e Carlos Ferreira, na prática, só lá ia dormir e comer, pois já não havia comida em Luanda. Nuncapensou é que, chegado a Portugal, seria detido e enviado para Custóias.
Fui na altura, convidado para ficar no MPLA, e... quase aceitou, mas voltou a Portugal, onde tudo fervia na caldeira revolucionária do tempo. A
 vida talhou-o para outros combates políticos e militância activa, que o levou à Brigadas Revolucionárias. Mas isso são outras histórias. FIM

1 650 - O 25 de Abril de 1974 no RC4 de Santa Margarida

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Neto, Viegas, Matos e Monteiro, 
há 39 anos, em Abril de Santa Margarida

O 25 de Abril foi há 39 anos e não eram conhecidas ligações do BCAV. 8423 à revolução. Os futuros Cavaleiros do Norte formavam batalhão no RC4, em Santa Margarida, e segundo o Livro da Unidade, o batalhão não tinha sido contactado pelo Movimento das Forças Armadas (MFA), «nem tão pouco alguns, ou alguns dos seus oficiais».

O então tenente Castro Dias (o futuro capitão, comandante da 1ª. CCAV. 8423, de Zalala) confidenciou-nos há dias (no dia 13 de Abril), na almoçarada do Porto, que foram (ele e os outros dois tenentes, Cruz e Fernandes, da 2ª. CCAV. e da 3ª. CCAV.) abordados por um oficial ligado ao movimento (de apelido Pessoa, se bem se lembrava) para saber da sensibilidade do batalhão.  Contacto que passou despercebido, obviamente, à guarnição que se preparava para Angola.Coincidentemente, o dia 25 de Abril de 1974 foi também uma 5ª.-feira (como hoje) e levantei-me cedo, como me era (e é) habitual, para as tarefas de higiene pessoal - que gostava de fazer tranquilamente, sem a balbúrdia e pressa da maioria da malta, que preferia dormir mais uns dez ou quinze minutos. Liguei o transistor e estranhei a programação: só se ouviam marchas militares! Só momentos depois, ouvindo o comunicado do MFA. é que ficou a ter uma ideia do que se passava. Acordei a malta, a correr, todos estremunhados e assarapantados com o que se passava.
Pode imaginara-se a estupefacção e a diversidade de comentários sugeridos, já com alguns de nos a pensar que, embora mobilizados, já não iríamos para Angola.  Foi tranquilamente que pequeno-almoçámos e caminhámos para o Destacamento onde se «hospedava» o BCAV. Mas fomos impedidos na porta d´armas do RC4 e ficámos pelo quartel durante toda a manhã. Só e tarde fomos, tempo, então, em que o comandante Almeida e Brito, com o pessoal  reunido em parada, nos contou o que se passava da parte da tarde.
- CASTRO DIAS. Davide de Oliveira Castro Dias, tenente (futuro capitão) miliciano. 
Professor reformado, residente no Porto. Ao tempo era assistente na Universidade do Porto. 
- MFA. Movimento das Forças Armadas. Comunicado lido pelo locutor Joaquim Furtado, aos microfones do Rádio Clube Português. OuviAQUI.
- TRANSISTOR. Pequeno rádio a pilhas, do tamanho de um maço de tabaco, muito usado na altura - por ser barato e de fácil manuseamento.

1 651 - O adeus português a Aldeia Viçosa, há 38 anos!

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Capitães Fernandes  (de mão na boca) e Cruz, com o comandante Bundula (FNLA)

A foto é de 2 de Fevereiro de 1975 mas vem hoje aqui a registo para assinalar os 38 anos da saída da tropa portuguesa de Aldeia Viçosa -a 26 de Abril do mesmo ano!!! A última guarnição foi a da 2ª. CCav. 8423, comandada pelo capitão miliciano Cruz. 
Os Cavaleiros do Norte chegaram a esta subunidade a 10 de Junho de 1974, assumindo quatro dias depois a responsabilidade operacional da sua zona de acção. Por ali estivera antes, e foi substituída, uma companhia do Batalhão de Caçadores 4211.
A 1ª. CCAV., a do capitão Castro Dias, abandonara Vista Alegre e Ponte do Dange dois dias antes (a 24). Para o Songo. A 3ª. CCAV., do capitão Fernandes, continuava no Quitexe, para onde rodara a 10 de Dezembro de 1974, ida de Santa Isabel (onde chegou a 11 de Junho). Íamos já no 11º. mês de comissão, a suspirar pela Europa e do chão e dos cheiros das nossas terras natais.
«Só a partir desta data se completou a remodelação do dispositivo, que se julga ser a última até ao terminar da comissão», lê-se no Livro da Unidade.
Não seria. A 6 de Junho começou a 1ª. CCAV. a rodar para Carmona,. ida do Songo. Operação que se concluiu a 12. A 3ª.. CCAV. abandonaria o Quitexe, definitivamente, a 8 de Julho, numa rodagem que começou a um do mesmo mês. E a 4 de Agosto foi o adeus a Carmona, para Luanda.

1 652 - Os encontros de antigos combatentes

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Alferes Carvalho e furriéis Brejo, Guedes e Matos, em Aldeia Viçosa


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ANTÓNIO ARTUR GUEDES

A meteorologia parece, finalmente, querer contribuir para o relançamento dos encontros dos ex-combatentes, proporcionando não só o reencontro mas também belos passeios, visitando locais que, de outra forma, julgamos que não pudessem acontecer.
Sabemos que nem sempre nos é possível participar nestes eventos, por motivos de ordem vária: saúde, dificuldade no transporte e, hoje em dia, mais que nunca, a crise que a todos nos atrapalha, pois sempre se faz despesa, não esquecendo que, para além do encontro/convívio, são passeios em família.
E o factor crise implica que, a cada ano que passa, os grupos sejam cada vez mais reduzidos, pois já há alguns anos que as Companhias do nosso Batalhão se reúnem isoladamente, notando-se, progressivamente, uma menor participação.
Há 3/4 anos, quando se realizou o encontro da 2ª. CCAVª, nas Termas de S. Vicente, em Entre-os-Rios, em conversa com o capitão Romeira da Cruz, alertei-o para a necessidade de se repensar a organização dos encontros. Ou seja, voltarmos novamente ao "escalão" Batalhão, para não se correr o risco da sua extinção.
O convívio da 2ª. CCAVª., em Setembro de 2012, em Vila Viçosa, evidenciou esse pormenor de forma mais flagrante. Claro que, aqui, a geografia influenciou, mas já antes se tinham realizado dois encontros em Évora e a participação foi forte.
Sinais dos tempos? Talvez. Mas não há-de ser a crise a destruir a amizade e a estima cimentada ao longo de muitos anos e no meio de tantos sacrifícios.
Assim, julgo ser o momento oportuno para voltarmos a "FORMAR" Batalhão, auto-mobilizando-nos para uma das, ainda, muitas províncias deste país.
E fiquem descansados os "contabilistas falhados" que nos desgovernam, porque lhes não vamos cobrar o que quer que seja, por essa auto-mobilização.
Apenas pedimos que nos respeitem.
Sendo assim, até lá, companheiros.
ANTÓNIO ARTUR GUEDES
(ex-furriel miliciano da 2ª. CCAV. 8423)

1 653 - Os dois «pilha-galinhas» da enfermaria do Quitexe

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Buraquinho e Moreira, nas traseiras da enfermaria do Quitexe (1974). 
Em baixo, Moreira e Buraquinho, 35 aos depois, em Setembro de 2009 (Águeda)


O tempo de tropa não é só de deveres, de saudades, de sofrimento e de impaciências. É também de boas e sadias partidas, entre as gentes das guarnições. Não há um antigo combatente que não tenha uma mão-cheia de histórias para contar.  

Os dois «enfermarias» que aqui recordamos - o inimitável Buraquinho e o discreto Moreira - foram, eles mesmos, protagonistas de algumas e da que hoje aqui é trazida à memória: o roubo de um galo e de uma galinha.
A vítima do «assalto» destes dois verdadeiros «pilha-galinhas», recorda o Buraquinho, foi o civil Reis, que era vizinho da enfermaria e se descuidou de atenções sobre a gulodice dos militares. Ficou sem o galináceo casal. «Eu e o Penafiel andávamos sempre juntos,éramos muito amigos, e ainda hoje. Eu e ele temos muitas histórias para contar. Uma ocasião, roubámos uma galinha e um galo ao sr. Reis, que morava pegado à enfermaria e era o senhorio da casa», recorda Buraquinho. 
O galo e a galinha, como é de imaginar, foram confeccionados rapidamente, não fossem as aves «voar» para outros «pilha-galinhas»... - diz o Buraquinho que foi ao formo de messe de sargentos... -  e comidos na enfermaria,  na arrecadação dos pijamas dos doentes.
Os convidados foram os enfermeiros, os furriéis Lopes (também enfermeiro) e Morais, o alferes Garcia e os cozinheiros da messe de sargentos - que saborearam, cheios de apetite, o produto do trabalho destes dois «pilha-galinhas».
- BRAQUINHO. Alfredo Rodrigo Ferreira Coelho, 1º. cabo analista de 
águas, da CCS do BCAV. 8423.  É empresário de restauração, em Custóias (Matosinhos).
- MOREIRA. Joaquim Ribeiro Moreira, o Penafiel, maqueiro da CCS 
do BCAV. 8423. Reside em Rãs (Penafiel).

1 654 - Cavaleiros do Norte do Quitexe em Santo Tirso

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Cavaleiros do Norte da CCS no Encontro de Paredes, a 1 de Junho de 2012
 
Não tarda nada e aí estaremos nós, garbosos sexagenários do Quitexe, a galopar para Santo Tirso - onde se vai realizar o encontro anual dos "CCS´s"  Cavaleiros do Norte. O de 2013!!! É já a 1 de Junho!!!
É o "nosso alferes" Cruz, aquele barbas ali ao lado esquerdo, quem este ano comanda as operações e é certo que não vai faltar nada para que todos nos sintamos em casa, felizes e babadinhos de alegria por nos encontrarmos uma vez mais.
O glorioso (ex-furriel) Machado está a preparar um documento fotográfico que, sabe-se lá quantas, se fartará de matar saudades dos nossos tempos de jovens, e irreverentes, e deliciosamente meios malucos, quando pisámos o chão de Angola e dele fizemos sementeira desta amizade que se multiplicou pelos anos.
Convém, por razões de natureza logística, que a malta vá fazendo a inscrição. Pode ser feita directamente junto do (ex-alferes) engº. Cruz, pelos telefones 966 828 841 e 252 866 865. Não custa nada, pelo fixo até é de borla, e fica o pessoal organizador a saber a quantas anda.
Agora, portanto, começa a ficar na hora de formalizar a inscrição. Nada de deixar passar o tempo!
Inté 1 de Junho, ó malta!!! Vão ver que o mês de Maio vai passar num instate. 

1 655 - Cavaleiros de Santa Isabel no Quitexe de 1974/75

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Fernandes, Graciano, militar da FNLA e Neto (atrás), Rocha, Querido e Cardoso, no Quitexe

A foto, obtida nos arredores do Quitexe, em data indeterminada mas garantidamente entre meados de Dezembro de 1974 e finais de Fevereiro de 1975, mostra como, ao tempo, se relacionavam os militares portugueses e os fnla´s, inimigos até às vésperas. Bem!
A imagem é seguramente de um domingo. Basta olhar para o traje civil dos tropas, restando o Graciano de camuflado, eventualmente porque estava de serviço. Está, aliás, de Walter no coldre.  Refrescando a memória, o local era o de uma lagoa ali perto do Quitexe - lagoa do Feitiço, sítio de muita peregrinação turística regional.
O Fernandes, o Graciano, o Querido e o Cardoso eram furriéis milicianos da 3ª. CCAV. 8423, que tinha chegado ao Quitexe a 10 de Dezembro de 1974, oriunda da fazenda Santa Isabel, onde chegara a 11 de Junho do mesmo ano. Foram companheiros da CCS até 2 de Março de 1975, quando n´so fomos para Carmona,a capital da província do Uíge. 
A 26 e 28 de Abril de 1975, foi visitada pelo capitão José Diogo Themudo, o 2º. comandante dos Cavaleiros do Norte - na primeira data acompanhado pelo capitão José Paulo Falcão, o oficial adjunto e de operações.

1 656 - O «cavaleiro» Cruz faz anos duas vezes por... ano!

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Igreja de Aldeia Viçosa, mesmo atrás do quartel, em Dezembro de 2012 (foto de Carlos Ferreira). O (furriel) Cruz, em 1974/75 (foto de baixo)


O Cruz «furrielou» por Aldeia Viçosa, como atirador de cavalaria. Minhoto era e ao Minho voltou, quando, cumprida a jornada de África, regressou à Europa e a Portugal. Tem um raro privilégio: faz anos duas vezes por ano. A 1 de Maio, quando, em 1952, veio ao mundo na sua terra de Vieira. E a 4 seguinte, quando o pai o foi registar. «Era assim, naquele tempo...», disse-nos hoje, ao telefone, entre duas gargalhadas de prazer. Faz hoje, pois, os seu biológicos 61 anos!!!  O Cruz especializou-se na Escola Prática de Cavalaria, em Santarém, como atirador de cavalaria, e foi mobilizado para os Cavaleiros do Norte em finais de 1973. A 7 de Janeiro de 1974 apresentou-se no RC4 (em Santa Margarida) e era um dos quadros do BCAV. 8423, que se formalmente se começou a formar.  
Trabalhou na área empresarial das madeiras (numa serração da família) e é professor na Escola Secundária de Vieira do Minho. Casado, é pai de um casal que, cada qual, lhe deu uma das suas duas netas. Vive feliz, o António de Oliveira Cruz da 2ª. CCAV. 8423, a de Aldeia Viçosa.
- O furriel Cruz de Aldeia 
Viçosa: ver AQUI

1 657 - A instrução operacional em Santa Margarida

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Militares da 1ª. CCAV. 8423, em Santa Margarida (1974). Um rádio-telegrafista (?), alferes 
Santos e furriéis Queirós (bigodes) e Rodrigues, com elementos do 1º. pelotão

A 1 de Maio de 1974, ontem se fizeram 39 anos, fez-se história em Portugal: O dia foi considerado feriado nacional e do trabalhador. «Tendo a  Junta de Salvação Nacional assumido os poderes legislativos que competem ao Governo, decreta, para valer como lei, o seguinte: «Art. 1º.- É instituído como feriado nacional obrigatório o dia 1 de Maio, considerado o Dia do Trabalhador». E nós, os futuros Cavaleiros do Norte, a «trabalhar» no destacamento do RC4 no Campo Militar de Santa Margarida.
A 2 de Maio, hoje se fazem 39 anos, leio no Livro da Unidade, «foi efectivamente decidida a realização dos exercícios de instrução operacional» - que viriam a decorrer entre 3 e 10 de Maio, na Mata do Soares e«já com autonomia das respectivas companhias, com vista a pô-las a viver à semelhança, embora ténue, daquilo que iria ser a sua vida no ultramar».
Por dez dias, acampámos na Mata do Soares e era «inimigo» o pelotão operacional (o PELREC), que emboscava (e atrapalhava) os grupos de combate das três companhias operacionais.



1 658 - As relações dos militares com a população nativa

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Famalicão (à esquerda) e Vargas, com a viola na mão. À direita, 
um cozinheiro de Zalala. Era íntima a relação da tropa coma comunidade nativa



O mancebo aqui da esquerda, estão a ver quem é? Pois, é o Vargas, um dos homens de Zalala - onde se localizava, deixem lembrar, «a mais rude escola de guerra».
O Vargas foi condutor e por lá «unimogou» muita gente dos Cavaleiros do Norte, para missões, para operações, para patrulhamentos, para reabastecimentos, ou, quiçá, para algum «desenfianço». E «desenfianço» era coisa que pelas Áfricas enchia de emoção e prazer qualquer combatente que se prezasse como tal.
Isso, e o muito mais que fez nos seus 15 meses de jornada angolana, mordido de saudades do seu Açores natal, não deixaram de o aproximar das populações locais - no caso, com trabalhadores da fazenda de Zalala.
A intimidade dos militares com a comunidade civil indígena era bastante. A tropa ia com o médico à sanzala, levava medicamentos e transportava as populações para mercarem nas vilas e cidades. 
O Vargas divide a viola com o Famalicão e o outro Cavaleiro do Norte é um dos cozinheiros. Do nome, não se lembra o Vargas. Mas, como se vê, confraternizava-se de mãos dadas e confiança.
- VARGAS. Manuel Idalmiro Vargas, soldado condutor. Natural e residente na Ilha do Pico (Açores), onde é empresário.
 - FAMALICÃO. António Martins Lopes, soldado condutor. Natural de Agra, Vila Nova de Famalicão.
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