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Channel: CAVALEIROS DO NORTE / BCAV. 8423!
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1 677 - A chegada dos primeiros Cavaleiros do Norte a Angola

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Temente-coronel Almeida e Brito e capitão José Paulo Falcão, a 9 de Setembro de 
1995, em Águeda. Alferes Hermida, em foto de 1974 (em baixo) 


A 22 de Maio de 1974, hoje se completam 39 anos, chegaram a Luanda o tenente-coronel Almeida e Brito, o capitão Falcão e o alferes miliciano Hermida, respectivamente comandante, oficial adjunto e oficial de transmissões do batalhão de Cavalaria 8423. Viajaram nos TAM e anteciparam a chegada da CCS, a 30 desse mês - com dois dias de atraso.
O desembarque foi no AB9 e, logo após a sua chegada, «finalmente teve o BCAV. conhecimento do seu local  de destino», o Quitexe - que o Livro da Unidade aponta como «terra promissora de Angola, capital do café e vila-mártir de 1961». Seria no local, lê-se o mesmo livro, «onde o BCAV. 8423 iria estabelecer-se em Sector, com vista a dar consecução ao problema de paz que o MFA pretende obter».
A CCS deveria partir a 27 de  Maio, mas só embarcou a 29. As três companhias tiveram a viagem igualmente adiada por dois dias.
Almeida e Brito, em Luanda, teve diversos contactos, ora no Quartel General da RMA, ora no Comando Chefe das Forças Armadas de Angola. A 27 de Maio, em avião da Força Aérea e com o capitão Falcão, voou para a Base Aérea do Negage - onde foi recebido pelo comandante do BCAÇ. 4211 (que nós íamos substituir). Passaram pela ZMN e CSU e foram ao Quitexe, onde «os primeiros contactos, que foram muito superficiais» para o comandante Almeida e Brito, «uma vez que ali fora oficial adjunto do BCAV. 1917, em 1968».
Os futuros Cavaleiros do Norte, por cá, faziam malas e iam fazendo as despedidas. Estava muito próxima, muito próxima, a partida para Angola.
- ALMEIDA E BRITO. Carlos José Saraiva de Lima Almeida 
e Brito, tenente-coronel e comandante do BCAV. 8423. 
Faleceu a 20 de Junho de 2003, de doença súbita, com a patente de general.
- FALCÃO. José Paulo Montenegro de Mendonça Falcão, capitão 
de cavalaria e oficial adjunto e de operações.
É tenente coronel e reside em Coimbra.
- HERMIDA. José Leonel Pinto de Aragão Hermida, alferes 
miliciano de transmissões. Engenheiro e professor aposentado, 
mora na Figueira da Foz.
- TAM. Transportes Aéreos Militares.
- MFA. Movimento das Forças Armadas.
- RMA. Região Militar de Angola.
- ZMN. Zona Militar Norte.
- CSU. Comando do Sector do Uíge.

1 678 - O «nosso» capitão José Paulo Falcão

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Furriel Reino, tenente coronel Almeida e Brito, um soldado e capitão Falcão, na ceia de 
Natal de 1974. De costas, o capitão Oliveira. O capitão Falcão, na actualidade, já tenente coronel

O comandante Almeida e Brito chegou a Luanda há precisamente 39 anos. Com o capitão Falcão e o alferes miliciano Hermida, como aqui falámos ontem. Hoje, falamos do agora tenente coronel Falcão, que foi oficial adjunto e de operações dos Cavaleiros do Norte, o Batalhão de Cavalaria 8423, que teve CCS no Quitexe.
A gentileza de sua esposa, senhora D. Maria do Carmo Gaivão, permite-nos avivar a memória, com uma imagem da ceia de Natal de 1974 - na qual se vê o então jovem capitão, na sua terceira comissão militar e a segunda em África. Já passara por terras angolanas em 1967, era o ainda mais jovem alferes. Esteve depois no longínquo Timor, nos primeiros dois anos da década de 70. E foi Cavaleiro do Norte, em 1974 e 1975!
Após a jornada africana de terras do Uíge, comandou a Polícia Militar (no Porto e em Coimbra), seguiu para Santa Margarida e foi 2º. comandante do Regimento de Cavalaria de Braga. Seguiu para  Estremoz, esteve em Lisboa e, finalmente, em Coimbra - onde reside. Passou à reserva em 1996, pois «já se sentia doente e cansado».
Maria do Carmo Gaivão - o amor da sua vida, mãe do seu casal de filhos -, confidenciou-nos que se «encontra muito doente», na sequência de vários pequenos AVC´s, sofridos nos últimos quatro anos.
Confraternizou connosco no Encontro de Águeda, a 9 de Setembro de 1995 - na primeira vez que fizemos memória da nossa jornada africana, 20 anos depois do regresso de Angola, na Estalagem da Pateira. É desse dia a foto de ontem. Julgo que também esteve no de 1996, a 1 de Junho, quando as quatro companhias do batalhão se juntaram em Leiria.
O blogue estima a melhor saúde e o melhor de tudo para«o nosso capitão Falcão!». Agora tenente coronel aposentado e a residir em Coimbra.

1 679 - O 1º. cabo Jorge Pires da secretaria da CCS

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Miguel, João Pires e Pinho, 1º.s escriturários da CCS dos Cavaleiros do Norte

João Pires foi 1º. cabo escriturário da CCS e louvado pelo capitão António Oliveira, comandante da companhia, que lhe enfatizou a«grande eficiência e zelo» no desempenho das suas funções, «nunca se poupando a esforços para que todos os serviços de que foi encarregado estivesse prontos o mais rapidamente possível», por isso se tornando «um óptimo colaborador».
O 1º. cabo Pires era discreto - e vê-se que eficiente, no trabalho que desempenhava na secretaria da CCS, chefiada pelo 1º. sargento Luzia -, e dele tenho a ideia de ser um homem sereno, tranquilo e de elevado civismo, sem criar conflitos ou diferenças sociais entre a guarnição.
«Militar correcto e disciplinado, granjeou a estima dos seus superiores e camaradas, pelo que o considero merecedor do presente louvor», lê-se no louvor proposto pelo capitão Oliveira.
- OLIVEIRA. António Martins de Oliveira, capitão do SGE e comandante da CCS. Já falecido. Atingiu a patente de major (pelo menos) e neste posto foi o responsável,o pelo Distrito de Recrutamento Militar (DRM) de Aveiro, onde o encontrei nos anos 80 do século XX.
- PIRES. João Manuel Martins Pires, 1º. cabo escriturário da CCS. Residirá na área de Lisboa.
- MIGUEL. Miguel Soares Teixeira, 1º. cabo escriturário da CCS. Aposentado e residente na Senhora da Hora.
- JORGE. Jorge Manuel de Sousa Pinho, 1º. cabo escriturário a CCS, do Porto. Faleceu a 10 de Abril de 2003, aos 51 anos, vítima de doença.

1 680 - Vésperas do adeus, que vou para Angola...

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Viegas e Rocha, na primeira foto 
de Angola, já no Quitexe,
a 6 de Junho de 1974


O dia 25 de Maio de 1974, como hoje, foi um sábado. Saíria eu de casa na madrugada de 27, a segunda-feira seguinte, para o RC4, em Santa Margarida - de onde, a meio da tarde, iríamos  para Lisboa e, daqui, voaríamos para Luanda. Saí a 27, mas o resto foi adiado para dois dias depois, a 29.

O sábado de hoje se fazem 39 anos foi tempo de despedidas e de passar pelas propriedades da família.
Dos amigos mais próximos, um a um, tive o abraço do adeus embrulhado em desejos de que tudo corresse bem pelo meu lado e que, por Angola, não demorasse muito tempo. O 25 de Abril tinha sido um mês antes e os ventos revolucionários também chegavam à minha aldeia, pela TV, comas sugestões gritadas nas manifestações de Lisboa. Nomeadamente, a de mais nenhum soldado ir para a guerra colonial. Mas fomos!
Os amigos, nas despedidas, todos me despejavam votos de sorte, muita sorte!!! Eu sentia-me seguro, sereno, tranquilo e bem preparado - física, mental e tecnicamente. Preparado para o ir e voltar.
O país, por esse tempo, vivia greves atrás de greves e, nesse dia,terminou a suspensão da emissão da Rádio Renascença. Lisboa assistiu a mais uma manifestação, do Rossio para S. Bento e daqui para a Estrela. Uma concentração, junto ao Hospital Militar Principal exigia o fim da guerra colonial. Milhares de estudantes do ensino secundário exigiam a revogação dos exames! O Partido Social-Democrata Independente (PSDI) apresentou o seu manifesto e  Mário Soares Ministro dos Negócios Estrangeiros), com Almeida Bruno e Jorge Campinos e José Neves, iniciaram a segunda ronda de negociações com a delegação da Guiné-Bissau - formada pelo comandante Pedro Pires, comissário José Araújo, comandantes Umaru Djaló e Lúcio Soares, Gil Fernandes e Júlio Soares.
A Junta de Salvação Nacional anunciou que os desertores e refractários amnistiados teriam de cumprir o serviço militar em condições iguais aos demais cidadãos.
Por Angola, Daniel Chipenda da 3ª. Região Militar do Leste e dirigente da Revolta do Leste, assinou, em nome do MPLA, um acordo de cooperação com a UNITA e a FNLA. Em Lusaca, Holden Roberto (presidente da FNLA) reuniu-se com os presidentes Kenneth Kaunda (Zâmbia) e Mobutu (Zaire) para debater a independência e futuro de Angola.
Foi neste cenário que fui, por cá, fazendo  as despedidas e recebendo incentivos e pedidos para escrever. 
«Escreve, pá!...», foi, na verdade, a sugestão mais repetida por aqueles e aquelas que, mais próximos ou mais distantes, eram gente da minha horta de amigos e de afectos. Faz hoje 39 anos, andava eu entre os 21 e os 22 (que faria em Novembro).

1 681 - Cavaleiros da 1917 encontraram-se em Elvas

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Os Cavaleiros da 1917 no Encontro de Elvas, a 25 de Maio de 2013

O Batalhão de Cavalaria 1917 esteve ontem reunido em Elvas, fazendo memórias e saudades dos seus tempos uíjanos. Jornadeou por Angola entre 17 de Maio de 1967 e 22 de Julho de 1969 - exactamente 5 anos antes da nossa chegada ao Quitexe.
A CCS e o comando do batalhão aquartelaram precisamente no Quitexe - onde também esteve o Pelotão de Morteiros 1064, do RI 12. Esteve a CCAV. 1705 na Fazenda Santa Isabel, a CCAV. 1706 em Zalala e a CCAV. 1707 em Aldeia Viçosa e Fazenda Liberato.
O cerimonial de Elvas incluiu o descerramento de uma lápide no Museu local, que foi visitado durante o encontro.
As fotos e vídeo do encontro podem ser vistos AQUI

1 682 - A viagem para Angola adiada por dois dias...

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Neto, Viegas e Monteiro no Quitexe (1974)


A 27 de Maio de 1974, aí pelas cinco horas da manhã, o SIMCA 1100 do pai do Neto chegou ao largo do cruzeiro, aqui na minha aldeia, para me buscar e nos levar a Santa Margarida, ao RC4, de onde partiríamos para Lisboa e, ao princípio da noite, voaríamos para Luanda, para Angola.
Ir-se-ia confirmar a nossa mobilização - publicada na Ordem de Serviço nº. 286, de 7 de Dezembro de 1973, do Centro de Instrução de Operações Especiais (o CIOE), em Lamego.
A mobilização vinha de trás, da Nota 47 000, de 17 de Novembro anterior, da Repartição do Serviço de Pessoal, da DSP/ME, que«nomeava para servir no ultramar, nos termos da alínea c) do artigo 20º., do Decreto-Lei nº. 49 107, de 7 de Julho de 1969», um vasto número de militares. Entre eles, e destinados ao BCAV. 8423, os 1º. cabos milicianos Monteiro, Viegas e  Neto (CCS). Esses mesmos, os da imagem de cima.
Lá fomos nós, país abaixo, por estradas bem piores que as de hoje, e a horas chegámos a Santa Margarida, onde fomos surpreendidos: afinal, a partida estava adiada por dias duas. Seria (e foi) a 29 de Maio. Muitos dos CCS´s (da partida da CCS se tratava) voltaram a casa (o Neto foi para Lisboa, salvo erro...) mas entendi eu por lá ficar os dois dias de espera, a serenar ideias e a cultivar leituras. Não quis repetir a despedida de minha mãe - que aqui ficara recém-viúva e com duas filhas recém-casadas, sozinha - em pouco mais de um ano sem o conforto e o afecto do marido e de três filhos, estes cada qual para o seu destino.
Foi há 39 anos, hoje se completam. O tempo passa, mas, estou certo, fosse eu ali perguntar-lhe se se lembrava desse dia e, do alto dos seus 92 anos, dir-me-ia ternamente que sim. Foi inesquecível para ambos! 

1 683 - Os últimos dias de Maio de 1975 em Carmona

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O quartel do Songo, em Dezembro de 2012. Anda se vê o escudo português. 
Foto de Carlos Ferreira


Os últimos dias de Maio de 1975, passando-se um ano sobre a nossa partida para Angola (amanhã se fazem 39!...),  eram, por Carmona, vividos em expectativa. E receios!
Já todas (ou quase todas) as capitais provinciais tinham sido palco de combates. Faltava Carmona - não iria demorar muito tempo, pesasse, embora, a diplomacia activa dos nossos comandos militares.
A situação de «calma fictícia» vinha de há semanas e na memória estavam os sucessivos incidentes entre a FNLA e o MPLA. Porém, ainda «permitindo manter-se um dia-a-dia mais ou menos estável, quebrado por um ou outro incidentes» - o que se registava desde Abril.
As NT, porém, leio no Livro da Unidade, «não esmorecendo, expondo os seus problemas, mas cumprindo, começaram a verificar-se desautorizadas e alvo de atropelos». Só, na verdade, «a coesão criada e disciplina vivida», foram, no terreno uíjano, «levando de vencida todas as situações».
Os comandos militares reuniam regularmente com as chefias dos movimentos emancipalistas e, ante o que passava, começaram a tomar medidas preventivas. 
«Disse-se ter-se feito, no mês anterior, uma remodelação de dispositivo que se admitiu como sendo a última, mas o galopar desenfreado dos acontecimentos leva a admitir a necessidade de, pelo menos, fazer vir a 1ª. CCAV. para Carmona, abandonando Songo e Cachalonde, porquanto se interpretam como desnecessários, senão inconvenientes tais guarnições militares», lê-se no Livro da Unidade. 
Ao Songo e Cachalonde tinha a companhia do capitão Castro Dias chegado a 24 de Abril, ida de Vista Alegre e Ponte do Dange. Os incidentes dos primeiros dias de Junho, em Carmona, precipitaram a rotação: começou a sair a 6 e, definitivamente, abandonou aquelas localidades a 12 de Junho de 1975.

1 684 - A noite de voar de Lisboa para Luanda, há 39 anos!!!

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Viegas à janela do quarto, nos primeiros dias do Quitexe (em cima). Avião dos 
TAM, igual (ou o mesmo) ao que nos transportou para Luanda, há 39 anos (em baixo)

Há 39 anos e em fim de uma tarde de muita chuva, mais ou menos por esta hora, viajávamos de Santa Margarida para Lisboa, até andámos em auto-estrada (verjam lá!!...), e chegámos ao aeroporto. Nunca eu na minha vida passara numa auto-estrada e muito menos estivera em Lisboa - cidade que, vista do avião, já no ar, me pareceu esplendorosa. Íamos para Angola, um mês e quatro dias depois do 25 de Abril.
Chovia, e chovia torrencialmente!!!, lá se fez o que se tinha a fazer no aeroporto, «despachámos» malas e entrámos no avião dos TAM. Outra estreia, o andar de avião, certamente para mais de 99% de nós, os futuros Cavaleiros do Norte do Quitexe. Lá fomos, sem sobressaltos, primeiro a descobrir Lisboa pelo ar; e a ver o Tejo e o mar, já noite fora. Depois, já pelas 11 horas de noite e a bordo do Boeing dos TAM, a rasgar as fronteiras da noite e do céu, até que tombámos de sono. Não tanto eu, sem qualquer medo de voar, mas ainda hoje mais para o acordado que dormitado, quando viajo de avião.
Umas duas horas depois, foi-nos dada a indicação de que o clarão que se via do chão, era Bissau  - a capital da Guiné. Acabei por passar pelas brasas, acordando já a ver o céu avermelhado de África, a expectar sobre Luanda e o que seria Angola. E lá chegámos!!! Com um calor enorme, que nos fez, rápidos, tirar o pesado blusão da farda nº. 2.  
Luanda recebeu-nos indiferente. Os nossos olhos, e a nossa alma, é que queriam descobrir tudo. Esperava-nos o Grafanil.
- TAM. Transportes Aéreos Militares. 
- BOEING. A partir de 1971, os TAM passaram a operar com dois Boeing 707-3 F5, substituindo os DC6 nas ligações de Lisboa para Bissau, Luanda e Lourenço Marques. Tinham 46,61 metros de comprimento, 44,42 de envergadura e 12.93 de altura. Transportavam entre 170 e 189 pessoas, mais tripulação (4), com 151 315 quilos de carga máxima. Atingiam a velocidade máxima de 1 050 kms./hora, ou 977 em cruzeiro. A autonomia era de 6 920 kms.(carregado) e 10 650 (leve).

1 685 - O dia, de há 39 anos, da chegada a Luanda!!!

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Baía de Luanda, à noite (em cima) e de dia, anos 1973/74. Fotos de Jorge Oliveira

Luanda, 30 de Maio de 1974! Arrumada a questão aeroportuária, e na espera do transporte para o Grafanil, a sede apertou para as primeiras cucas de Angola. Prevenido, ia munido de angolares (os escudos de Angola), providenciados no conterrâneo Valdemar, e não demorou a que saboreasse o seu prazer, num bar que se pespegou na frente e onde um velho sargento, de pasta debaixo do braço, se anunciava, discreto, a fazer câmbio ilegal, clandestino. Trocava escudos europeus por angolanos, com vastos lucros.
Os cheiros da terra angolana, o calor que nos abria os poros de suor, o passo acelerado para subir as berliets que nos levaram ao Grafanil, as ruas e avenidas largas e as gruas subindo ao alto dos prédios que se construíam às centenas e com andaimes que nos fugiam de vista, a multidão misturada de gente branca e gente negra, mulata, mestiça e de todas as cores, foram uma babel que nos encheu a alma e matou curiosidades. 
Aí estávamos nós, futuros Cavaleiros do Norte, na Angola de muitas promissões.
Os minutos do voo da chegada, tinham-nos mostrado, do ar, uma cidade gigante e rendilhada de estradas e largas avenidas, coqueiros enormes e sombras que se moviam - que eram, afinal, a gente boa daquela terra farta, que se fazia à vida, na hora madrugadora do dia que nascia: 30 de Maio de 1974. 
Ainda antes, do ar, o olhar refrescou-se sobre a baía, que se fazia de arco-íris, batida pelo sol avermelhado da madrugada angolana. Uma baía a descobrir-se mas a fugir-nos dos olhos, aos mesmo tempo, nas voltas do avião que se fazia à pista e nos roubava a magia e o feitiço desta terra cheia de luz e de espaços largos, para onde íamos em jornada militar. 
Bebidas as cucas, de rápidas goladas, e morta a sede, não demorou a que galgássemos a estrada para o gigante Grafanil, onde acomodámos bagagem e visámos «passaporte» para a cidade enorme. A noite foi de descobertas, olhando, aos pés, a baía vestida de águas mil cores e espelhada dos neons da baixa, soltas dos prédios altos e dos bares, dos restaurantes e da vida nocturna que saciava desejos da alma e da carne. 
Foi tempo de conhecer a Portugália, talvez já o Amazonas, o Paris Versailles, a Mutamba. E, de certo, o aroma da baía, que nos batia na face e deixava ouvir o rebentar da água nas raízes das palmeiras e na pedra e cimento que a separavam da grande avenida. Há 39 anos se viveram estas e outras emoções.  
- CUCA. Marca angolana de cerveja, tão universal que designava a bebida. 
Havia também, pelo menos, a Nocal e a Skol e, mais tarde, a Ngola. 
Ver AQUI

1 686 - O dia dois, da Luanda que não conhecíamos

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Cinema Miramar, em Luanda (ao ar livre). Aldeagas, Queirós, 
Cândido Pires e Mosteias numa esplanada, frente à baía
Há 39 anos, o dia de hoje também era sexta-feira, último dia de Maio, e, para nós, jovens Cavaleiros do Norte, tempo de descoberta da cidade imensa, que era Luanda  - que se nos oferecia de largas vistas, grávida de emoções e sensual, muito sensual, quente e generosa para os nossos desejos de sonho, de alma e de corpo!
A mala que daqui foi, com bagagem simples - mais as minhas cassetes com recordações de cá (para lá matar saudades), os meus livros e cadernos -, ficou à guarda no Grafanil e lá fui eu, de pressa nos sapatos, à procura de amigos para quem levava saudades, rojões e chouriços de cá. Feitas as entregas e apertados os abraços, lá fomos nós, cidade fora e já pela tarde adentro, espantando os olhos e a alma, a descobrir a urbe  enorme que se desenhava e se sentia, e vivia, e se apalpava na frente, dos lados e a empinar-se para o céu, no gigantismo dos prédios que por lá medravam como cogumelos.
O dia, vestido de sol e de calor que nos ensopava a roupa, correu depressa: a olhar  e sentir a baía, a baía imensa, a restinga, a ilha que se apontava mar adentro, a fortaleza pendurada lá de cima do morro, como se fosse um altar a beijar a cidade; o turbilhão de gente, gente de todas as cores e raças, que fazia bicha para os machimbombos. Com ordem, como se não tivessem pressa. Com respeito, como se estivessem na missa!! 
Eram também as esplanadas gigantes, plasmadas de gente a dessedentar-se na cerveja e descascando pequenos camarões que nos desassossegavam a gula, nos faziam sentar a beber e a olhar a baía e o mar, e os barcos que aportavam, e os aviões que se faziam a terra, ou ganhavam voo para novas rotas.
Luanda era um sítio de namorados, de mãos e ombros dados, e colos e corpos de cio que nos despertavam desejos e pecados. Era terra de meninos brancos brincando com negros e mães negras, de seios grandes e ao léu, a aleitarem as suas crianças, filhos d´amores torneados e pintados em cores de ébano. 
Há 39 anos, descobrimos um cinema ao ar livre, o Miramar, atirando-se sobre a baía, como que querendo namorar com ela. Aprendemos a conhecer uma Luanda crioula, que não parava do dia para a noite e com esta levedava prazeres alongados para a madrugada. Uma Luanda generosa, moderna e aberta, que nos pareceu definitivamente sedutora, como se tudo por lá fosse eterno, apetecível feliz e o paraíso!
Há 39 anos! 

1 687 - Cavaleiros do Norte em Santo Tirso

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Os Cavaleiros do Norte da CCS em Santo Tirso, a 2 de Junho de 2013 (foto de cima), fizeram-se acompanhar das suas amazonas (foto de baixo) 
Os Cavaleiros do Norte da CCS, do Quitexe, «aquartelaram» hoje em Santo Tirso. Bem dispostos e a partir as costas de abraços e mais abraços. Gente que veio de Bragança a Albufeira, precisamente no dia em que, há 38 anos, viveu o mais dramático, o mais trágico, o mais violento e difícil dia da jornada de África - o 1 de Junho de 1975.
Não era para lembrar isso, não era, mas veio a talho de memória evocar a valentia e generosidade dos jovens Cavaleiros do Norte, que não hesitaram em sair às ruas de Carmona, prontos para tudo e principalmente para salvar vidas. E salvaram centenas, salvaram milhares, salvaram muita gente, gente de todas a cores e credos, porque uma vida é igual a todas e quaisquer, seja lá qual for o seu berço, o seu continente, o seu chão, seja quem for.
Há histórias para contar, deste dia de Santo Tirso!
NOTA: CLICAR NA IMAGEM 
PARA A REDUZIR (A DE CIMA)
OU AMPLIAR (A DE BAIXO)

1 688 - Os Cavaleiros do Norte que desta vida já partiram...

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O padre João Pedro celebrou a missa e falou dos novos combates da sociedade portuguesa, Sem armas, mas com a alma e o coração. O (ex-alferes) Cruz fez uma das leituras e lembrou o Mosteias, falecido a a 5 de Fevereiro). O (ex-furriel) Machado) evocou todos os que sabemos que desta vida já partiram



Ainda não eram dez horas da manhã e já se "bradava às armas", no adro enorme do mosteiro de S. Bento, em Santo Tirso, chamando-se por quem chegava e procurava sombras no parque. 
O Gasolinas já passara, meio disfarçado, com a mulher «pendurada» no braço. Chegaram o Neto e o Viegas, este com a sua «amazona». E logo o Machado, com a dele e carregado de DVD´s para cada um do Cavaleiros do Norte. Logo fomos ver o sítio do repasto, numa «varanda» da escola agrícola, a espreitar o Ave - onde o Cruz (o ex-alferes miliciano) ultimava pormenores. Magnífico espaço!!
A celebração eucarística (a primeira de todos os encontros dos Cavaleiros do Norte) foi no histórico Mosteiro de S. Bento, presidida pelo jovem padre João Pedro (foto ao lado) - que fez homilia a preceito, brilhante, emotiva e mensageira das novas realidades da sociedade portuguesa. 
«Os combates de agora não são com armas, são outros, mas Portugal precisa de vós e conta com a vossa generosidade e partilha», disse o sacerdote, que é coadjuntor do titular da Paróquia do convento e se ordenou depois de uma licenciatura em medicina.
A cerimónia teve magnífico acompanhamento do Coro de Santiago de Areias e foi partilhada com outros antigos combatentes - os do BCAÇ. 3396, que operou em Moçambique, também em convívio em terras de Santo Tirso -, e coube ao (ex-alferes miliciano) Cruz (foto principal e à direita, em baixo) uma das leituras da celebração, na qual evocou o Mosteias, falecido a 5 de Fevereiro deste ano. 
O (ex-furriel) Machado (foto de baixo, à esquerda), em tempo próprio da celebração, pediu a benção e o amor de Deus para os 18 antigos Cavaleiros do Norte (da CCS) de quem sabemos a sua partida terrena.
Aqui deixamos o seus nomes, ontem recordados com emoção e saudade:
- Carlos José Saraiva de Lima Almeida e Brito. Tenente-coronel e comandante do Batalhão. Morte por doença súbita, em Espanha. A 20 de Junho de 2003. Aos 78 anos, de Lisboa.
- José Luís Jordão de Ornelas Monteiro. Major e 2º. Comandante. Não seguiu para Angola (MFA). A 17/072011. Aos 80 anos, em Lisboa.
 - António Martins de Oliveira. Capitão e comandante da CCS. Data desconhecida, em Ovar.
- José Eloy Borges da Cunha Mora. Tenente e Adjunto do Comandante da CCS. A 24 de Abril de 1993. Aos 67 anos, em Lisboa, era do Pombal.
 - António Manuel Garcia. Alferes miliciano de Operações Especiais. Faleceu a 2 de Novembro de 1979, num acidente de viação. Aos 27 anos, de Carrazeda de Ansiães.
- Luís Ferreira Leite Machado. Sargento Ajudante. A 12/07/2000. Aos 80 anos, em Évora.
- Joaquim Augusto Loio Farinhas. Furriel miliciano sapador. A 14 de Julho de 2005, de doença do foro oncológico. Aos 53 anos, em Amarante.
 - Luís João Ramalho Mosteias. Furriel miliciano sapador. Doença oncológica, a 5 de Fevereiro de 2013. Aos 61 anos, em Vila Nova de Santo André.
- Joaquim Figueiredo de Almeida. 1º. cabo atirador de cavalaria. A 28 de Fevereiro de 2009, de doença do foro oncológico. Aos 57 anos, em Penamacor.
- António Carlos Fernandes de Medeiros, 1º. cabo operador cripto. A 10 de Abril de 2003, por doença. Aos 51 anos, no Porto.
 - Jorge Luís Domingos Vicente. 1º. cabo atirador de cavalaria. A 21/01/1997, por doença. Aos 45 anos, em Vila Moreira (Alcanena).
- Carlos Alberto de Jesus Mendes. 1º. cabo mecânico electricista. A 21/04/2010. Aos 58 anos, em Lisboa.
- Alcino Fernandes Pereira. 1º. cabo cozinheiro. A 25/06/1984. Aos 32 anos, em Idanha (Sintra).
 - José Adriano Nunes Louro. 1º. cabo sapador, a 3/7/2008. Aos 56 anos, em Tomar.
- Manuel Augusto da Silva Marques, 1º. cabo carpinteiro. A 1/11/2012, de doença súbita, aos 60 anos, em Esmoriz (Ovar).
 - José Gomes Coelho. Soldado sapador, a  13 de Maio de 2007, por doença. Aos 55 anos, em Penafiel.
 - Manuel Leal da Silva. Soldado atirador de cavalaria, a 18 de  Junho de 2007, de doença súbita. Aos 55 anos.
 - Armando Domingues Gomes. Soldado atirador de cavalaria. A 3 de Setembro de 1989, aos 47 anos.
- CLICAR na imagem de cima, para a reduzir.

1 689 - Foram chegando, chegando, chegando...

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Serra e Vicente, dois condutores do Quitexe, com o estandarte do BCAV. 8423 (em cima), frente ao Mosteiro de S. Bento, em Santo Tirso. Monteiro, Afonso Henriques, Amaral e Serra (em baixo)

Viegas, Miguel Ferreira e Neto (em cima), Aurélio 
Júnior (Barbeiro), Afonso Henriques e José Gomes, condutor (em baixo)


Machado e Morais (em cima) e as amazonas Pires, Viegas, Cruz (furriel)
 e Dias (em baixo). Muitas delas já não se dispensam destes encontros da cavalaria 8423
Os Cavaleiros do Norte foram chegando a Santo Tirso, de todos os lados do rectângulo que dá forma física a Portugal. O (furriel) Pires das transmissões, mai-la sua Dulcínia, veio de Bragança, mas já viajara de véspera e ficara no Porto, depois de janta pelo noite dentro, lá por Espinho. O Almeida, alferes miliciano de reabastecimentos e oficial de justiça, galgou quilómetros atrás de quilómetros, desde Albufeira - onde arquitecta, empresaria e é cônsul de Marrocos -, e pernoitou na sua Oliveira de Azeméis natal. O (furriel) Morais fez-se à estrada na madrugada alentejana, desde Elvas. Foram chegando, uns de mais longe, outros de mais perto, mas todos cheiínhos de pressa, de saudade e de emoção para caldear nos abraços, apertados e fortes - não sem, ali e acolá, uma lágrimazita, de um e outros, a escorrer cara abaixo.  
E então fulano vem? E cicrano não vem? Ei, pá..., beltrano está doente e o «coiso» tem hoje um casamento. Vem o capitão Luz? Vem, sim senhor! E o?, o?, o?, o?!!!... Toda a gente queria saber de alguém, de algum companheiro com quem partilhou dias e dúvidas, emoções e saudades no chão uíjano da nossa jornada africana. Duas notas menos felizes, que foram passando de boca em boca: o falecimento do Mosteias (a 5 de Fevereiro deste ano) e o internamento do Gaiteiro, com problemas de saúde que o tem arrastado pelos hospitais. E uma outra: alguns companheiros que, por dificuldades da vida, não puderam estar. Foram lembrados em Santo Tirso!

1 690 - Os Cavaleiros do Norte «acamparam» em Santo Tirso...

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Cavaleiros e amazonas no pátio do Convento de S. bento, em Santo Tirso - logo depois da missa e antes do pré-almoço. Ou aperitivos, chamemos-lhe assim - em cima, pendurados na monumental fonte. Clicar na foto, para a reduzir. Em baixo, José Alberto Almeida (alferes miliciano de reabastecimentos e oficial de justiça), Davide Castro Dias (capitão miliciano e comandante dos Cavaleiros de Zalala) e Acácio Luz (então tenente da secretaria, agora capitão aposentado).


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Francisco Dias, o furriel da alimentação; Miguel Teixeira, o 1º. cabo da secretaria; Norberto Morais, o furriel mecânico; e António Albano Cruz - o alferes mecânico, agora engenheiro aposentado - foto de cima. Em baixo, António José Cruz, o furriel mecânico rádio-montador, com outro rádio-monrador, o (1º. cabo) Rodolfo Tomaz. Atrás, o Dias, a careca do Barbeiro e o Manuel Machado, que por lá furrielou como mecânico de armamento


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José António Caetano, o clarim; e Porfírio Malheiro, o benjamim do BCAV. 8423. Era 1º. cabo de manutenção de material e tinha a jovem idade de... 18 anos. Foi, agora, ajudante de campo de António Albano Cruz. Atrás, dr. Albino Capela - ao tempo, o sacerdote da Missão do Quitexe.  Em baixo, Manuel Machado a ler a lista de Cavaleiros do Norte já falecidos, durante a missa celebrada pelo padre João Pedro.  

1 691 - Recordações e emoções em terras de Santo Tirso

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Os Cavaleiros do Norte «abancaram» num terraço natural da Escola Agrícola de Santo Tirso, com vista  sobre o rio Ave (em cima). O Machado entregou ao  Almeida a primeira recordação da tarde (em baixo)


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O Afonso Henriques apareceu com a esposa (foto), o filho, a nora e o neto. 
Margarida Cruz (em baixo) entregou recordação a Albino Capela, o «nosso civil» do Quitexe

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Porfírio Malheiro entregou recordação a Castro Dias, 
o (capitão) comandante de Zalala (em cima), com (o alferes) Cruz


Os Cavaleiros abancaram no pátio interior da Escola de Agricultura, «vizinha» do tirsense Mosteiro de S. Bento, a preparar os estômagos para o almoço e logo passaram ao «restaurante» de ar livre e puro, com vistas directas sobre o rio Ave - que passava lá ao fundo (foto), banhado de águas limpas, com campos cultivados pela escola e paisagem deslumbrante a engravidar os olhos e a alma.
O almoço, bem opíparo e de serviço repetido, consolou definitivamente os estômagos e libertou as almas cavaleiras que se juntaram em Santo Tirso. 
António Albano Cruz, o oficial de dia, libertou o verbo, para, em nome dele, do Machado e do Malheiro, dar conta da «satisfação com que vos recebemos neste bonito local» - que vai ser proposto a património da humanidade. O Mosteiro de S. Bento, a Escola de Agricultura!
Receber, sublinhou, para «reviver aqueles inesquecíveis tempos que passámos em Angola». 
António Albano Cruz vincou «a solidariedade e amizade que se gerou entre nós, numa situação adversa, a que o nosso patriotismo não disse não» e que, sublinhou, nascida da «nossa juventude e dos nossos sonhos, deu nesta solidariedade e amizade que, estou certo, se prolongará por muitos anos».
Empolgado, diria até que com um nozinho a apertar-lhe a garganta, o «nosso oficial de dia» foi categórico, na continência ao futuro: «Os dois últimos de nós, quando se reunirem mais uma vez, recordar-nos-ão com a mesma paixão com que hoje convivemos e recordamos aqueles que já nos deixaram».
Houve recordações:
Ao José Alberto Almeida, o cavaleiro que «mais andou para cá chegar», desde o Algarve. «Há que felicitá-lo...», disse António Albano Cruz.
Aos mais representados: o Miguel Ferreira, de Gondomar, que apareceu pela primeira vez, com dois filhos - um deles já engenheiro. E o Afonso Henriques, de Mortágua, com esposa, filho, nora e neto.
Ao (agora) capitão Acácio Luz, «o cavaleiro veterano com mais batalhas vencidas e que tão boas recordações nos deixou de Angola», sempre acompanhado nestes encontros (pela sua «mais que tudo» de sempre) e sempre «com um entusiasmo que invejamos».
Albino Capela, missionário católico no Quitexe e «o civil que nunca deixou de estar connosco e sempre nos acompanhou nestes encontros». Agora promovido, em ordem oficial, a Cavaleiro do Norte, «como sempre foi».
A Castro Dias, comandante da 1ª. CCAV. 8423, a de Zalala, nele «recordando todas as três companhias operacionais». 
Palmas, fartos sorrisos e gargalhadas soltas, emoções vivas e muitos afectos, de tudo se viu e sentiu no arraial festivo de Santo Tirso. Durante e depois dos momentos de fala de António Albano Cruz. Amanhã, falaremos de outros mais.

1 692 - As Cavaleiras do Norte não foram esquecidas...

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Os campos da Escola Superior Agrícola de Santo Tirso, que se viam do espaço do almoço (em cima). Homenagem às Amazonas do Norte, com o (alferes) Cruz a entregar lembrança à «cavaleira» Viegas

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Alfredo Coelho (Buraquinho) e os casais Moreira e Eira, no pátio tirsense, a preparar estômagos 
para o almoço (em cima). Amazona Rodolfo Tomás, Joaquim Celestino e José Gomes (em baixo) 


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Viegas (furriel) e (o alferes) Almeida, adjunto e oficial de justiça dos Cavaleiros 
do Norte (em cima). Rodrigues, Famalicão, Castro Dias e Queirós, quarteto de Zalala 


Santo Tirso recebeu os Cavaleiros do Norte em trajes de festa e António Albano Cruz, o "nosso oficial de dia" de serviço, e anfitrião, puxou dos seus melhores galões organizativos para esmerar a recepção e empolgar os ânimos festivos da rapaziada. Nada faltou, mesmo nada..., nem lembrar «as cavaleiras do norte, as presentes e as ausentes»
«Sem elas - disse o «nosso alferes» Cruz, de olhar imensamente feliz e com visível emoção, sem elas «não venceríamos nem venceremos muitas batalhas». E acrescentou, ainda mais emocionado, que «é uma alegria ver como quase todos nós estamos aqui tão bem acompanhados». 
«Outra coisa não merecíamos!!!», disse o "oficial de dia" a Santo Tirso, gesticulando entusiasmadoe com novidades no bornal. Bem o disse e bem o fez, chamando a «amazona» Hermínia Viegas para «receber um prenda, em nome de todas as nossas cavaleiras». Dito e feito, com palmas a «chover» na tarde quitexna de Santo Tirso.
Antes, a abrir a «parada» de palavras e votos, António Albano Cruz falara dos Cavaleiros do Norte que, por uma razão ou outra, não puderam estar: o capitão médico Leal, o Raúl Caixaria, o Frangãos (o Cuba), o Esgueira, o 1º. sargento Barata, o Damião Viana, a filha do alferes Garcia, o Pinto. A que acrescento, de via pessoal, o Soares, o Madaleno, o Cabrita, o Caixaria, o Pagaimo, o Luciano (em viagem por Itália) e o Breda, o Emanuel (nos Estados Unidos, o Dionísio (na Suíça), o Hipólito (em França), o Picote, o Canhoto, o Calçada... Gente da jornada africana do Uíge que, neste reportar de saudades, aqui deixamos em memória para o (nosso) futuro mais próximo.

1 693 - Um blogue, um prato e o 1 de Junho de 1975

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O grupo de Cavaleiros do Norte e respectivas Amazonas, a 1 de Junho de 2013, em Santo Tirso. A homenagem ao blogue (em baixo). O (alferes) Cruz mostrando o prato, com a legenda «Ao Celestino Viegas - A nossa homenagem e agradecimento pelo blogue» (a primeira), e a frente do prato (a segunda), numa montagem, com a imagem e a capa do livro «História da Unidade»



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O Viegas agradeceu a homenagem e, citando o blogue, fez a memória do dramático e trágico dia 1 de Junho de 1975. Faziam-e 38 anos, precisamente nesse dia (em cima). Em baixo, um jeep das campanhas de África a ser observado pelo Zambujo 


A 1 de Junho de 2013, faziam-se 38 anos sobre o mais dramático, o mais trágico, o mais difícil e mais delicado dia da nossa jornada angolana do Uíge. 
A cidade de Carmona acordou ao som de bombardeamentos, rebentamento de granadas e morteiros, rajadas e tudo o mais que fez sangue e espalhou mortes e lutos na capital da província a norte de Angola. «Foi o nosso dia mais dramático!!! Todos nós, uns mais que outros, sentimos medos, mas não recuámos! Não foi o som e o efeito da metralha que nos evitou cumprir o nosso  dever e salvar muitas vidas, muitas vidas de civis...», disse o Viegas.
O (alferes) Cruz acabara de o citar o (o Viegas) como «o Cavaleiro mais Cavaleiro do Norte, de entre todos nós» e apontar «uma homenagem, muito especial» a este companheiro da jornada angolana, «pela paixão, dedicação e empenho com que  mantém viva a nossa  memória, com o rigor que sabemos», editando o blogue.  
O Viegas, apanhado de surpresa na praça de emoções em que decorria o encontro de Santo Tirso, reagiu em pausadas palavras e com a memória de 1 de Junho de 1975. «Foi o nosso dia mais dramático, felizmente sem feridos e sem mortos na nossa guarnição», disse ele, depois do receber o prato evocativo das mãos do (alferes) Cruz.
O povo cavaleiro do norte aplaudiu e muitos de nós, por momentos, quase se sentiram no recuado 1 de Junho de 1975. 
-NOTA: Clicar nas imagens, para as reduzir (a 
primeira) ou ampliar (as restantes).
 

1 694 - Vejo-me como um dos rapazes do Quitexe!

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O Aurélio (Barbeiro) com o estandarte do BCAV. 8423, na entrada do Mosteiro de S. Bento (em cima), e aspecto da missa celebrada pelo padre João Pedro (em baixo), no Encontro de Santo Tirso 2013


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O Machado, ladeado pelo Monteiro, Viegas,  Malheiro e Miguel Teixeira, falou do «orgulho e da honra de termos sido militares do BCAV. 8423» (em cima). O capitão Luz , na intervenção final: «Gosto de estar convosco!!!»


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António Albano Cruz e o casal Maria Violtina e Acácio Luz no corte do bolo do Encontro 2013


Festa sem bolo, não é festa!!!  Assim como encontro dos «CCS´s» dos Cavaleiros do Norte não o é, se faltar o fatiar da doçaria. A amazona Maria Violtina (de Acácio Luz), a mãos com o (alferes) Cruz, cortou o bolo e não faltou o espumante para enxugar os fatiados que chegaram aos estômagos, ao final da tarde de 1 de Junho.
O Machado, minutos antes, interviera na hora das«falações», citando«a emoção e a honra» de todos termos pertencido aos BCAV. 8423. «Todos nós - enfatizou o Machado, que para o encontro preparou um power-point -, todos nós devemos ter orgulho e repeti-lo todos os anos, pois temos boas razões para isso». 
«Não podemos desperdiçar estas oportunidades, as de reviver os nossos tempos de Angola, tempos de jovens e generosos combatentes», concluiu o Machado, fazendo, com as mãos, o gesto do maestro que dirige uma banda 
O nosso «mais velho» - o «nosso» tenente Luz!!! - encerrou a sessão de orações. «Gosto de estar convosco. Rejuvenesce-me estar nestes encontros, gosto destes convívios - que apertam mais os nossos laços de amizade, o nosso laço de cristãos. Gosto de estar!!!», disse o agora capitão Luz, do alto dos seus 84 bem conservados anos e frisando que «não me escapam as vossas caras, estou a vê-las, lá no Quitexe, embora me escapem alguns nomes».
«Eu vejo-me como um dos rapazes do Quitexe!» concluiu Acácio Luz, aplaudido e abraçado pelos agora «sexiiiigenários» Cavaleiros do Norte. 

1 695 - Nomes lembrados da jornada angolana...

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Alfredo Coelho (Buraquinho), Miguel Teixeira e Moreira (enfermeiro), em cima. 
Monteiro, Domingos  (estofador) e Viegas (em baixo), a 1 de Junho de 2013, em Santo Tirso

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Abílio Duarte e esposa (em cima), José Pires (Bragança)  e Nelson Rocha, com o filho (em baixo)


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José Gomes (enfermeiro) e José A. Gomes (condutor, de quico), Vicente Alves (camisa azul), António José Cruz (verde), Delfim Serra (bigode) e João Monteiro (Gasolinas)

O comandante Almeida e Brito foi lembrado no Encontro de Santo Tirso. «Deu-nos o exemplo. Foi uma referência!», disse o capitão Luz. Acrescentou que «não era perfeito», pois «ninguém é», mas sublinhou-lhe «as virtudes militares», que «vivia intensamente e queria passar e exigia dos seus homens».
O Viegas, antes, quando se referira ao 1 de Junho de 1975, lembrara o que «hoje reconhecemos com a lucidez que não tínhamos ao tempo», citando «a sorte de, nesse dia trágico, e seguintes, termos um comando competente, corajoso e não hesitante». E o Machado também frisara «a confiança que todos sentimos» sob o seu comando.
Outros militares lembrados foram o capitão Oliveira, que comandou a CCS, e os «seus rigores do RDM e das NEP´s», por vezes exagerados - digo eu. O capitão Falcão, que foi «determinado, competente  e seguro» e vive momento de saúde menos bom.  E o tenente Mora, o adjunto do comandante da CCS, que «era milimétrico nas suas coisas», disse o capitão Luz, e até na medição dos calções do pessoal ou, mas prosaicamente, na exigência da palada, do  clássico cumprimento militar. Por alguma razão, entre nós o chamávamos de tenente Palinhas.
- ALMEIDA E BRITO. Carlos José Saraiva de Lima Almeida e Brito. tenente coronel e comandante do BCAV. 8423. Foi, depois, entre outros cargos, 2º. comandante da Região Militar do Centro (Coimbra), comandante da Região Militar Sul (Évora) e 2º. comandante geral da GNR, atingindo oposto de general. Faleceu, de doença súbita, a 20 de Junho de 2003, aos 76 anos.
- OLIVEIRA. António Martins de Oliveira, comandante da CCS. Atingiu a patente de major e dirigiu o DRM de Aveiro.
- FALCÃO. José Paulo Montenegro Mendonça Falcão, capitão e oficial de operações. É tenente coronel aposentado e reside em Coimbra.
- MORA. João Eloy Borges da Cunha e Mora, tenente e adjunto do comandante da CCS. Faleceu a 21 de Abril de 1993, aos 67 anos.



1 696 - Cavaleiros de Santa Isabel em Arganil

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Os Cavaleiros de Santa Isabel reunidos em Arganil, a 8 de Junho de 
2013 (em cima), e aspecto do almoço de convívio, organizado pelo (furriel) Cardoso. Clicar nas imagens, para as ampliar ou reduzir

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Deus, o (capitão) José Paulo Fernandes e (furriel) Cardoso no corte do 
bolo (em cima). O Mendes animou o dia, com o acordeon, sob o olhar do Friezas

Os Cavaleiros do Norte de Santa Isabel estiveram reunidos em Arganil com «mordomia» exímia do (furriel) João Cardoso, que se esmerou e caprichou e foi anfitrião ao nível (superado) de um bom encontro de saudades e de emoções. A 8 de Junho de 2013!! Grave-se a data!
O dia, bem chuvoso, não ajudou. É verdade que não ajudou!!! Mas não diminuiu o entusiasmo fraterno e contagiante dos «cavaleiros» que, por Santa Isabel e mais tarde pelo Quitexe e Carmona - jornadearan pelo chão do Uíge angolano, liderados pelo capitão miliciano José Paulo Fernandes, fazendo parte do Batalhão de Cavalaria 8423 - os Cavaleiros do Norte.
Os últimos foram em Santa Isabel, aonde chegaram a 11 de Junho e de onde saíram a 10 de Dezembro de 1974. Para o Quitexe, onde aquartelaram com a CCS!! E aqui foram, também, a última guarnição portuguesa, de onde saíram a 8 de Julho de 1975, quando rodaram para Carmona.
O dia foi de festa e feliz! E emotivo! 
A chuva não impediu a visita ao Museu das Forças Armadas, instalado na antiga Casa dos Cantoneiros e que é uma amostra real do que foram (e são) as Forças Armadas Portuguesas. Um tema mesmo a condizer com o grupo santasisabeliano - que, a rigor, apreciou, por exemplo, a asa do helicóptero Alouet «pregada» na parede, ou a ancora da corveta e o material e equipamentos militares ali expostos, até da GNR.
Não deu (o mau tempo) para ir ao santuário de Nossa Senhora do Monte, pérola da fé e do turismo local, mas aconchegaram-se as almas e os estômagos no restaurante MontAlto - que, expressamente para os Cavaleiros do Norte, «abriu» pela última vez.
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