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Channel: CAVALEIROS DO NORTE / BCAV. 8423!
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1 781 - Pouco provável cessar fogo entre MPLA e UNITA

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Imagem da net, sobre a presença da FNa no Caxito. Ver AQUI
Em baixo, recorte do Diário de Lisboa de 2 de Setembro de 1975


Setembro de 1975, dia 2, uma terça-feira!!! Recebo correio do «puto», de Alberto Ferreira - o amigo que era cabo especialista da Força Aérea e que regressara a Portugal semanas antes. «Isto está uma m...», escrevia ele, falando da revolução que varria Portugal.
Luanda não ia melhor. A France Press dava conta de rumores que circulavam na capital angolana sobre a chegada de 12 tanques russos ao aeroporto, no domingo de manhã - 31 de Agosto. Chegados de avião e  «atravessando a  cidade de madrugada, para alcançarem um destino desconhecido».
O Jornal de Angola (ex-A Província de Angola), considerado próximo do MPLA, dava conta que «a luta de libertação se transformou num conflito entre o povo angolano e a UNITA, aliada à FNLA». Lopo do Nascimento, chegado de Lisboa, não fez qualquer referência ao cessar fogo entre o MPLA e a UNITA e o seu comunicado apenas refere que«o resultados das conversações de Lisboa requerem ainda um confirmação das chefias dos dois movimentos». Mas, por Luanda, já se especulava que, e citamos o Diário de Lisboa,«são escassas as possibilidades de, mesmo que as direcções dos dois partidos acordem no terno das hostilidades, conseguir separar as respectivas forças nas áreas onde a UNITA e a FNLA combatem em conjunto».
A poucos dias de 8 de Setembro, os Cavaleiros do Norte preparavam as malas para regressarem a Portugal e dividiam o seu tempo entre o Grafanil e os prazeres de Luanda. 
O MPLA confirmava a denuncia sobre a presença de forças militares sul-africanas (com aviação e mercenários) no sul de Angola - o que era desmentido elo cônsul em Luanda, em reunião de trabalho com o Alto Comissário Interino, Ferreira de Azevedo. 
O ELNA (exército da FNLA) teria «actividade praticamente nula, não havendo qualquer notícia sobre a sua progressão em direcção em Luanda», conforme já se dissera na véspera  especialmente«referindo-se à sua posição na região do Caxito-Barra do Dande».
Ver AQUI


1 782 - Nem mais um soldado para Angola...

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Nota de 1000 escudos de Angola (os chamados angolares). Aventino Teixeira, 
Franco Charais e Jaime Neves na Assembleia do Exército de 2 de Setembro de 1975

As coisas por Angola iam como iam e não melhor iam por Portugal, onde, por entre outros «luxos» revolucionários, se gritava«nem mais um soldado para Angola». Então, e  os que lá estavam e com a sua comissão cumprida?
Os (chamados) retornados, em Lisboa, a 2 de Setembro de 1975, reocuparam o Banco de Angola, exigindo trocar angolares (os escudos angolanos) por escudos de Portugal. Era cerca de três centenas e entraram à força, pela porta principal e janelas. O banco já fora evacuado nessa madrugada, por forças militares e militarizadas.
Luanda era terra de candonga à vista desarmada:  civis a comprarem escudos de Lisboa, a 200, a 300, a 1000%. Muitos negócios se fizeram nas ruas da cidade. E terra onde o MPLA proclamava ter conseguido«repelir a força invasora sul-africana que havia penetrado no sul do país, forçando-a a retirar para alem-fronteiras». O DL, que citamos, em despacho de Luanda, dava conta que «a FNLA, que no domingo (31 de Agosto) tinha conseguido avançar até 20 kms. de de Luanda, foram repelidas na 2ª. feira (dia 1) para 40 kms», pelas forças do MPLA. O seu objectivo seria «destruir os reservatórios de água».
A Assembleia de Delegados do Exército, no mesmo dia 2 de Setembro, reunida na Escola Prática de Engenharia, em Tancos, presidida por Carlos Fabião, o Chefe do Estado Maior, analisou «problemas específicos das Forças Armadas e do Exército, em especial», tendo os representantes do MFA/Angola «exposto com dura realidade, a situação naquele território», sendo afirmada, como reporta o DL do dia 3 (ver imagem),«a intenção de envidar todos os esforços para que sejam tomadas medidas imediatas, nomeadamente no que se refere ao embarque de tropas, para a manutenção do efectivo, estabelecido no Acordo do Alvor e ao reforço da ponte aérea para evacuação dos nossos compatriotas e sua posterior integração na nossa sociedade».
Era isso mesmo que os Cavaleiros do Norte queriam: que para lá embarcassem tropas e de lá viessem as que a missão tivessem cumprida.
- AVENTINO. Aventino Teixeira, oficial do Exército, mais tarde conselheiro do Presidente Ramalho Eanes. Viria a conhecê-lo em Buenos Aires e tornámo-nos amigos de família. Já falecido, com a patente de coronel.

1 783 - Medidas de urgência para Angola...

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Avião dos Transportes Aéreos Militares (TAM). Foi neste, ou num igual, que os Cavaleiros 
do Norte regressaram a Lisboa. Em baixo, a notícia, do DL, das «medidas de urgência para Angola»


O Governo Português, a 2 de Setembro de 1975, anunciou «medidas de emergência para Angola», tendentes a proporcionarem «uma actuação mas correcta no problema angolano e a concorrerem para a normalização da vida naquele território». Nomeadamente, no ponto 1, passando pela «suspensão transitória da vigência do Acordo do Alvor, em virtude das violações constantes, por parte dos três movimentos de libertação».
O docuento de 7 pontos, tornado público pela Comissão Nacional de Descolonização, atribuía funções legislativas ao Alto-Comissário - que assumia novos poderes, nomeadamente podendo «declarar o estado de sítio, com a suspensão total ou parcial das garantias constitucionais em uma ou mais partes do território».
O objectivo era procurar evitar a paragem da máquina administrativa, suster o colapso da vida económica (pelo menos quanto ao abastecimento alimentar mínimo das populações), minorar as migrações internas e reforçar os meios de retorno dos nacionais a Portugal.
O comunicado pode ser lido na imagem acima editada, clicando sobre ela.
Terá sido por estes dias que os Cavaleiros do Norte tiveram uma das melhores noticias da comissão: o regresso a Lisboa, marcado para 8 de Setembro, já não seria no navio «Niassa». Seria, e  foi, de avião. Foi uma sorte (grande)!!!  

1 784 - MPLA ganha no Caxito em vésperas do «ir embora»....

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Tropas da FNLA no Caxito. À esquerda, o português José Victor Carvalho.A foto é da sua tomada 
da vila (a 50 kms. de Luanda), não da situação citada neste post. Em baixo, noticia do DL sobre Angola

Quinta-feira, 4 de Setembro de 1975. Os Cavaleiros do Norte sabem que a viagem para o «puto» é no dia 8 e de avião. Têm de aligeirar a carga que pretendiam transportar, limitada, agora, aos 25 ou 30 quilos. 
Muitos de nos, procuram avisar as famílias da antecipação, sem conseguirem. Não era o meu caso, que queria aparecer de surpresa. Mas o Neto, ligou para Portugal - pelo telefone, coisa rara e difícil, ao tempo... -, e combinou com a família que alguém nos iria buscar a Lisboa. Com a obrigação de não avisarem a minha.
Luanda vivia momentos tensos e balbuciava-se, à boca calada, que a FNLA poderia entrar na cidade. Estava no Caxito, a uns 50 quilómetros, e a leitura do DL desse dia refresca-nos a memória:«Embora as notícias sejam pouco claras, atribui-se a vitória ao MPLA, cujas forças teriam logrado cercar as tropas rivais, ocupando agora a barragem de Mabubas», o  que, a confirmar-se, afastava temporariamente o risco de ser cortado o abastecimento de água à capital, a partir da central de Quifangondo.
Há notícias de combates no Cubal e Ganda, entre MPLA e UNITA - movimentos que, recordemos, aparentemente negociavam aproximação política. Embora, em Kinshasa, o secretário geral adjunto da UNITA dissesse que «a guerra em Angola não terminaria enquanto a UNITA e a FNLA não recuperassem as zonas de influência do MPLA» - e cito do DL, como se pode ler na imagem.
Aos Cavaleiros do Norte, faltavam quatro dias para «fugir» do ambiente marcial que que se vivia em Angola.
- PUTO. Assim se designava Portugal (continental).
- MFA. Oficiais sargentos e praças de Angola denunciam a legitimidade 
dos militares presentes na Assembleia do MFA. VerAQUI

1 785 - Angola, Águeda e o Farinha, 38 anos depois...

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Viegas e Neto, em Setembro de 2013 (em cima e 
em Águeda), e Rafael Farinha em 1974, no Quitexe (em baixo)


A 6 de Setembro de 1975, já tínhamos malas prontas para o regresso a Lisboa e a nossas casas - o que aconteceria dois dias depois. Hoje, 38 anos passados, eu e o Neto cumprimos a tradição de ir à Festa do Leitão (aqui, na nossa terra de Águeda) lembrar essa nossa epopeica jornada angolana. E aí estamos nós, como se vê na foto, de taças erguidas e depois de desfiar memórias sobre os 15 meses que nos levaram a terras africanas - pelo Quitexe, por Carmona e por Luanda.
O ritual já tem anos e creio (tenho a certeza, melhor dizendo...) que ambos, já  sem querer, "arquivamos" a data de forma mental e automática - dispensando-nos de qualquer compromisso que possa comprometer este ritual gastronómico e evocativo.
Hoje, é dia de anos (61!!!...) de Rafael Serra Farinha, que foi 1º. cabo mecânico-auto da CCS e faz vida, já reformado, por Odivelas - entretendo o tempo com um negócio de automóveis, a sua área de sempre. Quis o destino (e as facilidades telefónicas de hoje) que, à distância de mais de 200 quilómetros, pudéssemos lembrar muitos nomes de Cavaleiros do Norte: os capitães Falcão e Oliveira, o alferes Cruz, o 1º. sargento Aires, os furriéis Morais, Farinhas e Pires, os 1ºs. cabos Teixeira, Frangãos (o Cuba) e Breda, os condutores Esgueira e Gaiteiro, Miguel, Joaquim Celestino, Serra, Vicente, Vicente, Picote, sei lá...
Foi um dia em cheio, este 6 de Setembro de 2013 dos Cavaleiros do Norte!  

1 786 - A véspera de voltar a Portugal! Há 38 anos...

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Marginal de Luanda nos tempos dos Cavaleiros do Norte (em cima). Almirante Leonel Cardoso, a esquerda, com o general Altino Magalhães, almirante Rosa Coutinho, coronel Silva Cardoso (piloto aviador) e major Emílio Silva (em baixo)

Domingo, 7 de Setembro de 1975!! Os Cavaleiros do Norte alvoram sonhos e fecham malas, que próxima está a viagem de regresso a Portugal. Há ordens para toda a gente da CCS estar no Grafanil ao fim da tarde. Para o controlo final e a definição de tarefas para a dúzia de quilómetros que nos separam do aeroporto de Luanda, de onde um avião dos TAM, na manhã seguinte, nos trará em voo para Lisboa.
O Neto, eu e o Monteiro, manhãzinha cedo, dizemos adeus à casa que, em Viana, fora nosso poiso desde 4 de Agosto. Estava combinado que deixaríamos as malas no Grafanil e iríamos até Luanda, para os «adeuses» finais.
O novo Alto Comissário de Angola chegara na antevéspera, dia 5 - o almirante Leonel Cardoso. Desconsolado, porque, em Lisboa, não teve o conforto da presença, no aeroporto, de qualquer responsável político, ou militar. Sequer, de seus representantes, a levar-lhe, como se queixou em Luanda, «uma palavra de despedia, de simpatia e de encorajamento».
«Não será esse facto, talvez único ma história dos embarques de dezenas de pessoas a quem alguma vez coube a honra de orientar os destinos de Angola, que fará esmorecer a sede de que venho animado e me levou a aceitar a missão que ninguém queria», disse o almirante.
Angola não paraíso para ninguém.
O MPLA redenunciava a presença de forças estrangeiras no território angolano e aludia à possibilidade de internacionalização do conflito que opunha os 3 movimentos: o próprio MPLA, a FNLA e a UNITA.
A África do Sul admitia que as suas tropas tinham entrado em Angola, explicando que tal se devia à necessidade de protegerem a estação de tratamento de águas de Calueque, junto à fronteira com a Namíbia. Que saíriam «logo que seja possível». No documento enviado ao Governo Português, dava conta da «satisfação» pelo facto de Portugal «chamar a si» a segurança da estação.
A 12ª. Cimeira da OUA, em Kampala, decidira «criar uma comissão de conciliação» que, em Luanda, tentasse «por termo aos confrontos entre UNITA, FNLA e MPLA». O embaixador Djoudi, secretário geral adjunto da OUA, reuniu-se em Lisboa com o Governo português, no dia 5, por essa razão e, à imprensa, deu conta que «uma certa potência ocidental decidiu interferir na questão angolana, fornecendo armas a uma das partes, o que complica o problema». Não disse que país era. Apenas que ficava «situado a norte de Portugal, com interesses directos na África do Sul e que vota sempre por ela nas instâncias internacionais»
Foi neste contexto que, no primeiro domingo de Setembro de 1975, dia 7 - hoje se fazem 38 anos! -, os Cavaleiros do Norte da CCS passaram as últimas horas da sua jornada angolana.
- OUA- Organização de Unidade Africana.

1 787 - O dia do adeus a Luanda...

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Aeroporto internacional de Luanda (gare), nos anos 70 do século XX.  Daqui saíram os Cavaleiros do Norte, entre os dias 8 e 11 de Setembro de 1975. Viegas, Mosteias e Neto em Carmona, em Julho de 1975 (em baixo)



A última refeição de Angola, foi no Grafanil, de domingo para 2ª.-feira. Refeição aligeirada, à falta de melhor: de pastéis e vinho branco, oferecidos pelo familiar de um dos Cavaleiros do Norte que ia partir. Um dos nossos!!! Era 7 para 8 de Setembro de 1975 e os dias não eram de fartura pela Luanda a que íamos dizer adeus. 
A noite foi passada sem sono e, madrugada aberta, já no dia (hoje se fazem 38 anos), lá fomos para o aeroporto internacional de Luanda, onde centenas (milhares?) de civis aguardavam «boleia» para Lisboa e protestavam pelos atrasos que adiavam o embarque. Eram à volta de 1300 pessoas - dizia-se por lá... - que, por esse tempo, diariamente voavam para a Europa, num corropio enorme, frenético e para muitos angustiante, e nem sempre bem controlado.
A Luanda que deixávamos tinha vivido um fim se semana aparentemente calmo, em termos militares, e a nossa manhã do aeroporto ainda deu para saber que mesmo no Caxito - onde se vinham a multiplicar incidentes entre o MPLA e a FNLA - não se tinham registado combates nos dois últimos dias. 
Tivemos notícias de Carmona, de onde tínhamos saído a 4 de Agosto, pouco mais de um mês antes: instalou-se lá uma equipa da Cruz Vermelha Internacional, formada por dois médicos (um de clínica geral e um anestesista) e duas enfermeiras, obviamente para acudir a feridos. 
O Neto, o Mosteias e eu (foto) - e não me lembro se mais algum furriel - fomos encarregados, no aeroporto de «trazer» presos para Lisboa. Eram militares com problemas disciplinares e entrámos no avião com algemas a "ligar-nos". O que me acompanhou, ele mo contou durante a viagem, tinha mortes no registo criminal e sentenças que o tinham condenado a (bastantes) anos de prisão.
Por volta das 10 horas, levantámos voo e, já no ar, olhámos Luanda pela última vez. Emocionados!
- MOSTEIAS. Luís João Ramalho Mosteias, furriel miliciano 
sapador, da CCS. Faleceu a 5 de Fevereiro de 2013, vítima 
de doença. Ver AQUI.

1 788 - O Portugal que nos recebeu a 8 de Setembro de 1975

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Aeroporto de Lisboa, como deveria ser em 1975 (em cima). Recorte do 
Diário de Lisboa, sobre a greve que nos deu jeito para viajarmos de avião e não no Niassa




A Lisboa que nos recebeu a 8 de Setembro de 1975 ardia em intrigas políticas e militares e ebulição social. Basta ler alguns títulos da imprensa desse dia: «Reunido o Conselho da Revolução: Impasse difícil» era a caixa alta do Diário de Lisboa. A primeira página tinha outros títulos: «Que é isso de guerra civil, sr.capitão?», ou «5ª. Divisão recebida em Belém». Também «11 de Março: o relatório da 5ª. Divisão».
A edição do jornal dava conta, também,  de que o povo não cedia em Proença-a-Nova e que armas de guerra tinham sido roubadas em furgoneta roubada. E plenários de trabalhadores de professores e de trabalhadores, greves, sindicatos, esquerdas, fascismos e direitas, suicídios, manifestações, roubo de jóias e outros roubos, reforma agrária, esclarecimento de Durant Clemente sobre um comunicado do Estado Maior do Exército, assalto de trabalhadores a um empresa (a NOVIL).
O nacional de futebol da 1ª. divisão tinha começado na véspera: Braga-Atlético, 2-2; Beira Mar-CUF, 0-1; FC Porto-U. Tomar, 6-1; Setúbal-Académico(a), 3-1; Leixões-Sporting, 0-0; Guimarães-Belenenses, 2-2; Estoril-Farense, 2-0. O Benfica-Boavista, 0-0, só se realizou no dia 10.
Em Moçambique, Samora Machel casava-se (no dia 7) com Graça Simbine, a ministra da Educação e  Cultura. No universo português, a Companhia Nacional de Navegação (CNN) ia no 11º. dia de greve - ver imagem. Sorte a nossa: era num dos seus navios (o Niassa) que os Cavaleiros do Norte deveriam viajar para Lisboa. Não houver barco, houve avião: os dez dias de mar foram substituídos por 8 horas de voo.
Em Luanda, a 9 de Setembro de 1975, era a 1ª. CCAV. a fechar as malas e a dizer adeus a Angola!

1 789 - Os Cavaleiros do Norte de Aldeia Viçosa

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Cavaleiros do Norte da 2ª. CCAV. 8423. À esquerda, de pé, o furriel miliciano Matos, com parte do seu pelotão. E os outros? Quem nos ajuda a identificar estes companheiros da jornada africana do Uíge angolano? 

A 10 de Setembro de 1975, a gloriosa 2ª. CCAV. do comando do capitão miliciano José Manuel Cruz, levantou voo de Luanda para Lisboa, no adeus à Angola que foi poiso da nossa jornada africana. Para trás, ficavam 15 meses - desde que a 4 de Junho de 1974 chegara a Luanda e, no dia 10 seguinte, partira e chegara a Aldeia Viçosa - por terras do Uíge.
A véspera fôra dia de partida da 1ª. CCAV. 8423, a de Zalala, em data que registou o apelo de Agostinho Neto, presidente do MPLA, à «resistência popular generalizada». Falando ao país, o futuro presidente angolano «analisou a situação político-militar e insistiu na necessidade de reforço das organizações de base, como via para a implantação do poder popular e para varrer definitivamente do país as forças ao serviço do imperialismo e do neocolonialismo».
A 8 de Setembro, viajava a CCS para Lisboa, o major Fernandes, informador oficial do Exército Português, dava conta que «a FNLA não parece estar à altura de ameaçar Luanda» e que «o MPLA, devido à disciplina que reina nas suas fileiras, revelou uma maior maturidade no terreno» e que, a sul do território angolano, «está quase a completar o cerco às forças da UNITA, essencialmente  concentradas em Nova Lisboa e Silva Porto».
Os Cavaleiros de Aldeia Viçosa chegaram a Lisboa por volta das 18 horas de 10 de Setembro e, cada qual, partiu para o chão das suas terras e o afecto das suas famílias. Foi há 38 anos, hoje se completam.
Dia 28 deste Setembro que corre, entretanto, último sábado do mês e como é seu costume, vão reunir no seu encontro anual. Este ano, no Fundão, com a parte da logística (restaurante) a cargo do Carmo - que pode ser contactado pelos telemóveis 936913600 e 927069292.
O Ramalho (966095508 e 266707300) e o Beato (963573376 e 224221948) ajudam na organização e a concentração será na Zona Industrial da cidade, entre as 10 e 12 horas.

1 790 - Cavaleiros de Santa Isabel regressaram a Portugal

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Cavaleiros do Norte da 3ª. CCAV. 8423, de Santa isabel reunidos em Arganil, 
a 8 de Junho de 2013 (em cima), o capitão Fernandes e o 1º. sargento Marchã (em baixo).

A 3ª. CCAV. 8423, a de Santa Isabel, regressou a Portugal a 11 de Setembro de 1975 - hoje se fazem 38 anos. Era comandada pelo capitão miliciano Fernandes e chefe de secretaria o 1º. sargento Marchã. Chegou a Angola a 5 de Junho de 1974 e à fazenda uíjana a 11 seguinte. A 10 de Dezembro, abandonou a epopeica Santa Isabel e partiu para o Quitexe, onde se juntou à CCS. Indo esta para Carmona a 2 de Março de 1975, aqui se juntaram em Julho seguinte.
Os últimos partiram para Luanda, os últimos voltaram a Portugal.
O seu último dia na capital angolana foi tempo de notícias da vitória militar do MPLA sobre a FNLA, assumindo o comando do Caxito. Agostinho Neto, falando em Luanda, num encontro regional com a Juventude do MPLA, integrado na Semana da Defesa Popular, referiu-se a esta vitória militar, afirmando que «nenhum angolano poderia deixar de se sentir satisfeito, já que marca mais uma importante etapa da luta que os angolanos travam contra o imperialismo»
O presidente do MPLA lembrou que «foram as agressões estrangeiras que determinaram o início da segunda luta armada de libertação nacional em que o povo está engajado». Referia-se ao Zaire, que alegava apoiar a FNLA, a norte (por onde andaram os Cavaleiros do Norte), e à África do Sul, que, a sul, apoiaria a UNITA.
Os cavaleiros de Santa Isabel chegados a Lisboa, encontraram um Portugal onde o Conselho da Revolução estava preocupado com a censura e um assalto ao BPA, em Lisboa, rendeu 5000 contos. Outro, em Vila do Conde «valeu» 100 e em Nova Oeiras assaltaram uma casa e levaram 900. Os militares manifestavam-se no Porto e Almada e trabalhadores na CUF e em muitos plenários, nas zonas mais industrializadas. Populares preparavam uma manifestação de apoio aos soldados da PM.
Ao Sporting, chegaram os brasileiros Picolé, Gilson Paulino e Robervai. Alguém lembra deles? No hóquei em patins, Portugal ganhou (12-1) à Suíça, para o campeonato da Europa. Jogaram: Ramalhete, Rendeiro (2), Garrancho 81), Livramento (4), Chana (5), Casimiro e Gomes da Costa.

1 791 - O Cordeiro da Bezerra de Porto de Mós...

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O Cordeiro e o Viegas numa tarde de Agosto de 2013. 
O Cordeiro em 1974 (em baixo), como membro do PELREC, no Quitexe



Há 38 anos, neste dia 12 de Setembro de 1975, os Cavaleiros do Norte já estavam todos nas suas casas, embalados em abraços familiares e de amigos, chegados da sua nobre missão em terras de Angola. Do que sei (e não sei tudo) apenas um, dos cerca de 600 militares das quatro companhias, não gosta de falar dessa jornada que, por 15 meses, nos teve terras do Uíge africano.
Há dias, numa tarde quente do verão de 2013, a um domingo (25 de Agosto), passando eu pelos lados de Porto de Mós, ocorreu-me um nome, que é o Cordeiro. E uma terra, que é Bezerra!   
Então, é muito longe, é muito perto?! «Olhe, vá por ali, vá por acolá!!!...», disseram-me. E lá fui eu, serra dos Candeeiros acima, por Serro Ventoso e até ao adro de Bezerra, de igreja nova a mostrar-se aos olhos, bonita, em espaço arejado e de mini-coreto na frente, a servir de miradouro.
«Conhece fulano de tal?...», perguntei eu, a quem primeiro achei. E logo era um sobrinho: «Olhe está ali, na associação. Está ali a mota dele, está a ver?!...», respondeu-me um jovem trintão, alto e amorenado, que m´apareceu do lado do pequeno coreto, olhando-me grávido de curioso, talvez meio desconfiado.
Lá fui eu e lá estava ele, a jogar as cartas, a bater o punho na mesa, exibindo ases e trunfos. Até que me viu: «Ó meu amigo Viegas!!!... Ó meu amigo Viegas!!!!...», foi comentando ele, espreitando-me de frente e repetindo-se: «Ó meu amigo Viegas!!!...».
Cordeiro foi 1º. cabo atirador de cavalaria, do PELREC, da CCS. Algo tímido, pouco palavroso, mas sempre sem uma falha, sempre disponível, sempre presente. Fizemos muitos serviços juntos, em operações, em escoltas, em rondas e sentinelas, em PM na cidade de Carmona. Tudo isso rememorámos, a 25 de Agosto, e pela nossa saudade passaram muitos nomes - principalmente os dos que já partiram e vivem na nossa memória, o alferes Garcia, os 1ºs. cabos Almeida e Vicente, o Leal, rapazes do PELREC.
Trabalha, o Cordeiro, numa fábrica de mármores. «Trabalho duro...», disse-me ele. Mas trabalho que não regateia, pois tem sido a vida dele, a arrancá-lo do chão dos Candeeiros, uma vida inteira, a «mandar todos os dias três, quatro camiões para os chineses».
- CORDEIRO. José Manuel de Jesus Cordeiro, 1º. cabo 
atirador de cavalaria. Trabalha numa empresa de mármores e 
reside em Bezerra, Porto de Mós, de onde é natural.
  

1 792 - O Vieira, o Sacristão dos Cavaleiros do Norte...

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Breda e Vieira, duo «musical» do Quitexe, no ano da graça de 1974

Andava com esta atravessada na memória: o Sacristão, o Vieira, que será feito dele?! Por assim dizer, valha a verdade, já nem me lembrava bem da cara!! Dele ouvi falar aí por Maio deste ano, à conversa com uma vizinha - dele me dizendo ela que está reformado, com uma filha e trabalhando a mulher numa escola da Vidigueira - vila onde ele explorou um bar. E com ele esteve o alferes Cruz, há 4 anos - quando por aquelas bandas foi à caça. Ver AQUI.
Não me lembrava da cara dele? Pois não! mas aí está ela, achada na casa do Breda - na Barosa de Leiria.
O Sacristão era, afinal, o Vieira, o Vidigueira, alentejano assim se popularizando no Quitexe por exercer essas funções, para além das de «quarteleiro do material de aquartelamento», é mesmo assim que se diz. Quarteleiro, pois, e daqueles companheiros que espalham simpatia, sempre de sorriso aberto, bonomónico - até eleito foi para membro da Comissão do MFA.
O capitão Oliveira, em louvor publicado na Ordem de Serviço nº. 168, assegura que desempenhou este serviço (o de quarteleiro) com «a maior boa vontade, dedicação e honestidade». Chama-lhe «voluntarioso» e dele escreveu que «soube simultâneamente ser um bom camarada, apresentando ao seu comandante de Companhia tudo o que lhe pareceu merecer correcção (...) destacando-se o auxílio prestado ao comando que serviu na sua comissão militar».
Pronto, era esta o nosso Sacristão!!! E ali está ele, é mesmo ele. Ele, na foto do Quitexe, tirada com o nosso grande companheiro Breda. Grande abraço!
- VIEIRA. Victor Manuel da Cunha Vieira, o Sacristão, 1º. cabo 
auxiliar de serviços religiosos. Aposentado, mora na Vidigueira (Alentejo).
- BREDA. Joaquim rama Breda, 1º. cano condutor. 
Aposentado, mora na Barosa (Leira).

1 793 - O quarteleiro e sapador Fernando Grácio...

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Fernando Grácio e Viegas, em Amor, Leiria, em 2013. 
O Grácio, guarda-redes da equipa da CCS, no Quitexe, em 1974
«Ó sr. Fernando, viu por aí o sr. Grácio?!...».
Vinha eu de Monte Real, da base aérea e de ver Cannadair´s a levantar voo para combater os fogos deste verão trágico, virado a Leiria, quando vi a placa: Amor. 
Achei piada a este nome de freguesia, que já conhecia de outras andanças, mas sem nunca por lá ter passado. Que me lembre.
O fim de tarde corria e as memórias desfiaram-se-me: Amor?! Espera lá, d´Amor é o Grácio!!! Exacto, o Grácio! E mora onde, em que rua? Puxa da memória,  Viegas! 
Mais adiante, estavam quatro pessoas em pé de conversa, parei e perguntei: «Onde é a Rua do Barro?»
Respondeu um cavalheiro, que me deve ter achado com cara de agente judicial, a perguntar-me: «Procura quem?». Lá disse e percebi logo, era o vizinho. 
«Você volta atrás e corta à esquerda, e outra vez à esquerda, a casa dele é antes da casa que está pintada da cor mais feia que você conhece!»
E lá fui eu. Ali mesmo, onde nos vêem na foto, é a casa do Grácio. Entrei na rua e logo o vi, andava ele a horticultar, com a mulher.
«Ó sr. Fernando, viu por aí o sr. Grácio?», perguntei-lhe eu, de dento do carro, daquela porta que ali vêem aberta.
O Grácio, era ele, viu-me e rapidamente  largou a enxada e veio a correr, com a velocidade que lhe deixaram as botas de borracha. Atrás dele, desembaraçada e à gargalhada, a «mais que tudo dele». E ali ficámos, no «pergunta tu, pergunto eu» destas coisas e que nos emocionou e fez mais felizes, recordando dias e momentos da nossa jornada angolana de 15 meses.
O Grácio está fixe, como se vê. Trabalha na área da construção, tem dois filhos (um casal) e faz da horticultura uma forma de ajudar a economia familiar. Diga-se, já agora, e eu pus olho no pormenor, tem uma horta mimosinha e o Grácio vive feliz!
- GRÁCIO. Fernando Martinho Grácio, 1º. cabo sapador de 
infantaria, voluntário, dois anos mais novo (nascido em 1954). 
Foi quarteleiro do depósito de géneros, mesmo encostado à messe 
bar de sargentos do Quitexe. Vive em Amor (Leiria).  

1 794 - Cavaleiros de Zalala preparam encontro... anual!!!

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Quartel de Zalala, onde jorneadou a 1ª. CCAV. 8423 (em cima). 
Notícia do Diário de Lisboa, sobre Angola, a 15 de Setembro de 1975 (em baixo)




Há 38 anos, a 15 de Setembro de 1975, já com os Cavaleiros do Norte nos seus chãos e cheiros natais, chegavam notícias da ofensiva militar do MPLA sobre o Ambriz e Carmona. A «nossa» Carmona!!! 
Perto de Duque de Bragança, as forças do MPLA fizeram retirar a FNLA e avançavam para a vila, vila que fica muito perto das famosas Quedas. 
A ofensiva do MPLA dava seguimento à recente expulsão da FNLA da área da Barra do Dande. No Luso, o mesmo MPLA enfrentava a UNITA e os dois partidos davam como certa a sua vitória. Ambos reclamavam o controlo da cidade - que esteve poder da UNITA e foi conquistada pelo MPLA, o que, segundo o Diário de Lisboa de 15 de Setembro de 1975, «originou uma contra-ofensiva do movimento de Jonas Savimbi, no final da semana passada».
Hoje, 38 anos depois, Cavaleiros do Norte de Zalala foram em «novena» até Pombal, ao Marquês, «fazerem recruta» para o próximo encontro da companhia. O encontro da sua (deles) 1ª. CCAV. 8423 - que foi comandada pelo então capitão miliciano Castro Dias.
A hora do «rancho» juntou Castro Dias, Velez, João Dias, Queirós, Rodrigues, Mota Viana, Vitor Costa, Aldeagas e Famalicão. Olhem que 9!!!! 
Livrem-se de não levar por diante o encontro!

1 795 - Os lutos dos Cavaleiros do Norte de Santa Isabel

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Querido, Guedes, Fernandes, Belo e Rabiço, 
Cavaleiros do Norte de Santa Isabel (em cima) e Luís Capitão (em baixo)




A 3ª. CCAV. 8423 foi a última a regressar a Portugal, foi a última a sair do Quitexe, das últimas a abandonar Carmona. Já fôra a última a partir de Lisboa, rumo a Luanda. Foi a primeira a ter baixas, por morte do soldado Bernardo Oliveira, vítima de acidente de viação, em dia que não consegui determinar, de Julho de 1974, há 39 anos.
Bernardo Oliveira pertencia dos Grupos de Mesclagem do RI20, atribuído à 3ª. CCAV., a de Santa Isabel - comandada pelo capitão José Paulo Fernandes. Por onde jornadeavam os alferes milicianos Barros Simões, Pedrosa de Oliveira e Carlos Silva. O 1º. sargento Marchã e os furriéis milicianos Querido, Guedes, Fernandes, Belo e Rabiço (na foto), Flora, Ricardo, Carvalho, Lino, Graciano, Gordo, Lopes Capitão, Cardoso e Reina.
A morte já nos levou o Guedes, a 16 de Abril de 1998, e o Capitão, mais recentemente, a 5 de Janeiro de 2010 - ambos por doença. Saudades!
Ainda em Angola, faleceram Manuel Barreiros (Agosto de 1975) e Jorge Grácio, o Spínola (vítima de acidente, a 2 de Julho do mesmo ano).
Há 38 anos, entretanto, a pré-independência angola continuava a semear medos e morte, pelo chão regado de sangue. Luanda, sem FNLA e UNITA, aparentava calma e as Forças Armadas Portuguesas procuravam cumprir o papel de isenção acordado no Alvor. No terreno, o movimento de Agostinho Neto «reagrupava forças para uma grande ofensiva militar na frente norte». Além do Ambriz, mais marítimo, o objectivo era Carmona, um dos grandes (e últimos) bastiões da FNLA.
A terra dos Cavaleiros do Norte!

1 796 - O furriel Cruz dos Cavaleiros de Aldeia Viçosa...

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Matos, Guedes e Melo (atrás), Letras, Gomes e Cruz, furriéis de Aldeia Viçosa

A 2ª. CCAV. 8423 aquartelou-se em Aldeia Viçosa, a uns 40 quilómetros do Quitexe, no sentido de Luanda. Era comandada pelo capitão miliciano Cruz, ao tempo atleta internacional de voleibol.
Alferes eram o Machado, o Periquito, o Carvalho e o Capela. Fernando Norte, era o 1º. sargento e por lá furrielaram o Letras, o Gomes, o Ferreira, Martins, Mourato, Matos, Brejo, Melo, Ramalho, Costa, Guedes, Rebelo, o Chitas e o
Cruz.
É deste atirador de cavalaria que vimos falar, pelo louvor que recebeu do comandante Almeida e Brito, pela «maneira como soube contrariar os erros encontrados no seu grupo de combate, tornando-o num todo coeso e que se enquadrou no espírito da Companhia», o que, refere a Ordem de Serviço nº. 174, «só foi conseguido quando, por falta do comandante efectivo, foi chamado para interinamente exercer esse comando».
O louvor refere ainda que «chamado mais tarde à responsabilidade de todo o material a sua subunidade, nunca se furtou a sacrifícios, para que esta nova missão fosse cumprida com igual acerto». O documento refere ainda que era «militar de trato simples, de grande espírito de disciplina, de correcção e trato saliente», pelo que foi «precioso auxiliar na vida da sua companhia, o que, com agrado, permite distingui-lo, premiando a sua carreira militar».
- CRUZ. António de Oliveira Cruz, furriel miliciano atirador 
de cavalaria. Professor, reside em Figueiró (Vieira do Minho).

1 797 - Os 72 anos do coronel José Diogo Themudo

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Os capitães Themudo (à direita) e José Paulo Falcão, com o alferes 
Machado (à esquerda) na varanda do comando do BC12, em Carmona (1975) 

O capitão (agora coronel) Themudo foi segundo comandante do BCAV. 8423 e faz 72 anos a 19 de Setembro de 2013. Chegou aos Cavaleiros do Norte já em Carmona, em Março de 1975 - quando, em Luanda, foi convidado pelo comandante Almeida e Brito. Até aí, não tínhamos 2º. comandante, pois o major José Luís Ornelas foi desmobilizado antes da nossa partida, indo para à Guiné-Bissau.
O BCAV. 8423 até aí (Março de 1975) esteve sem este quadro, sendo as funções exercidas pelo capitão José Paulo - que era o oficial-adjunto e de operações.
A carreira militar do capitão Themudo tinha passado já por duas outras comissões (Angola e Moçambique), continuou em Portugal e atingiu a patente de coronel, em que se aposentou aos 57 anos, em 1998. Até então, foi comandante de um dos Regimentos de Cavalaria da GNR - «dividido» pelos quartéis da Ajuda e Estefânia, com liderança na CCS, esquadrão motorizado, em dois esquadrões a cavalo e brigadas de trânsito. Também comandou a PSP de Santarém (durante 5 anos) e foi 2º. comandante da Regimento de Cavalaria de Santa Margarida, o antigo RC4 - a unidade mobilizadora do BCAV. 8423.
O coronel Themudo vive em Lisboa, falei contem com ele e está em boa forma física. «Não me tem corrido mal a vida, graças a Deus», contou-nos, bem recordado dos 6 meses que passou com os Cavaleiros do Norte e de um telegrama forjado pelo coronel Ramiro Mourato (Chefe do Estado Maior do Comando de Sector de Carmona) e o general Leão Correia, atribuído ao Ministro do Interior do Governo de Transição (Ngola Kabango) e que serviu de «passaporte» para a passagem da coluna que se dirigia a Luanda e a FNLA não queria deixar passar no Negage.
O telegrama, lembrou o então capitão  Themudo, dava ordens ao FNLA para não criar problemas e lá seguiu a coluna para Luanda, sem mais confusões.
- THEMUDO. José Diogo da Mota e Silva Themudo, capitão 
de cavalaria e 2º. comandante do BCAV. 8423. Coronel 
aposentado, mora em Lisboa 

1 798 - O MPLA a 30 quilómetros de Carmona...

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Comando da Zona Militar Norte e do Sector do Uíge, em Carmona (1975)

A 19 de Setembro de 1975, por Lisboa, militares do Conselho da Revolução e os civis da nova nomenclatura política acertaram agulhas para a formação do VI Governo, que seria liderado por Pinheiro de Azevedo. O país todos os dias acordava com novas políticas e, por este dia, uma 6ª. feira, murmurava-se que o Pacto MFA/Partidos iria ser anulado. A posse do Governo estava prevista para as 18,30, mas foi adiada para as 21,30 horas. E o que disse Azevedo? Pois que «tal como o sr. Presidente da República, também eu rejeito a social-democracia como objectivo final da revolução», surpreendendo os observadores com este tom progressista. E inesperado. O Presidente da República era Costa Gomes.
Adiante!
Os Cavaleiros do Norte refaziam a vida, nas suas casas, com as famílias, as namoradas, mulheres, amigos e toda gente que por eles esperou que chegassem «sãos e salvos», como se dizia na altura, de quem ia para a guerra colonial.
E por Angola?
O MPLA controlava 12 das 16 províncias. A UNITA resistia pelos lados do sul, na área de Nova Lisboa, Serpa Pinto e Silva Porto. A norte, a FNLA dominava no Zaire e no «nosso» Uíge. Mas o exército do MPLA já estava 30 quilómetros da cidade de Carmona, uma das principais fortalezas do movimnto de Holden Roberto.
O que se temia, ao tempo, era que a FNLA, controlando as províncias do Zaire e do Uíge, as declarasse independentes - ao mesmo tempo que, em Luanda, a 11 de Novembro, o MPLA declarasse a de Angola. Não viria a ser assim, nesse dia: o MPLA declarou a independência da República Popular de Angola, em Luanda; a FNLA e a UNITA declararam a da República Popular e Democrática de Angola, no Ambriz. E mais: em Nova Lisboa, a UNITA também declarou a independência de Angola. Confusão que, como se sabe, viria a resultar num guerra civil que durou até 2002.

1 799 - Setembro de 1974, a descolonização de Angola...

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Avenida do Quitexe e edifício do Comando do BCAV. 8423, à 
esquerda. Recorte do Diário de Lisboa de 20 de Setembro de 1974

Aos 20 dias de Setembro de 1974, há precisamente 39 anos, vadiava eu pelo chão de Angola, expirando os meus últimos dias de férias. Passara por Luanda e voltara. Laureara o queijo por Gabela, Nova Lisboa, Silva Porto, Alto Hama, Lobito e Benguela, por lá procurando, achando e abraçando familiares e amigos e conhecendo o enorme e belíssimo chão de Angola.
Vasco Gonçalves, o 1º. Ministro português, em Lisboa, respondia a uma pergunta do Diário de Lisboa: «Depois de resolvidas as divergências internas do MPLA, estará o Governo disposto a reconhecer aquele movimento como o único interlocutor válido de Angola?».
As intenções independentistas de grupos de Cabinda já eram conhecidas e temia-se o aparecimento de um processo separatista que se equivalesse ao do Katanga - província congolesa que se declarou independente, a 11 de Julho de 1960, situação que gerou banhos de sangue e milhares de mortos - logo a seguir à independência do Congo (Belga) e sob liderança de Moisés Tchombé. Já agora, a guerra civil justificou a intervenção da ONU, em 1963, e a região voltou a ser integrada no Congo-Kinshasa, depois Zaire (de Mobutu, do nosso tempo angolano) e agora República Democrática do Congo.
Vasco Gonçalves garantia que, relativamente a Cabinda,«tudo faremos para que se mantenha unida à futura Angola independente». Sobre o processo de descolonização de Angola, garantia ser intenção do Governo Português desenvolver «um processo que conduza à auto-determinação e independência» tendo em conta o facto de«não haver apenas um interlocutor válido». Eram três: MPLA, FNLA e UNITA. 

1 800 - Angola nas mãos do general Spínola...

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Aquartelamentos de de Santa Isabel, da 3ª. CCAV. 8423 (em
cima), e de Aldeia Viçosa, da 2ª. CCAV. (em baixo). O general Spínola (mais abaixo)


A 21 de Setembro de 1975, o comandante Almeida e Brito esteve na fazenda Santa Isabel, onde se aquartelava a 3ª. CCAV. 8423. O objectivo, como se lê no Livro da Unidade, foi «realizar contactos, necessários ao bom andamento dos trabalhos militares». Pela mesma razão e por esse mesmo mês de Setembro, esteve em Aldeia Viçosa, na 2ª. CCAV. (nos dias 13, 19 e 24), e em Vista Alegre, na CCAÇ. 4145 (a 19). Sempre acompanhado por oficiais da CCS, a companhia estacionada no Quitexe.
Rosa Coutinho, presidente da Junta Governativa de Angola, regressava de Lisboa e, em Luanda, afirmou que o Presidente da República, o general António de Spínola, o tinha «autorizado a tornar pública a declaração de que decidiu tomar directamente em mãos todas as negociações internacionais que haja a efectuar sobre o futuro de Angola». E que a essas conversações «passam a assistir representantes de Angola».
O presidente da FNLA, entretanto, falando em Kinshasa, apelou para «a formação e uma frene comum dos vários movimentos de libertação».
O objectivo de Holden Roberto era «discutir com as autoridades portuguesas o futuro de Angola»
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