A família Resende, em Luanda, com Viegas (segundo da direita) e capitão Domingues (à direita). José Bernardino (de barba), com a esposa Fátima, as filhas e o irmão Albano
A vida de Luanda, apesar de todos os incidentes inter-movimentos, era estranhamente calma por Agosto de 1975, embora os militares portugueses, pelo menos os Cavaleiros do Norte, circulassem na cidade com extremos cuidados e sempre em grupos.
Já por aqui falei, várias vezes aqui falei de família Resende (meu principal ponto de encontro em Luanda) e foi Fátima quem, em Julho de 1975, me transportou para Lisboa uma aparelhagem de som (que ainda jaz ali na minha sala) e caixas de wiskye, de que sobram ainda algumas garrafas.
O Albano, pouco mais velho que eu e (anterior) vizinho de 50 metros, aqui na aldeia, fazia-me de cicerone pela cidade de Luanda e por isso a conheci tão bem. Falávamos, obviamente, da situação, mas não se lhe notava grande preocupação sobre o amanhã. Angola seria o seu futuro. Mas não foi.
Em Luanda, a 21 de Agosto de 1975, falava-se de uma cimeira MPLA/UNITA. A FNLA, na área do Caxito, tinha avançado até perto de Quifangondo, mas recuou uns 15 quilómetros, por força do MPLA. MPLA que, a 22, dava conta de que, nesses combates, tinham sido abatidos mercenários brancos, ao serviço da FNLA. «A ser verdade - relatava o Diário de Lisboa de 22 de Agosto - tal facto vem apenas confirmar diversos boatos que falam da presença de americanos e chineses na orientação das forças da FNLA que actual naquele sector».