Zalala, a mais rude escola de guerra. O Rodrugues, a apanhar bananas (em baixo)
A fome apertava, por vezes, e tempo houve, por Zalala, em que a ementa não era a melhor coisa e as horas não passavam. A saída para a "crise" era... comer bananas. «Quando a fome apertava, o intervalo das refeições e as sobras de ração de combate já tinham esgotado, acalmava o estômago com bananas. Era a única alternativa e lá ia eu por trás das casernas, enfermaria, padaria, entre estas e o “campo de futebol” procurar o sustento», conta o Rodrigues.
As bananeiras eram poucas, no aquartelamento de Zalada, mas«sempre foram generosas». O truque, por lá aprendido, tinha a ver com o método de produção. «Sempre que cortávamos o cacho já maduro, tínhamos de fazer o mesmo à bananeira, porque esta voltava a reproduzir-se, numa nova planta. Conheci esta técnica numa das muitas vezes que fomos abastecer-nos de bananas a uma fazenda das redondezas», recorda o Rodrigues.
«Levem as bananas que quiserem, mas nunca se esqueçam de cortar o cacho. Dá pouco trabalho e se não o fizerem, a bananeira só cresce e nunca mais dá bananas em condições», aconselhou o fazendeiro, dando conta que «o melhor é aplicarem os dois cortes porque se o não fizerem, ficam sujeitos a que, na próxima vez, só encontrem grandes bananeiras e minúsculas bananas».
Tal e qual, lembra o Rodrigues. Só que “nós queríamos era bananas e não trabalho” e, por isso, «cortávamos uns montes de cachos e uma meia dúzia de bananeiras e depois logo se via».
Assim se agia, porque a fartura era grande e, se não fosse nessa fazenda, havia bananas noutra. Lá por Zalala é que a coisa fiava mais fino: «Tínhamos que aplicar a regra, porque as bananeiras eram escassas e a fome, por vezes, era muita».
- RODRIGUES. Furriel miliciano atirador de cavalaria,
da 1ª. CCAV. 8423. Aposentado e residente em Vila Nova de Famalicão.