Quantcast
Channel: CAVALEIROS DO NORTE / BCAV. 8423!
Viewing all 4156 articles
Browse latest View live

1 836 - O Manuel Dias, furriel miliciano mecânico de Zalala...

$
0
0
Manuel Dinis Dias, furriel miliciano mecânico-auto da mítica e heróica 
Zalala, ao tempo de 1975, em Angola (foto de cima), e mais recentemente (em baixo) 



O Dias foi furriel mecânico da mítica Zalala, «a mais dura escola de guerra», por onde aquartelou a 1ª. CCAV. 8423, a do capitão miliciano Castro Dias. Faleceu em Lisboa, a 20 de Outubro de 2011, vítima de doença. 
Já por aqui falámos dele, com a saudade e a paixão de quem acompanheirou em momentos significativos da jornada africana que nos levou à terra uíjana de Angola. Hoje, editamos uma foto recente, do Dias que partiu há dois anos e em dor deixou Júlia, paixão da sua vida, e Ana Filipa, a filha desse amor de sempre!
O Dias «furrielou» por Zalala, depois por Vista Alegre, Songo e Carmona, antes de Luanda e do regresso a Lisboa, em Setembro de 1975. Pela capital do (antigo) império, fez vida como mecânico. Tem raízes familiares em Oliveira do Hospital, mas foi por lá (por Lisboa) que viveu e desenvolveu a sua arte de mecânico. Até um destes dias, amigo!
Recuando ao tempo de 1974, há 39 anos - ele, Cavaleiro do Norte de Zalala, e eu na CCS do Quitexe -, decorria o processo de descolonização de Angola e é de lembrar o anúncio da preparação, em Lisboa e para o dia 29 de Outubro, de uma manifestação a favor do MPLA, promovida por angolanos residentes e apoiantes do movimento de Agostinho Neto, no Pavilhão dos Desportos.
A linguagem é a típica da época: «Apelamos ao povo português e a todas as forças progressistas e anti-colonialistas a solidarizarem-se em mais uma iniciativa em prol da independência completa e imediata de Angola»
A Casa de Angola, base operacional da organização, anunciava que iriam ser tratados temas como, e citamos, «o processo de descolonização, as manobras do imperialismo, porque o MPLA é o legítimo representante do povo angolano».
- DIAS. Manuel Dinis Dias, furriel miliciano mecânico-auto, da 
1ª. CCAV. 8423. Natural de Oliveira do Hospital, residia e trabalhava 
em Lisboa, onde faleceu, vítima de doença, a 20 de Outubro de 2011.

1 837 - Milícias e frente comum para independência de Angola

$
0
0
Regedores (foto de cima, da net) eram autoridades civis nas aldeias. Dispunham de milícias 
armadas. Título da entrevista de Agostinho Neto, há 39 anos (em baixo)

A 26 de Outubro de 1974, há precisamente 39 anos e no Quitexe, realizou-se uma reunião com todos os regedores, as quais, segundo o Livro da Unidade, «foi feito ver a necessidade de entregarem o armamento das milícias», - que começara a processar-se 5 dias antes (a 21), mas «não teve boa aceitação, por parte dos povos», nomeadamente das áreas do Quitexe e Vista Alegre.
Os regedores eram uma autoridade local, que dispunha de milícias, formadas por homens válidos, alguns dos quais tinham cumprido serviço militar e estavam armados com espingardas de repetição. Funcionavam  como organização de alerta e auto-defesa das aldeias (sanzalas) e não custa compreender os seus receios em entregar as armas: ficavam indefesos ante os próximos senhores do poder, que eles tinham combatido, sob a  bandeira de Portugal.
O desarmamento, mesmo assim (e depois de algumas dúvidas e pequenos incidentes), começou voluntariamente, a partir de 28 de Outubro de 1974.
O mesmo dia, em Luanda, foi tempo para Agostinho Neto declarar ao jornal «O Comércio» que «temos feio esforços para a unidade e acredito que chegaremos ao momento em que todos nos uniremos uma frente comum para a independência do nosso país, pois o nosso desejo é sempre de colaborar com todas as forças patrióticas». Negou, todavia, ter-se encontrado com Jonas Savimbi, presidente da UNITA, e dele não tinha a melhor opinião.
«Estamos a estudar o problema da UNITA, pois existem graves acusações sobre o seu presidente, feitas até por militares», disse Agostinho Neto, sem dizer quais mas garantindo, noutra perspectiva, que «não haverá represálias contra os europeus residentes em Angola».
«Não pode é - disse Agostinho Neto - é continuar a viver no país um grupo de privilegiados, como até aqui». Precisa, sublinhou o presidente do MPLA, de «verificar-se maior justiça em todos os sectores».
  

1 838 - Rotação do dispositivo militar dos Cavaleiros do Norte

$
0
0
Leonel Cardoso no discurso de 10 de Novembro de 1975, véspera da independência de Angola. Era alto-comissário e, em Outubro de 1974, o nº. 2 da Junta Governativa presidida por Rosa Coutinho (em cima). Estandarte da CCAÇ. 4145/72 (em baixo) 


A remodelação do dispositivo militar da sub-sector onde operavam os Cavaleiros do Norte foi anunciada a 25 de Outubro de 1974. 
A Companhia de Caçadores 4145/72 (bandeira, na imagem) regressaria a Luanda e à sua unidade mobilizadora, o RI20, a partir de 20 e até de 25 Novembro. Deixava Vista Alegre, para onde iria (e foi) a 1ª. CCAV. 8423, a de Zalala.
 A CCAÇ. 209, abandonaria o Liberato a 8 de Novembro, assim encerrando a presença da autoridade militar portuguesa naquela fazenda. Regressava a Nova Lisboa e à sua unidade mobilizadora, o RI21.
Ainda neste quadro, para além da rotação da 1ª. CCAV. 8423 para Vista Alegre (e Ponte do Dange), passou a saber-se que a 3ª. CCAV. 8423, a de Santa Isabel, rodaria para o Quitexe - o que veio a acontecer a 10 de Dezembro.
Enquanto isso, o comodoro Leonel Cardoso, nº. 2 da Junta de Governativa de Angola, deu uma entrevista ao jornal "O Comércio», de Luanda, a 26 de Outubro de 1974, logo depois do acordo de cessar-fogo com o MPLA, afirmando, por exemplo, que «agora que os movimentos têm a possibilidade de fazer a sua mobilização política das massas, concerteza que essas massas, até aqui apolíticas, começam a aderir a este ou aquele partido».
«Isto - sublinhou Leonel Cardoso - é que vai definir o futuro. É a mesma coisa que as eleições na Inglaterra, cada facção política democraticamente faz a sua escolha».
Já existiam, porém, diferenças entre os movimentos que se transformavam em partidos.
«Estamos a estudar o problema da UNITA, pois existem graves acusações sobre o seu presidente, feitas até por militares», disse Agostinho Neto, presidente do MPLA, sem dizer quais mas garantindo, noutra perspectiva, que «não haverá represálias contra os europeus residentes em Angola».
«Não pode é - disse Agostinho Neto - é continuar a viver no país um grupo de privilegiados, como até aqui». Precisa, sublinhou o presidente do MPLA, de «verificar-se maior justiça em todos os sectores».
- LEONEL CARDOSO. Comodoro e nº. 2 da Junta Governativa 
de Angola, entre 24 de Julho e 29 de Novembro de 1974. 
Já almirante, foi o último Alto Comissário e Governador Geral de 
Angola, de 26 de Agosto a 10 de Novembro de 1975.

1 839 - A conjura das forças reaccionárias de Angola

$
0
0


Junta Governativa de Angola, em 1974: Capitão de mar e guerra Leonel Cardoso, brigadeiro Altino de Magalhães, almirante Rosa Coutinho, coronel piloto aviador Silva Cardoso e major Emílio da Silva (em cima). Em baixo, título das declarações de Rosa Coutinho 

A 28 de Outubro de 1974, iniciou-se, voluntariamente, o desarmamento das milícias da área do Quitexe, sem incidentes, o que não aconteceu por outras bandas bem próximas. A 26, recordemos, tinha-se realizado uma decisiva reunião com os regedores, sensibilizando-os para «a necessidade deentregarem o armamento». Os milicianos.

No mesmo dia 28, realizou-se uma reunião de comandos no Comando de Sector do Uíge, em Carmona, repetindo as de 4, 21, 25, 26 e 28, em «contactos operacionais». Preparava-se a remodelação do dispositivo militar do Uíge, que iria ficar reduzido aos Cavaleiros do Norte e pouco mais - as companhias aquarteladas no Negage e Sanza Pombo, não sei se outras. Não me lembro.
Rosa Coutinho, presidente da Junta Governativa, anunciava em Luanda, entretanto e nesse mesmo dia 28, que «gorou-se uma conjura para um golpe separatista do tipo rodesiano». Era o que o famoso almirante vermelho dizia ao jornal «A Província de Angola» - o actual Jornal de Angola. Acrescentava e explicava que a conspiração estava «ligada às forças reaccionárias que, em Lisboa, tentaram um golpe no mês passado, durante os acontecimentos que levaram à renuncia do general António Spínola, da Presidência da República».
E quem eram os conspiradores?
Rosa Coutinho indicou,«entre outras pessoas detidas», três dirigentes e o secretário geral do Partido Democrata-Cristão de Angola (António Navarro), que considerou «responsáveis pela recepção de uma remessa de armas que deviam ser descarregadas no território». Outro conjurado, ainda segundo Rosa Coutinho, era Ruy Correia de Freitas, do próprio jornal «A Província de Angola» e que, na altura da entrevista, supostamente estaria na África do Sul.
«Alguns dos cabecilhas da conjura conseguiram fugir», afirmou, faz hoje 39 anos, o presidente da Junta Governativa de Angola. 
  

1 840 - 6 FNLA´S apresentaram-se às autoridades do Quitexe

$
0
0
O Matos e o Chitas, da 2ª. CCAV. 8423, ladeando o Aldeagas, da 1ª. CCAV. 8423, ainda em Santa Margarida. Em baixo, o título jornalístico que fala da acusação da FNLA à Junta Governativa

Quitexe, 29 de Outubro de 1974. É terça-feira, como hoje, e o sol vermelho de Angola já se pôs sobre a noite uíjana. Passa meia hora das 17 quando «pela primeira vez, um grupo de 6 elementos armados da FNLA» se apresentou ao comandante do BCAV. 8423 e às autoridades administrativas da vila.
O grupo era liderado pelo sub-comandante João Alves e disse-se pertencer ao «quartel» de Aldeia. Queria «esclarecer actividades na serra do Quibinda», que julgava serem das NT. Facilmente se concluiu, segundo leio no Livro da Unidade, «ser de elementos estranhos, que procuram, certamente, criar um clima de desconfiança local, entre a FNLA e as NT»
Foi uma coincidência, evidentemente, mas nesse mesmo dia, a FNLA, a partir de Kinshasa, acusou o governo português de favorecer o MPLA. Holden Roberto, o presidente, em comunicado divulgado na capital do Zaire, «denunciou,vigorosamente, as manobras de certos membros influentes da Junta Governamental de Luanda, que consistem em encorajar, através da rádio e dos jornais, a campanha política de difamação e de descrédito de um movimento contra os outros e a ameaçar oficialmente qualquer órgão de imprensa que se disponha a difundir informações sobre a FNLA».
O documento da FNLA denunciou também «a violação dos acordos concluídos a 11 de Outubro, em Kinshasa» e apelou para«o sentido de responsabilidade das autoridades de Lisboa, para que se acabe o mais depressa possível com o equívoco que leva a Junta de Luanda a apresentar-se como interlocutor para os movimentos de libertação em matéria de descolonização de Angola e a favorecer certos movimentos, em detrimento de outros». Claramente, a FNLA denunciava, e citamos, o «tratamento preferencial dado ao MPLA» pela Junta presidida pelo almirante Rosa Coutinho.
A memória, refrescada por correio e notas desse tempo, faz-me lembrar que me tinha achado com o Matos, no domingo anterior (dia 27), numa saltada rápida a Aldeia Viçosa, onde ele se aquartelava na 2ª. CCAV. 8423. O Matos era (é) amigo aqui de Anadia. Companheiro, até hoje!!!, e que mostro na foto de 1974, onde está com os alentejanos Aldeagas e Chitas. Um abraço para eles!
- MATOS. Mário Augusto da Silva Matos, furriel miliciano atirador de cavalaria, da 2ª. CCAV. 8423. Mora em Anadia e trabalha em Águeda.
- ALDEAGAS. João Matias Mota Aldeagas, furriel miliciano atirador de cavalaria, da 1ª. CCAV. 8423. Empresário agrícola em Estremoz
- CHITAS. António Milheiros Courinha Chitas, furriel miliciano atirador de cavalaria, da 2ª. CCAV. 8423. Natural de Cabeção (Mora), está a trabalhar em Angola.
- NT. Nossas tropas.

1 841 - Contra-subversão no Quitexe e comício pró-MPLA em Lisboa

$
0
0
Clube do Quitexe (em cima) e título da notícia do comício de apoio ao 
MPLA, a 29 de Outubro de 1974, no Pavilhão dos Desportos de Lisboa (em baixo).

A Comissão Local de Contra-Subversão (CLCS) do Quitexe reuniu a 30 de Outubro de 1974, tal como a 3 e 16 do mesmo mês. «Usuais reuniões», chama-lhe o Livro da Unidade. Os Cavaleiros do Norte, ao tempo, cumpriam obrigações operacionais no aquartelamento e em patrulhas nos principais itinerários do sub-sector, de forma a garantir o tráfego rodoviário e a segurança de pessoas e bens. Não sem alguns incidentes. 
Ao nível da acção psicológica, rodou-se um filme em todas as subunidades do BCAV. 8423 - entre 10 e 23 de Outubro -, que culminou, a 29, «em actividade virada para as populações, com a sua projecção no Quitexe», na sala do Clube da vila (foto). 
A imprensa portuguesa de 30 de Outubro desse mesmo ano de 1974 deu atenção ao comício de apoio ao MPLA e o Diário de Lisboa titulou que «o imperialismo tenta desesperadamente perpetuar a exploração do nosso povo» - o povo angolano.
O comício realizou-se no Pavilhão dos Desportos, organizado pela Casa de Angola, e foi ouvida uma mensagem de Agostinho Neto e críticas ao que os oradores consideraram«repressão violenta da PM e da PSP a manifestações pacíficas», os exércitos secretos da FRA e ENSINA, «a soldo dos colonialistas»,  tambémà «falta de medidas repressivas contra elementos da PIDE/DGS», ou o acordos apadrinhados por Mobutu, com a UNITA e Daniel Chipenda, em Lisboa chamados de «traidores e fantoches» - tudo, entre outras coisas, para «criar um clima de confusão política e isolar o MPLA». Assim se disse no comício.
Mobutu, presidente do Zaire, foi considerado«fiel guarda dos interesses colonialistas» e não foram poupadas a FUA (outra «organização colonialista») e a FLEC, considerada um dos «movimentos fantoches e neo-colonialistas».
- FRA. Frente de Resistência Angolana (ou de Angola).
- FUA. Frente de Unidade Angolana.
- FLEC. Frente de Libertação do Enclave de Cabinda. 

1 842 - Governo de Transição de Angola, visto do Quitexe...

$
0
0
Holden Roberto (FNLA), Agostinho Neto (MPLA) e Jonas Savimbi (UNITA), os líderes 
dos movimentos angolanos (em cima). Notícia sobre o Governo de Transição de Angola (em baixo)


A fechar o mês de Agosto de 1974, vale a pena lembrar que chegou aos Cavaleiros do Norte o furriel miliciano atirador José Carlos Évora Soares, direitinho para a 1ª. CCAV. 8423, a de Zalala. De Aldeia Viçosa, porém, desertaram 5 elementos dos grupos de mesclagem, todos da 2ª. CCAV. 8423. Pertenciam ao RI20, de Luanda.
E o processo de descolonização, como é que ia? Agostinho Neto, a 31 de Outubro desse 1974 e em Dar-es-Salaan, anunciou a disponibilidade do MPLA para, já em Novembro, formar o Governo de Transição, com a FNLA. «Uma frente unida» que não incluía a UNITA, liderada por Jonas Savimbi e que não era reconhecida pela OUA e pelos dois movimentos.
O Daily News, órgão oficial do Governo da Tanzânia, nesse mesmo dia 31 de Outubro, publicava um ataque a Daniel Chipenda. Chipenda que, em Kinshasa, dissera dias antes, em conferência de imprensa, que o MPLA de Agostinho Neto não tinha autoridade para concluir um acordo de cessar-fogo com os portugueses. Que «só tinha autoridade para se representar a si próprio»
O Daily News, sobre Chipenda, escrevia que«não passa de um homem traiçoeiro e ambicioso, que procura impedir a maré de libertação que está a subir cada vez mais em Angola». «Já deveria há muito ter sido expulso do MPLA, se não fossem as raras qualidades de moderação do dr. Neto», escrevia o jornal.
O dia 8 de Novembro foi apontado por Agostinho Neto como o da instalação, em Luanda, de um escritório do MPLA.
- OUA. Organização de Unidade Africana.

1 843 - O Costa dos Morteiros!...

$
0
0
Olhem para esta gente!!! Tudo furriéis do Quitexe: o Cardoso, o Carvalho, o Bento, o Costa e o Fernandes (atrás). Sentados: Rocha, Viegas, Morais, Pires (Bragança), Fonseca e Flora. À frente, o Ribeiro. Em baixo, a cores, o Costa! O Costa dos morteiros!!!
Achei o Costa! O Costa dos Morteiros!!! 
Faz tempo que, nesta peregrinação que nos leva a Angola, em romaria de saudades a recordar a nossa jornada uíjana, que andava no «pergunta aqui, pergunta ali», sobre ele. Até «soube», vejam lá, que teria falecido num acidente em Espanha! Mas, não! O Costa está vivo e bem vivo!
Ontem, foi o dia da descoberta, num daqueles acasos da vida que nem dá para acreditar. Primeiro, chegando à fala com Maria de Fátima, a sua (dele) «mais que tudo»! Foi simpática e irradiante de gentileza, deixando levedar a minha curiosidade, e logo, logo por isso, deixando e fazendo medrar a empatia que  me levou a chegar à fala com o Costa.
O Costa, achei-o em Cabanas de Tavira. Surpreso!! Surpreendido!!! A dar-me troco à conversa e sem adivinhar quem o «sujeitava» a perguntas e indiscrições. Já devia estar farto de me ouvir, de dar troco às minhas larachas e a interrogar-se sobre a sua própria pachorra para me ouvir, quando lhe soltei a palavra mágica: Quitexe! Qui-téeee-xe!!!!
Claro, o Quitexe!
O Costa deixou-se, então, embalar nas saudades e suspirou de ouvir nomes, os do Pelotão de Morteiros, principalmente: o (alferes) Leite, o (furriel) Pires, o (1º. cabo) Pagaimo. E os de outros, dos Cavaleiros do Norte, companheiros da jornada africana. Basta olhar para a foto de cima.
O Costa já catraspiscava Maria de Fátima ao tempo da comissão de Angola e com ela semeou amores: dois rapazes: Um engenheiro informático (o mais velho) e um doutorando em biologia molecular - de momento nos Estados Unidos. Fez carreira na JJ Gonçalves e foi director da SONAE. Aposentado, tem casas em S. João do Estoril (a origem natal) e Cabanas de Tavira - onde gere a Cabanasgest.
Bem (re)aparecido, companheiro Costa!
- COSTA. Luís Filipe dos Santos Costa, furriel miliciano do 
Pelotão de Morteiros 4281, adido ao BVAV. 8423. Do Estoril e 
aposentado, divide o seu tempo com Cabanas de Tavira.

1 844 - O dia 1 de Novembro! Em 1974!!! Em 2011!!

$
0
0
O Neto e o Rocha, furriéis com o Pires ao meio. Vieram de férias a 1 de Novembro de 
1974. O 1º. cabo Carpinteiro (foto de baixo) faleceu a 1 de Novembro de 2011, há 2 anos 


A 1 de Novembro de 1974, vieram de férias o Neto e o Rocha, dois afurrielados do Quitexe. Nesse dia, de malas aviadas, viajaram para Luanda, onde aguardaram o transporte para Lisboa e os seus chãos natais. Eram ambos da CCS e o Neto vinha com uma missão muito especial: assistir ao casamento do irmão, o Manuel Albuquerque, que jornadeara pela Guiné-Bissau. E mais: reencontrar e apaparicar a sua Ni! Foi há 39 anos! O tempo voa, já todos somos sexYgenários!!!
Há dois anos e neste dia, na sua terra de Esmoriz, faleceu o inesquecível 1º. cabo Carpinteiro, o Marques. Saiu de casa com a esposa, foram à missa e ao cemitério, passaram  pelo café e dirigiram-se a casa. Ao colocar a chave, para abrir a porta, caiu! Fulminado! Morte súbita! Muitas saudades, grande Carpinteiro! Até um destes dias!!! 
- NETO. José Francisco Rodrigues Neto, furriel miliciano 
de Operações Especiais (Rangers), da CCS. Empresário aposentado, 
natural e residente em Águeda. 
- ROCHA. Nelson dos Remédios da Silva Rocha, furriel miliciano 
de transmissões, da CCS. Técnico comercial, mora em Valadares (Gaia).
- MARQUES. Manuel Augusto da Silva Marques, o Carpinteiro, 1º. cabo. 
Era natural e residia em Esmoriz (Ovar).  

1 845 - Dia 2 de Novembro! Em 1974! Em 1979!!!

$
0
0
Alferes Garcia e Almeida (à frente) e 1ºs sargentos Barata e Aires, na foto de cima. 
O padre Albino Capela num baptizado do Quitexe (foto de baixo). 
O bispo D. Francisco Mata Mourisca e o brigadeiro Altino de Magalhães


A 2 de Novembro de 1974, hoje se passam 39 anos, o Quitexe foi visita do brigadeiro Altino de Magalhães, comandante da Zona Militar Norte e Governador do Distrito do Uíge. Viria a ser membro da Junta Governativa de Angola, liderada pelo almirante Rosa Coutinho. No mesmo dia, a comunidade católica anfitrionou o Bispo D. Francisco Mata Mourisca.
O dia, como se vê, foi muito vivido, no campo social: o de visita das mais altas individualidades do Uíge, no campo militar (acumulando o então brigadeiro Altino de Magalhães com a governação civil) e na área religiosa (o bispo titular da diocese). Vem a propósito lembrar que a missão católica do Quitexe era sacerdotada pelo padre Albino Capela, titular da Igreja da Mãe de Deus.
A 2 de Novembro de 1979, cinco anos depois, hoje se passam 34 e vítima de acidente de viação, faleceu o «nosso alferes» Garcia, que foi comandante do PELREC. A memória deste inesquecível oficial miliciano dos Ranger´s continua viva no espírito dos Cavaleiros do Norte, que não deixam de evocar o companheiro de sempre, o amigo de todos, o generoso homem sem medos e o militar de coragem que se fez exemplo.
- MAGALHÃES. Altino Pinto de Magalhães, brigadeiro, natural de Ribalonga, Carrazeda de Ansiães. Nasceu a 8 de Maio de 1922 e atingiu a patente de general.
 - GARCIA. António Manuel Garcia, alferes miliciano de Operações Especiais (Ranger´s), da CCS. Natural de Pombal, Carrazeda de Ansiães, faleceu a 2 de Novembro de 1979, vítima de acidente de viação. Era agente da Polícia Judiciária. Ver AQUI e AQUI.
- MOURISCA. D. Francisco da Mata Mourisca. Foi nomeado Bispo do Uíge pelo Papa Paulo VI, em 1967. Abdicou em 2008, aos 79 anos. 
- CAPELA. Albino Vieira Martins Capela, sacerdote católico da missão do Quitexe. Abandonou o sacerdócio e fez carreira profissional como professor, em Barcelos, onde reside. É coinviva habituaç dos encontros da CCS. Ver AQUI

1 846 - Condutores e mecânicos de Zalala

$
0
0


Zalala: condutores e mecânicos do comando do furriel  Manuel Dinis Dias, à direita, sentado! 

Há dias, fizemos aqui memória doDias, que foi furriel miliciano mecânico da 1ª. CCAV. 8423, a de Zalala. A prestimosa colaboração do filha Ana Filipa permite-nos reconstituir parte da sua equipa, através da foto que nos enviou e o (outro) Dias, o das transmissões, ajudou a identificar. 
Assim, em cima e da esquerda para a direita, Rocha (?), Espinho (?),Fião, Romão, Tarciso, Aprumado, Mora, Mamarracho e Pereira. Sentados: Azevedo, Rego, Orlando Oliveira (?), Lopes, Dorindo e Manuel Dinis Dias, o furriel.
A equipa liderada pelo saudoso Manuel Dinis Dias incluía os 1º.s cabos Dorindo Santos, mecânico (de Ílhavo), António Cardoso Pereira (Penafiel?) e Jaime de Jesus Rego (Cartaxo), ambos condutores. E os soldados mecânicos Justino da Silva Azevedo (Vila do Conde) e António Filipe Louro Lucas (Castanheira do Ribatejo) e os condutores José Alves da Rocha (de Arcozelo, Vila Nova de Gaia), Mário Pereira de Almeida (Espinho), Altino Gomes Fião (Ovar), José Fernando Santos Romão (Setúbal), Tarciso Manuel da Costa Rebelo (Arcos de Valdevez), Jaime Galvão Fernandes, o Aprumado (Odivelas), Manuel da Conceição Almeida, o Mira (Mira de Aire), Fernando Alves Silva, o Mamarracho (Montalegre), Orlando Marques de Oliveira (Camarate), António Martins Lopes, o Famalicão (Vila do Conde), Manuel Idalmiro Vargas (do Pico, nos Açores) e Joaquim Carlos da Costa Silva, o Ciclista (da Areosa, no Porto).
O Dias, das transmissões, deu conta que faltam três militares do grupo, na foto - provavelmente de férias. O que pedimos é que, quem puder, nos ajude a identificar os que, na imagem, estão sob interrogação. Ou corrigir algum que esteja errado.

1 847 - Guerrilheiros no Dambi Angola e FNLA em Luanda

$
0
0
A sede da FNLA na avenida do Brasil (net). Almeida e Brito (em baixo)

A 4 de Novembro de 1974, o tenente coronel Almeida e Brito, comandante do BCAV. 8423, saiu do Quitexe para Luanda, via Carmona, para férias em Lisboa. O comando do batalhão ficou assegurado pelo capitão José Paulo Falcão.
O 4 de Novembro de há 39 anos foi também o dia em que o PELREC se encontrou com guerilheiros da FNLA, na aldeia do Dambi Angola. O primeiro contacto directo, mal sabiam eles que tinha acontecido o 25 de Abril.
A FNLA, em Luanda, abria, na véspera, a sua primeira delegação oficial, na avenida do Brasil, na parte nova da cidade. A inauguração, segundo leio na imprensa do dia 4, «foi precedida de espectacular cortejo automóvel pelas ruas da cidade, composto por milhares de aderentes ao movimento, empunhando bandeiras e cartazes e entoando o hino da FNLA e dando vivas ao presidente Holden Roberto».
O dia era 2ª.-feira e de Lisboa vinham novidades futebolísticas, da 9ª. jornada do campeonato nacional da 1ª. divisão: Benfica-V. Guimarães, 3-0; V. Setúbal-FC Porto, 1-1; Atlético-Académico, 1-0; Leixões-Sporting, 1-1; Farense-Belenenses, 1-1; Boavista-Oriental, 3-0; Sp. Espinho-CUF, 2-2; U. Tomar-Olhanense, 4-2. Comandavam, FC Porto e Benfica, com 14 pontos. Seguiam-se, Vitória de Guimarães (13), Sporting, Vitória de Setúbal, Farense e Boavista (11), Atlético (9), Belenenses, Sp. Espinho e U. Tomar (8), CUF e Olhanense (7), Leixões (6), Oriental (4) e Académico de Coimbra, actual Académica (2).
- Ver «O encontro com guerrilheiros da FNLA», AQUI
- Ver «A ordem de operação para o Dambi Angola». AQUI
Clicar sobre o AQUI

1 848 - Calma no Quitexe, brancos na FNLA e problemas em Cabinda

$
0
0
O Flora (ou o Rabiço?), o Lopes, o Ribeiro (mais atrás), o Reino (de bigode) e o Costa (dos morteiros), com um soldado, que me parece ser de transmissões - ou enfermeiro? O Bento e o Monteiro (o Gasolinas?), ambos de bigode. De bigode e boina, o Carvalho, com a mão no ombro de um soldado. Quem é este?

Os primeiros dias de Novembro de1974, pela zona do Quitexe, foram tempo de conclusão dos trabalhos na estrada de Aldeia Viçosa para a Ponte do Dange (a estrada do café) e de continuar o arranjo da ligação do Quitexe a Camatela. 
Em Luanda, já instalada, a FNLA confirmava ao Jornal do Comércio que o movimento tinha «brancos filiados». «Os nossos militantes brancos são tão militantes como os nossos militantes negros. Atentado contra um militante banco ou preto da FNLA, representa atentado contra a FNLA», disse o ministro da Informação e chefe da delegação em Luanda.
Pior iam as coisas pelo MPLA, dividido entre as facções de Agostinho Neto e Daniel Chipenda. Este, em Kinshasa, voltou a atacar o presidente do MPLA, numa entrevista dada a jornalistas angolanos.
Pior ainda em Cabinda, bem pior, para onde o brigadeiro Silva Cardoso (comandante da Força Aérea e membro da Junta Governativa de Angola) foi mandado, para substituir o governador e comandante militar do enclave, o também brigadeiro Themudo Barata. 
A cidade tinha sido palco de confrontos, a 31 de Outubro e 1 de Novembro, entre os movimentos independentistas rivais, que pretendiam a independência de Cabinda. O MPLA e a FLEC. Morreram duas pessoas e pelo menos 12 ficaram feridas.
O MPLA considerava Cabinda como parte integrante de Angola. A FLEC pretendia a independência do enclave.
- FLORA. António Pires Flora, furriel miliciano atirador de cavalaria, da 3ª. CCAV. 8423. Aposentado da Caixa Geral de Depósitos, mora em Loures.
- RABIÇO. Ângelo Tuna Rabiço, furriel miliciano enfermeiro da 3ª. CCAV. Professor aposentado, mora em Vila Real.
- LOPES. José Avelino Granha Lopes, furriel miliciano atirador de cavalaria, da 3ª. CCAV. 8423. Empresário do sector têxtil, mora em Lisboa.
- RIBEIRO. Delmiro da Silva Ribeiro, furriel miliciano atirador de cavalaria, da 3ª. CCAV. 8423. Engenheiro aposentado da EDP, mora em Vila Real.
- REINO. Armindo Henriques Reino,  furriel miliciano ade Operações Especiais (Rangers), da 3ª. CCAV. 8423. Aposentado da GNR, mora no Sabugal.
- COSTA. Luís Filipe dos Santos Costa, furriel miliciano do Pelotão de Morteiros. Aposentado e gestor de condomínios, mora no Estoril (e Tavira).
- BENTO. Francisco Manuel Gonçalves Bento, furriel miliciano de Reconhecimento e Informações, da CCS. Mora em França.
- CARVALHO. José Fernando da Costa Carvalho, furriel miliciano atirador de cavalaria, da 3ª. CCAV. 8423. Aposentado da PSP, mora no Entroncamento.

1 849 - MPLA não aceita o plano português de descolonização

$
0
0
 Título do Diário de Lisboa de 6 de Novembro de 1974 (em cima), tenente coronel 
Almeida e Brito e capitão Falcão, no encontro de Águeda, em 9 de Setembro de 1995  


Os comandantes das sub-unidades do Comando de Sector do Uíge reuniram no Quitexe, a 6 de Novembro de 1974. O capitão José Paulo Falcão era, ao tempo, o comandante efectivo do Batalhão de Cavalaria 8423, substituindo o tenente-coronel Almeida e Brito, de férias em Portugal.
O oficial-adjunto«desenvolveu intensa actividade», como se lê no Livro da Unidade, nomeadamente no Comando do Sector do Uíge, mas também no BC12 e nas sub-unidades e com as autoridades civis.
O MPLA, em Lisboa e pelo seu lado, anunciava não aceitar o plano português de descolonização e Aristides Van-Dunen. do Comité Central, afirmava ao Diário de Lisboa, que«a primeira golpada que o imperialismo quer dar a Angola é a separação de Cabinda».
«Alguns acontecimentos registados em Luanda são da responsabilidade da reacção (...). Este problema de Cabinda serve os interesses do imperialismo e daqueles que o apoiam, como Mobutu. Mobutu permitiu a instalação da FLEC no Zaire, sabendo que a FLEC não representa, de modo nenhum, o povo angolano, nunca lutou pela sua libertação», disse Van-Dunen, acusando o presidente do Zaire de«permitir que a FLEC tenha um programa na Rádio Zaire» e de saber que «a FLEC não é reconhecida pela OUA».
Outra questão levantada pelo dirigente do MPLA teve a ver com «a enorme propaganda» a Daniel Chipenda, da Revolta do Leste: «Não foi eleito, foi nomeado vice-presidente. Não foi possível a unidade», disse Van-Dunem, frisando que Chipenda «não controla guerrilheiros».
E quanto às relações com Portugal?«Assinámos um acordo de tréguas, ainda não se trata de cessar fogo, mas apenas da oficialização das tréguas».
Sobre o plano de descolonização:«Esse plano não é aceite por nós. Só tivemos conhecimento dele através dos jornais e não a título oficial, pelo que nem sequer temos qualquer contra-proposta», disse Aristides Van-Dunem, concluindo: «Eu não creio que o MPLA apareça no governo de transição».
Sobre a UNITA, acusava-a de «conluio com as tropas colonialistas portuguesas» e denunciava «os partidos fantoches angolanos surgidos após o 25 de Abril». Finalmente e sobre a FNLA, admitia que«é possível uma certa conjugação». «Temos um ideário e a FNLA tem o seu. Defendemos uma frente comum para as negociações», disse Aristides Van-Dunen. 
- FALCÃO. José Paulo Montenegro de Mendonça Falcão, capitão 
de cavalaria e oficial-adjunto do BCAV. 8423. Aposentado, 
atingiu a patente de tenente-coronel e reside em Coimbra.

1 850 - Morteiros, calma no Quitexe e 26 mortos em Cabinda

$
0
0

Pelotão de Morteiros 4281, comandado pelo alferes Leite (a amarelo), numa acção em terras do Uíge, em 1974 (foto de LF Costa). A roxo, o 1º. cano enfermeiro Esmoriz. Em baixo, elementos do Governo de Transição de Angola: Lopo de Nascimento (de claro), Johnny Eduardo Pinnock (1º. Ministro) e José N´Delé. Também se vê Almeida Santos, à direita, de óculos. Foto do jornal  A Província de Angola (1 de Fevereiro de 1975)


Os tempos de Novembro de 1974, pela ZA dos Cavaleiros  do Norte - o chão uíjano de Angola!! - foram relativamente tranquilos. Continuou a viver-se, refere o Livro da Unidade,«o clima de cessar-fogo estabelecido no mês anterior», pelo que, frisava, o mês se caracterizou por «uma acalmia não encontrada já longos anos».
Assim era, como se pode observar na pose do grupo do Pelotão de Morteiros 4281 que se vê na imagem: um grupo descontraído, claramente a «bater-se» ao retrato, como quem vai para a praia.
Por esses dias e por isso, em carta enviada a minha mãe e que agora reli, lhe dava conta que«por aqui vai tudo na paz dos anjos, sem problemas». 
«Não se preocupe, se por aí ouvir alguma notícia sobre Angola, lembre-se sempre que esses problemas são em Luanda e nós estamos a mais de 200 quilómetros», acrescentava eu, também lhe notando que «o Francisco Neto está aí de férias, até pode falar com a mãe dele».
A minha (filial) lógica pretendia ser infalivelmente expressiva e concludente: se o Neto até estava de férias em Águeda é porque, lá pelos lados do Quitexe, estava tudo nas calmas. E estava! O que não era bem o que acontecia em Luanda e outros pousos angolanos.
A 7 de Novembro de 1974, passam-se hoje 39 anos, Mário Soares, enquanto Ministro dos Negócios Estrangeiros de Portugal, reuniu-se na Tunísia com Johnny Eduardo Pinnock, da FNLA. Era o director dos Assuntos Internacionais do movimento de Holden Roberto e discutiram o processo de descolonização.
O mesmo dia foi tempo de se saber que os incidentes de Cabinda, afinal, tinham provocado 26 mortos e 120 feridos. Sangue derramado em tempos descolonizadores.   
- PINNHOCK. Johnny Eduardo Pinnock foi o 1º. Ministro 
do Governo de Transiçºao de Angola, em 1975. Ver AQUI  



1 851 - O último dia militar da Fazenda do Liberato

$
0
0
Monumento aos mortos do Liberato. A última guarnição portuguesa abandonou a mítica fazenda 
há 39 anos, a 8 de Novembro de 1975. O capitão Victor, comandante da CCAÇ. 209, ladeado 
pela esposa e pelo furriel Oliveira


A fazenda do Liberato foi abandonada pelas Forças Armadas Portuguesas a 8 de Novembro de 1974 - há precisamente 39 anos. Hoje se completam.
A CCAÇ. 209 foi a última guarnição! Era comandada pelo capitão miliciano Vitor e com quadros (sargentos e oficiais) maioritariamente europeus. Um deles, o furriel José Marques de Oliveira, vagomestre, tinha sido meu companheiro na Escola Industrial e Comercial de Águeda - e aqui vive. Os praças eram angolanos! Os soldados e os 1º.s cabos!
Os "caçadores" do Liberato ficaram na história dos Cavaleiros do Norte por terem sido a companhia que, em 27 Setembro desse mesmo ano de 1964, tentou «invadir» Carmona. A CCS do BCAV. 8423 mobilizou-se para suster o seu avanço e o confronto esteve iminente, no troço da estrada do café, entre o Quitexe e Aldeia Viçosa. Felizmente, não avançaram para o confronto - confronto que, a acontecer, poderia resultar numa tragédia. Tinham o PELREC pela frente, fortemente armado e disposto a tudo! Ver AQUI e AQUI.
O dia 8 de Novembro desse distante 1974 foi assinalado, no processo de descolonização de Angola, pela abertura da primeira delegação oficial do MPLA em Luanda. Era liderada por Lúcio Lara. Já por lá estava a FNLA, na avenida do Brasil.
O dia foi também o do envio de uma carta de Holden Roberto, presidente da FNLA, ao general Fontes Pereira de Melo, chefe da Casa Militar do Presidente da República - o general Francisco Costa Gomes. Sobre quê? O processo de descolonização, obviamente.
Assim se ensaiavam os primeiros passos do novo país!
- CCAÇ. 309. Companhia de Caçadores 309, 
pertencia ao RI21, de Nova Lisboa.

1 852 - Zalala´s a preparar o adeus...

$
0
0
Cavaleiros do Norte da 1ª. CCAV, 8423, a de Zalala. Foto do saudoso Manuel Dinis Dias, cedida pela filha, Ana Filipa. Identificações de João C. Dias (em cima). Alguém pode ajudar a identificar os restantes?  Lúcio Lara, do MPLA, em baixo


O dia 9 de Novembro de 1974 foi sábado, como hoje. No Quitexe, a guarnição dos Cavaleiro do Norte - a CCS e o Pelotão de Morteiros 4281 - mantém«a actividade desenvolvida do antecedente», como se lê no Livro da Unidade. O mesmo acontecia nas outras sub-unidades, em Zalala, Aldeia Viçosa e Santa Isabel, onde estão as companhias comandadas pelos capitães milicianos Castro Dias (a 1ª. CCAV. 8423), José Manuel Cruz (2ª.) e José Paulo Fernandes (3ª.), respectivamente. Os zalala´s, porém, já preparam malas para a rotação para Vista Alegre e Ponte do Dange. Na véspera, os Caçadores da 309 tinham abandonado o Liberato.
A «apeótica recepção ao MPLA» em Luanda, na véspera, dá lugar a um encontro de Lúcio Lara (o chefe da delegação), nessa manhã, com a Junta Governativa de Angola, presidida pelo almirante Rosa Coutinho.  É anunciado que Lara dará um conferência de imprensa na segunda-feira (dia 11) e fala-se das 50 000 pessoas que tinham aclamado os dirigentes do movimento/partido de Agostinho Neto (em conflito com Daniel Chipenda). Lara era a cara do partido político que durante quase 14 anos combatera as forças armadas portuguesas.
São conhecidos novos problemas em Cabinda, onde a FLEC conquista o Morro de Salço Bendje, junto ao Massabi, reforçada com desertores das tropas especiais e mercenários franceses, comandados por Jean Eugéne Kay. O combate provocou dois mortos e a prisão de 16 militares da guarnição. Reféns, ficaram  7 polícias e 6 civis.
Um dia, mais um dia para o parto da nova nação.

1 853 - A chegada da UNITA a Luanda, há 39 anos!

$
0
0

A UNITA chegou a  Luanda há 39 anos, 10 de Novembro de 1974, recebida com flores de mulheres brancas. Fernando Wilson dos Santos (em baixo) era o chefe da Delegação do movimento de Jonas Savimbi



Novembro de 1974 foi tempo de chegada de um novo cozinheiro à CCS dos Cavaleiros do Norte,  no Quitexe - Carlos J. F. Gomes. À 2ª. CCAV. 8423, a de Aldeia Viçosa, chegou Mário Soares, furriel miliciano atirador de Cavalaria. De ambos não tenho ideia, nem do que deles será feito. Provavelmente, foram passagens episódicas pelo batalhão.
A UNITA abriu a sua delegação de Luanda a 10 de Novembro de 2009, um dia depois da do MPLA. Era liderada por Fernando Wilson dos Santos, com Paulo Tjipilica e José Alberto N´Déle, entre outros - que viajaram do Luso, por via aérea e foram recebidos por mais de 20 000 pessoas.
Um "grupo de agitadores armados infiltrou-se entre o povo, à saída do aeroporto, com provocações" e gerou-se farta confusão. Valeu a pronta intervenção da PM (Polícia Militar portuguesa), que os deteve - não sem, antes, ter disparado uma rajada para o ar. Um coro entoou cânticos da UNITA e mulheres brancas distribuíram pétalas de flores sobre os 8 membros da delegação.Um cortejo automóvel circulou pela cidade, com bandeiras da UNITA e fotografias de Jonas Savimbi.
À noite, o bairro Rangel, bem perto da sede do MPLA, foi cercado pela tropa portuguesa, depois de um tiroteio que se seguiu a manifestações pró-UNITA. Ouviram-se rajadas de armas automáticas e a imprensa do dia seguinte dá conta de 25 mortos e 65 feridos confirmados. Mas, relatava o Diário de Lisboa,«estes números devem ser muito superiores». As forças armadas portugueses tiveram de usar blindados Chaimites.
- Chegada da UNITA a Luanda, VER VÍDEO do youtube

1 854 Adeus ao capitão médico dr. Leal e dúvidas em Luanda...

$
0
0
Quitexe,entrada do lado de Carmona (em cima). Capitão miliciano médico Leal (em  baixo)



O mês de Novembro de 1974, pela angolana terra de Quitexe, foi tempo para o adeus ao capitão miliciano médico Leal, que ainda hoje, aos 85 anos!!!!, vende saúde e pratica medicina pela sua Fafe de residência.  
A ordem de serviço nº. 76 dá conta da sua condecoração, com a medalha militar comemorativa das Campanhas do Exército Português, com a legenda ANGOLA 1972-73-74. A Oordem de serviço nº. 78, publica o louvor à sua «competência profissional e elevado espírito de servir», ora como médico militar ora como Delegado de Saúde. Foi um grande companheiro, verdadeiro João Semana das dores e das almas.
Luanda, aos idos dias de S. Martinho de 1974, é que ia pouco santificada. O jornal A Província de Angola (o actual Jornal de Angola) dava conta das preocupações dos três partidos - MPLA, FNLA e UNITA -, que apelavam publicamente para a calma e a ordem. «Quem está, então, a causar estas provocações?», perguntava o jornal, em editorial.
A comunidade branca sentia-se insegura e «as forças armadas portuguesas presas a dois fogos». Por um lado, «acusadas pelos brancos de não assegurarem uma protecção adequada». Os negros, pelo seu, insurgiam-se contra o que consideravam «uma repressão severa das desordens».
A «ansiedade dos brancos», segundo o Diário de Lisboa, «aumentou ainda mais com a evasão de 160 reclusos da cadeia de Luanda, quando os 100 que se evadiram em Junho ainda se encontram a monte». E temiam«confrontações entre o MPLA, a FNLA e  UNITA», caso estes movimentos «não consigam dominar os elementos criminosos».
Rosa Coutinho, presidente da Junta Governativa, através da rádio, lançou «um apelo à calma». O MPLA, em comunicado, negou «quaisquer responsabilidades» nos incidentes da véspera (pelo menos 25 mortos e mais de 65 feridos) e a FNLA, na palavra de Vaal Neto, afirmou que«depois de 14 anos de guerra com os portugueses», o momento «era de cooperação e de paz». Fernando Wilson dos Santos, da UNITA, chegado na véspera, fez «apelo a todos os angolanos de todas as cores para trabalharem em conjunto».
- LEAL. Manuel Soares Cipriano Leal, capitão miliciano
 médico da CCS do BCAV. 8423. tem 85 a os e reside em Fafe, 
onde ainda exerce a profissão. Ver AQUI

1 855 - Calma no Quitexe e 50 mortos em Luanda

$
0
0
Fazenda Santa Isabel, onde se aquartelou a 3ª. CCAV. 8423 que, em Novembro de 1974, 
preparava a sua saída para o Quitexe (em cima). Título do Diário de Lisboa de 12 desse mês.


Os dias do Quitexe iam passando em riscos no calendário, um atrás de outro. A 1ª. CCAV. 8423 preparava a saída de Zalala (para Aldeia Viçosa e Vista Alegre) e, entretanto, soube-se de outra rotação iminente: a da 3ª. CCAV., a da Fazenda Santa Isabel. Iria (e foi) para a vila do Quitexe, em Dezembro - onde chegou no dia 10, uma terça-feira.
O 11 de Novembro, na Luanda de 1974, foi a ferro e fogo: pelo menos 50 mortos e mais de uma centena de feridos, «após dois dias de tiroteio, lançamento de granadas, esfaqueamentos e fogos postos». O Jornal do Comércio escrevia que «uma família de 7 pessoas estava ser tratada na sala de observações do Hospital de S. Paulo, o principal da cidade e «cheio de feridos». Tinha sido espancada e anavalhada em casa. Uma criança lá internada foi atingida a tiro, disparado de um edifício vizinho.
MPLA, FNLA e UNITA condenaram os incidentes e rejeitaram responsabilidades. Um comunicado militar dava conta que«alguns desordeiros estão a empregar armas automáticas sofisticadas» e sublinhava que «as responsabilidades pelos incidentes não podem ser atribuídas a um só sector da população.«Registaram-se actos de insubordinação por parte das populações branca e negra e por parte de alguns comunicados!», acrescentava o comunicado.
O comandante das Forças Especiais de Segurança Militar, coronel Correia Diniz, porém, admitia que«os responsáveis pelos incêndios e pilhagens são criminosos e antigos presos políticos amnistiados pelas autoridades militares portugueses, após o 25 de Abril».
O MPLA adiou a anunciada conferência de imprensa marcada para esse dia e cancelou a partida para o Congo-Brazzaville. As autoridades militares suspenderam o tráfego de veículos civis nos subúrbios, cancelaram os serviços municipais de transportes e a  hora de almoço foi tempo para incidentes numa praça central da cidade. Os motoristas que asseguravam o reabastecimento de Luanda manifestaram-se em Viana e pediram a intervenção das autoridades. Eram atacados a tiro e pedras, na estrada para o Dondo.
A Comissão Nacional de Descolonização, em Lisboa, decidiu mandar a Angola uma delegação do MFA em «uma missão de esclarecimento», chefiada por Vasco Lourenço. Foi isto há 39 anos! Assim se escreviam as (novas) páginas de Angola!


Viewing all 4156 articles
Browse latest View live