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Channel: CAVALEIROS DO NORTE / BCAV. 8423!
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1 856 - Luta contra a subversão, no Quitexe de há 39 anos!

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Capitão, Cardoso, Almeida, cozinheiro (??), Lajes, do bar, e Flora (atrás), Cruz, de óculos (e tapado pela mão), NN (mal se vê), Costa (Morteiros), Reino e Carvalho (ao meio). Bento (de dedo apontado), Lopes (mesmo à frente), Fonseca e Rocha, no bar de sargentos do Quitexe, em finais de 1974. Jorge Valentim, da UNITA. (em baixo).  Mais abaixo, o capitão José Paulo Falcão


A 13 de Novembro de 1974, no Quitexe, reuniu a Comissão Local de Contra-Subversão. Voltaria a reunir no dia 29 e não é difícil imaginar a agenda de trabalhos: a situação política e principalmente a militar. No mesmo dia 13, em Carmona e no BC12, reuniram os comandantes do Comando do Sector do Uíge - sendo os Cavaleiros do Norte representados pelo capitão José Paulo Falcão - que substituía o comandante Carlos Almeida e Brito, de férias em Lisboa.  
Iam calmos os tempos da zona de acção do BCAV. 8423. Continuavam, por exemplo, os trabalhos de arranjo da estrada (picada) para Camabatela e a do café, do Quitexe até Aldeia Viçosa.
E por Luanda?
Na madrugada da véspera, segundo o jornal A Província de Angola, «ainda se ouviram rajadas nos subúrbios», que, esporádicas, acabaram pela manhã dentro. Tinham morrido mais de 50 pessoas e feridas para cima de uma centena. Os camionistas que se tinham manifestado em Viana, voltaram ao trabalho, com a garantia governamental de ser assegurado o patrulhamento da estrada para o Dondo.
Pior iam as coisas por Cabinda, onde soldados negros (supostamente ex-elementos das forças especiais portuguesas) tinham 39 pessoas reféns numa posição fortificada, frente à fronteira com o Congo-Brazaville. Aparentemente ligados à FLEC, apresentaram uma lista de exigências ao governador Lopes Vaz (um coronel), que as passou para Luanda. O posto estava cercado por tropa portuguesa, porém, impossibilitada de actuar, por causa dos reféns.
A UNITA, em Luanda e na voz  de Jorge Valentim (tido como o seu nº. 2), anunciava que diariamente 300 homens se alistavam mas suas forças militares e assegurava, quanto ao futuro da comunidade branca portuguesa, que«deve estar absolutamente calma», pois a UNITA«assegurar-lhes-á segurança».
«É este princípio que a UNITA quer combater», disse Jorge Valentim, que chefiava a delegação do Lobito.

1 857 - Calma na cavalaria do norte e em Luanda

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Lúcio Lara e Daniel Chipenda em Leopoldville (1962). Notícia sobre a situação em Luanda



Os dias de Luanda iam mais calmos, pelos idos 14 dias de Novembro de 1974. Lúcio Lara, do MPLA, referindo-se aos incidentes da cidade, repudiou-os mas admitiu que«muitos dos responsáveis tinham braçadeiras ou emblemas do MPLA», o seu partido, acrescentando na conferência de imprensa da véspera, que «podia mesmo acreditar que alguns fossem simpatizantes do movimento». Salientou, porém, que «o MPLA era declaradamente pela lei e pela construção angolana». E que «a situação actual não deve ser improvisada, havendo necessidade de um estudo cuidadoso, antes de se entrar em acção».
O dirigente do MPLA sugeriu também que«muitos dos envolvidos nos actos de violência seriam muitos condenados fugidos das prisões e também pessoas que tinham sido presas como arruaceiras, depois dos incidentes de Julho e Agosto e libertadas pelo governo da província». «Devem ser feios esforços para recapturar essas pessoas e mandá-las para campos de reeducação», disse Lúcio Lara.
Daniel Chipenda liderava a facção oposta a Agostinho Neto e não escapou às críticas de Lara, que o acusou de responsável pelas perturbações de Salazar e Malange (nas «barbas» do Uíge onde jornadeavam os Cavaleiros do Norte) e onde, e leio da imprensa da época, citando Lara, «homens armados e com braçadeiras do MPLA, têm vindo a criar complicações à ordem pública, apesar do acordo de cessar-fogo assinado por Agostinho Neto».
«Daniel Chipenda deve ser considerado responsável pelo caminho que escolheu", disse Lúcio Lara, respondendo aos jornalistas.
Os Cavaleiros do Norte, por estes dias, preparavam, recordemos, a saída de Zalala e Santa Isabel.

1 858 - O Quitexe, ontem (o de 1974) e hoje...

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Avenida do Quitexe, em 2012. Reconhece-se a messe de oficiais (a amarelo) e a casa dos furriéis e secretaria 
da CCS (vermelho). Foto de Ivo Bije. Em baixo, festa na vila, em 2013 (da net)


O mês de Novembro de 1974, pelo Quitexe - ao contrário de Luanda e outras cidades de Angola -, vivia «o clima de cessar fogo estabelecido» e, por outro lado, «começaram, a ser estabelecidos contactos com as autoridades, por parte de elementos dispersos da FNLA, agora já ao nível da chefatura». O mesmo vinha a acontecer em Vista Alegre, aqui «em fase já mais avançada». A 16, amanhã se fazem 39 anos, «voltou a haver um contacto» e, no dia 4, já tinha havido um em Santa Isabel - «sendo este o primeiro contacto desde 1961».
Isto foi em 1974. E em 2013?
Ontem, dia 14 de Novembro, a imprensa angolana dava conta que a Juventude do Movimento Popular de Libertação de Angola (JMPLA) «constituiu no Quitexe um núcleo de jovens empreendedores, numa actividade enquadrada no programa das comemorações do 68º. aniversário do Presidente José Eduardo dos Santos».  
O primeiro secretário provincial para informação da JMPLA no Uíge, Januário Pedro, afirmou que «o Quitexe é o primeiro município a criar esta estrutura de base para o projecto de empreendedorismo», adiantando que a visão da organização «é de expandir os comités dos jovens empreendedores a nível dos 16 municípios da provínci. 
Ver AQUI

1 859 - Os dias do Quitexe e de Luanda, há 39 anos!

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Flora (3ª. CCAV,), Costa (Morteiros), Belo (3ª.), Bento (CCS) e Abrantes (destacado), furriéis milicianos do Quitexe, há 39 anos


Iam as coisas tranquilas pelo Uíge, e pelo Quitexe da nossa eterna saudade, há 39 anos, e basta olhar para as caras de sorriso e felicidade dos milicianos da foto.
Ao tempo, registavam-se mais ou menos intervenções de aproximação da FNLA e menos do MPLA, na zona de acção dos Cavaleiros do Norte, mas em Luanda eram menos pacíficas as relações.
Heendrick Vaal Neto, chefe de delegação da FNLA declarava ao jornal «Comércio» que o seu movimento «não está disposto, eternamente, a esperar pela constituição de uma frente comum, entre os movimentos de libertação, com vista à formação de um governo de coligação provisório» e criticou o MPLA pela cisão que opunha Agostinho Neto a Daniel Chipenda (foto), o que equivalia «a pôr em causa a legitimidade» de Neto. 
Daniel Chipenda, antigo jogador da Académica de Coimbra e do Benfica, respondia com o anúncio da instalação de uma sede em Luanda e delegações em Nova Lisboa, Lobito, Sá da Bandeira, Silva Porto e Luso. 
O jornal «Comércio», nesta data, dava conta de «chegada a Luanda de mais um contingente de militares da FNLA», para, e citamos, «intervir nas tarefas de repressão à onda de crimes e violência». O MPLA, pelo seu lado, mostrou-se «favorável à constituição de uma força armada do diferentes movimentos de libertação para colaborar com as Forças Armadas (portuguesas) em tais tarefas».
O MPLA, aliás, segundo o Diário de Lisboa, «foi o único movimento que respondeu à Junta Governativa quando esta pediu aos movimentos que indicassem militantes seus para formarem milícias que velassem pala ordem nos musseques».
A Emissora Oficial de Angola, a 16 de Novembro de 1974, entrou de greve, protestando «o carácter altamente reaccionário da imprensa luandense», citando, expressamente, o jornal A Província de Angola (actual Jornal de Angola). O Sindicato dos Jornalistas apelava à constituição de «uma comissão de emergência de jornalistas» com o fim de, «em diálogo sereno, se discutirem as bases de uma coordenação do exercício da acção informativa, a fim de evitar atritos».
Estes pormenores, à distância de 39 anos, parecem coisas insignificantes. Mas, à altura, ninguém adivinharia a história que se iria fazer em Angola.

1 860 - O dia da nossa mobilização para Angola

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Neto, Viegas  Monteiro foram mobilizados a 17 de Novembro de 
1974. Há 40 anos!! Foto no Quitexe, em 1974. Em baixo, a cópia da mobilização


Há 40 anos, precisamente - dia 17 de Novembro de 1973 -, não sabíamos, mas fomos mobilizados para servir as Forças Armadas Portuguesas em Angola: eu (Viegas), o Neto e o Monteiro. Ao tempo, estávamos os três no Centro de Instrução de Operações Especiais (CIOE), onde, em Setembro anterior, tínhamos acabado o curso de Rangers.
A nota mobilizadora tinha o nº. 47000-Pº. 33.007, da RSP/DSP/ME e veio a ser reproduzida na Ordem de Serviço  nº. 286, de 7 de Dezembro de 1973, do CIOE. Foi quando dela tivemos conhecimento oficial. Ser mobilizado para Angola era, entre as saídas que se nos deparavam na guerra colonial, a melhor sorte, comparadas com Moçambique ou, pior ainda, com a Guiné-Bissau. Para mim, melhor ainda: por lá, por Angola, tinha amigos e família.
Mobilizados também, e companheiros de Lamego, como 1ºs. cabos milicianos de Operações Especiais, foram o Matos e o Grilo (para Angola), o Praxedes, o Américo Ferreira, o Ribeiro e o João Pedro (para Moçambique) e o Gonçalves e o Rodrigues (para a Guiné-Bissau). Deles todos, só eu que o Grilo vive na Nazaré, de onde é natural e onde fez vida como funcionário público. 
Ver AQUI

1 861 - O Rebelo da messe de sargentos do Quitexe

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José Rebelo, auxiliar de cozinha da messe de sargentos do Quitexe (imagem de cima, 
aqui, fotografado na de Carmona, com outras «cozinhas». Em baixo, em fotos actuais.



A 16 de Novembro de 1974, o PELREC andava por lá ocupado com escoltas na estrada/picada para Camabatela, fazendo segurança às brigadas da JAEA. E com tarefas no aquartelamento (reforços, serviços de dia), umas saltadas a Carmona e, quem podiam, uns bons bifes com ovo a cavalo - fosse no Pacheco, no Rocha, ou no Topete.
A 16 de Novembro de 1974, uma delegação da FNLA avistou-se com os comandos do BCACV. 8423, ao tempo assegurados pelo capitão José Paulo Falcão. Não tenho a menor memória desse encontro que, porém, está anotado no Livro da Unidade.
A 19 de Dezembro de 2013, apareceu o Rebelo, que foi auxiliar de cozinham na messe de sargentos do Quitexe - e, depois, na de Carmona. Boa gente!! Apareceu no fcebook dos Cavaleiros do Norte.
E o que diz Rebelo?
Pois que, sobre a sua mobilização, de há precisamente 40 anos, estava ele no Polígono Militar de Tancos.
«Estava a frequentar a especialidade de auxiliar de cozinheiro, quando recebi a notícia da mobilização», recorda o Rebelo. Recebeu-a e tratou de preparar as «armas e bagagens» pessoais, para marchar para o Regimento de Cavalaria 4, no Campo Militar de Santa Margarida.
Aí se iria formar o Batalhão de Cavalaria 8423 - os futuros Cavaleiros do Norte.
- REBELO. José Joaquim Robalo Rebel, auxiliar de cozinha da CCS do BCAV. 8423. Natural de Aranhas (Castelo Branco), faz vida em Odivelas, aposentado da Fábrica Militar do Braço de Prata.
Ver AQUI

1 862 - O Quitexe a ver incidentes de Luanda ao longe...

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Furriéis no Quitexe: Fernandes (de bigode e quico), Viegas, Belo, Bento, Costa e Flora (atrás), Ribeiro (copo na mão), Rabiço, Graciano e Abrantes (de cachimbo)

A 19 de Novembro de 1974, pela uíjanas terras do Quitexe, Zalala, Aldeia Viçosa e Santa Isabel andavam os Cavaleiros do Norte a riscar dias no calendário do adeus a Angola, com grandes esperanças que fosse rápido. Assim se entendessem os três movimentos de libertação - MPLA,FNLA e UNITA - com o governo português.
Este, a fazer crer nas diligências que Melo Antunes, ministro sem pasta, nesse dia fazia em Argel, a capital da Argélia, queria "a imediata formação do Governo de Transição". Avistava-se em ronda negocial com Agostinho Neto, presidente do MPLA, movimento que se recusava a colaborar com a UNITA e a FUA. Com a UNITA porque teria sido "cúmplice com o governo português"na chamada luta de libertação. Com a FUA porque era "o movimento representativo dos sectores mais reaccionários da população branca de Angola".
E por Luanda, a capital, o que se passava?
O almirante Rosa Coutinho, líder da Junta Governativa, ante o crescer de insegurança na cidade, as lutas inter-movimentos (que ninguem assumia) e outras que tais, decretou "enérgicas medidas de segurança" que, segundo Eugénio Alves, enviado especial do Diário de Lisboa, "contribuíram para a melhoria da situação".
A FNLA, acusada de ter "reduzida representação popular" e uma máquina organizativa com "carácter fortemente militarizado", reagiu e exigiu a demissão de Rosa Coutinho. E preparava-se para aumentar os seus efectivos militares, a que se opunha Vasco Lourenço, Conselheiro da Revolução, ao tempo em Luanda: "Haverá, logicamente, uma medida tendente a não permitir o estacionamento de forças armadas dos movimentos em Luanda", disse ele, ouvido pelo Diário de Lisboa.
Falou tambem sobre as dissidências do MPLA: a Revolta Activa (de Pinto de Andrade) e a Facção Chipenda. Para o Conselheiro da Revolução, o MPLA era o de Agostinho Neto.
Aos dias 19 de Novembro de 1974, assim se fazia a história do país que estava para nascer: Angola!

1 863 - Zalala a caminho de Vista Alegre e Ponte do Dange...

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Área de intervenção dos Cavaleiros do Norte: Quitexe, Zalala, Aldeia Viçosa e Santa Isabel, Vista Alegre e Ponte do Dange. Também o Songo e Carmona. Em baixo, entrada de Vista Alegre 

A 20 de Novembro de 1974, a 1ª. CCAV. 8423 começou a operação de rotação de Zalala para Vista Alegre e Ponte do Dange. Ia substituir da CCAÇ. 4145/72, que a 20 começou a sua saída para Luanda. Os zalala´s do capitão miliciano Davide Castro Dias «assumiram a responsabilidade da sua nova área, deixando deste modo abandonada» a mítica e heróica fazenda de Zalala. A mudança concluiu-se a 25 de Novembro.
Por Luanda, as coisas não iam bem. Os movimentos instalava-se na cidade e não se entendiam, repetindo-se incidentes - cuja responsabilidade era sempre apontada a terceiro. 
A 21 de Novembro de 1974,«as Forças Armadas Portuguesas e milícias armadas do MPLA continuavam a patrulhar os bairros dos subúrbios, assegurando restabelecimento rápido da ordem». As milícias prenderam três homens que se faziam passar por elementos do MPLA e «estavam a saquear uma casa comercial». Afinal, «depois de desarmados, confessaram ser provocadores a soldo da reacção» - supostamente de outro movimento, porém não identificado.
Assim iam os dias de contrução do novo país!

1 864 - O dia 21 de Novembro de 1974 em terras de Angola...

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Aquartelamento militar do Quitexe, visto do lado da Igreja. A primeira caserna, era a do PELREC. O edifício a branco, à direita, era a sede do Batalhão de Cavalaria 8423 (foto de cima). Furriel Viegas no dia dos seus 22 anos, em frente ao bar dos soldados 


O que tem o dia 21 de Novembro de 1974 a ver com os Cavaleiros do Norte? Foi o dia em que, de vez, os Caçadores da 4145/72 disseram adeus a Vista Alegre. E lá foi, nesse dia, no âmbito do plano de visitas de trabalho às subunidades, o capitão José Paulo Falcão - que, interinamente, exercia as funções de comandante do Batalhão. Estava Almeida e Brito por Lisboa, de férias.
Por Luanda, o MPLA chamou a imprensa à sua sede e apresentou 6 prisioneiros, de mãos amarradas atrás das costas e alguns deles feridos, que tinham sido apanhados nos musseques, pelos chamados Comités de Vigilância. Um, era acusado de assassínio; outro de extorquir dinheiro em nome do MPLA e os outros de roubos, todos acusados de se apresentarem como militantes do mesmo MPLA. E não seriam. As cerca de 2000 pessoas que se aproximaram da sede do movimento de Agostinho Neto exigiram o seu fuzilamento, mas Hermínio Escórcio (da comissão directiva do MPLA) disse que seriam entregues às Forças Armadas Portuguesas. Não concordou a multidão e Escórcio condescendeu que os prisioneiros continuassem sob custódia do MPLA.
A FNLA, do seu lado, anunciou que as suas forças protegeriam as 19 pessoas que, no bairro do Catambor, tinham sido obrigadas a abandonar as suas casas, forçadas por militantes de outro partido, cujo nome não quis revelar. Seria o MPLA, seria a UNITA?
Um comunicado militar português dava conta de uma morte (um africano negro) e quatro feridos (dois brancos e dois negros) em incidentes com armas de fogo, de 17 para 18 de Novembro.
Em Argel, Melo Antunes falava com Agostinho Neto e defendia-se, nas declarações à imprensa:«Não podemos dar detalhes sobre as negociações, mas podemos dizer se desenrolam em clima de autêntica fraternidade», disse o ministro sem pasta do Governo Português.
O que é que o dia 21 de Novembro de 1974 a ver com os Cavaleiros do Norte? Olhem, na verdade, verdadinha, isso é mais comigo: fazia 22 anos e estava de serviço. A foto ali acima é desse dia!
Ver AQUI 

1 865 - MPLA disponível para Governo e questionado por «oposições»....

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Avenida do Quitexe. A messe de oficiais, com telhado de zinco (indicado a roxo) e a casa dos 
furriéis e secretaria da CCS (a verde). Simão Toco, líder religioso angolano (foto de 1984), em baixo



Andava eu nas minhas oitavas aniversariais, a 22 de Novembro de 1974, e, em Luanda, Lúcio Lara, o chefe da delegação do MPLA, dava conta da disponibilidade do seu partido para «formar um governo de transição». E até olhou «com bastante simpatia  as palavras de um irmão que também andou na mata». Quem? Imaginem: Jonas Savimbi, líder da UNITA.
Lara falava numa conferência de imprensa e, sem reservas, afirmava que «o MPLA considera chegado o momento de declarar solenemente que está aberta a todas as funções que possam contribuir para a resolução dos principais problemas que afectam a vida nacional». Queria isto dizer, segundo precisou, que o movimento de Agostinho Neto estava«pronto a participar num governo deste ou daquele tipo, de pois de trocar, evidentemente, as necessárias impressões com os movimentos de libertação, para que seja possível encontrarem-se em conjunto as fórmulas que se impõem para a continuidade politica, económica e social de Angola».
Eram palavras de esperança!!
A questão é que, na mesma Luanda, «círculos bem informados», para citar o Diário de Lisboa de há 39 anos, era opinião que o encontro previsto para 23 de Novembro, o dia seguinte, em Kinshasa, entre Holden Roberto (FNLA), Daniel Chipenda (Facção do MPLA), Jonas Savimbi (UNITA) e Simão Toco (líder religioso angolano, da Igreja Tocoísta, ou Igreja de Nosso Senhor Jesus Cristo do Mundo), teria o objectivo de «criar uma frente comum contra o MPLA», com o patrocínio de Mobutu, o presidente do Zaire.
A 22 de Novembro, o capitão José Paulo falcão esteve reunido no BC12, em Carmona, com os comandantes das unidades militares do Comando de Sector de Uíge. Eram contactos que se seguiam aos de 8, 13 e 18 e antes do de 27 desse mesmo mês de Novembro de 1974. Há 39 anos!!!  

1866 - O fazer das malas do adeus a Zalala...

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Aquartelamento de Zalala, no tempo da presença portuguesa. O que resta, fotos abaixos, vendo-se a casa do café (a primeira) e o poste de um candeeiro, que poderá ter sido o do parque de viaturas. O Carlos Ferreira (foto de baixo, junto à casa do fazendeiro) esteve lá e tirou estas fotos. E outras.



Aos 23 para 24 dias de Novembro de 1974, os Cavaleiros do Norte de Zalala faziam as malas para o adeus definitivo a mítica fazenda onde, desde o princípio da guerra colonial, se aquartelou tropa portuguesa. Conheço quem (o comissário José Martinho, aposentado da PSP, aqui meu vizinho), em 1961 lá viveu noites e dias de terror, banhados de sangue, de morte e dor para muitos.
A rotação dos «zalala´s» começou a 20 de Novembro, para Vista Alegre e Ponte do Dange, e completar-se-ia a 25. Por lá ficou Zalala!
O Carlos Ferreira (na imagem) esteve lá em 15 de Dezembro de 2012 e aponta-nos, em fotos, locais onde existiu o aquartelamento. «Não entrei mais no mato, porque não foi feita a desminagem. Mas ainda se vêem algumas paredes, lá pelo pelo meio», contou-nos ele, indicando o antigo armazém do café como «o único ponto referência». Ficava abaixo do parque viaturas, a que se seguiam pavilhões em socalcos. 
«Os 38 anos que se passaram provocaram erosão e tudo desfez, o mato engoliu algumas coisas, outras terão sido destruídas e visíveis, bem visíveis, são as árvores, algumas com 30 metros», acrescentou o antigo 1º. cabo da 1ª. CCAV. 8423..
Actualmente, da fazenda, exploram a madeira e«todo o resto está ao abandono», mas cheio de bananas por dentro da mata, em todo o lado. Bananas boas. Mesmo as bananas-pão.
«Penso que aquele candeeiro é do nosso tempo e acho que ficava no local das viaturas, onde havia uma torre de vigia na entrada do quartel»,admite o Carlos Ferreira, sobre a Zalala de hoje e de há 30 anos.

1 867 - A ideia de um Governo de Transição

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Um grupo de militares de Zalala, a última guarnição militar portuguesa nesta fazenda do Uíge, em 1974. Em baixo, 9 zalala´s, a 14 de Setembro de 2013: Rodrigues, Velez, João Dias, Vitor Costa, Castro Dias e Famalicão (atrás), Aldeagas, Queirós e Mota Viana



A 24 de Novembro de 1975, o almirante Rosa Coutinho voou de Luanda para Lisboa, onde veio «participar nos trabalhos da Comissão Nacional de Descolonização». Previa-se a nomeação de um Alto Comissário, nomeação ligada à constituição de um Governo de Transição, em que participariam«os diversos movimentos emancipalistas».
Por Luanda, eram admitidas diversas manobras, nomeadamente no sector dos transportes, «tendentes a paralisar a economia», como se lia no Diário de Lisboa. A denúncia era de Campelo de Sousa, o Secretário de Estado da Economia da Junta Governativa de Angola, e tais manobras, visariam, acrescentou, «sabotar o processo de descolonização em curso». Logo foram consideradas reaccionárias e Campelo de Sousa prometeu «medidas de excepção, caso fossem necessárias, nomeadamente para impedi tentativas de lock-out».
Eram optimistas as previsões desse dia: o Governo de Transição poderia ser formado dentro de três semanas. Só tomaria posse a 1 de Fevereiro de 1975.
Por Zalala, fechavam-se malas e olhava-se as últimas vezes para o chão que, desde 1961, era ocupado pelas Forças Armadas Portuguesas. Era, o 24 de Novembro de 1974, o dia de véspera da saída.

1 868 - O comandante Almeida e Brito faria hoje 86 anos

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Almeida e Brito na Ceia de Natal de 1974, o segundo da esquerda, ladeado pelo furriel 
Reino, por um soldado e o capitão Falcão. Em baixo, em foto mais recente 


O general Almeida e Brito faria hoje 86 anos, se fosse vivo! Faleceu a 20 de Junho de 2003, aos 76, de morte súbita, no decorrer de um passeio turístico em Espanha. Foi comandante do Batalhão de Cavalaria 8423.
Há memórias vastas da figura de militar de Carlso José Saraiva de Lima Almeida e Brito, que teve notável carreira militar, depois que nos conhecemos - atingindo a patente de general. Foi comandante do Regimento de Lanceiros 2, em Lisboa - logo após o nosso regresso, de 1975 a 1977. Depois, 2º. comandante da Região Militar do Centro, em Coimbra (onde várias vezes me encontrei com ele), comandante da Região Militar Sul, em Évora, e 2º. comandante geral da GNR. 
Foi conviva activo dos primeiros encontros da CCS e do Batalhão, nunca faltando e sempre incentivando quem os organizou. Ha ano e meio, a 12 de Maio de 2012, encontrei-me com o general Pires Tavares, de quem foi adjunto em Coimbra, que me falou de Almeida e Brito: «Um grande militar! Fui eu quem o escolheu para 2º.comandante da Região Militar Centro, quando lá estive. Sempre o quis comigo!», lembrou-me, embargado de voz e adubando a sua admiração com palavras de emoção, quando sublinhou as suas competências profissionais e militares e as suas virtudes pessoais.
Carlos Almeida e Brito, nascido em Lisboa, faria hoje hoje 86 anos e aqui fazemos memória e homenagem!
Há 39 anos, continuava o processo de descolonização e, em Lisboa, o Sindicato dos Bancários enviou telegrama ao seu homólogo de Angola e ao almirante Rosa Coutinho, expressando a sua «solidariedade para com as medidas tomadas conducentes a travar as medidas económicas reaccionárias e recusando soluções neo-colonialistas para Angola, contrárias aos interesses do povo português e do povo angolano».
Tempos de revolução!
- Ver texto sobre 
Almeida e Brito, AQUI

1 869 - O primeiro comício da FNLA em A. Viçosa, há 39 anos!

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Um civil europeu, capitão Fernandes, um dirigente da FNLA (?), capitão Cruz e 
comandante Bundula, em Aldeia Viçosa. Agostinho Neto, presidente do MPLA (em baixo)




A 26 de Novembro de 1975, em Aldeia Viçosa, realizou-se um comício da FNLA - «um comício local de mentalização das populações», como é definido no Livro da Unidade do BCAV. 8423. Ao tempo, repetiam-se «contactos com as autoridades, por parte de elementos dispersos da FNLA, agora já nas categorias elevadas da sua chefatura».
A imagem, com o comandante Bundula, não se deve referir a este dia (porventura, será de 2 de Fevereiro de 1975), mas dá a entender a facilidade de contacto entre as liderança militares portuguesas e da FNLA - na vésperas, inimigos; agora, irmãos na construção de um novo país que se fazia nascer. 
O comício de faz hoje 39 anos, lê-se no Livro da Unidade, seria «tendente a anular a influência local» do MPLA.
No mesmo dia, mas em Paris, o jornal «Liberation» publicava declarações de Agostinho Neto, sobre o encontro de Argel, com Melo Antunes, sobre Angola:«O único problema que retarda a descolonização é a existência de movimentos com os quais ainda não formámos uma frente comum», dizia o presidente da MPLA, ouvido pelo jornal francês.
«Resta-nos definir, em conjunto, uma plataforma política, a partir da qual possamos forma um governo de transição (...). Temos esperança que 1975 seja o ano da independência», afirmou Agostinho Neto.

1 870 - Chipenda excluído do MPLA e Holden com Savimbi

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 Daniel Chipenda e Agostinho Neto (MPLA), com o jornalista argelino Boubakar Adjali Kapiaça (em cima), Holden Roberto (FNLA) e Jonas Savimbi (UNITA)

  
Os Cavaleiros do Norte, por estes dias de 1974, iam «matando» o tempo pelo Quitexe, por Aldeia Viçosa, Vista Alegre e Ponte do Dange e os de Santa Isabel preparavam-se para abandonar Santa Isabel. Faziam contas a uma comissão que ia em meio ano e sonhavam com o regresso a Lisboa. Em Paris, o presidente Agostinho Neto, a 26 de Novembro de 1974, afirmou que «Daniel Chipenda e o seu grupo trabalham agora com a FNLA» e, por isso mesmo,«estão excluídos do movimento», do MPLA.
Agostinho Neto respondia a perguntas do jornal  «Liberation» e considerava que«as contradições internas do MPLA» - que, nomeadamente o opunham a Daniel Chipenda (e à sua facção), se tratavam de «um problema surgido do exterior» e que «o movimento está unido».
Mário Soares, por esta altura em Kinshasa, dava conta que, depois do encontro com Holden Roberto (FNLA) e Jonas Savimbi (UNITA) «estamos de acordo quanto à maneira como devemos tratar os problemas de Angola». «O Governo Provisório que será constituído deverá ser formado por diferentes movimentos nacionalistas. Decidimos fazer uma mesa-redonda na segunda semana de Dezembro, mas ainda não está definido o local», disse o ministro português, no entanto sugerindo que fosse em Portugal.
A 26 de Novembro,  Holden Roberto e Jonas Savimbi, na capital do Zaire, assinaram um acordo, pondo termo às suas divergências e instaurado«um cooperação e uma assistência mútua para fazer frente a qualquer eventualidade extremista, vinda de qualquer lado». Mal adivinhavam o que estava para vir!

1 871 - A independência de Angola e o Enclave de Cabinda

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Rosa Coutinho, Alto-Comissário em Angola, falando aos jornalistas (foto do jornal A Província de A
Angola, de 16 de Janeiro de 1975). Abaixo, título do Diário de Lisboa de 26 de Novembro de 1974 




Rosa Coutinho, a 27 de Novembro de 1974, não tinha dúvidas: Angola vai ser independente em 1975, Corroborava as afirmações de Agostinho Neto  e sublinhava que «99% da população de Angola, se consultada, é a favor da independência».
O chamado «almirante vermelho», líder da Junta Governativa de Angola (alto-comissário interino e governador geral), falava no Palácio Foz, em Lisboa, e sublinhava que«os partidos tem de ser ouvidos». Só que, explicava, «como nem todos tem as mesmas ideias sobre o processo (de descolonização) é necessário, primeiro, que as ajustem e que encontrem uma plataforma  comum, sem a qual a formação do próprio governo  de transição é impossível»
O almirante, no estilo por vezes desbocado que o caracterizava, colocava«a FNLA à direita, a UNITA ao centro e o MPLA com a tendência mais progressista, mais à esquerda». Ia mais longe: ante esta estratificação partidária, nem seriam precisos mais partidos em Angola. 
Sobre a FUA e o PDCA, criados após o 25 de Abril, cruzes canhoto. Considerou-os«associações políticas, que podem perfeitamente existir, até serão úteis a Angola (...), não fazem mal a ninguém», mas a questão é que «todavia, os movimentos de libertação veriam com maus olhos o seu aparecimento em igualdade de circunstâncias na formação do governo de transição». Sobre a FLEC, acusou-a Rosa Coutinho de«atitude oportunista», por aparecer após o 25 de Abril como«movimento armado a exigir, ou a pedir, a independência separada para Cabinda». Independência que, frisava Rosa Coutinho, «era contrária aos interesses de Angola e de Portugal e às de terminações e recomendações internacionais feitas pela ONU e da OUA».
«Temos o dever, e fá-lo-emos, de reprimir qualquer tentativa nesse sentido», disse Rosa Coutinho, em declarações reproduzidas pelo Diário de Lisboa».
A 26 de Novembro de 1974, o Conselho de Ministros decidiu criar o cargo de Alto-Comissário para Angola. Viria a ser Rosa Coutinho, até aí interino e que exerceu o cargo até ao Acordo do Alvor, precisamente a 28 Janeiro de 1975, então substituído pelo general Silva Cardoso.
Os Cavaleiros do Norte, pelo Uíge, cortavam dias no calendário, à espera do regresso que ainda iria demorar 9 meses!
- FUA: Frente de Unidade Angolana. 
- PCDA. Partido Cristão-Democrata de Angola.
- FLEC. Frente de Libertação do Enclave de Cabinda.

1 872 - Contra-subversão no Quitexe e reconhecimento da UNITA

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Administração civil do Quitexe no tempo colonial (foto da net). Emblema da UNITA



A 29 de Novembro de 1974, pelo Quitexe, realizou-se o segundo encontro do mês do Comissão de Luta e Contra-Subversão (CLCS), repetindo a do dia 13. Estava em análise a sua reestruturação - face à nova fase política e militar que se desenhava, em função do processo de descolonização.
As CLCS integravam a autoridade administrativa civil e os comandos militares e agiam directamente junto das populações, para que estas não só recusassem apoio aos movimentos emancipalistas como, por outro lado, se fixassem no território. O topo da pirâmide era no Conselho Provincial da Contra-Subversão, seguindo-se os Conselhos Distritais e, mais localmente, nos concelhos (como o Quitexe) e postos administrativos.
Entretanto, nesse mesmo dia e em Dar-es-Salam, a OUA recomendou «o imediato reconhecimento da UNITA». A delegação de 8 elementos era liderada pelo brigadeiro nigeriano Olutemi Oloutreye, e punha fim a anos do ostracismo a que o movimento de Jonas Savimbi tinha sido votado. A Comissão de Inquérito era formado por dirigentes da Nigéria, Ghana, Tanzânia e Gâmbia e tinha demorado um mês a investigar os pedidos de reconhecimento e «implicitamente o apoio financeiro e diplomático da OUA». Pedidos apresentados pela própria UNITA e também, mas recusados, pelo Movimento de Unidade da África do Sul (UMSA) e pela Frente de Libertação do Zimbawe (Frolizi).
- OUA. Organização de Unidade Africana.

1 873 - Cimeira dos três movimentos e a televisão de Angola

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Jardim do Quitexe, em Janeiro de 2012, em foto de Ivo Bige. Ao fundo, do lado esquerdo,  
parece-nos a casa dos antigos Correios. Em baixo, título do Diário de Lisboa de 29 de Novembro de 1974





Aos 30 dias de Novembro de 1974, um sábado como hoje, fazia-se a desactivação dos GE.
A «ineficiência que se vinha verificando» nas suas tarefas levara a que quem mandava ordenasse a sua desactivação. Curiosamente, ou talvez não, refere o Livro da Unidade que «muitos deles enfileiraram de imediato nas forças irregulares da FNLA era também, segundo alguns, nas do MPLA».
«Iniciaram-se os preparativos para o seu movimento para o Quitexe», refere o Livro da Unidade, sem, porém, precisar o dia.
Ao mesmo tempo, em Lisboa, na véspera e de partida para Luanda, o almirante Rosa Coutinho admitia como «muito provável» a realização de uma cimeira com os três movimentos, ainda em 1974.  Para, disse, «se estudar e fixar a plataforma de entendimento necessária para a formação do Governo de Transição de que Angola está a espera».
O presidente da Junta Governativa, na mesma altura, dava «uma boa notícia», referindo aos jornalistas que «foi já assinado e, portanto, já mandado promulgar por Sua Exª. o Presidente da República, o decreto criador da televisão angolana».
«Agora depende da capacidade de montagem dos técnicos, e até dos administrativos, que têm de constituir a sociedade, cuja maioria do capital será do Estado», disse o almirante Rosa Coutinho, precisando que «nestas condições, não posso prever prazos, mas talvez para o princípio do próximo ano Angola comece a ter a sua televisão, em moldes absolutamente iguais aos que qualquer país civilizado».
Na véspera, Rosa Coutinho reunira com a Comissão de Descolonização, dando explicações sobre o processo angolano, assim como Almeida Santos e Mário Soares - que, respectivamente, se tinham deslocado a Argel e Kinshasa. 
- GE. Grupos Especiais. Eram unidades auxiliares, formadas a partir de 1968, constituídas por voluntários africanos de etnia local, que operavam adidas ao Exército Português. O Batalhão de Cavalaria 8423 tinha dois no Quitexe, (os GE 217 e 223), Aldeia Viçosa (o 222) e Vista Alegre (o 208).

1 874 - Mesclagem dispensada e Rosa Coutinho Alto-Comissário

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Militares do Grupo de Mesclagem com Cavaleiros do Norte do 1º. pelotão da 
1ª. CCAV. 8423, a de Zalala (em cima). Rosa Coutinho, Alto-Comissário em Angola

A 1 de Dezembro de 1974 soube-se no Quitexe que os Grupos de Mesclagem iam ser dispensados. Tinham um, cada uma das três companhias operacionais dos Cavaleiro do Norte. Entravam de licença registada, o que veio a acontecer ao longo do mês.
«Tornando-se necessário remover as dificuldades que estava criando aos comandos que serviam e na continuação da desactivação dos destacamentos, mercê da retracção do dispositivo, foi possível dispensar a sua prestação», lê-se no livro da Unidade, embora isso significasse «algum esforço para as tropas metropolitanas», mas, sublinha o LU, «com vantagens no campo da sua vivência».
O almirante Rosa Coutinho, chegado de Lisboa, anunciou-se na véspera e em conferência de imprensa como Alto-Comissário interino, justificando a medida como obedecendo à «necessidade de actualizar a estrutura governamental de Angola e de lhe conferir maior liberdade de acção».
A Junta Governativa que ele presidia desde 24 de Julho era abolida e o Alto Comissário representava a soberania de Portugal em Angola, com competências de comandante-chefe das Forças Armadas, presidência do Governo Provisório e o Conselho de Defesa e Segurança. Podia, entre outras competências, declarar o estado de sítio (convenientemente, depois de ouvir o Presidente da República), a suspensão total ou parcial das liberdades e garantias constitucionais, no caso de agressão efectiva ou iminente de forças estrangeiras, ou quando a segurança e ordem públicas forem gravemente ameaçadas, ou perturbadas. Podia ainda assumir, pelo tempo considerado indispensável, as funções de qualquer autoridade civil ou militar. Foi substituído a 28 de Janeiro de 1975, pelo general Silva Cardoso.
A 1 de Dezembro, soube-se também, que, em Luanda, circulavam panfletos anónimos a convocar a população para uma manifestação no Lago da Mutamba, no da 8. Mutamba era uma das praças principais da baixa da cidade.

1 875 - Mudanças nos Cavaleiros e o MPLA em Lisboa

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Quitexe, Dezembro de 1974. Reconhecem-se o Luís Costa, do pelotão de Morteiros (segundo atrás, da esquerda para a direita), o Belo (de óculos, sentado e a olhar par baixo) e o Capitão  (à direita) de pé - os três de farda nº. 2. Em baixo, Graciano, Lopes e Flora, da 3ª. CCAV. 8423. 

A 2 de Dezembro de 1974, o capitão José Paulo Falcão esteve em Carmona, no Comando de Sector do Uíge, onde reuniu com comandantes de outras unidades. Estes contactos, refere o Livro da Unidade, eram«necessários mais do que nunca, dada a constante evolução dos acontecimentos». Lá voltou nos dias 4, 7 e 9 de Dezembro.
José Paulo Falcão comandava interinamente o BCAV. 8423 e o dispositivo estava a sofrer alterações: a 1ª. CCAV. 8423 já tinha saído de Zalala (para Vista Alegre e Ponte do Dange), a 3ª. CCAV. 8423 ia abandonar Santa Isabel (para o Quitexe) e o Pelotão de Morteiros 4281 ia sair do Quitexe para Carmona.
O MPLA, em Lisboa, na Voz do Operário e na «Semana da Solidariedade para com os povos das colónias e da República da Guiné-Bissau», organizada pelo CIDAC, lembrou o 1 de Dezembro como Dia do Pioneiro, evocando Augusto Ngangula, de 12 anos, que teria sido morto pelo exército português naquela data de 1968.
A Ordem de Serviço nº. 13/69 do MPLA, de 3 de Março de 1969, dizia que «o Comité Executivo honra postumamente o pioneiro Augusto Ngangula, que foi torturado até à morte no dia 1 de Dezembro de 1968, quando ia da sua aldeia para uma das escolas do MPLA»
«Descoberto por soldados portugueses, que o tentaram forçar, com ameaças de morte, a indicar-lhes não só a sua escola, como a localização de uma das bases do MPLA», refere a OS que «preferiu morrer a revelar ao inimigo a localização». 
Foi isto recordado em Lisboa, ontem se fizerem 39 anos, na Voz do Operário.
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