Quantcast
Channel: CAVALEIROS DO NORTE / BCAV. 8423!
Viewing all 4156 articles
Browse latest View live

1 946 - Os dias das vésperas de ir para Carmona

$
0
0
Pais, Viegas e Emanuel no bar do Rocha,
 a mariscar e a cervejar. Bons tempos!

Os dias deste tempo de Fevereiro de 75 iam passando, e nós a riscá-los do calendário, expectando-se o que seria a nossa vida na cidade. Para onde iríamos a 2 de Março seguinte. 
Não era despiciendo, tal ponderar. A maioria de nós era rural, sem hábitos urbanos, como seria? Não seria nada de especial, como se veio a ver.
Por estes dias de há 39 anos, já muitos de nós acomodávamos as malas e, nas fugidas à cidade,  procurávamos conhecer o BC12. Por lá já passarinháramos antes, em desenfianços mais ou menos «legais», procurando os prazeres do corpo e da alma. Ir para a cidade, seria bom! E era mais um passo na viagem do regresso a Portugal e às nossas casas.
Pelo Quitexe, como se vê na imagem, passavam-se bons dias, abancando ora no Pacheco, ora no Topete, ora no Rocha. Vida boa, sem preocupações operacionais e riscando dias do calendário. 
Por este mesma altura, em Luanda, FNLA e UNITA, curiosamente, lançaram um apelo à Facção Chipenda, no sentido de «abandonar a sua existência como grupo armado, para se integrar num dos três movimentos». O outro era o MPLA, de que Daniel Chipenda era dissidente. 
Na mesma data, os mesmos FNLA e UNITA, em comunicado conjunto, exigiam a demissão do governador de Moçâmedes, acusando-o de «demasiado parcialismo, a favor do MPLA, em detrimento dos outros movimentos de libertação», para além de «incapacidade manifestada para manter a ordem a paz na área do distrito».
- PAIS. António Lourenço Correia Pais, 1º. cabo radiomontador. 
Empresário do sector eléctrico, mora em Viseu, de onde é natural.
- EMANUEL. Emanuel Miranda dos Santos, 1º. cabo escriturário, 
da Gafanha da Encarnação (Ílhavo). Está emigrado nos estados Unidos.

1 947 - Final da recruta e Chipenda na FNLA

$
0
0
Letras (2ª. CCAV.), Louro e Vitor Costa (1ª) e Brejo (2ª.) no bar de sargentos do RC4, há 
40 anos, tempo de recruta dos Cavaleiros do Norte. Em baixo, por onde andámos na semana de campo

Há 40 anos, hoje se completam, terminaram os exercícios finais da Escola de Recrutas do Batalhão de Cavalaria 8423. Vejam lá como tempo voa! Éramos jovens, saudáveis, esperançosos e somos sexigenários, com as dores e impertinências da idade e com alguns de nós já idos para o além! A Escola de Recrutas dividiu-se entre o Destacamento do RC4, onde se aquartelavam os praças, e a Mata do Soares, galgando-se pelas fronteiras de Malpique, Portela  e Vale do Mestre, S. Miguel de Rio Torto (já de Abrantes). Por lá andámos e por lá ajudámos a formar os jovens mancebos que, como nós, já esavam mobilizados para Angola.
O Batalhão de Cavalaria 8423 «completou, deste modo, a primeira parte da sua instrução, a chamada instrução operacional», lê-se no Livro da Unidade.
Um ano depois, já nós aquartelávamos no Quitexe, em vésperas da mudança para Carmona, Daniel Chipenda anunciou em Kinshasa que os homens da sua Facção se iriam agrupar na FNLA. Seriam 3000, armados, que continuavam sob ordens dos seus oficiais, masn passavam, todavia, a estar «sob o alto-comando do Estado-Maior General da FNLA».
O MPLA (que oficialmente tinha expulso Chipenda) reagiu com um comunicado, dando conta que «renderam-se ao Estado Maior da Frente Leste, no passado dia 16, os comandantes Luehele, Katchukuchucu, Ácido e Muhongo Nabanca, que até sta data se encontravam integrados nas tropas imperialistas de Daniel Chipenda»
As rendições teriam ocorrido na área de Cazombo e sucediam-se, dizia o comunicado do MPLA, às de outros comandantes da Facção Chipenda: Mafuta, Cow-Boy, Pela Virianga e Bala Direita (em Janeiro).

1 948 - Cavaleiros do Norte em Carmona ou em Luanda?

$
0
0
Alferes Ribeiro, Garcia e Almeida, em frente à Igreja do Quietexe. À esquerda, a caserna do PELREC, seguida da dos sapadores. Do mesmo lado, a sede do Batalhão (edifício branco).À direita, a xitaca e a cobertura de parte da Casa dos Furriéis. Em baixo, o Tomás à saída de Carmona para o Quitexe




Os dias de Fevereiro de 1975 caminhavam para o fim, já íamos a 23 e nada de se saber notícias rigorosas sobre a nossa saída do Quitexe. Ao tempo, aliás - vale a pena lembrar... -, nem certeza havia sobre a nossa ida para Carmona e para o BC12. O Batalhão de Cavalaria 8423, na verdade, era «pretendido pela RMA e solicitado pela ZMN», pelo que, e cito o Livro da Unidade, «manteve-se a expectativa de vir a ter responsabilidades de actuação em Luanda ou em Carmona».
Eram os «nossos" alferes Garcia (principalmente), Ribeiro e Almeida quem nos iam contando algumas novidades sobre este «vai-não-vai», para aqui ou ali. 
O 23 de Fevereiro de 1975 era domingo, como hoje, e, para mim, dia de chegada de jornais de Águeda. Ia o Tomaz a Carmona, ao SPM, lá vinha o correio e, depois de passar pela secretaria do Comando, era distribuído ao pessoal. As noticias de Águeda não eram simpáticas: a FRIPORTUS, a primeira empresa portuguesa a fabricar frigoríficos, paralisava e 80 operários estavam sem salários. Foram, para a estrada (a EN1, mesmo em frente) e, com cartazes, pediam apoio aos automobilistas. Não tinham recebido o mês de Janeiro.
Eram empresários e trabalhadores nossos conhecidos (meus e do Francisco Neto) e lembro que o caso foi tema de farta conversa no bar e messe de sargentos, da situação se presumindo coisas menos boas para o futuro próximo do país. Um ano, quase, depois de Abril, entre as dúvidas de Angola e as notícias de Portugal, dividiam-se as esperanças no melhor que todos queríamos, para todos!

1 949 - Fazendas, povos e mortos em Angola

$
0
0
Alferes Carlos Silva e Jaime Ribeiro, capitão José Paulo Fernandes, comandante Almeida e Brito, dois civis e o alferes Rodrigues, em Santa Isabel, fazenda onde se aquartelava a 3ª. CCAV. 8423)




Há 40 anos, estávamos em Fevereiro de 1974 e os praças e quadros milicianos dos futuros Cavaleiros do Norte entraram de férias, depois da Escola de Recrutas e antes da chegada dos especialistas - que se começaram a apresentar a partir de 4 de Março. Isto, a partir do Regimento de Cavalaria nº. 4, em Santa Margarida.
Um ano depois, no Uíge,  faziam-se «muitas visitas a fazendas e povos», o que, lê-se no Livro da Unidade, «levava a percorrer a rede estradal à nossa responsabilidade, com elevada frequência». A imagem é de uma dessas viagens - embora de data anterior a Dezembro de 1974. Foi-nos enviada pelo 1º. sargento Louro, filho do malogrado José Adriano Louro (1º. cabo sapador, já falecido, a 23 de Julho de 2008).
Angola, entretanto e por esse tempo de 1975, «fervia» em sangue e um garrafal título do Diário de Lisboa (foto), de faz hoje precisamente 39 anos, dava conta de «mais mortos em Angola». O despacho era da véspera, do seu correspondente em Luanda, e falava de incidentes em Salazar (N´Datalando), onde o MPLA atacou a delegação da FNLA, aos gritos «abaixo a FNLA imperialista», e disparou sobre os seus membros, fazendo dois mortos civis - um negro e um branco -, para além de vários feridos. Em Nova Lisboa, combates entre MPLA e elementos da Facção Chipenda fizeram um morto.
Agostinho Neto, em Luanda, considerava que a Facção Chipenda (agora integrada na FNLA), por ele rotulada de«forças imperialistas», afinal, «não eram o resultado de uma revolta, e muito menos constitui uma dissidência no seio do MPLA», mas tão só «um corpo estranho, imposto pelo imperialismo, no seio do movimento, para criar confusão política e praticar actos de diversão militar».
«O pedido de protecção à FNLA vem confirmar e clarificar a actuação deste agente imperialista, no seio e contra o MPLA», disse Agostinho Neto
O porto de Luanda estava em greve. Os trabalhadores tinham apresentado um caderno reivindicativo, a 21 de Janeiro e expectava-se, há 39 anos, um acordo entre o Governo de Transição e os sindicatos.

1 950 - Reuniões na Zona Militar Norte...

$
0
0

A Homens de Zalala, em momento de boa disposição.
Foto enviada pelo Idalmiro Vargas, o Açoreano

A 25 de Fevereiro de 1975, foi o comandante Almeida e Brito de novo a Carmona, reunindo no comando da ZMN, para «ultimar aspectos da rendição do BC12». Sabemos isso agora, não ao tempo. Em tempo real! A mesma razão já lá o levara a 19 e 20, depois a 26, 27 e 28 do mesmo mês.
Um ano antes, em Lisboa, reuniu a Comissão Coordenadora do Movimento das Forças Armadas, em casa de Otelo saraiva de Carvalho, com os majores Melo Antunes e José Maria de Azevedo, capitães Vasco Lourenço, Sousa e Castro, Rui Rodrigues. Salgueiro Maia, Heitor Alves, Trigo (CIOE), Silva Ponto, Bação Lemos e Avelar de Sousa (todos pára-quedistas), Balacó e Seabra (ambos da Força Aérea) e Ruivo de Oliveira, mais o tenente-coronel Costa Braz.
O objectivo, sabe-se agora, era analisar documentos da Comissão de Redacção, decidindo-se «auscultar os oficiais envolvidos no movimento» sobre as principais questões.
- FOTO. Alguém pode ajudar a 
identificar os Cavaleiros do 
Norte de Zalala que estão na foto?

1 951 - O dia em que soubemos que íamos para o Quitexe

$
0
0
O BC12, em Carmona, visto do lado do Songo.
O comandante Almeida e Brito (em baixo)


O dia 26 de Fevereiro de 1975, há precisamente 39 anos!, foi o dia, o dia preciso em que soubemos que íamos para Carmona, para a cidade, para o BC12. Foi um alívio e uma decepção! Por um lado, era mais uma etapa da nossa jornada africana: íamos sair do Quitexe! Por outro, Luanda era o destino mais desejado por alguns de nós. Estava mais perto de Lisboa e de nossas casas!    
A notícia chegou de chofre, levada ao PELREC pelo alferes Garcia:«Sempre vamos para Carmona», contou ele, chamando-me de lado, e ao Neto.«No dia 2!...», acrescentou. Dia 2 de Março, entenda-se. dali a 4 dias! 
O BC12 estava em extinção e era preciso ocupá-lo e continuar a garantir a soberania portuguesa e a evolução do processo de descolonização acertado no Alvor! Era necessário defender pessoas e bens, das ameaças que pairavam no ar, sobre o futuro próximo.
Uma missão, sublinho eu, que nunca foi bem entendida - ora pelos movimentos de libertação, ora pelo povo uíjano. Particularmente, pelo europeu!!!
A mudança, no entanto - e mesmo com as diferenças acima sublinhadas - «foi do agrado geral, para a maioria dos militares», como se lê no Livro da Unidade. Porém, «trazendo, contudo, a responsabilidade de uam zona de intensa politização dos movimentos emancipalistas». Frisava o comandante Almeida e Brito que tal politização «forçosamente virá a trazer-nos responsabilidades, honrosas por um lado, mas extremamente difíceis e complexas, por outro». 
Assim seria, como se soube no futuro!

1 952 - A CCS de malas aviadas, para a cidade de Carmona

$
0
0
Um grupo de Cavaleiros do Norte da CCS, essencialmente sapadores e do parque-auto. Reconhecem-se o alferes Ribeiro (de braços cruzados, ao meio) e o furriel Pires (ao seu lado). O furriel Mosteias é o quarto a contar da direita, em baixo. E o Carpinteiro à frente dele, apoiado nas mãos. O Grácio é o quinto, atrás, da esquerda. O sétinmo é o Messejana. À frente do Grácio, está o Florindo. Quem ajuda a identificar os outros?

O fim de Fevereiro de 1975 acelerou  o «fazer de malas» dos Cavaleiros do Norte da CCS. Lá íamos nós para Carmona, para o BC12, em mais uma etapa da nossa viagem de regresso a Lisboa. Para trás, ia ficar a vila quitexana, onde chegáramos a 6 de Junho de 1974. De onde iríamos sair a 2 de Março.
O mês foi de alguma acção disciplinar - que Almeida e Brito, o comandante, não era homem de muitas tolerâncias, nesse capítulo. Da CCS, um soldado apanhou 10 dias de detenção. A 2ª. CCAV. registou três castigos: 15, 10 e 5 dias de prisão disciplinar, para outros tantos militares. O de 5, agravada para 10. A 3ª. CCAV. com um castigo: 15 dias de prisão disciplinar, depois agravada para 20, na ordem de serviço 67 da RMA.
Andávamos nós por lá e nestas calmas, mas, a partir do Lobito, o MPLA denunciava que«os inimigos do povo fomentam as greves», alegadamente provocadas por elementos ligados à UNITA, numa «manobra «divisionista, destinada a criar o caos».
O porto do Lobito tinha sido palco de vários incidentes e o MPLA, em comunicado de faz hoje 39 anos, interrogava-se: «Quem está interessado em fomentar as greves?». Apelava à «vigilância dos trabalhadores contra as manipulações dos inimigos do povo» e acrescentava que «fomentar uma greve, parar as actividades do porto, é trair os interesses dos trabalhadores». Quem diria?! 

1 963 - O dia dos 23 anos do Francisco Neto

$
0
0
Viegas e Neto, dois furriéis milicianos no jardim do Quitexe. 
O edifício do que foi o restaurante Pacheco, mesmo em frente à CCS




Há 39 anos, o Francisco Neto faz 23!!!! Alapámo-nos no Pacheco e vai de devorar uns belos camarões, regados a cucas, ngolas ou ekas, ou nocais (varreu-se-me a memória), com sobremesa de bife com batatas fritas e ovo a cavalo. Era moda e sabia bem!! 
A Maria do Lázaro, senhora fortalhaça, de meia cor e mulher do Pacheco, tinha mãos de luxo para os pitéus e é muito provável que, sabendo ela a razão da panqueca, nos tenha presenteado com alguma especialidade culinária, condimentada de sabores africanas. Foi isto em 28 de Fevereiro de 1975, na uíjana e saudosa vila do Quitexe.
Hoje, o Neto andou lá pela vida dele e temos almoçarada marcada para 4ª.-feira, o dia mais próximo que as nossas agendas conciliam. Não vai faltar tropa na sobremesa!
Andávamos lá nós pelo Quitexe, em festa natal e preparando malas para Carmona e, em Portugal, aumentava o preço da bica. Para 25 tostões!!! Ou 3$50, se fosse na esplanada. Uma escandaleira. Já imaginaram???!!! 0,0125 euros!!!! Sandes, torradas e bolos, passaram a preços livres. As sandes tinham de ter pelo menos 30 gramas de queijo ou fiambre. Ou 40 a 50, os croisssants, bolos de arroz, caracóis, este tipo de pastelaria.
Outra novidade, era a hora do fecho das tabernas: às 11,30 horas da noite. A multa, pesava: dois contos! Seriam dois euros, agora!


1 954 - A véspera da saída do Quitexe...

$
0
0
Farinhas, Neto e Viegas, furriéis do Quitexe, com o Papelino a engraxar sapatos


O dia 1 de Março foi a véspera da saída dos Cavaleiros do Norte da CCS. Do Quitexe, para Carmona. Foi também dia de anos de dois: do Mota Viana, furriel de Zalala que, ao tempo, já jornadeava por Sanza Pombo, por inerências disciplinares que caíram na na malha do comandante Almeida e Brito. E do Rebelo, que era auxiliar de cozinha na messe de sargentos.
O dia foi especial, por ser o último do nosso (da CCS) aquartelamento na vila-mártir do Quitexe. Mártir de 1961, nos primeiros tempos da luta independentista dos angolanos.
Demos a volta pelas «capelas» da vila - o Pacheco, o Rocha, o Topete, já não me lembro se por mais alguma! - e ultimámos as malas, com a pouco coisa que por lá tínhamos. A roupa militar e a civil, os artigos de higiene pessoal, pouca coisa mais - que parca era a fortuna.
Ocorre-me agora a tristeza do Papelino, o «puto» (lembram-se?) que fazia que engraxava (mas não engraxava) e era uma espécie de mascote da tropa, ao tempo com uns 11, ou 12, ou 13 anos, por aí! Não creio que ele mesmo soubesse a idade. Vivia na ilusão (que nunca lhe alimentámos) de vir para Portugal, comigo ou com o Neto, e  era mestre a tocar hino nacional, com uma mangueira. Tristeza dele, pela nossa partida.
A CCS ia para Carmona, fazíamos as despedidas, hoje se passam 39 anos, mas por lá ia continuar a 3ª. CCAV. 8423, comandada pelo capitão miliciano Fernandes.
Por mim, recordo uma volta apeada que dei  pela vila, já por volta da meia noite, passando  pelo posto 5, pela estrada do café, pelo posto do depósito de água, pela administração civil e jardim, pela capela. E lá fui, para a última noite dormida no Quitexe.

1 955 - O dia da partida para o BC12 de Carmona

$
0
0
Render de parada dos Cavaleiros do Norte, no BC12. Reconhecem-se os clarins Irineu (?) e Cateano, o furriel Cruz (os três primeiros, da esquerda), o furriel Peixoto (à direita), o 1º. sargento Luzia (atrás), todos em continência ao alferes miliciano Cruz, de oficial de dia. Em baixo, a parada vista da varanda do comando

Aos dois dias do mês de Março de 1975, na avenida do Quitexe, formaram muitas viaturas militares com destino a Carmona e ao BC12. Eram os Cavaleiros do Norte que abandonavam a vila, que fôra sede da sua missão ultramarina, dos seus sonhos e serviços, e desafios, dos seus momentos de fulgor e também de alguma tragédia - porque é sempre trágica a emoção que se sente (e vive!!!) num palco de guerra.
Ali estávamos, no Quitexe, desde 6 de Junho anterior!
Ali iriam ficar, por mais algum tempo, os Cavaleiros do Norte de Santa Isabel! 
O 2 de Março de 1975, como hoje, era um domingo e da Igreja da Mãe de Deus do Quitexe (a capela) vinham os crentes, brancos, negros, toda a gente de fé, da missa do padre Albino Capela, que  nos olhavam com alguma incredulidade, eu julgo! Há distância de 39 anos, é algo ténue a imagem que tenho dessa gente que nos amou e odiou, nos desejou e ali, parados na terra vermelha do chão da rua de baixo (a avenida), nos via encavalitados nos unimogs e berliets, nos via partir - ninguém sabia para que adeus.
A imagem aqui do lado é  de 5 anos antes (1969) da nossa chegada e é de um baptizado no Quitexe, vendo-se a família Rei e o padre Capela com a Elizabete em colo. Ver AQUI. O padre Capela era o responsável pela missão e, actualmente, é participante dos encontros anuais dos Cavaleiros do Norte. 
Também os olhámos, à distância, controlando emoções, mas o que nós queríamos, era partir! Nós, os CCS´s do Batalhão de Cavalaria 8423!
A coluna deste dia incluía o Comando do Batalhão, a CCS e um grupo de combate da 2ª. CCAV, 8423, a de Aldeia Viçosa. A rotação desta, concluir-se-ia a 11 de Março. A 3ª. CCAV. 8423, ao tempo em Vista Alegre (e Destacamento da Ponte do Dange), estava em espera de data «a aguardar a possibilidade de rodar para o Songo»

1 956 - Os Cavaleiros do Norte na messe do Montanha Pinto

$
0
0
Viegas, Mosteias e Neto, nas traseiras da messe da Carmona.
 O Peixoto, em baixo, sentado no gradeamento da fachada principal. O bar, mais abaixo

A nova messe de sargentos dos Cavaleiros do Norte da CCS era... um luxo!Tinha sido dos oficiais do BC12 e as instalações eram magníficas. Nada a ver com a modéstia das que tinha sido a nossa casa do Quitexe. 
Ficava no Bairro Montanha Pinto, com um excelente jardim do outro lado da rua, em local tranquilíssimo. Da outra banda do jardim, ficava outra messe - onde se instalaram os companheiros furriéis da 2ª. CCAV. (se me lembro bem). O edifício era de dois pisos, com jardim nas traseiras - onde também ficava a «messe» dos praças que nos acompanhavam: os cozinheiros Duarte e Rebelo e o sempre companheiro Cabrita, que fazia de homem de bar e mordomo. Era uma guarnição(zinha) muito curta, instalada na casa de madeira, com muito boas condições - que se vê atrás do trio da foto de cima.
Um mini-autocarro nos levava e trazia para e do BC12: de manhã, ao meio dia, ao princípio e ao fim da tarde. O Neto foi feito gerente da messe e com  méritos que sucessivamente lhe renovaram o «contrato».
A cidade era mesmo ali - o bairro Montanha Pinto era uma das suas mais modernas urbanizações! - e, por isso mesmo, as horas fora de serviço eram permanentes convites para o lazer e o prazer. Nenhum dos que habitualmente nos lêem esqueceu o Diamante Negro, a Pérola do Congo, o Escape, o Pinguim, o Chave d´Ouro, a Esplanada do Eugénio, o Bar do Gomes, os cinemas Moreno e do Recreativo (o Pratas, não era?).
Tudo isso era novo para a esmagadora maioria de nós, que nunca tínhamos vivido numa cidade, éramos virgens no mundanismo que se abria e fechava aos nossos olhos, aos nossos sentidos e (novos) afectos, aos nossos apetites do corpo e da alma.

1 957 - Especialistas em 1974, Zalala´s encontram-se em 2014

$
0
0
Aquartelamento de Zalala, onde jornadeou a 1ª. CCAV. 8423. O Rodrogiesm Velez, Dias, Costa, Casto Dias e Famalicão (de pé), Aldegas, Queirós e Mota Viana (em baixo), a 14 de Setembro de 2013


Há precisamente 40 anos, dia 4 de Março de 1974, o Batalhão de Cavalaria 8423 começou a ganhar mais forma, com a chegada de especialistas que «haviam de completar os efectivos». Era uma segunda-feira e a sua chegada«continuou a processar-se nos dias seguintes». 
A data coincide com a passagem do Batalhão para o novo aquartelamento, num dos Destacamentos do RC4, a unidade mobilizadora.No mesmo dia, aportava ao Cais de Alcântara o navio «Timor», com «um contingente de tropas que regressa do ultramar». Em Lisboa, o Ministro do Exército reuniu com o seu Sub-Secretário de Estado, os generais Chefe e Vice-Chefe do Estado Maior, Quartel Mestre e Ajudante Geral do Exército, director do Instituto dos Altos Estudos Militares e comandantes das Regiões Militares de Porto, Coimbra e Tomar, Lisboa e Évora.   
Agora, 40 anos depois a 1ª. Companhia de Cavalaria 8423 anuncia o seu encontro de 2014. Será no dia 1 de Junho, um domingo e em Fátima. 
O organizador é o Dias, que foi furriel de transmissões e pode ser contactado através dos telefones 249313067 e 962551238, ou ainda pelo email joaocustodiodias@gmail.com.
Os Cavaleiros do Norte de Zalala já tiveram um encontro preparatório, a 14 de Setembro de 2013 - quando uma «novena» deles (foto) se almoçarou no Manjar do Marquês, em Pombal.  Está-se mesmo a ver que o dia 1 de Junho de 2014 vai ser de muitas emoções.

1 958 - Notícias do Pais, o Tomané de Viseu...

$
0
0
Pais, Viegas e Emanuel, no Bar do Rocha, no Quitexe (1974). 
O Pais, em 2009, no Encontro de Cavaleiros do Norte da CCS,  em Águeda


A 5 de Março de 1974, há 40 anos!!!, Marcelo Caetano falou na Assembleia Nacional, numa comunicação que era aguardada com muita expectativa e foi transmitida pela televisão e pela rádio. O que não era usual, mesmo em sendo em diferido. Falou no Parlamento às 16 e a transmissão foi às 22 horas.
«Nenhuma dúvida deve haver de que o mais grave problema que presentemente se põe à Nação portuguesa é o ultramar», disse o Presidente do Conselho de Ministros.
«Não transigiremos», era o título do Diário de Lisboa, que publicou o discurso em duas páginas inteiras. Título sobre a muito aplaudida intervenção política do Professor  Marcelo Caetano na Assembleia Nacional, onde, por exemplo, disse que «o problema do ultramar não é meu, é da Nação inteira».
Os Cavaleiros do Norte, esses e por esse dia, jornadeavam por Santa Margarida, formando batalhão para a Angola de destino. Há 40 anos!!! Iam chegando os especialistas: enfermeiros, condutores, mecânicos, os homens das transmissões e os criptos, os enfermeiros, os cozinheiros, os clarins, os radiomontadores. Entre estes, o Pais!
O Pais era (é) de Viseu e «desapareceu» da nossa órbita, desde 12 de Setembro de 2009 - quando foi o encontro de Águeda. Pois bem, achámo-lo. Achámo-lo e algumas coisas mudaram na vida dele. Reformou-se (há 3 anos), mudou de estado civil e de residência. Agora, descansa de uma vida de trabalho pelos ares de Atouguia da Baleia, ao lado de Peniche.
«É a vida, é o que tem de ser!...», disse-nos ele, respirando felicidade.
A duas filhas deram-lhe dois netos: ambos de quase 4 anos. Um, a fazer agora em Março, o outro, em Agosto.«Avisem-me, quando for o encontro. Quero lá estar, ó Viegas...»
Serás avisado, ó Pais.
- PAIS. António Lourenço Correia Pais, 1º. cabo 
radiomontador, da CCS do BCAV. 8423. Aposentado, é de Viseu 
e vive em Atouguia da Baleia (Peniche). 
- EMANUEL. Emanuel Miranda dos Santos, 1º. cabo escriturário. 
Natural da Gafanha da Encarnação (Ílhavo), está nos Estados Unidos.

1 959 - O nosso amigo Florêncio do Sardoal

$
0
0
Almeida (já falecido), Neves (?), Messejana (falecido), Florêncio, António, Viegas, Marcos, Pinto, Caixarias e Garcia (falecido), Vicente (falecido), Soares, Francisco, Leal (falecido), Oliveira, Hipólito, Aurélio, Madaleno e Neto, em 1974 (em cima). Albino, Viegas, Neto, António e Florêncio, a 29 de Maio de 2010 (em baixo)


O Florêncio era (é) daqueles companheiros de quem nunca nos esquecemos, aconteça o que acontecer: pela humildade, a sobriedade, o sentido de partilha e disponibilidade; pelo sentido de serviço, nunca regateado e sempre vivido com intensidade e paixão.
Era dos que nunca que quebravam ou torciam. Daqueles a quem nunca se ouviu um ai de queixa, uma lamúria de protesto, um azedume de palavras. Estava sempre disponível.
A 8 de Setembro de 1975, no abraço do adeus no aeroporto de Lisboa, estávamos longe de pensar que só nos voltaríamos a ver 35 anos depois. Mas foi o que aconteceu.
Seguiu ele para a vida dele, eu para a minha, cada qual com os seus botões a sonhar glórias e faustos para o futuro.
Achámo-nos de abraços a 29 de Maio de 2010, tanto tempo depois!!!, na Estalagem de Ferreira do Zêzere, em mais um encontro da CCS dos Cavaleiros do Norte. Ele estava igual, com o mesmo sorriso sempre feliz, a mesma face bonomónica, a mesma serenidade tranquila dos tempos da jornada africana. A tranquilidade de quem adormece sossegado sobre a vida, sem constrangimentos, sem amarguras.
Ficámos a larga conversa, fazendo memória de exultantes momentos das matas africanas e da diversidade trágica da guerra urbana de Carmona. Eu, ele, o Neto, o António e o Albino.
“Tudo bem, Florêncio?!...”.
“Tudo bem!...”, sempre respondeu ele, de sorriso aberto, sem lamuriar o que quer que fosse.
Há já quase 5 anos, foi assim. O Florêncio, agora, está com problemas de saúde: a coluna atrapalha-lhe os dias, o coração bate a trote de pace-maker, pequenos AVc´s condicionaram-lhe o dia-a-dia e, lá pelo Sardoal, falta emprego.
Não passa bem, o nosso amigo Florêncio e, por isso, daqui lhe enviamos a nossa solidariedade. Força, Florêncio!!!! Não vais ser tu, que não soçobraste na jornada africana, que agora te vais deixar abater por qualquer infortúnio.

- FLORÊNCIO. Augusto Florêncio, soldado atirador de cavalaria,
do PELREC, CCS do BCAV. 8423. Natural e residente no Sardoal.

1 960 - Cavaleiros do Norte da CCS reúnem no Porto

$
0
0
Cavaleiros do Norte da CCS no Encontro de 2013, em Santo Tirso (em cima). Viegas, Miguel e Neto, na mesma data (na foto de baixo) 

A 5 de Março de 1975, o comandante Almeida e Brito e oficiais do Batalhão de Cavalaria 8423 «estabeleceram contactos protocolares com o Governador, os Juízes do tribunal de o Bispo da Diocese do Uige». A 31 de Maio de 2014, os Cavaleiros do Norte da CCS vão reunir na zona do Porto, com chancela organizativa do Miguel.
O Miguel da Cruz Ferreira foi condutor da CCS e condutor continuou pela vida civil fora. Nos anos imediatamente posteriores ao nosso regresso de Angola, cruzou-se muitas vezes comigo e com o Neto - por, por razões de natureza profissional (de motorista), muitas vezes ir à FRAL, a empresa da Família Neto, em Águeda. Eu trabalhava imediatamente ao lado, na GRÉSIL, empresa de cerâmica de barro vermelho e grés. Ao lado da popularíssima Famel, fábrica de motorizadas.
A vida trocou-nos as voltas e do Miguel só viemos a saber o ano passado, no encontro de Santo Tirso. Apareceu com os filhos e prontificou-se a organizar o encontro deste ano. Aí está ele em marcha.
A 7 de Março de 1975, por Angola e em Luanda, foram detidos 12 jornalistas, entre eles o director da revista Notícia (João Fernando) e Sousa Oliveira, responsáveis por artigos «contrários ao espírito dos acordos de Penina» e «provocar discórdia no seio das Forças Armadas Portuguesas e entre estas, os movimentos de libertação e o povo angolano». A revista foi suspensa, por tempo indefinido, e os jornalistas enviados para Lisboa, tudo por ordem do ministro da Informação -  Manuel Rui.
Os outros dez jornalistas era da revista «Vida Portuguesa», dirigida por Carlos Coutinho e que se publicava na África do Sul e Rodésia, mas era impressa em Angola. Foram mandados para Lisboa: Carlos Moutinho, Carlos Bártolo, Bela Jardim, Penteado dos Reis, Domingos de Azevedo, Hamilton Moreira, Reinaldo Silva, Helder Martins, Jill Young e Júlio Marques.
O comunicado oficial dava conta que «sejam imediatamente enviados para Portugal, como elementos indesejáveis em Angola, devido à sua cooperação na Voz dos Portugueses da África do Sul e da Rodésia».

1 961 - Notícias de Angola, há 40 anos!!!

$
0
0
Campo Militar de Santa Margarida. A extensa avenida, a capela (aqui em baixo, no rectângulo amarelo), o Regimento de Cavalaria 4 (na oval verde, primeiro bloco à direita, até à mancha de árvores) e o cinema (quadrado a branco, primeiro edifício à esquerda). Em baixo, o general Luz Cunha


Março de 1974, há 40 anos! O Batalhão de Cavalaria 8423 continua a formar-se em Santa Margarida, onde vão chegando especialistas de várias áreas. Estamos mobilizados para Angola e interessa-nos o que por lá se passa.  
Os jornais que chegam ao bar/messe dos mobilizados do RC4 trazem-nos notícias interessantes, de uma conferência de imprensa do general Luz Cunha, comandante-chefe das Forças Armadas Portuguesas, em Luanda, a 8 de Março de 1974:
1 - Mais de 45% dos efectivos são naturais de Angola.
2 - «O grupo terrorista que mais se tem revelado nos últimos meses» tem sido a UPA (União dos Povos Angolanos (que era a FNLA), movimento que, cito,«sob a designação de Governo Revolucionário de Angola no Exílio (GRAE) tem sede em Kinshasa, cujas guerrilhas, contudo, se tem limitado a reagir à intervenção das Forças Armadas».
3 - O MPLA, com sede em Brazaville, «tem vindo, por vezes com verta intensidade,   nas faixas fronteiriças com a Zâmbia e em Cabinda» - neste caso, a norte e com colocação de explosivos.
4 - A UNITA, segundo Luz Cunha, «apenas se revelou com acções violentas, de pouco significado, desde o início do ano».
5 - As nossas forças tiveram 27 mortos, nos «últimos seis meses». As baixas do IN chegaram às 322.
6 - O orçamento das Forças Armadas em Angola, nesse ano de 1974, era de «cerca de de 3 biliões de escudos».
7 - Outra revelação do general comandante-chefe das Forças Armadas tinha a ver com Cabinda, onde «surgiu mais um movimento anti-português». Era a Frente de Libertação de Cabinda
Era para esta Angola (oficial) que nos preparávamos, há precisamente 40 anos.
A Lisboa, mas nesta data de 1975, um ano depois, chegaram  João Fernandes e Penteado dos Reis, dois dos 12 jornalistas expulsos de Angola - então se desconhecendo a localização dos outros 10. Em Luanda, a Associação de Jornalistas Angolanos (sindicato) manifestou-se contra as expulsões e suspensão da revista Notícia (ver post de ontem). Contrariamente, 47 jornalistas reunidos em Luanda apoiaram a decisão, considerando que a posição sindical era reaccionária. O mesmo proclamaram jornalistas do jornal ABC.

1 962 - Os primeiros dias de Carmona, há 39 anos!!!

$
0
0
O BC12, em Carmona, na estrada para o Songo. A fachada principal, vista do 
lado da cidade (em cima) e parada (em baixo). Casernas dos praças, à esquerda

A adaptação dos Cavaleiros do Norte ao BC12 e à cidade de Carmona  não demorou, pese embora a menos simpática forma como como éramos olhados por boa parte da população branca. Nada que o comandante Almeida e Brito não previsse e acautelasse, sugerindo serenidade no nosso comportamento. Por outras palavras, que não reagíssemos a preocupações.
A animosidade era surpreendente, digo eu. As Forças Armadas, e falamos dos Cavaleiros do Norte com natural conhecimento de causa, sempre assumiram as suas obrigações operacionais, garantindo a segurança das populações (de qualquer cor, raça ou credo), ao tempo do Quitexe (onde continuava  a 3ª. CCAV.), de Zalala, de Aldeia Viçosa, de Santa Isabel, ou de Vista Alegre e Ponte do Dange - fosse por onde fosse que passou a sua jornada africana.  
Um aspecto por aqui pouco falado tem a ver com as funções sociais exercidas pelas Forças Armadas, normalmente ignoradas por muita gente que, ainda hoje, fala dos homens das várias jornadas africanas, com desdém e inverdades.
Alguns dados curiosos, sobre a Angola de há precisamente 39 anos, estavam os Cavaleiros do Norte pelo Uíge:
     1 - 516 militares exerciam funções docentes. Apoiavam:
     2 - 9 556 alunos do ensino primário.
     3 - 439 no secundário, e
     4 - 86 no técnico.
          A nível sanitário,  as Forças Armadas:
     5 - Prestaram apoio sanitária a 79 500 pessoas.
     6 - Forneceram 6000 contos de medicamentos, e
     7 - Realizaram 3 899 intervenções cirúrgicas, e
     8 - 500 contos de obras de assistência social.
Tudo isso vale o que valeu, é verdade, mas não seria por estas e outras razões, obviamente, que se semeava e multiplicava semelhante animosidade à tropa. Por nós, Cavaleiros do Norte, não temos dúvidas; cumprimos a nossa jornada com honra, de compromisso assumido, com orgulho.  

1 963 - Cavaleiros do Norte por terras de Santa Margarida

$
0
0

Painel do RC4, actual Regimento de Cavalaria de Santa Margarida, unidade mobilizadora do BCAV. 8423

Aos dez dias de Março de 1974, há 40 anos!!!, os Cavaleiros do Norte preparavam-se, no Destacamento do RC4, em Santa Margarida, para a primeira Inspecção Operacional - que viria a ser feita pelo coronel tirocinado Lobato Faria - que era inspector da Região Militar de Tomar.
O dia era de domingo e de futebol, com um FC do Porto-Benfica (2-1), e o tema foi falado, estrada e noite fora, na viagem de Águeda para o quartel, no SIMCA 1100 do Francisco Neto. 
Os treinos e instrução militares decorriam a partir do Destacamento e pela Mata do Soares fora, envolvendo as três companhias operacionais e o pelotão de atiradores, comandado pelo (então) aspirante a oficial miliciano Garcia. 
Fazíamos nós (o pelotão de atiradores) de IN e eram acossadas as companhias comandadas pelos capitães milicianos Castro Dias (1ª.), José Manuel Cruz (2ª.) e José Paulo Fernandes (3ª.). Ultimávamos os preparativos para o embarque, embora ainda se desconhecesse a data. De Angola, entretanto, sabiam-se notícias: os fundos existentes nos diversos cofres públicos, com valor da 31 de Dezembro de 1973, eram de 1 257 358 contos. os maiores valores concentravam-se em Luanda, no Huambo e no Quanza Sul. O Ministro do Ultramar foi autorizado a celebrar com a Companhia de Fosfatos de Angola um adicional ao contrato assinado a 10 de Dezembro de 1968. Prorrogava o prazo de prospecção até Junho de 1975. Angola ia comprar carros, para atender às necessidades da província e, assim,«garantir o regular abastecimento, em condições económicas para o consumidor». Ia ser compradas 2000 toneladas, que entrariam pelos portos de Luanda e Lobito - numa operação isenta da de direitos aduaneiros.
- FUTEBOL. O FC do Porto alinhou com Tibi; Rodolfo, 
Ronaldo, Rolando e Guedes; Celso, Bené e Cubillas; 
Oliveira, Abel e Nóbrega (Laurindo).
O Benfica, com José Henrique; Malta da Silva, Humberto, 
Barros e Artur; Tobi, Victor Baptista e Simões; 
Nené, Eusébio e Diamantino.
Ao intervalo: 1-1.
Marcadores; Abel (10ms), Eusébio (34ms) e Cubillas (55ms).

1 964 - Mudança para Carmona e intentona em Lisboa...

$
0
0
Jesuíno Pinto, Gomes, Letras e Martins, furriéis milicianos da 2ª. CCAV. 8423, que faz hoje 39 anos concluiu a rotação para Carmona (em cima). Em baixo, capa do Diário de Lisboa sobre o 11 de Março de 1975  


A 2ª. CCAV.  8423 conclui a sua rotação para Carmona a 11 de Março de 1975, como há dias aqui lembrámos. Não sabíamos, no dia, mas em Lisboa houve uma tentativa tentava de golpe de Estado.«Uma minoro de criminosos lançou homens da Forças Armadas contra homens das Forças Armadas. Este é o maior crime que hoje se pode  cometer em Portugal», disse Vasco Gonçalves, o 1º. Ministro, reagindo ao ataque ao RAL1.
Aviões T6 sobrevoaram o local e houve rajadas de metralhadores, mas Vasco Gonçalves, sobre a intentona, dizia que estava«absolutamente controlada». O general Spínola e outros oficiais estariam em fuga para Espanha«com outros revoltosos», estando outros detidos na quartel do Carmo, estando encerradas as fronteiras. Assuntos que, no dia, extravasavam o nosso conhecimento.
Em Angola, por onde os Cavaleiros do Norte jornadeavam ia nos 10 meses, Agostinho Neto, presidente do MPLA, denunciava actividades de agentes da PIDE/DGS:«Eles ainda agem, estão estruturados. Estão a agir, não no sentido de uma real descolonização de Angola, mas no sentido de uma neocolonização  de Angola», disse o presidente do MPLA, num cerimónia que assinalava a integração dos Movimentos Democráticos do Huambo, do Lobito e de Huíla.

1 965 - Polícia Militar nas ruas de Carmona

$
0
0
Militares do 2ª. CCAV. 8423, com o furriel Matos,
 à esquerda, de pé. Em baixo, Cordeiro e Viegas, em Agosto de 2013

A chegada da 2ª. CCAV. 8423 a Carmona coincidiu, mais dia menos dia, com a «promulgação de novas NEP, ou alteração das mesmas» e, lê-se no Livro da Unidade,«à necessidade de execução de um serviço de PM nas ruas da cidade, de modo a garantira a melhor apresentação do pessoal militar».
O objectivo oficial, ainda segundo o Livro da Unidade, era «sobretudo com vista a procurar, através deste meio, prever a resolução de muitas quezílias existentes entre a população civil e as NT, devido à animosidade que aquela tem a estas».
E não eram pouca!
A tropa era acusada, de dedo em riste, das piores coisas. De cobardes! De traidores! De filhos desta, daquela e daqueloutra mães! Era vulgar, nas ruas da cidade, qualquer militar ser insultado, ameaçado, constrangido, comparado com valores que nada nos diziam e dos quais não éramos responsáveis. Os nervos sentiam-se nas ruas, nos cafés, nos bares e restaurantes, nos cinemas, na piscina. Cuspia-se, quando passávamos! Corava-se, de tanto insulto! Quase de vergonha
Uma das equipas de PM era formada por mim, pelo Cordeiro e pelo Marcos. Quero crer (se a memória não em atraiçoa) que uma outra era com o Neto (da CCS) e outra pelo Guedes (da 2ª. CCAV.). Más horas passámos nas ruas da cidade, principalmente nas de fins de tarde e noite adentro. Tempos de há 39 anos!
- NEP. Normas de Execução Permanente. 
Regras militares de atavio e comportamento.
- PM: Polícia Militar.
Viewing all 4156 articles
Browse latest View live