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Paragem da coluna de Carmona para Luanda. Uma, entre muitas, de 4 a 6 de Agosto de 1975. Em baixo, recorte de um jornal de Luanda, com noticia da chegada da coluna |
A coluna dos Cavaleiros do Norte está pronta, às 7 horas da manhã, para a última etapa da épica rotação, desde Carmona. Faltam 174 quilómetros até ao Grafanil - onde se irão juntar à CCS e 1ª. CCAV. 8423, no BIA.
A BBC, de Londres, viajou para Angola e, integrada na cobertura aérea da parte final da comuna, fez seguir uma equipa de reportagem. ÀS 10,20 horas, a coluna seguia em estrada de asfalto e foi sobrevoada por um helicóptero (com a BBC) e dois Fiat´s - caças bombardeiros da Força Aérea Portuguesa.
Odisseia de milhares de civis,
570 kms. e 58,45 horas de viagem
Passou-se Catete, a terra de Agostinho Neto, por volta das 11 horas e ao meio dia «começaram a chegar ao Grafanil», onde, ansiosos, os esperava os companheiros que, três dias antes, tinha viajado de avião. O tempo de escoamento foi de 45 minutos.
«Terminou assim, às 12,45 horas, o movimento do BCAV. 8423 de Carmona para Luanda, nos 570 quilómetros de itinerário e no tempo de 58,45 horas, trazendo cerca de 700 a 800 viaturas», relata o Livro da Unidade.
O mesmo livro sublinha que «terminou, assim, a odisseia de milhares de civis que, à chegada a Luanda» e acrescenta que esta «teria sido a missão mais difícil do BCAV., mas também aquela em que bem demonstrou o seu «querer e saber querer», conduzindo uma operação que forçosamente terá de ser um pilar bem marcante da sua história».
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Almeida e Brito comandou a coluna de Carmona para o Grafanil, em Luanda |
Dezenas de mortos ao
longo das estradas
A imprensa luandina do dia seguinte refere que «chegou do Uíge uma coluna de civis e militares» de Carmona e do Negage: «A coluna compreendia cerca de 1500 veículos, muitos dos quais de carga, com mobílias, electrodomésticos e outros bens, pertencentes aos a europeus residentes naquelas zonas e que, pelos vistos, tencionam abandonar o país, em virtude do que ali acontecer e da retirada tropa portuguesa».
«Muitas destas pessoas», ainda segundo o jornal (supomos que o A Província de Angola, na altura já Jornal de Angola), «nasceram naquelas terras ou lá viviam há muito tempo». «Disseram que devem ser raros os europeus que lá ficaram, apesar de Daniel Chipenda ter estado o Negage a tentar demovê-los de partirem», referia o jornal.
O Diário de Lisboa, por seu lado e citando alguns civis da coluna, dava conta de «grande recontros ao longo da estrada que de Luanda e Malanje se dirige a Negage a Carmona, principais centros militares da FNLA».
O jornal, de resto, anotava «dezenas de mortos caídos ao longo das estradas» e adiantava que «existem fortes suspeitas de que a FNLA teria introduzido aviões e helicópteros no Negage, antiga base aérea portuguesa».