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Os furriéis milicianos Neto, Mosteias (falecido a 5 de Fevereiro de 2013, de doença e em Sines) e Viegas, há 42 anos e na messe de sargentos de Carmona |
A noite, no geral, foi passada em claro, muito viva e festiva, expectando a hora da viagem de Luanda para Lisboa. Que era a do adeus à jornada africana que nos tinha levado a Angola. Ninguém falhou à última chamada, avulsamente feita nas degradadas casernas do BIA.
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O Campo Militar do Grafanil, com a Bandeira Portuguesa hasteada, em tempo da colonização |
«Vamos, malta!...», alguém gritou na madrugada do asfixiante calor africano, como se fosse possível que algum dos Cavaleiros do Norte da CCS do BCAV. 8423 não respondesse «presente» à última chamada.
Sabíamos, de antemão, que ficar iria o
O capitão Oliveira, comandante da CCS, e os alferes milicianos Cruz, Ribeiro e Garcia |
Foi rápido o embarque nas Berliets que nos transportaram até ao aeroporto de Luanda, gal-
gando a Estrada de Catete quando a madrugada se abria sobre a enorme metrópole de Luanda.
As formalidades de embarque não foram demo-
radas mas, inesperadamente, os furriéis mili-
cianos Neto, Viegas e Mosteias, foram incumbidos de «trazer» três militares (um, cada um...) com problemas disciplinares, ao tempo detidos em cadeias angolanas e com destino a cumprir resto de penas em Portugal. Algemados até á entrada no avião dos TAM.
Chegámos a Lisboa pelas 8 horas do fim de tarde de 8 de Setembro de 1975. Há 42 anos! Ao Neto e ao Viegas esperava o Benigno, motorista da FRAL (empresa dos Neto´s), jantámos em Alcoentre (bacalhau e vinho branco) e chegámos a Águeda por volta da uma hora da madrugada, a casa dos pais do Neto. Em grande festa familiar! Depois, foi a viagem para a casa do furriel Viegas, que chegava sem ninguém saber e foi acordar a irmã Dulce, para ir acordar a mãe de ambos, há três anos viúva.
«Já vieste, rapaz?!...», perguntou ela, segura de si e segura da chegada, são e salvo, de seu filho que tinha ido para a guerra!
Foi isto há 42 anos! Dia do nosso regresso da Angola, 15 meses depois da partida para a nossa jornada africana. O tempo «voou», mas todos os anos o celebramos em fraterno e salutar convívio.