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Channel: CAVALEIROS DO NORTE / BCAV. 8423!
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1 986 - Dias de Luanda, em Abril de 1975...

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Marginal de Luanda nos anos 70, vista do lado do 
porto (foto da net). Viegas e Resende na Ilha, em Abril de 1975



As limitações informativas aumentaram a 2 de Abril de 1975, em Luanda. O Alto-Comissário proibiu a circulação dos jornais «Expresso», «Sempre Fixe» e «Notícias de Lourenço Marques». A censura era feita por uma um comissão had-hoc, nomeada por ele mesmo.
O MPLA deixou de poder divulgar as suas actividades na rádio. A Emissora Oficial de Angola era a única estação autorizada a dar notícias. As rádios privadas puderam voltar a emitir, mas sem... noticiários. O ministro Johny Eduardo, da FNLA, reuniu com os consules da cidade e, numa espécie de conferência de imprensa, atacou o MPLA e rejeitou responsabilidades do seu partido nos incidentes dos dias anteriores. Negou fuzilamentos e prisões e acusou o MPLA de provocar o clima de tensão que se vivia em Luanda.
Vivia?
Por mim e o Cruz, nada demos por isso. A fraternal disponibilidade do amigo Albano Resende levou-nos em passeios pela ilha, pela baixa turística, ao Mussulo, à Mutamba, por Miramar e pela Vila Alice, por outros tantos outros cantos de interesse e curiosidade luandinos. Nem faltou uma bacalhauzada no Vilela - no bairro da Cuca. Por lá procurei Mário e Benedita, casal de conterrâneos e agora vizinhos, em casa de quem me tinha estreado a comer moambada - em Junho de 1974. E várias ajantarei com o saudoso Alberto Ferreira, cabo especialista da Força Aérea - quem, de lá (Luanda), habitualmente me mandava jornais, revistas e discos, para o Quitexe e mais tarde para Carmona.
A Luanda urbana, para além desses incidentes inter-movimentos, era uma cidade de apetites, jovem e grávida de desafios para dois Cavaleiros do Norte em férias.
A 2 de Abril de 1975, circulava na cidade um panfleto do MPLA a convocar o povo para uma manifestação e a pedir a demissão do Alto-Comissário português. Assim como o regresso dos militares da FNLA aos quartéis. Melo Antunes era nesse dia esperado em Luanda. 
Dados noticiosos do DL

1 987 - De Luanda a Carmona, pelo Piri e Quibaxe...

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A capital Luanda, o Piri e Quibaxe. Depois, Vista Alegre, Aldeia Viçosa,  Santa Isabel, Quitexe, 
Zalala e Carmona, terras dos Cavaleiros do Norte. Cruz (de barbas) e Viegas (há 39 anos!)


A 3 de Abril de 1975, ficou a saber-se que as Forças Armadas Portuguesas iriam prestar ao MPLA o mesmo apoio que davam à FNLA e à UNITA, na sequência de negociações de Agostinho Neto com Costa  Gomes - presidentes daquele movimento e da República Portuguesa, respectivamente. Negociações em Lisboa, participadas por Rosa Coutinho (antigo Alto Comissário em Angola) e Vasco Gonçalves (o 1º. Ministro).
Os violentos incidentes dos dias anteriores tinham provocado, segundo o MPLA,«duas centenas de mortos, muitos feridos e estropiados e inúmeros desaparecidos». E a noite da véspera tinha sido, segundo o Diário de Lisboa que agora leio, «tempo de novas confrontações violentas,  na capital angolana». MPLA e FNLA «trocaram tiros no musseque Cazenga». Continuou a troca de prisioneiros, revelando o MPLA que muitos dos seus «apresentaram-se muito mal tratados».
A este tempo, e sem disso dar conta, por lá andávamos nós na borga (eu e o Cruz), com viagem de avião marcada para Nova Lisboa. E dávamos por alguma coisa dessa guerra? Pois, não! À noite, ouviam-se disparos e  sons de matralha, mas era lá por tão longe que nem nos incomodávamos. E a cidade, valha a verdade, continuava a sua vida, como se nada fosse com ela.
De Carmona, do Quitexe, de Aldeia Viçosa, de Vista Alegre, pouco se sabia. E nada se ouvia, ou lia. Eu tinha o hábito de ver jornais e o mais que soube, por estes dias de boa-vai-ela luandina, foi de incidentes nos Dembos, na fronteira com o Uíge. E de «confrontações algo violentas no Quibaxe». Mas terminaram - assim como no Piri, «onde não chegou a haver tiros». O mesmo Quibaxe e o mesmo Piri por onde, em datas e circunstâncias diferentes, passaram e agiram os Cavaleiros do Norte - julgo bem que, respectivamente, os da 2ª. CCAV. e da 1ª. CCAV., a de Aldeia Viçosa (do capitão José Manuel Cruz) e a de Zalala (capitão Castro Dias). 

1 988 - Aos 4 dias de Abril de 1975...

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Baía e marginal de Luanda, vistas da fortaleza (em cima). 
Viegas na ilha de Luanda, com o Toyota de Albano Resende


Aos 4  dias de Abril de 1975, lá continuávamos nós por Luanda - eu e o Cruz -, de férias, (re)descobrindo a cidade e os seus mistérios, «acampados» no Katekero, de onde partíamos para os seus dias grávidos de gente e as noites de «boa-vai-ela».  
Melo Antunes negociou com MPLA e FNLA e houve troca de prisioneiros, cessar de confrontações e entrega de aquartelamentos aos movimentos. Disse ele, aqui citado do Diário de Lisboa, que «ainda se está longe de achar um equilíbrio estável, mas que ele se vai verificar em breve, mercê do dialogo permanente que se está a verificar com os dirigentes dos vários movimentos de libertação».
Preocupadas estavam as Nações Unidas. Falando em Lisboa, o embaixador Asdulrasim Farah, representante do secretário-geral Kurt Waldheim, disse que «a segurança em Angola preocupa muito a ONU».
Farah passou por Lisboa, a caminho da cimeira da Organização de Unidade Africana, que se ia realizar em Dar-es-Salam, no dia 7. Seguiria para Luanda, onde se previa que estaria «entre 8 e 15 dias», um período invulgarmente anormal, por excesso, para este tipo de missões. Na capital portuguesa, fora recebido, no aeroporto, pelo novo Secretário de Estado da Cooperação. Sabem quem era? Pois, exactamente Jorge Sampaio - que viria a ser Presidente da República. 
Pelo Uíge, onde jornadeavam os Cavaleiros do Norte, o tenente-coronel Almeida e Brito retomou o comando do BCAV. 8423, depois de, interinamente, ter estado no da ZMN - desde 24 de Março.

1 989 - Luanda, etc. e tal, dia 5 de Abril de 1975...

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 O mítico Polo Norte, um dos pontos de encontro dos militares, na baixa da Luanda. Em frente, a avenida que ia dar à ilha e onde ficavam o Amazonas e o Baleizão. Para trás, outro ícone da tropa: a Portugália (foto da net)
 
Luanda, sábado de Abril de 1975, dia 5: eu e o Cruz continuamos na capital angolana, onde há grande afluxo de notícias: Abdhulraim Farah, adjunto do secretário geral da ONU, ia chegar (ido de Lisboa) e, em Dar-es-Salam, reuniam-se os presidentes da Tanzânia (Julius Nyerere), da Zâmbia (Keneth Kaunda) e do Zaire (Mobutu).
Os três iam analisar a situação angolana, nomeadamente as razões que separavam os três movimentos emancipalistas - que, como referia um despacho da Agência Reuters, de faz hoje precisamente 39 anos, «ameaçam transformar em guerra civil o processo de descolonização». No essencial, os três países iriam analisar o tipo de apoio que davam (e iam dar) aos movimentos.
O MPLA tinha forte ajuda da Tanzânia e da Zâmbia, a FNLA do Zaire. Jonas Savimbi, da UNITA, que ia chegar a Angola dentro de dias, também tinha procurado apoio junto de Nyerere (Tanzânia) e Kaunda (Zâmbia).
No norte de Angola e junto à fronteira, em zona imediatamente acima dos Cavaleiros do Norte, a FNLA ia ocupando antigas instalações militares portuguesas da área de S. Salvador do Congo. Por exemplo, em N´Kiende - onde teria cerca de 2000 homens em treino de «comandos».
Por Luanda, em jornada de amigos, eu e o Cruz, achámo-nos no Polo Norte, com o Alberto Ferreira, onde apaparicámos gelados (coisa fina, ao tempo...) e saímos para o Amazonas, mais à frente. Lá «voaram»  uma mão-cheia da canhangulos, que apertava sede, «forrada» pelo farto piri-piri da hora de almoço. A tarde foi de passeatas no Toyota do Resende, de uma saltada ao Grafanil e ao cemitério de Catete e de uns camarões com Cuca´s na restinga da ilha. A noit, teve parte passada no Pisca-Pisca, entre luzes fuscas e vermelhas - até ao regresso, já de táxi, ao conforto do Katekero, no largo Serpa Pinto.

1 990 - Almeida e Brito em Vista Alegre, com a 1ª. CCAV. 8423

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Aquartelamento de Vista Alegre, em Dezembro de 2012 (foto de Carlos Ferreira). Um grupo de Cavaleiros do Norte de Zalala


A 6 de Abril de 1975, o comandante Almeida e Brito esteve em Vista Alegre, em contacto operacional, com a 1ª. CCAV. 8423, a de Zalala. Fez-se acompanhar dos capitães José Diogo Themudo (2º. comandante) e José Paulo Falcão (oficial adjunto e de operações).
Não custa «adivinhar» que a principal razão da visita teria a ver com a (então próxima) rotação do dispositivo operacional do Batalhão. A companhia comandada pelo capitão miliciano Davide Castro Dias, já tinha estado em Zalala (até 10 de Dezembro de 1974), aquartelava agora em Vista Alegre e Ponte do Dange e não tardaria a mudar-se para o Songo.
E por Luanda, onde flautiavam os cavaleiros Cruz e Viegas?
O jornal «O Comércio» noticiou a demissão de Lopo de Nascimento (MPLA), ministro do Governo de Transição - o que não se veio a confirmar. Governo que negociou com os partidos uma solução para garantir o normal funcionamento da banca. A FNLA, todavia e à última da hora, apresentou uma  contraproposta, que ira ser analisada na manhã de 7 de Abril. 

1 991 - Visitas d´amigos e alguns incidentes em Luanda

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Luanda, o icónico largo da Mutamba (foto de Jorge Oliveira). 
Em baixo, Agostinho Neto (MPLA) e o almirante Rosa Coutinho (net)


Os dias de Luanda, há 39 anos, lá se iam passando, envolvendo  vários encontros e refeições com conterrâneos civis e amigos,  que por lá governavam a  vida: os três irmãos Resende (José Bernardino, Manuel e Albano), as famílias do Mário, da Cândida, do Zé Martinho, do Neca Reis, o Victor e o João Martins, o Aníbal, o Carlos Alberto Santiago, com quem me ia encontrando, como se houvesse um plano pré-definido, uma escala.
Seguro, era achar-me com o Alberto Ferreira, o cabo especialista da Força Aérea que todos os dias se desembaraçava da base por volta das 5 horas da tarde. E lá íamos nós para a boa-vai-ela!!!
A 7 de Abril de 1975, soube-se, lá pela baixa e no mata-bicho da Portugália, em conversa com Rebelo Carvalheira, jornalista d´O Província de Angola, que a véspera tinha sido de fogo, nos bairros sub-urbanos.«Novos incidentes, embora pouco numerosos, pelo que ainda é de tensão o ambiente da capital», releio agora, na imprensa desse dia. 
Avizinhava-se a visita de uma delegação da ONU, e outra da OUA, para, em conjunto,«investigar os distúrbios que ameaçam a transferência pacífica para a independência, em Novembro próximo». Até essa data, ao que se dizia, já tinham morrido mais de 200 pessoas nos combates entre o MPLA e a FNLA.
Agostinho Neto, na véspera, inaugurara a sede do Comité de Acção 4 de Fevereiro, na Duque de Ávila, em Lisboa - onde chegara depois de uma visita diplomática à Holanda e Bélgica, onde angariou«apoio dos partidos progressistas». Na capital portuguesa, ia avistar-se com o presidente Costa Gomes e os ministros Melo Antunes e Almeida Santos. A 6 de Abril (de 1975) avistara-se em longa conversa com Rosa Coutinho.

1 992 - Saudades do Jorge Barata de Zalala!

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Jorge Barata, Lains dos Santos e Américo 
Rodrigues, Cavaleiros do Norte de Zalala (1974/75)

O Barata faria hoje 62 anos, mas há já mais de 16 anos que é uma saudade dos Cavaleiros do Norte, em particular dos de Zalala. Furriel miliciano atirador de cavalaria, fez especialidade na Escola Prática de Santarém e lá foi mobilizado para Angola, passando antes por Santa Margarida, no RC4 - a nossa unidade mobilizadora.
O Barata faleceu a 11 de Outubro de 1997, vítima de um enfarte de miocárdio, na sua natal terra de Alcains - onde era contabilista e foi futebolista do clube local. Na véspera, ainda deu um treino, sentiu-se mal, foi levado ao hospital, mas não resistiu à violência do enfarte. Deixou viúva e dois filhos - um casal!
Um destes dias nos reencontraremos, amigo Barata!
Há 39 anos, por este dia, os Cavaleiros do Norte jornadeavam pelo Uíge e, em Luanda, foi atacado um avião sul-africano, um Boieng 747 que preparava aterragem no aeroporto. Voava sobre o Bairro Popular e estrada de Catete e  chegou a ser atingido, mas aterrou sem problemas para os seus 287 passageiros. No entanto, indo em viagem para Londres, regressou a Joanesburgo, pois os buracos abertos na fuselagem deram origem a uma despressurização no interior da cabine
Outra novidade, bem melhor, foi a da suspensão da censura - decretada pelo Alto Comissário Silva Cardoso e pelo Colégio Presidencial, logo depois dos sangrentos incidentes registados na cidade. Só era permitida a divulgação dos comunicados oficiais.
Ver AQUI

1 993 - Aviões, ataques, restaurantes e viagens

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Albano Resende e sobrinha, Viegas e capitão Domingues (em cima). Notícia do
Diário de Lisboa sobre os incidentes de Luanda, com o avião sul-africano (em baixo)


Luanda, 9 de Abril de 1975: «O avião sul-africano foi atingido por acaso». É este o título da 1ª. página do Diário de Lisboa, em despacho da capital angolana. Atingido (o avião) na sequência de tiroteio entre o MPLA e a FNLA, na estrada de Catete e no Bairro Popular, que fica(va) no enfiamento do aeroporto. Avião que voava para Londres e, por isso, regressou a Joanesburgo.
O problema era mais grave, porém, e dele me lembro bem agora, acordado na memória da conversa com Rebelo Carvalheira: é que se pensou que tivesse sido um ataque de engano, supondo-se que era da TAP o avião e que este que levaria Agostinho Neto e dirigentes do MPLA, para Lisboa e a caminho da Bélgica e da Holanda. Agravante: na mesma altura, tinham sido disparados roquetes e morteiros sobre o aeroporto.
Esta, era a Luanda de guerra, atingida num seu ponto nuclear: o aeroporto.
A outra Luanda, a que eu e o Cruz continuávamos a descobrir, era de todo diferente: quente, sensual, ardente, ciosa, oferecida, de neons a brilhar na noite, de apetites que nada tinham a ver com as saladas de sangue que se vertiam pelos chãos vermelhos dos bairros periféricos.
Foi num destes dias que o Resende me levou (e ao Cruz), ao encontro do conterrâneo Neca, que fizera vida no Úcua e mudara para Luanda, trabalhando num restaurante do centro. Restaurante de casa cheia, em dois pisos, largas dezenas de refeições servidas, ambiente descontraído e festivo, como se por perto não se desagasalhassem os dramas da guerra e dos lutos que enviuvavam as almas e os sonhos.
Já fazíamos malas para Nova Lisboa, Lobito e Benguela, para o sul de Angola que eu mesmo, em Setembro de 1974, já começara a aprender a conhecer.
Férias eram férias! Não eram intervalos de guerra!

1 994 - Aeroporto de Luanda e viagem para o Huambo...

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Aeroporto de Luanda, no tempo da administração 
portuguesa. O Forte de S. Pedro da Barra (em baixo) 


Luanda, aos dez dias de Abril de 1975. Eu e o Cruz estamos de malas aviadas para Nova Lisboa, num voo da TAAG, que lá nos pôs em pouco tempo. Quem nos levou ao aeroporto foi um taxista branco (europeu e antigo soldado da guerra colonial), muito preocupado com a situação e crítico dos governos - o de Luanda e o de Lisboa. E acusando a tropa de nada fazer para salvar a pele da comunidade branca, europeia.
Já estamos habituados, desde o Quitexe (menos) e Carmona (bem mais), a este tipo de acusações e críticas. Não lhe damos importância.
A FNLA, entretanto e em Lisboa, era acusada pelo Comité de Acção 4 de Fevereiro (do MPLA), de controlar o aeroporto: “Todas as aproximações dos finais das pistas estão sob “controlo” anti-aéreo da FNLA, quer através do Forte de S. Pedro da Barra, quer da sua delegação da Estrada de Catete, onde estão montadas armas pesadas anti-aéreas, no terraço do edifício, acompanhadas com as respectivas munições”, leio, agora, no DL de 10 de Abril de 1975.
Assim, concluía-se que o aeroporto de Luanda “está temporariamemte ameaçado por forças militares que escapam ao controlo do Governo de Transição e da Comissão Nacional de Defesa”.
O forte tinha sido “unilateral e inexplicavelmente cedido à FNLA, por ordem de N´gola Kabungu», ministro do Interior (indicado pelo movimento de Holden Roberto) e“contra a vontade do ministro das Obras Públicas”, que Alfredo Resende de Oliveira (nomeado pelo Governo Português).
O forte, acusava o Comité 4 de Fevereiro, “também ameaçava seriamente a entrada na barra e o porto de Luanda”, para além de ”ter servido de prisão e lugar de torturas do povo angolano e daí partirem os prisioneiros que foram chacinados no Caxito” - chacina que, e reporto do Diário de Lisboa de 10 de Abril de 1975,“esteve na origem do protesto dos médicos das Forças Armadas Portuguesas”.

1 995 - Caçadores dos Açores, jornais e incidentes...

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Peixoto, Neto e Viegas no Quitexe (1974). Edição Jornal A Província de Angola que noticiou o 25 de Abril



A 11 de Abril de 1975, Almeida e Brito, o tenente-coronel que comandava os Cavaleiros do Norte, foi ao Negage, onde se aquartelava a CCÇ. 4741/74.
A companhia tinha sido formada em Angra do Heroísmo, nos Açores, no Batalhão Independente de Infantaria, e era a do Peixoto, furriel miliciano que, por razões disciplinares, foi transferido para o Quitexe e ainda nos acompanhou para Carmona. Foi companheiro de quarto, meu e do Neto, na Casa dos Furriéis do Quitexe. 
A CCAÇ. 4741/74 chegou a Angola em Agosto de 1974 e foi instalar-se em Santa Cruz de Macocola (agora chamada Milunga), a nordeste de Carmona. De lá, passou para o Negage e, a 17 de Março de 1975, ficou adida ao BCAV. 8423. 
Almeida e Brito fez-se acompanhar pelos capitães José Diogo Themudo (2º. comandante) e José Paulo Falcão (ofcial-adjunto).
O dia assinalou, em Luanda, a suspensão do jornal “A Província de Angola” publicava-se em Luanda. Não era a primeira vez que tal acontecia e, desta, também foi multado em 100 contos - por ter publicado um artigo em que acusava o MPLA de “ter morto soldados da FNLA com metralhadoras recebidas da União Soviética”. O que, noticiava o Diário de Lisboa desse dia, “não tem qualquer  fundamento”.
As últimas 24 horas da capital angolana não tinham registado  quaisquer incidentes - o que era uma boa notícia. Mas Jorge Valentim, destacado dirigente da UNITA, dava conta que “confrontações recentes, entre a FNLA e o MPLA” resultaram em 200 mortos. Número já aqui falado.
A UNITA, por sua vez e Jorge Valentim o  disse, ia “formar comités de paz e organizar um sindicato nacional”, para, explicou,“suster a violência em Angola” - intenção que observadores políticos de Luanda entendiam como «manobras contra o MPLA».
Assim ia, com estes e outros pequenos e grandes incidentes, o processo de descolonização de Angola, há precisamente 39 anos.

1 996 - Dias de Nova Lisboa e Carmona, há 39 anos!

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Dias de férias, em Nova Lisboa, há precisamente 39 anos. 
Saudade, Fátima, Idalina, Viegas e Valter, com Rafael (de joelhos)

Luanda acalmava, aparentemente, mas as labaredas incendiavam ânimos noutros locais de Angola. O Luso, era exemplo: dias antes do 12 de Abril de há 39 anos (a 8, uma 3ª.-feira), MPLA e FNLA envolveram-se em confrontos armados que duraram 12 horas e resultaram em vários feridos (civis e militares) e um morto, civil.
“Incidentes graves”, foi como os classificou um comunicado do Alto-Comissário - citando “prejuízos materiais de certa monte em vários  edifícios da cidade”.
O Cruz e eu, por este tempo, já vadiávamos por Nova Lisboa, instalados no Hotel Bimbe, da minha familiar Cecília (e marido Rafael). Ela, filha de Arménio, meu padrinho de baptismo - que, poucos anos antes, um acidente de viação fez jaer no cemitério da Gabela.
Foi de lá que, via telefone (coisa excepcional, a esse tempo) para a messe de sargentos do Montanha Pinto, soubemos das primeiras notícias de Carmona:“Tudo controlado, mas há umas escaramuças, os tipos não se entendem...”, disse-nos o Neto. 

Sem incidentes com a tropa, que fossem para além das já costumadas bocas de insulto com que nos brindava a população - nomeadamente a branca, europeia. Mas se já éramos das poucas capitais de província sem incidentes, todos os dias eram vésperas.
As forças mistas faziam patrulhamentos e FNLA (a “dona” do Uíge) e MPLA faziam pela vida, querendo conquistar as almas e os futuros votos do povo.
Não era pêra fácil, fazer os patrulhamentos mistos. Não era raro que os militares/militantes de FNLA e MPLA se quezilassem e era a tropa portuguesa que tinha de aclamar os ânimos. O que, valha a verdade, bem sempre era fácil e... pacífico. Sempre ficavam ódios a remoer e  vinganças a cozinhar-se na alma daquela gente que queria a independência.

1 997 - Cavaleiros do Norte, há 5 anos!!!

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A 9 de Abril de 2009, há 5 anos!!!!, aqui comecei a «recruta» do blogue Cavaleiros do Norte, sem imaginar que a «especialização» chegaria até aos dias de hoje! Nem nas melhores previsões - que, de resto, não existiram... -, alguma vez imaginei que por aqui andasse, ainda agora, 1997 postagens depois, a falar dos Cavaleiros do Norte, dia a dia, sempre actual e actualizando, contando, evocando e fazendo histórias da nossa histórica jornada angolana. Mas assim é!
Este 5 anos e 1986 posts, diários e irrepetidos, permitem que deles façamos uma verdadeira enciclopédia de memórias das 4 companhias do Batalhão de Cavalaria 8423. Muitas outras histórias haverá para contar. E aqui as contaremos, se nos chegarem. Precisamos que no-las façam chegar e logo as editaremos.
É a promessa que fazemos, 5 anos depois de os Cavaleiros do Norte terem nascido. Enquanto pudermos e soubermos.
O primeiro post dos
Cavaleiros do Norte

1 998 - Incidentes em Carmona e louvor a Meneses

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Rua do Comércio em Angola. Ao fundo, à esquerda, vê-se a placa do Hotel Apolo. 
Em baixo, o saudoso alferes Meneses, que há 39 anos, heroicamente, justificou um louvor militar 


Carmona ia escapando a incidentes mais complicados, exceptuando umas e outras escaramuças, conflitos diversos e mais ou menos facilmente controláveis, entre FNLA (a «senhora» do Uíge) e o MPLA. Mas, como avisadamente ia sublinhando o comandante Almeida e Brito, «um dia, vamos ter problemas». Os Cavaleiros do Norte estavam preparados para isso. Técnica e mentalmente.
A 13 de Abril de 1975, «confronto entre elementos de dois movimentos emancipalistas, com o uso de armas de fogo, na via pública» levou a necessária e corajosa intervenção das NT, no caso um grupo de combate comandado pelo alferes Meneses, da 2ª. CCAV. 8423.
«Actuou de forma rápida, decidida e enérgica, não deixando dúvidas quanto à determinação do pequeno núcleo de tropas que comandava, com o que conseguiu a detenção de dois dos elementos em confronto», refere o louvor ao alferes Meneses, sublinhando ainda o facto de que tal intervenção «de imediato ter feito abortar a referida manifestação».
A manifestação, vale da pena recordar, «não fora autorizada superiormente».
- MENESES. Manuel Meneses Alves, alferes miliciano atirador de 
cavalaria. Integrava o BCAÇ. 4519, em Cabinda, e foi transferido para 
a 2ª. CCAV. em Fevereiro de 1975. Empresário do sector das carnes, 
faleceu em Leiria a 15 de Maio de 2013, vítima de doença.

1 999 - Reforços em Carmona e emoção em Nova Lisboa

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Viegas, em Nova Lisboa, com Isolina Neves (madrinha) a as netas 
Fátima e Idalina, a 14 de Abril de 1975. Em baixo, o emblema do BCAç. 5015
 
A 14 de Abril de 1975, a guarnição militar de Carmona foi reforçada com um grupo de combate do BCAÇ. 5015, que tivera CCS na Damba e aquartelamentos em Chimacombo (1ª. Caç.), Mucaba (2ª.), e Quivuenga e Cachalode (3ª.). Ao tempo, já a maior parte do Batalhão estava em Luanda, para regressar a Portugal. Eram os «Conscientes e Decididos».
A razão do reforço era simples, leio no Livro da Unidade: «Os incidentes de Luanda e Carmona vieram de ressaca até Carmona, dando origem a que houvesse que fazer intervenção a conflitos diversos». O mais grave tinha sido precisamente na véspera (ver post de ontem) - quando se registou uma acção de fogo, entre a FNLA e o MPLA. Situação que motivou o louvor ao alferes Meneses.
Isto enquanto, lá  pelo planalto do Huambo, eu e o Cruz flautiávamos a vida, «aquartelados» no Bimbe Hotel, da minha familiar Cecília Neves e onde vivia minha madrinha Isolina (foto), ao tempo já viúva de meu padrinho Arménio Tavares. Era mãe de Cecília e de Mário - este na Gabela, onde eu tinha estado em Setembro de 1974 e, ao tempo, também viviam Cecília e família.
A nota do verso da foto faz-me avivar a memória: neste dia fui visitar os irmãos Manuel e José Pires Viegas, que eram primos direitos de meu pai e com quem vivi, em situações separadas, momentos muito emotivos. Tinham sido muito amigos e era a primeira vez que nos encontrávamos, depois da morte de meu pai (em Agosto de 1972). A recordação encheu-nos a alma, que não chorou, mas encheu-nos as memórias de saudades e emoção. 

2 000 - Aos 2000 chegarás, dos 2000 passarás!

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O blogue Cavaleiros do Norte / Quitexe chegou aos 2000 artigos. 
Sempre a falar da nossa jornada angolana e das nossas vidas de 1974 e 1975!

O post que hoje aqui se lê é o 2000 (!!!) da "saga editorial" do blogue Cavaleiros do Norte. Quem diria?!
Ainda há dias aqui pus os foguetes da festa dos 5 anos completos da narrativa da nossa jornada africana de Angola e, hoje mesmo, dou comigo a olhar para este número mágico : 2000!!!! 
Assim se conclui que, por (mais) de 2000 vezes, aqui se pensou, aqui se falou, aqui se fez memória e história dos Cavaleiros do Norte!!! Aqui se verteram emoções e evocaram bons e maus momentos da missão que, na flor da nossa juventude, nos levou a milhares de quilómetros para cumprir o que o país nos confiou. E nos honra.
Quer isto dizer, meus preclaros amigos, que, duas vezes "milionários" da palavra, a devemos continuar - como fio condutor da nossa memória e da nossa história comum. Aos 2000 chegámos, dos 2000 vamos passar!!!
Há 39 anos, neste dia 15 de Abril, continuava eu por Nova Lisboa (com o Cruz) e os Cavaleiros do Norte por Carmona, Quitexe, Aldeia Viçosa, Vista Alegre e Ponte do Dange - no Uíge angolano. Controlando os acontecimentos que diferenciavam e separavam os movimentos, garantindo a segurança das populações e bens!
A ONU e a OUA, na véspera (dia 14 de Abril de 1975) anunciaram desistir de intervir no conflito entre o MPLA e a FNLA. “A situação política está excluída”, garantiu o chefe da missão, que na véspera chegara a Luanda, com representantes da OUA - vindos de Dar-es-Salan e para uma visita de 10 dias.
O objectivo era“estudarem as necessidades de Angola, no campo social e económico”, mas o  MPLA, no sábado anterior (dia 12), já manifestara oposição à presença da delegação da ONU/OUA para“investigar as recentes confrontações armadas entre o MPLA e a FNLA, em Luanda”. Lúcio Lara, chefe da Delegação do movimento de Agostinho Neto, afirmou mesmo que a considerava “contrária aos interesses nacionais».  
Abdulrabih Farah era o chefe da Delegação, enquanto assistente do secretário geral da ONU para as Questões Políticas Especiais.

2 001 - A morte do Eusébio de Zalala...

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Rodrigues, Queirós e Eusébio, em 1974/75 (em cima). Em baixo: Pinto, Eusébio, 
Mota Pinto e Rodrigues (de pé), João Dias, Queirós e Barreto, gente de Zalala, 
em Junho de 2012, em Belmonte - a sua terra natal!


A notícia chegou-nos hoje: morreu o Eusébio!
A morte é sempre brutal e trágica! O luto da alma sempre nos mexe e leveda emoções, nos torna mais pequenos e inquietos, inseguros, mortais. A notícia da morte do Eusébio, chegada pelo seu telemóvel, em mensagem do filho, chocou e surpreendeu: morreu a 1 de Abril de 2014, de paragem cárdio-respiratória.
As vésperas de carnaval deste ano foram o tempo da nossa última conversa. Telefonou-me! De quando em vez, nos intervalos da sua vida, dava-me esse gosto de falarmos dos nossos dias, das nossas coisas, das nossas glórias e dramas, ele ultimamente muito preocupado com a iminência de perder a segunda perna. Por causa dos malditos diabetes, que já lhe tinham levado a esquerda.
Aposentado, tinha sonhos para as vida dos dois filhos, para quem queria abrir uma loja de artesanato e um bar, na sua (deles) Belmonte natal. A vida traiu os seus sonhos e nós, Cavaleiros do Norte, aqui lhe prestamos a nossa homenagem. Com o abraço solidário para sua mulher e dois filhos!
Até um destes dias, Eusébio amigo!
- EUSÉBIO. Eusébio Manuel Martins, furriel 
miliciano atirador de cavalaria, da 1ª. CCAV. 8423, 
a de Zalala. Funcionário público aposentado,  
nasceu (a 15 de Agosto de 1952) e vivia em Belmonte.
- Ver «O Eusébio de Zalala»

2 002 - Santa Isabel para Carmona e ONU em Luanda

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Fazenda de Santa Isabel, onde esteve aquartelada a 3ª. CCAV. 8423.  
Holden Roberto (FNLA), Agostinho Neto (MPLA) e Jonas Savimbi (UNITA)


Aos 15 dias do mês de Abril de 1975, lá por Carmona, a capital do Uíge angolano, a guarnição dos Cavaleiros do Norte foi reforçada com um grupo de combate da 3ª.  CCAV. 8423, a de Santa Isabel e do capitão José Paulo Fernandes. Desde 10 de Dezembro de 1974, estava instalada no Quitexe, de onde a CCS tinha saído a 2 de Março.
A remodelação do dispositivo militar andava para ser feita desde o princípio do mês, mas era sucessivamente adiada por faltarem decisões sobre a ocupação das instalações militares que se iam abandonar e eram desejadas por FNLA e MPLA - a UNITA, por lá mal existia. Contudo, precisava Carmona de reforço, para garantir serviços e segurança de bens e de pessoas, na cidade e vias de acesso.
No mesmo dia, mas à noite, chegou a  Luanda a Delegação da ONU, chefiada por Abdul Farah, assistente do secretário geral Kurt Waldheim. Mas foi recebida  sob «uma verdadeira tempestade de protestos públicos e oficiais», como noticiava o Diário de Lisboa. Abdul  Farah reagiu e afirmou que «todo o mundo deseja a paz em Angola e os movimentos de libertação possuem, sem duvidam, dirigentes conscientes, por isso mesmo estamos cientes que, sob direcção desses dirigentes, a prosperidade angolana é perfeitamente possível». 
Emqunto isso, os presidentes Agostinho Neto, do MPLA (em Lusaka, com Kaunda), Jonas Savimbi, da UNITA (em Lusaka e Dar-es-Salan) e Holden Roberto, da FNLA (no Zaire, com Mobutu, seu cunhado), procuravam apoio para os seus movimentos. Assim ia o processo de descolonização e independência de Angola. há 39 anos!

2 003 - Vista Alegre, Quitexe, Luanda e Nova Lisboa...

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Machado (furriel) e Cruz (alferes) numa das saídas às companhias operacionais. O capitão Themudo (em baixo)



A 18 de Abril de 1975, o capitão José Diogo Themudo, 2º. comandante do BCAV. 8423 foi a Vista Alegre, de visita à 1ª. CCAV. (a de Zalala), acompanhado do oficial de manutenção auto - o alferes Cruz.
Aproximava-se a rotação da companhia (ia para o Songo), e, naturalmente, era necessário acertar a operação. A presença do alferes Cruz, seguramente, justificava-se na averiguação e manutenção das viaturas que iriam suportar o transporte de homens e equipamentos. Na passagem de regresso, pararam no Quitexe, onde estava  a 3ª. CCAV.
O mesmo 18 de Abril - uma sexta-feira, como hoje... - foi tempo, em Luanda, da mais uma reunião dos Estados Maiores do MPLA, FNLA e UNITA, para análise da situação militar e política. Por Estados Maiores entenda-se, respectivamente, os das FAPLA, ELNA e FALA, que analisaram a formação de forças de prevenção e das forças integradas - para obstar aos «inimigos da independência de Angola», que«não tendo compreendido o momento histórico, persistem em manobrar na sombra, preparando-se mesmo para desencadear conflitos em Luanda, entre 15 e 30 de Abril». estávamos a 18.
os três Estados Maiores, por isso, lançaram «uma advertência solene à reacção, para que cesse imediatamente tais manobras». E apelaram à população para que se mantivesse «calma e vigilante».
Mais a sul, no Huambo, eu e o Cruz continuávamos a nossa operação turística, «acampados» em Nova Lisboa e com «patrulhas» à Caala (Roberto Wiliams), Silva Porto, Alto Hama.
- FAPLA. Forças Armadas Populares de Libertação de Angola (do MPLA).
- ELNA. Exército de Libertação Nacional de Angola (da FNLA).
- FALA. Forças Armadas de Libertação de Angola (da UNITA).

2 004 - Turismo e notas falsas em Nova Lisboa

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Viegas (à direita) com os familiares Rafael e Cecília, na barragem do Cuando, perto 
de Nova Lisboa (em cima). Notícia da agressão à consulesa da Holanda em Luanda (DL)



As notícias, há 39 anos, não circulavam com a velocidade de hoje (quase instantânea) e, comigo e o Cruz já de saída de Nova Lisboa para Lobito e Benguela, soube-se na capital do Huambo que Daphne De Groot, esposa do Cônsul da Holanda em Luanda, tinha alegadamente sido espancada por três militares da FNLA, no decorrer de uma visita ao jornal «A Província de Angola».
A paradiplomata estava no gabinete do director, Rui Correia de Freitas, e terá sido ele, de acordo com o Diário de Lisboa, a chamar os «fnla´s» - julga-se que na sequência do então recentemente anunciado apoio da Holanda ao MPLA.  Rui Correia de Freitas era conotado com «o ex-regime colonialista e fascista» e, sublinhava o mesmo «Diário de Lisboa», «teve papel de relevo no golpe falhado de 28 de Setembro» - razão porque, com mandato de captura pendente, se refugiou na África do Sul, regressando em princípio de Março. O «A Província de Angola» era, ao tempo, conotado com a FNLA.
Eu e o Cruz dávamos os cabeceiros da «operação turística» por Nova Lisboa e arredores, no caso das imagens fotográficas (do dia 15) à missão (em baixo) e barragem do Cuando - que abastecia a cidade e ficava na estrada para o Cuíto. O Cuando fica(va) a uns 20 quilómetros e a missão fora criada por missionários da Congregação do Espírito Santo, por volta de 1910. Na altura, construía-se um novo templo (foto de baixo). A barragem, para além de fornecer água à cidade capital do Huambo e ser atracção turística de região, era também «templo» de pesca, para as comunidades locais.
O dia 19 de Abril de 1974, um ano antes - há 40!!!..., o tempo passa!!! -, relativamente a Angola foi assinalado por dois factos curiosos:
1 - O jornal «A Província de Angola» anunciou a apreensão de 2 milhões de dólares falsos, no Lobito. Em notas de 20. Teriam sido impressas em offset, numa tipografia de Nova Lisboa, sem conhecimento do seu dono. A rede teria ramificações a Lisboa.
2 - O general Tello Polleri partiu para Angola, para visitar as unidades da Força Aérea. Era o Secretário de Estado da Aeronáutica.

2 005 - Incidentes no Negage e invasão de Angola

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O aquartelamento do Negage (em cima). Notícia sobre a invasão de zairenses



A CCAÇ. 4741/74 era principalmente formada por açoreanos da Ilha Terceira e, a partir de 17 de Março de 1975, passou a depender operacionalmente do BCAV. 8423. A 20 de Abril de 1975, foi visitada pelo comandante Almeida e Brito, que se fez acompanhar pelos capitães José Diogo Themudo (2º. comandante) e José Paulo Falcão (oficial adjunto e de operações).
A razão da visita teve a ver com um incidente no Negage (onde estava por essa altura), que, e cito do Livro da Unidade, «obrigou à realização de uma reunião conjunta com a FNLA, de modo a obter uma mentalização do que deverá ser a missão das NT e dos Exércitos de Libertação, neste período que decorre até à independência».
Grave, bem mais grave, era a denúncia de Agostinho Neto, o presidente do MPLA. Segundo disse na véspera, em Lusaka, «Angola está a ser sujeita a uma silenciosa invasão de soldados vindo do Zaire».

Esses soldados, disse, «são militantes da FNLA e são, por conseguinte, considerados patriotas angolanos» mas, como frisou, «entram em Angola em grande número e muito bem equipados (...) melhor até que estavam durante a guerra contra o domínio colonial português»
A dúvida principal era se seriam mesmo angolanos, ou soldados do Zaire, ao serviço da FNLA. O presidente Holden Roberto, recordemos, era cunhado de Mobutu, o do Zaire, e Neto acusava a FNLA de responsável pelas «recentes confrontações sangrentas em Luanda».
«Os incidentes e massacres de Luanda forma provocados pela FNLA. Na noite de 22 de Março, cercaram as nossas bases de Luanda, começando, assim, os massacres que causaram centenas de mortos», denunciou Agostinho Neto. 
Dias de incertezas, estes que eram vésperas da independência, anunciada para 11 de Novembro de 1975. Neste mesmo dia 20 de Abril de 1975, eu e o Cruz tivemos uma inolvidável experiência no Caminho de Ferro de Benguela, em viagem da Nova Lisboa para o litoral angolano. Para Benguela e Lobito. 
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