Regedores (foto de cima, da net) eram autoridades civis nas aldeias. Dispunham de milícias
armadas. Título da entrevista de Agostinho Neto, há 39 anos (em baixo)
A 26 de Outubro de 1974, há precisamente 39 anos e no Quitexe, realizou-se uma reunião com todos os regedores, as quais, segundo o Livro da Unidade, «foi feito ver a necessidade de entregarem o armamento das milícias», - que começara a processar-se 5 dias antes (a 21), mas «não teve boa aceitação, por parte dos povos», nomeadamente das áreas do Quitexe e Vista Alegre.
Os regedores eram uma autoridade local, que dispunha de milícias, formadas por homens válidos, alguns dos quais tinham cumprido serviço militar e estavam armados com espingardas de repetição. Funcionavam como organização de alerta e auto-defesa das aldeias (sanzalas) e não custa compreender os seus receios em entregar as armas: ficavam indefesos ante os próximos senhores do poder, que eles tinham combatido, sob a bandeira de Portugal.
O desarmamento, mesmo assim (e depois de algumas dúvidas e pequenos incidentes), começou voluntariamente, a partir de 28 de Outubro de 1974.O mesmo dia, em Luanda, foi tempo para Agostinho Neto declarar ao jornal «O Comércio» que «temos feio esforços para a unidade e acredito que chegaremos ao momento em que todos nos uniremos uma frente comum para a independência do nosso país, pois o nosso desejo é sempre de colaborar com todas as forças patrióticas». Negou, todavia, ter-se encontrado com Jonas Savimbi, presidente da UNITA, e dele não tinha a melhor opinião.
«Estamos a estudar o problema da UNITA, pois existem graves acusações sobre o seu presidente, feitas até por militares», disse Agostinho Neto, sem dizer quais mas garantindo, noutra perspectiva, que «não haverá represálias contra os europeus residentes em Angola».
«Não pode é - disse Agostinho Neto - é continuar a viver no país um grupo de privilegiados, como até aqui». Precisa, sublinhou o presidente do MPLA, de «verificar-se maior justiça em todos os sectores».