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Channel: CAVALEIROS DO NORTE / BCAV. 8423!
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3 247 - O primeiro dia em Portugal e a chegada dos «Zalala´s»

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CAVALEIROS DO NORTE da 1ª. CCAV. 8423, a de Zalala, que a Lisboa chegaram 
hoje se completam 40 anos: furriéis milicianos Américo Rodrigues, Jorge Barata (falecido 
a 11 de Outubro de 1997, de doença súbita), José Louro, José Nascimento, Eusébio 
Martins (falecido a 16 de Abril de 2014, de doença), Manuel Dias (falecido a 20 de 
Outubro de 2011, de doença), Victor Velez e Victor Costa

Jornal A Província de Angola, edição de um dos últimos 
dias (5 de Setembro de 1975?) da presença dos Cavaleiros 
do Norte em terras do país luso-africano que estava para 
nascer - a 11 de Novembro seguinte!
Terça-feira, 9 de Setembro de 1975! Chego a Ois da Ribeira, no SIMCA conduzido pelo Benício e dirigi-me a casa de minha irmã. Eram por aí umas duas horas da manhã, ninguém sabia que eu chegava e minha mãe - ao tempo, viúva de três anos e a sofrer de bicos de papagaio, estava sozinha. Optei por ir acordar minha irmã, para ir a nossa casa, não fosse a minha chegada de surpresa criar algum embaraço emocional a minha mãe. Lá fomos, foi acordada, com toques na janela do quarto.
«Mãe!... Mããããeeee???!!!», chamou minha irmã Dulce.
«Quem é, o que é que queres?», perguntou, de dento, a minha mãe, naturalmente já conhecendo a voz da filha.
«Levante-se!!! Chegou o meu irmão!!!...». 
Acendeu a luz, abriu a porta, viu-me e, tranquilamente, disse: «És tu, rapaz?! Já vieste?!!!!».
Tinha chegado, claro. O Benício bebeu um cálice de vinho do Porto, foi à vida dele e ali ficámos: a minha mãe, a minha irmã Dulce e o marido, meu cunhado José - com a filha de ambos, a Susana, que eu baptizara, como padrinho, antes de ir para Angola.
«Então, vens bem?...», perguntou-me a matriarca. Que sim, que vinha como tinha ido, só mais velho! «E não viste por lá os nossos?... Sabes da Maria Cecília, dos Resendes, dos Viegas??», perguntou-me.
Os «nossos» eram os familiares, amigos ou conterrâneos que ela recordava em cada aerograma que escrevia, sempre aos domingos, ou nalgum princípio de sesta da semana. «Vê lá se aí encontras... fulano, cicrano e beltrana. Diz-se por cá que está aí a morrer muita gente, andamos todos com o coração de preto».
Dormi depois, levantei-me, tomei o pequeno almoço de café de cevada, com migas de broa e açúcar amarelo, e foi ao pátio, para ver a vaca, os porcos, as galinhas, os coelhos, reachando cheiros da minha infância e adolescência, que tinha deixado 15 meses antes. Só depois saí à rua.
A esse tempo, saídos de Luanda por volta das 8 horas da noite da véspera, a 1ª. CCAV. 8423, a de Zalala e do capitão miliciano Davide Castro Dias, sobrevoava os céus de África, em voo para Lisboa. Era mais uma «leva» (a segunda, de quatro) de Cavaleiros do Norte a dar por concluída a jornada africana de Angola. 
Por lá, segundo o Diário de Lisboa de há 40 anos, «a situação político militar não sofreu alterações assinaláveis, relativamente ao último fim de semana, caracterizado por uma calma geral» - que foi coincidente com os nossos últimos dias de comissão.
A FNLA, depois de «parada» pelo MPLA na zona do Caxito, estaria «a concentrar-se mais a norte», o que, segundo o DL «se constata por notícias cada vez mais frequentes sobre a presença de mercenários estrangeiros, muitos deles brancos. junto à fronteira com o Zaire».
Angola, há precisamente 40 anos!

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