Quantcast
Channel: CAVALEIROS DO NORTE / BCAV. 8423!
Viewing all articles
Browse latest Browse all 4486

2 943 - Anos Quitexe, prisões em Luanda e Nova Lisboa

$
0
0

Viegas e Pires, do Montijo, na sanzala Talambanza, à saída do Quitexe, para Carmona. Em 
baixo, a avenida do Quitexe, em Dezembro de 2012 (foto de Carlos Alberto Ferreira, de Zalala)

A 20 de Novembro de 1974, andei eu a ponderar sobre os meus então viçosos quase 22 anos, que faria no dia seguinte. Tivemos uma escolta a uma fazenda, comemos lá peixe seco - o  que, se me lembro bem, era uma estreia para mim!!!... -, e não gostei!!! E voltámos à nobre vila quitexana, onde aquartelávamos e e nos esperava o banho da praxe. E o correio, que agora reli, com uma mão cheia de recados de afecto, pelas 22 vezes que fazia anos.
Agora, que os reli, deixei-me emocionar pelo aerograma do Alberto Ferreira, o meu amigo cabo especialista da Força Aérea, que estava na Base Aérea de Luanda: «Estás aí para o norte e certamente com mais sossego que nesta m... de cidade, onde há porrada todos os dias. Nós agora é que estamos na guerra (...). Espero que sobrevivas a esse tédio e festejes os teus 22 anos com a alegria que todos merecemos, pois andamos por cá a dar o lombo ao manifesto, sem saber para quê. Grande abraço, pá!, não te esqueças de uma wiskada por mim".
O Alberto, com quem dividi bancos de escola (em Águeda) e noitadas de Luanda, por sítios de prazer e de gosto, foi amigo de sempre, licenciou-se em economia, foi vereador e candidato a presidente da Câmara de Águeda e faleceu, de doença, há quase 9 anos. Fui dos últimos amigos a falar com dele, dias antes do seu triste passamento.«Acabei, pá!!!...», disse-me, sem um nó de garganta, sentindo-se próximo do fim, mas sereno e corajoso.
Andava pelo Minho, a despedir-se da vida - assim me disse, sem amargura, em lutos de alma. 
Luanda, ao tempo, fervilhava em problemas de segurança, com muita gente civil armada  não se sabe como nem por quem. A imprensa de 20 de Novembro de 1974, há 40 anos!!!, ufff!!!!... -, dava conta que «as Forças Armadas Portuguesas e as milícias populares do MPLA continuam a patrulhar os bairros suburbanos da capital angolana, assegurando o rápido reestabelecimento da ordem».  Não sei se seriam bem assim. Na véspera, tinham sido presos três homens que «em nome do MPLA, saqueavam um estabelecimento comercial». Confessariam, noticiava o Diário de Lisboa, que cito, «serem provocadores a soldo da reacção». O MPLA não dizia quem seria tal reacção, mas o jornal deixava entender «estarem ligados a outro movimento de libertação». Qual? Diria eu que a FNLA. A UNITA pouco aparecia.
Havia problemas em Cabinda, onde a FLEC reinvidicava a independência do enclave e, pelo MPLA, era acusada de ser «um bando de fantoches a soldo do imperialismo, como apoio de um país vizinho", referindo-se ao Zaire de Mobutu.
Mais a sul, no planalto central do Huambo, em Nova Liosboa, a PSP deteve 7 cidadãos brancos e apreendeu-lhes um Land Rover. Os presos foram transferidos para a Casa de Reclusão de Luanda.

Viewing all articles
Browse latest Browse all 4486