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3 322 - A véspera, há 41 anos, da saída do Quitexe...

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Furriéis milicianos Farinhas (falecido a 14 de Julho de 2005, em 
Amarante), Neto e Viegas, com o engraxador Agostinho Papelino 

O sorriso, bem ladino e
inesquecível, de Agostinho Papelino,
o engraxador do Quitexe

Dia 1 de Março de 1975, véspera da saída da CCS do Quitexe, rumo a Carmona! Era sábado e o dia da guarnição da CCS foi passado tranquilamente, em fecho de malas e passagens breves pelos «templos» da vila: o Rocha, o Pacheco, o Topete, o Morais, talvez outros..., para o adeus bebericado à vila-mártir de 1961, que nossa casa foi entre 6 de Junho de 1974 e 2 de Março de 1975.
Passei depois, já noite bem dentro, pela Igreja da Mãe de Deus, passeando o adro que ia desde a parada militar e chegava à missão do padre Albino Capela. Já era bem de noite, uma noite muito quente.., mas ainda assim muito nostálgica, espreitando o luar avermelhada que se estendia para além do horizonte, escondendo-se atrás da floresta, até onde os nossos olhos podiam ver. Fui chamado da vedação por alguns «pelrec´s», que bebiam cervejas fresquíssimas, tiradas de uma pequena arca, alimentada a petróleo. E apareceu o Pepelino!!!
A igreja do Quitexe (ao fundo), o sítio do quartel
(onde se vê a árvore, à direita) e a Estrada do
Café (ou Rua de Cima) do Quitexe, vistos
do lado do jardim da vila
O Papelino, Agostinho Papelino seria este o nome (ou Francisco Caiango, ou Augusto Cacongo, nunca se soube bem...), tinha na casa dos 12/13 anos e vivia (aparentemente) sem família, (fazia que) engraxava sapatos e botas da tropa mas nem sequer usava graxa mas repetia todos os gestos da escova e do pano, num ritual de «batuque» que transformava em festa..., que nos divertia. Tocava todos os toques militares com uma mangueira de água, era um espécie de mascote (não) oficial da tropa. Chegámos a interrogá-lo sobre se não passava informações para o IN (algumas vezes desconfiámos), mas nunca que se abriu sobre tal coisa. Não dormia no quartel, mas comia e passava o dia entre a tropa. O seu sonho era (aparentemente) que um de nós o trouxesse para Portugal.
Na caserna do PELREC, bebidas as cervejas, futurámos os dias seguintes e fui até ao quarto, onde o Neto já se entregava a Morfeu. Não sem, antes, passear vagarosamente pela Ruas de Cima (a Estrada do Café, de Luanda a Carmona) e de Baixo (a avenida). Uma espécie de adeus antecipado algumas horas.

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