Sr. Celestino Viegas, recebi o seu e-mail há bastante tempo. Não respondi logo porque precisava de comprovar algumas datas que só na minha terra natal – Carvalheira - concelho de Terras de Bouro, nas fraldas da serra do Gerês, poderia obter. Assim aproveitamos para abrir as janelas da nossa casa, lá na serra, passar um fim de semana e visitar algumas pessoas amigas. Dia do Portugal-França
Mas vamos ao que interessa:
Chamo-me António Albino Vieira Martins Capelanatural de Carvalheira, Terras de Bouro, Braga. Frequentei a Escola Primária na minha aldeia. Aos 10 anos fui para o Seminário dos Padres Capuchinhos em Vila Nova de Poiares, distrito de Coimbra, onde fiz os estudos preparatórios até ao antigo 5º ano.
Ingressei no Noviciado, em Barcelos, e com 17 anos, fui para Salamanca cursar Filosofia juntamente com os colegas espanhóis. Aqui em 3 anos completei Filosofia e segui, depois para Toulouse, onde frequentei Teologia no Instituto Católico de Toulouse. Vim acabar Teologia no Porto, onde me ordenei de sacerdote a 14 de Agosto de 1966.
Leccionei durante dois anos no seminário dos Padres Capuchinhos em Barcelos, à data. Segui para Angola, onde cheguei a 28 de 1968.Fiquei em Luanda onde lecionei Religião e Moral no Liceu Nacional Salvador Correia. Em 1969 segui para Carmona ficando com a área missionária de Quitexe, Aldeia Viçosa, Vista Alegre e Cambamba.
Deixei, com muita pena, a ORDEM DOS FRADES MENORES CAPUCHINOS, a quem pertencia, em 1975 depois de ter regressado de Angola, após o 25 de Abril.
A minha irmã Chamava-se Maria Augusta Vieira Martins, não tinha o apelido de Capela, não sei porquê, dado que Martins Capela é o apelido de família, vindo do meu pai. Ingressou na Congregação da Obra de Santa Zita mas mais tarde pertenceu à Congregação da Obra da Imaculada Conceição e Santo António, sediada em Lisboa. Depois de me ter vindo embora do Quitexe, ela continuou em Carmona (Uige) até á data de 2006. Veio diversas vezes a Portugal e a última vez foi em 2006. Desta vez sentiu-se mal, foi hospitalizada em Lisboa e passadas algumas semanas morreu com cancro, a 21 de junho de 2006. Não encontrei qualquer fotografia dela mas o Sousa Cruz tem-nas. Eu também as devo ter mas na minha casa do Gerês. Vou procurar melhor. Era a mais velha de uma família de 9 irmãos. Desde que abandonei a vida sacerdotal, ela cortou comigo. Uma História…Passaram-se mais de 30 anos sem a ver. Alguém a afastava de mim! Vi-a no caixão. Por ela rezo todos os dias.
Recordo-me muito bem da Fazenda Negrão. Ficava a limitar com o rio Dange. Tenho uma fotografia de lá com dois soldados, como “segurança”. Ia lá regularmente mas sem escolta. Passava em Aldeia Viçosa, Bula Atumba, Fazenda Madeira e Marques, Quihinga… Fazenda Negrão. Muito boa gente, muito prestável, só tenho pena de não poder dar mais assistência aquela gente. Aliás sempre fui muito bem recebido em todas as Fazendas e Sanzalas. Por isso que andava sem escolta. Cruzei-me muitas vezes com os “terroristas” que me pediam cadernos, cigarros e sal. E eu dava. Acerca disto há muito para escrever.
Foi uma novidade para mim a data que me contou. Vou guardá-la no meu Diário. Como a encontrou?