Holden Roberto, presidente da FNLA, em 1975, a 32 quilómetros
de Luanda, na Barra do Dande (data desconhecida, foto da net)
A 18 de Agosto de 1975, os Cavaleiros do Norte continua aquartelados no Batalhão de Intendência de Angola, no Campo Militar do Grafanil, e sabe-se que será de lá que partirão para Lisboa, no navio «Niassa». A 8 de Setembro. Mas viria a ser de avião.
Luanda digere a manifestação da véspera, da União Nacional dos Trabalhadores de Angola )»UNTA), em frente ao Palácio do Governo, apoiando as medidas de nacionalização da banca, anunciadas por Rui Monteiro - o ministro do Planeamento e Finanças. Ostentam cartazes: «Nada contra o povo, tudo pelo povo?, ou «Produção é uma forma de luta», ou «Produzir é resistir».
O ministro garante-lhes que «havemos de libertar todas as zonas ocupadas pelo inimigo do povo» e manda um recado às Forças Armadas Portuguesas: «É bom que nós digamos aqui, aos soldados portugueses, que a nossa luta é igual à deles, em Portugal. Se eles são filhos do povo, têm de estar ao lado de todas as revoluções e de todas as lutas dos povos progressistas».
O território angolano continuava a ser terra de sangue.
A FNLA, citamos do DL, «retomou a sua posição anterior, limitada pelo rio Dande», depois de «mais uma tentativa gorada de entrada das suas forças, através do Caxito e da Barra do Dande», em Luanda. O seu exército, o ELNA, reconquistara Lucala, localidade por onde os Cavaleiros do Norte tinham passado dias antes e era estratégica na ligação de Luanda a Henrique de Carvalho, entre Salazar e Malange. «Aí, travaram-se violentos combates, que ainda não terminaram, porque a FNLA mostra intenções de avançar em direcção a Salazar, que há mais de um mês ficou na posse do seu rival», relata o DL. E tenta retomar o Lobito.
Há problemas com colunas de deslocados, no Luso (de onde as forças portuguesas começaram a retirar), Quando-Cubango, Nova Lisboa e Cela. Eu, em Luanda, procurava familiares de Nova Lisboa e Gabela, que suponha estarem no aeroporto. Nunca os encontrei, seguiram outros caminhos.