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Cavaleiros do Norte de Zalala na gruta do Quijoão: furriéis milicianos Jorge Barata (falecido a 11/10/1997, de doença e em Alcains), José Louro e José António Nascimento |
O almirante Rosa Coutinho, Alto Comis-
sário em Angola, deslocou-se a Lisboa a 20 de Setembro de 1974, para «tratar com o Presidente da República alguns assuntos urgentes». Chegou pelas 9,20 horas da manhã e não prestou declara-
ções à imprensa.
Os chamados «assuntos urgentes» ti-
nham a ver com Angola e, ao tempo, os Cavaleiros do Norte garantiam «liberda-
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Furriéis milicianos Plácido Queirós e José António Nascimento, da 1ª. CCAV. 8423 (a de Zalala), na ilha de Luanda, em Agosto de 1975 |
do «foi solicitada ao BCAV. a cedência de 2 Grupos de Combate para reforçar o BC 12». Se já eram poucos, menos Ca-
valeiros do Norte ficaram para assegurar as suas tarefas.
O processo de
descolonização
Rosa Coutinho foi parco em palavras, na chegada a Lisboa, mas procurou desanuviar as causas e os efeitos de uma reunião da véspera, no palácio do Governador Geral de Angola (em Luanda), envolvendo«todos os oficiais dos três ramos das Forças Armadas, em comissão de serviço naquela colónia».
O almirante seria portador de documentação para o Presidente da República (o general Costa Gomes), mas não abriu o livro, argumentando, isso sim e relativamente à reunião da véspera, que tratava de «uma moção de apoio político à Junta Governativa» - a que ele mesmo presidia.
Os militares teriam, segundo a Agência ANI (citada pelo Diário de Lisboa, «aprovado uma moção sobre o processo de descolonização de Angola».
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Notícia do Diário de Lisboa de 20 de Setembro de 1975 sobre a situação em Angola |
UNITA apreendeu
avião da Força Aérea
Um ano depois, no dia 20 de Setembro de 1975 - há precisamente 42 anos!... -, assistia-se a«uma certa estabilização nas várias frentes de combate».
O marechal Idi Amin Dada, presidente do Uganda e da Organização de Unidade Africana (OUA), «teria convidado os dirigentes dos três movimentos de liberta-
ção de Angola para uma reunião em Kampala, ainda este mês», com conheci-
mento do general Costa Gomes. Kampala, no Uganda.
«A resolução do conflito torna-se extremamente importante, tendo em conta os problemas que advirão com a transferência de poderes, se os três movi-
mentos (MPLA, FNLA e UNITA) não encontrarem um compromisso para a actual crise», reportava o Diário de Lisboa.
As notícias do dia davam conta de «mais um incidente envolvendo a UNITA», que, segundo o Diário de Lisboa, «desta vez e na cidade da Jamba, apreendeu um Nord Altas da Força Aérea Portuguesa».
O avião deslocara-se àquela localidade, a pedido da Mineira do Lobito, para «evacuar pessoal civil a companhia». O incidente levou a que uma delegação militar portuguesa se deslocasse a Nova Lisboa para «conversações com os dirigentes do movimento» liderado por Jonas Savimbi.
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Monumento em Odivelas que evoca os combatentes do concelho que morreram na guerra ultramar. Um deles é Joaquim Manuel Duarte Henriques, que foi Cavaleiro do Norte de Zalala |
Morte do soldado
Henriques de Zalala
O 21 de Setembro é dia de luto para os Cava-
leiros do Norte: faleceu, de doença, em Luanda e em 1974, o soldado Henriques, da 1ª. CCAV. 8423, a de Zalala.
Joaquim Manuel Duarte Henriques foi soldado atirador de Cavalaria e era residente em Odive-
las - ao tempo pertencente ao concelho de Loures, nos arredores de Lisboa. O seu corpo para foi trasladado para o cemitério local.
Solteiro e filho de João Pedro Henriques e Delfina da Conceição Duarte, adoe-
ceu em Zalala, repetidas vezes e, com cuidados que lá não podiam ser presta-
dos, foi evacuado para o Quitexe e depois para Luanda, onde faleceu no Hos-
pital Militar - a 21 de Setembro de 1974. Terá ainda passou pelo Hospital do Negage, como era usual nestas circunstâncias.
Hoje, 43 anos depois da sua morte, o recordamos com saudade. RIP!