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Combatentes da FNLA e do MPLA integraram as Forças Mistas que, com o BCAV. 8423, patrulhavam a cidade de Carmona, a capital do Uíge angolano |
Os Cavaleiros do Norte, há 43 anos, con-tinuavam expectantes no Uíge angolano e particularmente em Carmona, onde o MPLA e a FNLA continuavam as suas frequentes escaramuças, cada vez mais perigosas e, continuadamente, a fragi-
lizar a segurança a cidade. Da UNITA, pouco se ouvia falar.
Só que, de acordo com o livro «História da Unidade», «o Uíge, a bem ou a mal, terá que ser terra da FNLA e, consequentemente, não será bem aceite no seu solo qualquer outra opção política». Assim era da parte do movimento de Hol-
den Roberto e assim anotou o comandante Almeida e Brito (no LU), acrescen-
tando que de tal resultaram «permanentes quezílias entre os movimentos», as quais «dia a dia vão tendendo a aumentar».
A situação tornava-se bem mais delicada nos patrulhamentos mistos - que en-
volviam forças portuguesas (do BCAV. 8423) e dos três movimentos. Não rara-
mente, na verdade, trocavam ameaças entre eles e, estando armados, facilita-
vam e aumentavam a periclitância da segurança pública - por isso, obrigando os Cavaleiros do Norte a serem firmes, para manter a autoridade e a ordem.
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Diário de Lisboa de 3 de Maio de 1975 |
200 mortos e centenas
de feridos em Luanda
Luanda, ao tempo e por sua vez, parecia mais calma «ao fim de três dias de violência, durante os quais mais de 200 pessoas morreram e centenas ficaram feridas», como noticiava o Diário de Lisboa.
«A tensão diminuiu nas últimas horas, em consequência de uma série de medidas tomadas pelo Governo, que reforçou o patrulhamento, por forças mistas, nas áreas mais afectadas pelos incidentes», reportava o vespertino de Lisboa, na sua edição de 3 de Maio de 1975.
Tropas portuguesas e dos três movimentos de libertação, em movimentos ope-
racionais conjuntos, patrulhavam as ruas da cidade e dos vários bairros dos subúrbios de Luanda e um oficial superior do Exército Português declarou que tinha sido «alcançado o objectivo de pôr fim à violência».
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Grupo de furriéis milicianos da 2ª. CCAV. 8423: Jesuíno Fernandes Pinto (que faleceu há um ano, a 03/05/2017), José Gomes, Carlos Letras e Amorim Martins |
Furriel Jesuíno Pinto
faleceu já um ano!
O furriel miliciano Jesuíno Fernandes Pinto, da 2ª. CCAV. 8423, faleceu há um ano, no dia 3 de Maio de 2017, de doen-
ça e em Vila Verde.
Atirador de Cavalaria chegou a Aldeia Viçosa em Agosto de 1974 e regressou a Parada de Gatim, a sua terra natal do
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Jesuíno F. Pinto no ano de 2017 |
blico e alma aberta para o seu povo! Como por terras angolanas, a partir de Aldeia Viçosa, rodando de outra unidade e rapidamente se integrando no espírito da 2ª. CCAV. 8423
«Foi daqueles amigos que ficaram para a vida, não sei explicar porquê...», considerou o furriel Carlos Letras, acrescentando que «era como um irmão, daqueles amigos que ficam para o resto da vida...».
O Pinto foi vítima de um acidente e teve de levar centenas de pontos, por todo o corpo, da cabeça aos pés.
«Levavam um civil com a cabeça aberta, era uma urgência, e ele ia com a per-
na de fora do unimog quando este se despistou... Ficou muito mal tratado», recordou o Freitas Ferreira, outro furriel de Aldeia Viçosa.
Aposentado, dividia-se, nos últimos tempos da sua vida e já doente, entre uma clínica de Areias de Vilar e a sua residência de Parada de Gatim (Vila Verde).
Faleceu há um ano e hoje o recordamos com saudade!