Cândido Pires (à civil), António José Cruz, José Pires, Armindo Reino, Grenha Lopes, Norberto Morais e Agostinho Belo. E António Lopes (em baixo, sentado), Cavaleiros do Norte à porta da casa dos Furriéis, no Quitexe, em Janeiro de 1975. Em baixo, Diário de Lisboa de 8 de Janeiro do mesmo ano
Os dias uíjanos dos Cavaleiros do Norte iam na paz dos deuses, nos primeiros dias de Janeiro de 1975, entre serviços internos e patrulhamentos na estrada do café, ou escoltas. Basta olhar para o ar descontraído dos furriéis da imagem.
De Luanda, o meu amigo Alberto Ferreira ia dando novidades e, quando era o caso, andava-me O Província de Angola para a Caixa Postal 12, nos Correios do Quitexe. Mau sinal era, quando mo enviava: sinal de problemas na capital angolana.
Por estes dias de 1975, todavia, dava-me conta, em carta dactilografada, das suas preocupações relativamente à evolução política portuguesa: «Aquilo está a virar para o comunismo vermelho», escrevia ele. Era cabo especialista da Força Aérea e, mais tarde, já licenciado em Economia, foi quadro da segurança social e da administração fiscal, com passagem pela política local: vereador do PSD e do CDS, neste caso como candidato a presidente da Câmara de Águeda. O Diário de Lisboa de 8 de Janeiro, em caixa alta e primeira página, titulava «Cimeira Angolana na Penina (Alvor». A delegação portuguesa seria presidida pelo major Melo Antunes e incluía Rosa Coutinho, o Alto Comissário: também o tenente-coronel Gonçalves Ribeiro (Secretário de Estado da Administração Interna). Os três movimentos angolanos representavam-se com delegações lideradas por Agostinho Neto (MPLA), Holden Roberto (FNLA) e Jonas Savimbi - que chegariam ao aeroporto de Faro no dia 9, véspera da Cimeira.
Previa-seque fosse dominada pela apetecida questão da formação do Governo de Transição e pela necessária decisão a tomar sobre o destino a dar às forças armada dos três movimentos e aos cerca de 30 000 homens (angolanos) que integravam o Exército Português.
Outro tema dominante seria o calendário eleitoral, começando pela Assembleia Constituinte que, depois, proclamaria a independência de Angola.
A complexidade dos problemas a resolver aconselhava ponderação sobre os resultados da cimeira, dadas as divergências entre os três movimentos: «Será mais prudente considerar que será mais um passo, a que se seguirão outros encontros, entre o Governo Português e os três movimentos», lê-se no Diário de Lisboa de faz hoje 38 anos.