Quartel do Quitexe, visto do lado da igreja. Casernas dos PELREC (primeiro) e
dos sapadores. Mais à frente, o edifício do comando e secretaria do BCAV. 8423.
Capa do Diário de Lisboa de 12 de Dezembro de 1974
dos sapadores. Mais à frente, o edifício do comando e secretaria do BCAV. 8423.
Capa do Diário de Lisboa de 12 de Dezembro de 1974
Aos 12 dias de Dezembro de 1974, pelo Quitexe, por Aldeia Viçosa e por Vista Alegre e Ponte do Dange, no Uíge angolano, já se faziam vésperas de Natal. Da metrópole, do «puto» - assim se falava do Portugal europeu, ou metropolitano... -, já chegavam cartas e aerogramas, até embalagens com recordações diversas, para atenuar saudades e matar desejos. Eram cartas de namoradas, de esposas, de familiares, de amigos, cheias de circunstância da época.
Por Lisboa e nesse dia, era dada conta de uma cimeira angolana, envolvendo os três movimentos e ainda para antes do Natal. Não viria a ser assim. A formação do Governo de Transição estava dependente de vários factores e um deles era a constituição de um exército único, formado por elementos de MPLA, FNLA e UNITA.
Ao mesmo tempo, mas em Nova Lisboa, Lúcio Lara inaugurava a delegação do MPLA e afirmava que «chegou o momento de todos juntos podermos realmente inventariar as riquezas deste país e planificar o futuro de Angola, que beneficie realmente todo o povo, sobretudo aquelas camadas que têm sido vítimas da opressão colonial».
A FNLA, em Luanda, anunciava «o Natal das crianças livres», no âmbito da sua «campanha de auxílio aos mais necessitados» e pedia «a colaboração de todos». A UNITA, por sua vez e através da Liga da Mulher Angolana-Lima, programava o «Natal da criança do mato e dos bairros suburbanos de Luanda», com colaboração da imprensa da cidade.
A FUA, «intransigentemente», reivindicava ao Presidente da República «direitos adquiridos pelos movimentos pacifistas que intervieram nas negociações para a formação do Governo de Transição». O movimento de inspiração branca era liderado por Fernando Falcão e, no telegrama enviado a Costa Gomes, sublinhava que era «o único meio conducente ao clima de segurança, concórdia e justiça».
Há 39 anos, eram estes os passos da construção do novo país!
- FUA. Frente de Unidade Angolana.